Poucos sabem, mas a Terra de Santa Cruz engendrou em 1945 um “cisma” do papado romano, chamado “Igreja Católica Apostólica Brasileira” (ICAB). Ela foi obra de um bispo de esquerda, que achava o Vaticano muito reacionário e (que novidade!) criticava sua intransigência em ignorar nossa realidade. Roteiro conhecido, ele foi excomungado e “virou santo” após falecer, mas curiosamente a ICAB não tem cardeais, como a “ICAR”, e sim um conselho superior de bispos que preside a denominação. Há poucas diferenças nos rituais e ornamentos em relação a Roma, cujo “bispo” eles não chamam de papa e cuja autoridade eles (óbvio, né?) não reconhecem, mas sua presença já se estende pra fora de nossas fronteiras. Uma busca rápida na zinternetx dá várias referências em sites e redes sociais.
Queria destacar apenas esta matéria do Diário do Grande ABC, datada de 10 de março de 2013, exatamente perto da posse do agora finado Jorge Bergoglio, passado à história como Papa Francisco. Focado numa paróquia em Santo André, o artigo já dá bastantes informações básicas sobre a história e a doutrina, suficientes pra uma apresentação rápida. Dois de seus maiores “atrativos” saltam aos olhos: a abolição do celibato sacerdotal e o casamento religioso de divorciados, o que pra um descrente como eu é algo absolutamente irrelevante. Outro “atrativo” é o batismo de filhos de mães solo ou de casais não unidos no papel, embora ele nunca tivesse sido negado, até onde eu saiba, pelos católicos, e que o próprio Francisco tenha mesmo estimulado essa prática, criticando quem a rejeita e citando a necessidade de “não negar sacramentos a quem deseja” e “acolher pessoas já excluídas em outros âmbitos”. Importante: essa página está marcada como “Doutrina da Fé”, ou seja, praticamente o Tribunal da Inquisição!
Se essa proibição pelo menos era “tácita”, isto é, padrecos recalcados que recusavam tais batismos, ela em todo caso ficou na mentalidade do povo, que sempre achou que era impossível batizar seus filhos “não planejados” ou “de pais solteiros”. Meus próprios pais não eram casados e, salvo engano, a Paróquia de Santa Luzia em Guarulhos, SP, onde minha mãe e meus padrinhos me batizaram, era da ICAB, informação que não consegui confirmar por meio de buscas no Google. Inclusive, contatei no Instagram o perfil oficial da igreja e alguns padres que se reivindicam dela pra obter alguma confirmação a respeito, mas jamais obtive retorno. Seja como for, pra todos os efeitos fui católico romano depois, em Bragança Paulista: primeira comunhão, eucaristia e outras formalidades (não sou crismado) jamais negadas, e talvez até pudesse casar “de véu e grinalda” (o que jamais pretendo, aliás, rs) sem levantar suspeitas. Como sempre diz minha mãe: “É tudo a mesma coisa, o que importa é a fé da gente...”
Uns meses atrás, cheguei a ler coisas sobre a ICAB na rede, mas fiquei particularmente pensando sobre como reagiram à passagem do argentino a quem chamam simplesmente “bispo de Roma”. Você sabe que está página sebenta é feita por curiosos, pra curiosos, portanto, a xeretagem daquela histórica segunda-feira me trouxe até esta publicação no perfil pessoal do Facebook pertencente a Dom Antonio Rodrigues, que se descreve como “bispo diocesano de Barra de São João, RJ, da Igreja Católica Apostólica Brasileira”.
Mesmo sem autorização, achei interessante a republicar aqui, pois levanta muitas inquietações que perpassaram o próprio papado de Bergoglio e ainda coligam os progressistas. Descontada a redação por vezes sofrível, que corrigi enquanto tentava mexer o menos possível no original, segue a íntegra do “textão”, mais três comentários de contatos, igualmente revisados, que achei representarem as tendências mais visíveis na atualidade:
NASCEU PARA A VIDA ETERNA O BISPO DE ROMA, PAPA PARA OS SEUS
O Bispo de Roma, Francisco se destacou em muitos campos: sociais, políticos, ambientais, doutrinários e ecumênicos.
Quero frisar o último tema: ecumenismo; este foi o Papa que, enquanto chefe de sua instituição, mais se destacou na busca do diálogo, sobretudo com as grandes religiões, de forma destacada com o islamismo [sic]. Não é surpreendente que tenha sido com o islamismo, afinal, este é o grupo religioso que mais entraves [sic] tem com os cristãos mundo afora e impõe muitas perseguições nos mais diversos países onde são maioria. Nestes locais, os cristãos e parte destes católicos romanos sofrem muito, portanto, a [há?] política necessária de um diálogo, pois sendo minoria, há que ser mais humilde...
No entanto, é lamentável que nos países em que são maioria, como no Brasil, [em] todo clero romano, desde o episcopado até os diáconos, COM RARÍSSIMAS EXCEÇÕES, as práticas e discursos ecumênicos apregoados pelo agora falecido Papa são apenas LETRAS VERBORRÁGICAS.
No Brasil, o clero romano, em sua maioria, é alheio ao ecumenismo, muitos são medievais em seus pensamentos, outros se travestem de ecumênicos, sobretudo, nos organismos como o CONIC [Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil], onde exercem poder, tal como o poder exercido este ano para vetar a entrada da ICAB, dizendo que se a ICAB fosse aceita, eles sairiam. Resultado? O CONIC cedeu à pressão, afinal, os romanos provêm a maior cota financeira de manutenção daquela instituição.
A mentira do diálogo no Brasil é vergonhosamente visível. A tal semana de oração pelos cristãos em muitas, mas muitas paróquias no Brasil, nem acontece.
Lamentavelmente a mensagem deste papa não pegou no clero romano. Existem amizades pessoais entre clero romano e clero nacional, mas algo quase ao estilo das catacumbas, pois o medo de uma relação pública e a possível punição por esta amizade amedrontam o baixo clero romano. Deus sabe que a mensagem ecumênica deste papa NÃO CHEGOU AO BRASIL, pelo menos com as igrejas de tradição católica ou ortodoxas independentes. E onde chegou, com as igrejas chamadas canônicas e protestantes tradicionais, não passa de verdadeiro teatro, pois lá na base, nos seminários, o ecumenismo NÃO É ENSINADO E MUITO MENOS VIVIDO.
Enquanto Bispo católico brasileiro, lastimo a morte deste homem, que sim, muito lutou para que a “cara” romana mudasse, mas não mudou. Rezaremos, sim, por sua alma, embora para os romanos nossa oração não tenha validade alguma. Ainda assim, vamos oferecer nossas orações, com a sincera esperança de que Deus o tenha em sua guarda e proveja à igreja de Roma um novo Papa verdadeiramente católico e sobretudo com horizontes de unidade sem opressão e que tenha coragem de IMPOR o ecumenismo verdadeiro, sem medo de disciplinar os que apenas fazem teatros ecumênicos.
A análise dura, não é sobre quem tentou ser coerente, mas sobre quem acena sim com a cabeça, mas vira as costas e age como se nada tivesse ouvido.
Nesta diocese de Barra de São João – RJ celebraremos, junto da Missa de São Jorge no próximo dia 23/04, por seu descanso eterno.
+Dom Antonio Duarte Santos Rodrigues
Diocesano de Barra de São João RJ.
Padre Wagner Neto: Se no Brasil o senhor acha que o clero romano parou na Idade Média, no que tange ecumenismo, cá na Europa, Portugal e Espanha, eles estão nas cruzadas contra os hereges e, atenção, TODOS que estão fora da Igreja Católica são considerados SEITAS HERÉTICAS... O ecumenismo que Francisco pregoava simplesmente foi distorcido por caras e bocas tortas da maioria do clero romano... Não esqueças que na JMJ [Jornada Mundial da Juventude] DE LISBOA, o finado Papa citou que a Igreja deveria acolher TODOS 102 VEZES... daí pergunto-vos: onde está este acolhimento? No vazio do limbo, infelizmente...
Padre Luiz Bergara (Ortodoxia de Rito Ocidental): Excelência, bom dia. Peço a vossa benção e Deus o abençoe. Retirei a minha marcação de sua publicação. O Sr. Jorge Mario Bergoglio foi um dos maiores promotores do relativismo, do sincretismo religioso e do falso ecumenismo, ou seja, de uma religião totalmente estranha aos tempos apostólicos. Do ponto de vista administrativo, os próprios Sacerdotes Romanos dizem da confusão que foi feita por ele. Enquanto homem, esperamos que ele tenha tido tempo do arrependimento dos seus atos e da conversão sincera, pois enquanto há vida há esperança e sempre devemos lutar pela salvação das almas.
Marlon Misko: Pois é, hoje é um dia de ver e ler muita hipocrisia de católicos romanos sobretudo, que desejavam o mal e a morte do Papa, que o chamavam de comunista por seguir o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que esnobavam, enfim, desde grande homem e Papa Francisco. Hoje lastimam e se fazem de comovidos por sua morte, escrevem longos textos e tudo mais, não são nem um terço ecumênicos, as palavras de Francisco entravam num ouvido e saiam pelo outro, como diz o ditado popular. Enfim, Deus conhece o coração de todos!!! Que o bom Deus o receba em seu Reino Eterno!
Muitos acharam esta montagem de mau gosto, porque pensavam que se estava zoando com a morte do papa, rs. Mas na verdade, ela representa muitos mais a aura tóxica do atual vice-presidente dos EUA, que se diz “católico conservador”, embora seu embarque no trumpismo após críticas virulentas revele bem sobre o caráter do sujeito...
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