Nesta publicação extra especial, estou repassando memes sobre a invasão de Putin à Ucrânia passados por alguns amigos anti-Kremlin no WhatsApp. De fato, eles se mobilizam muito pra ajudar de alguma forma os ucranianos, mas pessoalmente, como gosto dos dois países e nunca fui particularmente simpático a Zelensky desde sua eleição, em 2019, sou muito mais anti-Putin do que pró-Ucrânia, embora isso implique estar do mesmo lado de meus colegas na barricada e rejeitar a narrativa falsa que boa parte de nossa ex-querda engoliu sem bebida. Por isso, ao invés de dedicar o nome de “memes da guerra” ou algo assim, estou adicionando à boa e velha seção “memes sobre Putin”, só por desaforo e pra reiterar minha posição contra o Kremlin e o imperialismo “eurasiano” nesta invasão de rapina! Selecionei apenas os mais engraçados ou mais fáceis de entender, evitei os que estavam em inglês, e ocasionais esclarecimentos estão embaixo de cada figura.
Referência a Ravil Maganov, ex-magnata russo do petróleo que morreu em setembro de 2022 após “cair” da janela do hospital em Moscou onde estava internado.
Infelizmente, foram meus amigos que mandaram com a forma Kiev, e não Kiev (curiosamente, Luhansk está correto), mas preferi não mudar.
Novamente, os erros de acentuação já estavam no original!
QUE ESSA “CORNOLOGIA” TENTA DAR A IMPRESSÃO AO LEITOR DE UMA LINHA DIRETA...
QUE CULPA OS PROTESTOS DE 2013 PELA ELEIÇÃO DO NAZISTA E IGNORA TODA A SABOTAGEM DEMOCRÁTICA E INSTITUCIONAL QUE ROLOU NESSE ÍNTERIM!!! 😡😡😡
Parece que não lembram que, enquanto a polícia do Alckmin batia a torto e a direito em manifestantes pacíficos (antes que o negócio “sucumbisse”), a “mérdia” rejubilava alegremente contra os “vândalos” e “baderneiros”, até finalmente acordar quando uma repórter da Folha levou uma bala de borracha perto do olho: virada de 180 graus na linguagem. E parece que durante esses dez anos não aprenderam nada com o descrédito dos jornais hegemônicos, que cavou o sulco pra que fossem semeadas, sobretudo nas redes sociais, páginas com informações “alternativas” e as grandes árvores das notícias falsas e perseguições públicas em rede!
Tradução desta notícia dada pela agência dissidente russa Meduza:
Edgars Rinkēvičs se tornou presidente da Letônia. Ele é o primeiro político assumidamente gay da história do país (e agora também seu político mais popular). Eis o que ele disse sobre sua “saída do armário” e a guerra (continua no Instagram...) 🏳️🌈
Adiciono que, segundo a Wikipédia em inglês, sua posse está agendada pra 8 de julho próximo. O site também informa: “Isso torna Rinkēvičs o primeiro chefe de Estado assumidamente gay de todos os Estados-membros da União Europeia.” Desde 2011 ele era ministro das Relações Exteriores, e coincidentemente o ministro do exterior de Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, também era gay assumido, o que o tornou alvo de zombaria do ditador belarusso Lukashenko.
Lá a eleição pra presidente é indireta, ou seja, quem vota é o Saeima (parlamento da Letônia), e Rinkēvičs foi eleito após três votações. Pra comparar com os outros países bálticos, o presidente letão tem menos poderes do que o presidente da Lituânia, mas mais poderes do que o da Estônia, nação cujo parlamentarismo é mais estrito.
Só após traduzir Tooruktuğ dolgay tañdım (A floresta cheia de pinhões), hino nacional da República Popular de Tuva (Tıva Arat Respublik) que na verdade vigorou por muito pouco tempo – depois, o pequeno país foi anexado à URSS, apesar da canção seguir em uso –, descobri que na maior parte de sua existência, a nação socialista usou como hino nacional a canção Tıva İnternatsional (A Internacional Tuvana), que não é uma tradução nativa da famosa Internacional, mas um poema próprio executado numa melodia folclórica. Pra você ter noção, quase não há referência a sua composição na internet, nem mesmo em língua russa, da mesma forma que a efêmera República de Tuva quase não deixou registros fonográficos ou filmados. A única versão da Wikipédia que relata sua origem e dá uma tradução numa língua euro-ocidental é em inglês, e curiosamente nem sequer sobre Tooruktuğ dolgay tañdım há um verbete na Wikipédia em russo.
Mesmo na Wikipédia em inglês, a única fonte citada sobre a canção, mas sem menção a páginas, é o volume 1 do livro Where Rivers and Mountains Sing: Sound, Music, and Nomadism in Tuva and Beyond, escrito por Theodore Levin “com” Valentina Süzükei e publicado nos EUA em 2010. A melodia é mencionada como “tradicional”, e nem na Wikipédia, nem em qualquer outro lugar, há alusões ao possível autor da letra. Segundo o site, A Internacional Tuvana foi usada de 1921 a 1944, e apesar do título, não é uma tradução poética da famosa canção operária A Internacional, escrita em francês no século 19 e cuja tradução poética em russo de Arkadi Kots foi o hino da URSS até 1944. Curiosamente, a referência da Internacional original é à Primeira Internacional na qual os próprios Karl Marx e Friedrich Engels atuaram e combateram Mikhail Bakunin e outros anarquistas, enquanto A Internacional Tuvana é dos raros hinos com esse nome cuja referência explícita é à Terceira Internacional, comunista, fundada por Lenin e também chamada “Comintern”.
Além da própria Rússia/URSS, a partir da década de 1920 apenas a Mongólia e Tuva (Tannu Tuva até 1926), países recém-criados e de culturas muito semelhantes, tinham conseguido implantar regimes socialistas, e por isso mesmo as duas últimas repúblicas dependiam praticamente em tudo da irmã mais que maior. E justamente em homenagem a ela, também adotaram hinos nacionais chamados A Internacional Tuvana e A Internacional Mongol, esta usada de 1924 a 1950 e que era igualmente uma canção toda nova, aludindo à Comintern. Havia, de fato, uma verdadeira tradução poética mongol da Internacional, mas não em tuvano, até onde eu saiba, e podemos pensar que não faria sentido manter hinos com referências à 3.ª Internacional após ela ter sido extinta por ordem monocrática de Stalin em 1943. Não por menos, quando o país foi anexado pela URSS durante a 2.ª Guerra Mundial, Tooruktuğ dolgay tañdım continuou usada pelo agora Oblast Autônomo de Tuva (cujas fronteiras não correspondiam exatamente às da antiga nação), dentro da RSFS da Rússia, e depois, quando foi promovida a República Socialista Soviética Autônoma de Tuva, em 1961, e finalmente quando foi formada a República de Tuva dentro da Rússia capitalista em 1991. Somente em 2011 a entidade recebeu um novo hino, Men – Tyva Men (Eu sou tuvano).
Pra esta introdução não ficar longa demais, e como você já leu sobre a história de Tannu Tuva na publicação sobre Tooruktuğ dolgay tañdım, vou reproduzir a maior parte da história no fim da página, e agora apenas explicar a parte técnica do trabalho. Neste vídeo, procurei ser mais variado e utilizei a maioria das bandeiras e brasões que foram adotadas pelo país, em ordem cronológica, mas não quis ser exaustivo, e até inseri uma nota de 10 “akchá”, moeda da época, de 1940. A Wikipédia em inglês diz que a última bandeira, com o símbolo da foice e do martelo, pode ter sido uma variante da bandeira final, que em tese incluiria apenas a inscrição “TAP” em cirílico (equivalente a nosso “TAR”): com ela, desejei simbolizar a inserção final dentro da URSS. De fato, houve muitas mudanças de bandeira e brasão, nem sempre registradas no Ocidente, de forma que muita coisa é hoje considerada “reconstituição” (Tannu Tuva era isolada do mundo e praticamente só mantinha comércio com os vizinhos). Tentei também usar um “filtro grunge” que achei por acaso no Google, pra ficar mais ou menos parecido com o aspecto dos vídeos com outros hinos das antigas RSS.
Como diversos hinos do passado recente ou distante, A Internacional Tuvana parece nunca ter tido uma gravação oficial de época, e a única versão existente conhecida parece ter sido gravada em 1993 no álbum 60 Horses In My Herd. Old Songs And Tunes Of Tuva, o primeiro do grupo folclórico tuvano Huun-Huur-Tu (ou Hün Hürtü, “Хүн Хүртү”), fundado em 1992 pelo músico local Kaigal-ool Khovalyg (n. 1960). Ele mesmo é especialista no khöömei, um estilo de canto glotal da região que também foi utilizado no hino, junto à instrumentação que pra nós lembra tribos xamânicas. Este sim, seria um socialismo com traços nacionais... Pra traduzir, usei só a versão em inglês mesmo, porque na maioria das ferramentas online, é impossível utilizar indiretamente qualquer língua aparentada, mesmo o turco, pois as túrquicas siberianas quase não são faladas na atualidade. Da Wikipédia em inglês, também aproveitei o original em cirílico e uma transliteração modernizada, alinhada com outras línguas túrquicas e não usada oficialmente na Rússia, que seguem abaixo:
Na última estrofe, se ouvirmos bem o áudio, não foi pronunciado huvuskaalın, mas alguma palavra que, como comprovamos na tradução, tem a mesma raiz latina que nossa “revolução”. Mas como o sentido é o mesmo e como só existe essa versão da letra por toda a internet, fica aqui a nota, sem mais mudanças.
Sob tiranos estrangeiros
Os altivos camponeses sofrem
Massacrados pelo mal.
A fascinante Internacional!
Tensionados dentro do país
Os altivos camponeses oprimidos
São sobrecarregados às custas do povo.
A graciosa Internacional!
À corrupção global
E às pessoas ignorantes
Traz alternativas totalmente novas
A Internacional independente!
Os camponeses proletários
Formam uma arena revolucionária
Na qual dure eternamente
A Terceira Internacional!
Conhecido como “Tannu Tuva” ou “Tannu-Tuva” até 1926, foi um pequeno país socialista que chegou a existir de 1921 a 1944 após a Revolução de Outubro, etnicamente povoado por tuvanos, mongóis e russos. Hoje quase ninguém sabe de sua existência, porque de fato apenas a própria URSS e a República Popular da Mongólia o reconheciam e mantinham relações diplomáticas com ele, sendo no final das contas, assim como a própria Mongólia, basicamente um satélite soviético. Até 1911, fez parte da Mongólia, esta por sua vez incorporada à China imperial, e naquele ano, com a proclamação da República chinesa, Mongólia e Tuva também se declararam repúblicas independentes. Em 1914, Tuva passou a ser um protetorado do Império Russo, e durante a guerra civil entre monarquistas e bolcheviques, estes terminaram ocupando a região, onde em 14 de agosto de 1921 foi declarada a independência da “República Popular de Tannu Tuva”, sob os auspícios da Rússia. Com a adoção da constituição de 1924, confirmou-se a formação de um governo de partido único nos moldes soviéticos, e em 1926 adotaram-se os primeiros brasão e bandeira, e a capital foi renomeada Kyzyl (“vermelho” em tuvano). O akşa (“akchá”) foi a moeda usada de 1934 a 1944.
De 1925 a 1929, o primeiro-ministro Donduk Kuular, ex-lama do budismo tibetano, tentou implementar políticas mais nacionalistas, buscou obrigar todas as crianças tuvanas a chuparem sua língua fazer do budismo tibetano a religião de Estado e procurou estreitar laços com a Mongólia, coisas que iam na contramão da evolução da URSS sob Stalin. Assim, com apoio soviético, cinco burocratas que tinham estudado em Moscou derrubaram Kuular e formaram uma espécie de junta até 1932, quando um deles, Salchak Toka, chegou à liderança do partido único e Kuular foi fuzilado. Iniciou-se uma política de perseguição à religião e de busca por coletivizar os camponeses nômades, e abandonou-se o mongol como língua culta escrita, adotando-se pra isso o alfabeto latino pra escrever o tuvano. Em 1943, um dos passos rumo à incorporação à URSS foi a adoção do alfabeto cirílico, usado até hoje em Tuva.
Salchak Toka, como líder do partido único da República Popular de Tuva desde 1932, passou a comandar o país na prática, apesar da existência de outras instituições. Solidário ao esforço de guerra soviético desde 1941 e promotor da absorção de seu país pela URSS, continuou liderando o Partido Comunista nos períodos do oblast autônomo e da república autônoma até morrer, em 1973. O mando de Toka se estendeu a essas sub-regiões também, e desde a stalinização de Tuva, deu-se também a russificação de sua cultura, política e instituições.
Provavelmente bastante antiga, a língua tuvana, porém, só foi mencionada pela primeira vez em fontes do início do século 19, e sua primeira forma escrita surgiu no início do século 20, com uma adaptação do alfabeto mongol, escrito verticalmente, pelo acadêmico Nikolaus Poppe. Tradicionalmente mais próximos dos mongóis, os tuvanos, que passaram por vários jugos imperiais, usavam o mongol (ele mesmo escrito hoje no alfabeto cirílico) como língua escrita, até a adoção do latino em 1930, no qual muito pouca coisa foi impressa. Pra piorar, o tuvano faz parte da grande família túrquica, mas do grupo siberiano, o mais oriental de todos e cujos membros só muito recentemente têm recebido mais atenção acadêmica. São línguas com apenas umas centenas de falantes, muito idosos, e o próprio tuvano, dependendo da fonte, teria entre 240 mil e 283 mil falantes por volta de 2010-12. Isso o coloca no primeiro grau de vulnerabilidade ao desaparecimento. Sergei Shoigu, atual ministro da defesa de Putin, nasceu em Tuva e tem pai tuvano e mãe russa nascida na Ucrânia, mas pelo que consta, ele não fala tuvano, e nesta matéria de 2012 informa-se que além do russo, ele dominaria inglês, japonês e turco.
Curiosamente, a República Popular de (Tannu) Tuva foi um dos três primeiros países socialistas do mundo, junto com a URSS e a Mongólia, mas assim como esta, ela afinal tinha sua existência dependente dos soviéticos. Essa fragilidade se reflete nas muitas mudanças de bandeira e brasão, de forma que tive de escolher arbitrariamente como ilustraria esta publicação e o vídeo (ver abaixo). Tanto que hoje, a República de Tuva (ou Tyva em russo e tuvano) é uma das regiões mais pobres da Rússia e tem o menor IDH da federação. Apesar dos obstáculos de Moscou, os tuvanos têm no geral uma tendência à independência, como se verificou em 1990 durante violências contra a população russa local. Este vídeo de um canal de geografia traz uma breve história ilustrada de Tannu Tuva, embora a dicção do narrador seja sofrível. Meu interesse no extinto país surgiu justamente quando visitava a página da Wikipédia sobre as repúblicas soviéticas, na qual descobri, além da SSR Carelo-Finlandesa, outras unidades que existiram brevemente após a revolução ou tentaram ser independentes em 1990 e não chegaram a ter hino.
A televisão no Brasil e no mundo, sobretudo os boletins de notícias, muitas vezes podem nos fazer rir ou gerar situações engraçadas ou constrangedoras. Parte disso já ocorreu no próprio Jornal Nacional da TV Globo ou em outros telejornais da emissora, mas como brasileiros, às vezes podemos achar cômicas algumas “notícias” que são veiculadas em outros países. Eu, pelo menos, entendo mais ou menos algumas outras línguas fora do circuito tipicamente “ocidental” e acabo encontrando situações bizarras, e mesmo que não entenda tudo o que está sendo dito, posso deduzir o assunto por vários elementos extralinguísticos.
Esta é só a primeira publicação de uma série que quero continuar no futuro, pois tenho muito mais situações engraçadas que guardei de vários telejornais da TV Globo ao longo dos anos e boa parte das quais eu tinha carregado no Pan-Eslavo Brasil, antigo canal do YouTube. Porém, como você vai ver, há ainda trechos de noticiários de outros países que eu, pelo menos, achei cômicos ou aptos, com mais ou menos modificações, a se tornarem memes universais!
“Tá, mas você já viu o menino-ímã da Armênia?” (Vanadzor, 26 de outubro de 2021) – Descobri por acaso na TV armênia este menino da cidade de Vanadzor, no qual todas as coisas parecem grudar quando colocadas em cima de sua pele, numa espécie de magnetismo natural. Os bolsonaristas diriam que isso ocorreu após ele tomar uma das doses de alguma vacina contra a covid, embora nesse dia o índice de vacinação completa do país ainda estivesse baixíssimo, rs.
Infelizmente, como ainda sei muito pouco de armênio, não pude entender o que estavam dizendo na matéria, mas as imagens falam por si. Aquele estilo de reportagem sensacionalista bem típico do Ratinho ou dos anos 2000... Tanto minha descoberta quanto o conteúdo foram tão aleatórios que no título faço uma brincadeira com isso, rs. Quando o algoritmo impulsiona algum vídeo ou meme aleatório no YouTube, os jovens que o recebem como sugestão na página inicial gostam de comentar mais ou menos assim (adaptação pra este vídeo):
Eu: “Finalmente posso estudar agora.” YouTube: “Tá, mas você já viu o menino-ímã da Armênia?”
Duas pérolas do pitoresco Edney Silvestre quando ele foi pra Dinamarca pelo Globo Repórter em 2017. Na primeira, ele visitava uma fazenda de produtos orgânicos na Jutlândia (Jylland), península principal do país, cuja produção estava então muito valorizada no mercado. Até os simpáticos suínos, por serem criados soltos que nem galinha caipira, eram orgânicos: “Porcos felizes chafurdando na lama.” Alguma semelhança desse “texto” com a descrição de um brasileiro gado de político?
Na segunda, ele está esperando pra entrevistar Marie Cavallier, a princesa da Dinamarca, e ele solta esta frase que pode ser usada em muitos contextos: “Não é toda hora que a gente entrevista uma princesa.” Aproveitando a expressão lançada pelo histórico vídeo do Porta dos Fundos, eu diria que puxar o saco de monarquias europeias é algo muito “sudestina”, e pra piorar os inocentes nos comentários veem isso como um exemplo de “simplicidade”. Bem, a julgar pelo tamanho comparado de Brasil e Dinamarca, e se pudéssemos supor que Edney teria muito menos chance de sucesso se tentasse fazer a mesma coisa com a monarquia feudal e colonialista britânica, não vejo nenhuma razão pra assombro!
No dia 10 de janeiro de 2020, uma usuária do Twitter filmou e postou uma briga num restaurante árabe da rede Ken’s Kebabs em Portsmouth, na Inglaterra. A inação do cliente Chris Hill, de 52 anos, que aparece por acaso comendo calmamente e apenas observando tudo (relançando em 2023, eu também associaria ao meme “Briguem, desgraçados, briguem”, do pato desenhado comendo um sanduíche), fez o vídeo viralizar por causa da postura cômica. O homem não larga suas batatas fritas nem seu celular com fone de ouvido, enquanto o pau come solto dentro e fora do estabelecimento.
Os donos do restaurante não quiseram se pronunciar sobre o caso, e vários memes com fotos foram feitos da situação. Eu ia deixar por isso, se não fosse, logo depois de ler a matéria a respeito no site da Istoé, eu ter visto parte de uma palestra do professor Leandro Karnal sobre ofensas e xingamentos. Algumas frases se encaixaram tão bem na cena que resolvi fazer este meme! Usei as imagens de um canal viralizador e misturei o áudio com o volume baixado com o áudio aumentado de alguns trechos de palestras do Karnal sobre o assunto. E perto do final, ficou genial o loirinho saudando a câmera quase coincidindo com o professor falando “A vida é muito curta pra levarmos uma existência medíocre”, rs!
Renata Vasconcellos: “Alô, técnica!” (17 de novembro de 2020) – E eis que logo após apresentar uma abordagem crítica sobre a participação de Jair Bolsonaro na reunião virtual dos BRICS, o Jornal Nacional viveu um problema técnico inusitado: parece que William Bonner e Renata Vasconcellos perderam o contato com parte da produção do programa e simplesmente não sabiam mais o que e como apresentar. Como já ouvi falar certa vez: “O Bonner sem o ponto no ouvido não é nada”...
Esse meme ficou muito famoso na época, sobretudo no Twitter, e inspirou ainda mais montagens e piadas. De fato, ia ser uma resposta à afirmação de Bolsonaro de que outros países facilitavam a exportação de madeira ilegal do Brasil, mas parece que o presidente zicou a transmissão, rs. Aproveitei pra fazer uma pequena zoeira com um meme famoso do Bunda Suja (não mais disponível no YouTube), mas não é porque o apoiava.
Pra piorar, no primeiro turno das eleições de 2018, houve uma séria altercação ao vivo entre a Renata e o Jair, portanto os espíritos já não se dão há muito tempo. Basta lembrar que, durante o Plantão da Globo que anunciou o atentado a faca em Juiz de Fora, a repórter fez ao mesmo tempo com a mão o gesto da facada, o que significa, segundo especialistas, raiva pela outra pessoa. Aproveito a republicação e trago também os “Vereadores comedores”, meme feito pelo mesmo canal de onde tirei o “Alô, técnica!”, rs.
Pior do que a “técnica fujona” foi uma repórter russa que, em 21 de junho de 2019, parece ter enrolado a língua num boletim de notícias do horário das 15h de Brasília! Só me chateei que o arquivo MP3 original não está mais disponível, pois a agência praticamente desmontou a sucursal russa, após o começo da invasão à Ucrânia...
Esse trecho de um minuto e meio do flash de notícias (total de 10 minutos) do serviço em língua russa da Rádio França Internacional (RFI) informa que a Comissão Europeia da UE se recusava a mudar novamente o acordo de saída do Reino Unido, processo conhecido como “Brexit”. O governo de Bruxelas estava particularmente atento à troca de governo no país atlântico, não se adequando à ideia da possível escolha do conservador eurocético Boris Johnson como primeiro-ministro, mas em qualquer cenário reafirmou sua recusa em aceitar um novo acordo. Theresa May, que tinha deixado o cargo algumas semanas antes, tinha recebido muitas novas chances, após muita resistência do Parlamento, mas a moleza finalmente acabou.
A transmissão é lida pela jornalista russa Inna Rakúzina (Инна Ракузина), sobre quem quase não há informações na internet. Há anos percebia essa mulher às vezes tropeçando na fala, quase embargando a voz: não sei se ela tem algum problema neurológico, fônico ou orgânico, mas não custa fazer uma brincadeira especulando coisas mais profundas! Posso ser criticado pela zoeira, mas sendo uma ocorrência frequente, podiam pelo menos tirá-la da transmissão ao vivo. Ironicamente, em 2023, sabemos a que levou a liderança de Johnson no Reino Unido (“Hasta la vista, baby!”)...
Mudando um pouco de assunto, os jovens talvez não entendam muito bem esse tipo de humor (que mesmo pra época era muito sem graça). Em 2006, surgiu no antigo Zorra Total, programa de humor da TV Globo exibido todas as noites de sábado, um quadro com o casal fictício Jajá e Juju, que não seguia muito os padrões contemporâneos de moda e comportamento.
A “graça” estava em que, apesar disso, Jajá era muito apaixonado pela esposa, e que quando começava a elogiá-la ou falar dela, começava a surtar falando “Tô doido, tô doido, tô doido”, fazendo uma “dança do sapo”, como ele mesmo chamava, e quebrando tudo o que via pela frente, sobretudo em restaurantes. Mesmo que se apresentassem as mais lindas e jovens mulheres, Jajá recusava e às vezes até era estúpido com elas.
Com roteiristas e humoristas mais “politicamente corretos” (porque o machismo, a homofobia e o racismo velado de antes eram nojentos!), mas muito aguados e ainda mais sem graças, o programa se reconfigurou e se renomeou apenas Zorra (finalmente extinto em dezembro de 2020), sem obviamente enganar ninguém. Porém, como eu achava engraçada a “dancinha do sapo”, resgatei dois vídeos com episódios da época pra separar a “apoteose” aos interessados em relembrar e aos jovens curiosos! Era um dos maiores sucessos do Pan-Eslavo Brasil...
Numa das inúmeras reprises que o Faustão fez em seu programa de domingo durante o ano de 2020 (por causa da pandemia), quando ele ainda estava na TV Globo, apareceu o artista de rua paraense Mike do Mosqueiro, que 10 anos antes tinha causado muita sensação na internet com seu sucesso autoral Shananá nananá. Há várias postagens com filmagens caseiras dele, mas no dia 14 de março de 2010 ele conseguiu chegar ao famoso quadro “Se vira nos 30”, deixando até o Faustão desconcertado. Shananá nananá, obviamente, não tem nada a ver com o resto da letra, sendo apenas uma imitação cômica de palavras em inglês que muita gente não entende em certas canções. Época em que esses programas de auditório, sem a desidratação pelas redes sociais, eram mais autênticos...
O que chamou a atenção foram suas interpretações peculiares de grandes nomes da música brasileira, como Victor e Leo, que estavam então no auge, e o violão desafinado, que segundo alguns ficou assim de propósito, só por “sacanagem” com o Mike. Infelizmente, nosso amigo humorado faleceu em março de 2013: tendo problemas com álcool e drogas, que corroeram seu prêmio da Globo, ele foi atropelado sem querer enquanto cambaleava, talvez bêbado, por uma estrada. Esta versão, cujo canal infelizmente foi apagado, é a que ele canta antes de sair do palco, puxando até o Faustão pra cantar e dançar junto. Pra quem fizer questão da criativa letra, aí está ela com minha redação, rs:
(O quê, o quê, o quê, o quê?)
Eu quero te dizer,
Falar que eu te amo,
E não vivo sem você.
Você é minha vida,
Você é tão especial.
Faria qualquer coisa
Pra não te fazerem mal.
O teu olhar no meu,
O meu olhar no teu.
Você me conquistou,
Me envolveu, me enlouqueceu.
Com esse seu jeitinho
Sedutor e especial,
Mudou a minha vida,
Sem você não é legaaaal.
Por isso eu te amo
E lhe canto essa canção
Declarando meu amor
Do fundo do coração.
Não quero nunca mais,
Saber de um outro alguém.
Entreguei meu coração,
Agora igual a você não teeeem.
Shananá (vai, vai, vai, vai)
Shananá nanáááá...
O melhor exame de próstata – Quem não se lembra (se já era nascido, claro...) da icônica “Luvinha da Vitória”, um acessório plástico que era anunciado pelas TVs mais trash (eu via pelo SBT) durante a Copa do Mundo de 1994? Sim, ninguém menos que Pelé, o “Rei do Futebol” que faleceria no finzinho de 2022, foi chamado pra anunciar essa utilidade que certamente nos ajudou muito a conquistar o Tetra!
Bizarrices dos anos 90... Eu tinha 6 anos de idade e ainda torcia pra Seleção, mas nunca me passou pela cabeça comprar essa beleza, rs. Se você procurou por anos esta propaganda, ei-la aqui pra seu desfrute! Aos jovens, saibam o que é realmente zoar da vida... Muito melhor do que vuvuzela, pelo menos.
O resgate só foi possível porque os reclames estavam contidos em excertos da antiga rede CNT Gazeta postados com melhorias pelos canais de Juliano Trindade (não mais disponível) e do grande documentarista Êgon Bonfim. O primeiro deve ser de junho de 1994, pois os preços ainda estavam em cruzeiros e aludia-se à futura chegada do Plano Real, em 1.º de julho. O segundo é de 19 de julho, exatamente quando a Seleção vitoriosa era recebida no retorno ao Brasil!
Esta reportagem engraçada da época, na Folha de S. Paulo, alude a possíveis “maracutaias” por trás da venda e fabricação da “Luvinha da Vitória”, rs.