domingo, 31 de dezembro de 2023

Discurso de Putin pelo Ano Novo 2024


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Caros amigos, estamos nos despedindo de 2023.

Muito em breve ele vai se tornar parte da história e temos que seguir em frente, criar o futuro. No ano que passou, trabalhamos arduamente e fizemos muitas coisas, nos orgulhamos das conquistas comuns, nos alegramos com os sucessos e nos mantivemos firmes na defesa dos interesses nacionais, de nossa liberdade e segurança, de nossos valores que foram e são para nós um apoio inabalável. E a principal coisa que nos uniu e nos une é o destino da Pátria, uma compreensão profunda do altíssimo significado da fase histórica por que a Rússia está passando, dos objetivos de grande escala postos diante da sociedade e da colossal responsabilidade pela Pátria que cada um de nós sente. Temos aguda e clara consciência do quanto, durante este período, depende de nós mesmos, de nossa disposição para o melhor, de nosso desejo de apoiarmos uns aos outros em palavras e ações. Trabalhar pelo bem comum soldou a comunidade. Estamos unidos em nossos pensamentos, no trabalho e na luta, nos dias úteis e fins de semana, demonstrando as características mais importantes do povo da Rússia: solidariedade, misericórdia e perseverança.

Gostaria hoje de me dirigir a nossos militares, a todos que estão em posto de combate, na linha da frente da luta pela verdade e pela justiça. Vocês são nossos heróis, nossos corações estão com vocês. Estamos orgulhosos de vocês, admiramos sua coragem, sabendo que agora vocês estão sentindo o amor das pessoas e homens mais próximos, queridos e amados, o apoio sincero de milhões de cidadãos da Rússia, o apoio de todo o povo. Mais de uma vez provamos que sabemos resolver as tarefas mais difíceis e nunca vamos desistir, porque não há força que possa nos separar, nos fazer esquecer a memória e a fé de nossos pais e impedir nosso desenvolvimento.

Caros amigos, em qualquer época celebrar o Ano Novo significa luminosas esperanças, um desejo sincero de alegrar as pessoas próximas. O ano de 2024 foi declarado o Ano da Família em nosso país. E uma verdadeira e grande família sem dúvida é aquela em que as crianças crescem, onde reinam a atenção, o calor humano e o cuidado com os pais, o amor e o respeito mútuo. É desse parentesco de todas as gerações de amor à casa paterna que nasce e se nutre a devoção a sua Pátria.

No próximo ano, gostaria de desejar o melhor a todas as famílias da Rússia, pois da história de cada família se forma a história de nossa enorme, bela e amada Pátria. Somos todos nós, o povo multinacional da Rússia, que controlamos e criamos seu destino. Somos um só país, uma só grande família. Vamos garantir o desenvolvimento confiante da Pátria, o bem-estar de nossos cidadãos, e vamos nos fortalecer ainda mais. Estamos juntos. E essa é a mais sólida garantia do futuro da Rússia. Boas festas, meus caros, feliz Ano Novo de 2024!


Fonte do vídeo
Fonte do texto


Дорогие друзья, мы провожаем 2023 год.

Совсем скоро он станет частью истории, а нам предстоит идти вперед, созидать будущее. В году уходящем мы напряженно трудились и многое сделали, гордились общими достижениями, радовались успехам и были тверды отстаивая национальные интересы, нашу свободу и безопасность, наши ценности, которые были и остаются для нас нерушимой опорой. И главное, что нас объединяло и объединяет, – это судьба Отечества, глубокое понимание высочайшей значимости того исторического этапа, через который проходит Россия, тех масштабных целей, которые стоят перед обществом, и той колоссальной ответственности за Родину, которую чувствует каждый из нас. Мы остро, отчетливо осознаем, как много в этот период зависит от нас самих, от нашего настроя на лучшее, нашего стремления поддержать друг друга словом и делом. Работа на общее благо сплотила общество. Мы едины в наших помыслах, в труде и в бою, в будни и праздники, проявляя самые главные черты народа России – солидарность, милосердие, стойкость.

Хочу сегодня обратиться к нашим военнослужащим, ко всем, кто находится на боевом посту, на переднем крае борьбы за правду и справедливость. Вы – наши герои, вместе с вами наши сердца. Мы гордимся вами, восхищаемся вашим мужеством, зная, что сейчас вы чувствуете любовь самых близких, самых дорогих, родных людей, мужчин, искреннюю поддержку миллионов граждан России, поддержку всего народа. Мы не раз доказали, что умеем решать самые сложные задачи и никогда не отступим, потому что нет такой силы, которая способна нас разообщить, заставить забыть память и веру отцов, остановить наше развитие.

Дорогие друзья, в любые времена встреча Нового года – это и светлые надежды, искреннее желание порадовать близких. Наступающий 2024-й объявлен в нашей стране Годом семьи. А настоящая, большая семья – это, безусловно, та, где растут дети, где царят внимание, душевная теплота и забота о родителях, любовь и уважение друг к другу. Именно из такого родства всех поколений любви к отчему дому рождается, воспитывается преданность своему Отечеству.

В наступающем году хочу пожелать всем российским семьям самого доброго, ведь из истории каждой семьи складывается история нашей огромной, прекрасной и любимой Родины. Ее судьбу вершим, создаем все мы – многонациональный народ России. Мы – одна страна, одна большая семья. Мы обеспечим уверенное развитие Отечества, благополучие наших граждан, станем еще сильнее. Мы вместе. И это самый надежный залог будущего России. С праздником вас, дорогие мои, с Новым 2024 годом!




sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

AMORINGA TENDO UM ORGANISMO


“Aaaah, eu adoro Esse Quibe!”


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Oliver Kahn Yunis + pneu antissionista


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Êêêêê, Globo... Foi autocorreção ou não conseguiram guardar a transcrição correta (ou mais corrente) de “Khan”? Rs. E eu até entendo quando a Raquel Krähenbühl falava “Volodomír” (acho que ela aprendeu o certo com esta página!), porque também me irrito quase todo dia com os podcasts da Voice of America, em que falam “Volodomôr”! (Acho que eles se lembram do Holodomor, rs.)


Este vídeo épico foi filmado na cidade árabe de Al-Khaliil (Hebron, em hebraico), na Cisjordânia, em 6 de junho de 2014, mas curiosamente não tem nem 7 milhões de visualizações e voltou a ficar em evidência com a atual guerra total na Faixa de Gaza. Aparentemente, os soldados de Israel estão fechando uma ladeira, na parte de cima da qual estão aglomerados jovens palestinos que a câmera não mostra. Alguém tem a brilhante ideia de jogar um pneu de caminhão pra baixo, o qual os valentes militares deveriam simplesmente deixar passar, pois não haveria nenhuma “bomba” nem “produto químico”.

A história muda quando um dos soldados resolveu tentar parar o artefato com um dos pés, ou pelo menos derrubá-lo ou desviá-lo. As leis da física fizeram com que sua posição mal colocada o derrubasse e fizesse a risada dos palestinos. A “vítima” até mistura o ódio (arma apontada) pelo ato de ser trollado por um “pneu antissionista” com a diversão (riso) pela situação inusitada e não letal ou, por que não, um pensamento íntimo sobre a verdadeira insensatez da violência mútua entre os dois povos... (A montagem, claro, é minha!)


Este norueguês fala bastante bem o português e é casado com uma brasileira que mantém um canal no YouTube sobre a vida dos dois na Noruega. Recentemente, eles tiveram um filhinho (e a exposição nas redes???) que veio após muito esforço do casal, ambos já com uma certa idade. O senso de humor do Egil, que “toca” violão e “canta” pelo nariz, o fez improvisar uma diversão musical pro pequeno B... hum, descubra você o nome, porque uma montagem ainda pior veio em minha cabeça!


E pra acabarmos onde nunca deveríamos ter começado, a revista Veja (alguém ainda compra ou assina a edição impressa, um clássico das salas de espera clínicas? rs) mostrou esta nova invenção da qual o “jogador” Neymar foi o primeiro feliz ganhador: a medalha do “Clube Bolsonaro” que ele ganhou das mãos do próprio fugitivo do Xandão, enquanto se recupera em casa de sua milésima lesão. Dispenso descrever mais detalhes, ante a bizarrice da peça. Socorro, meu são Doutor Sócrates, me ajuda!


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Mianmar afunda e esquerda não sabe


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Esta publicação já era pra ter ido ao ar no próprio dia de publicação das matérias (1.º de dezembro) ou no máximo no dia seguinte, mas por razões de calendário, só consegui concluir e lançar agora. Além disso, dada a importância política e histórica do tema, decidi não renunciar à tradução dos textos, mesmo estando com o prazo apertado pra finalizar minha tese de doutorado. Traduzi com a ajuda do Google Tradutor e depois retoquei pessoalmente estes dois artigos em inglês sobre os reveses do Exército de Mianmar contra grupos guerrilheiros dissidentes, país do Sudeste Asiático chamado “Birmânia” no passado, que sofreu um golpe militar em fevereiro de 2021 e desde então é governado por uma das juntas mais violentas do mundo. O primeiro é um editorial do Japan Times dizendo que o fim da ditadura não implica a volta automática da democracia, e o segundo é uma reportagem da Associated Press republicada pela NBC News, que fala mais do aspecto militar.

Não é “falso moralismo”, mas decidi os trazer aqui porque não vi um artigo ou vídeo sequer vindo de qualquer parte das esquerdas brasileiras criticando o golpe ou mostrando os rebeldes, muito menos chamando a atenção pro jogo duplo da China, que inicialmente apoiava o Exército de Mianmar e suas atrocidades, mas agora parece estar aos poucos transferindo seu peso pra oposição. De qualquer forma, meu objetivo principal é confirmar uma constatação que vários observadores internacionais já fizeram sobre esse barulho todo com Israel e os palestinos: quando são brancos eurodescendentes ou judeus que cometem opressão, crimes ou violações, as esquerdas beiram a histeria, mas quando são árabes, asiáticos, negros etc. se entrematando, elas comodamente se calam. E olha que em Mianmar as vítimas são muito mais numerosas, sobretudo desde o genocídio ou deslocamento forçado da minoria muçulmana rohingya pelos mesmos militares.



Membros de um grupo das forças étnicas armadas com um blindado supostamente tomado dos militares de Mianmar no estado de Shan em 24 de novembro. (Associated Press)


Devemos impedir a queda de Mianmar rumo a um Estado falido

Grupos rebeldes armados ganham terreno enquanto a junta perde o controle

A situação em Mianmar está se deteriorando, e a junta governante está perdendo o controle do país.

Infelizmente, não é a oposição democrática que está em vantagem; em vez disso, os muitos grupos rebeldes armados que estão desafiando o governo parecem estar vencendo e ameaçando com o caos.

Embora a junta deva ceder o poder, Mianmar não pode se tornar um Estado falido. As forças que buscam um Mianmar democrático e tolerante devem convergir e encontrar um terreno comum. O mundo deve ajudar a nutrir esse processo.

Mianmar não sabe o que é paz desde que os militares derrubaram o governo democraticamente eleito em fevereiro de 2021, após uma eleição em que o partido da junta foi derrotado. Esse golpe desencadeou uma guerra civil, com as forças pró-democracia se reunindo sob a bandeira do Governo de Unidade Nacional (GUN), um governo no exílio.

Vários dos grupos insurgentes lutam há muitos anos contra os diversos governos de Mianmar, incluindo o derrubado pela junta, por seus próprios direitos. Tem sido um conflito horrível. Segundo a ONU, a junta matou cerca de 4 200 manifestantes e outros cidadãos. Além disso, suas brutalidades deslocaram cerca de 2 milhões de pessoas em Mianmar, enquanto outro milhão foi impelido pela fronteira para países vizinhos.

Nos últimos meses, as forças rebeldes, em sua maioria milícias étnicas que operam nas fronteiras do país, lançaram ofensivas coordenadas. A Operação 1027, batizada conforme o dia em que começou (27 de outubro), invadiu municípios e postos militares na fronteira com a China ou perto dela.

Embora seja difícil obter informações precisas, cerca de 160 postos militares podem ter sido tomados pelos rebeldes. Membros do GUN dizem que mais ataques vão se seguir e que a ofensiva vai ser generalizada, incluindo greves e protestos nas cidades.

Embora a perda de território seja significativa (o chefe em exercício do GUN disse que as forças de resistência controlam cerca de 60% do território de Mianmar), tão ou mais prejudicial é a perda de receitas provenientes das travessias de fronteira, estimada em 40% do comércio transfronteiriço, e dos impostos que gera. Relatos recentes de ataques à capital, Nepiedó, evidenciam a fragilidade do governo.

A ampla dispersão e o combate (e as perdas) em múltiplas frentes tem minado o moral entre os soldados do governo. As deserções estão aumentando: segundo uma estimativa, cerca de 14 mil soldados podem ter abandonado a luta. O governo tem recorrido a uma campanha aérea que acarreta ataques indiscriminados e a morte de civis.

Alguns grupos também acusam o governo de usar armas químicas, o que seria um crime de guerra, se comprovado. O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos disse que os militares também efetuam assassinatos em massa e queimam aldeias para dissuadir os civis de ajudarem seus inimigos.

Há uma fórmula pra negociações de paz. Em 2021, os líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático e o general Min Aung Hlaing, chefe da junta governante, concordaram em cinco pontos: o fim imediato da violência; diálogo entre todas as partes; a nomeação de um enviado especial; assistência humanitária da ASEAN; e a visita de um enviado especial da ASEAN a Mianmar pra encontrar todas as partes. O GUN também exige a libertação de todos os presos políticos, estimados em cerca de 20 mil pessoas.

A junta, no entanto, tem se recusado a encontrar membros do NUG, e a ASEAN, relutante em abandonar seu compromisso de não interferir nos assuntos internos dos Estados-membros, não tem conseguido avançar. A posição do grupo é ainda mais prejudicada pela disposição de alguns governos membros a continuarem comerciando normalmente com o governo militar de Mianmar.

Crucial pra eficácia da ASEAN é a presidência do grupo, um posto que roda anualmente entre os membros. Espera-se que o país que o detém mobilize a organização e promova seus interesses. A Indonésia detém atualmente o martelo e, embora seja um dos membros mais enérgicos e ambiciosos do grupo, não tem sido capaz de sair do impasse. A presidência em 2024 vai ser do Laos, do qual poucos esperam muito, ou nada.

Se a ASEAN for marginalizada, a China provavelmente vai desempenhar um papel mais importante no futuro de Mianmar. Ela apoia a junta e usa esse apoio pra ganhar influência num país que é central pra geopolítica do Sudeste Asiático. Mianmar é rico em recursos naturais, tem uma localização estratégica e é subdesenvolvido. As sanções que o Ocidente impôs à junta criaram uma oportunidade pra China.

Porém, nos últimos meses, a China pode estar nuançando seu apoio ao governo militar ao trabalhar com o Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar, um grupo que está combatendo a junta. A China teme que a anomia nas regiões de fronteira, famosas pela produção de drogas e pelo tráfico de pessoas, se espalhe até a China. A área também é conhecida por abrigar gangues que estão realizando golpes digitais no mundo todo, o que estaria irritando a China.

No final do mês passado, caminhões que traziam mercadorias da China pra Mianmar foram incendiados depois que o governo reprimiu os golpistas. No dia seguinte, a China anunciou que seu exército realizaria exercícios na área pra “testar a capacidade de manobra rápida, a proteção das fronteiras e as capacidades de ataque de fogo das tropas em teatros de operações”.

Diplomatas chineses continuam encontrando os membros da junta pra discutir “a cooperação em matéria de paz e estabilidade e Estado de direito ao longo das zonas de fronteira”. Ao mesmo tempo que clama pelo cessar-fogo, a China também diz que mantém sua política de não interferência nos assuntos internos de Mianmar.

Embora a ASEAN tenha sido marginalizada, o mesmo aconteceu com a ONU, onde a China tem poder de veto, de fato protegendo o governo de Mianmar contra ações da organização. E embora o GUN mantenha o assento do país na ONU, ele tem lutado pra ganhar reconhecimento internacional, o qual nem o Japão nem os Estados Unidos concederam.

O resultado é um esforço diplomático que tem sido dificultado por partes determinadas a bloquear qualquer progresso, a menos que seja nos próprios termos. Isso não é apenas frustrante, mas ajuda a agravar a crise humanitária.

Os milhões de pessoas deslocadas pelos combates brutais estão sobrecarregando os serviços públicos e, por ruim que seja essa situação, foi encoberta por crises em outros países, sobretudo em Gaza e na Ucrânia. A ONU reclama que só recebeu cerca de um terço dos fundos necessários pra atender às necessidades em Mianmar. As sanções ocidentais à junta também prejudicam a capacidade do governo de cuidar dos refugiados internos.

Por mais preocupante que seja a situação, a perspectiva de Mianmar se tornar um verdadeiro Estado falido é ainda mais alarmante. O colapso poderia instigar à intervenção não só da China, mas também da Índia, que divide uma fronteira de 1 643 km com Mianmar. O governo de Délhi não cederia à influência de Pequim num país que considera essencial pra seu futuro económico.

O processo de paz precisa ser revigorado. O reconhecimento do GUN é um primeiro passo crucial. A ASEAN também precisa ajudar a convencer a junta de que ela não pode seguir no poder e que a democracia precisa ser restaurada; o país e a própria credibilidade da organização o exigem.

Não se pode permitir que Mianmar, um país central no Sudeste Asiático em termos de tamanho, localização e importância geopolítica, entre em colapso.

O Conselho Editorial do Japan Times



A tomada do poder em 2021 pelo comandante do exército, general Min Aung Hlaing, levou milhares de manifestantes pró-democracia às ruas das cidades de Mianmar. (Associated Press)


Os militares de Mianmar estão perdendo terreno contra ataques coordenados, nutrindo as esperanças da oposição

Um analista disse que a ofensiva foi “de longe o momento mais difícil” que os líderes militares do país do Sudeste Asiático enfrentaram desde que tomaram o poder por meio de um golpe de Estado, há quase três anos.

BANCOQUE – Cerca de duas semanas após o início de uma grande ofensiva contra o governo militar de Mianmar, lançada por uma aliança de três milícias bem armadas de minorias étnicas, um capitão do exército, lutando numa área de selva perto da fronteira nordeste com a China, lamentou nunca ter visto uma operação tão intensa.

Seu comandante na 99.ª Divisão de Infantaria Leve de Mianmar foi morto em combates no estado de Shan na semana anterior, e o soldado de carreira de 35 anos disse que os postos avançados do Exército estavam desordenados e sendo atingidos por todos os lados.

“Nunca enfrentei esse tipo de batalhas antes”, disse o veterano combatente à Associated Press por telefone. “Esses combates em Shan são inéditos.” Oito dias depois, o próprio capitão morreu defendendo um posto avançado e foi enterrado às pressas perto de onde caiu, segundo sua família.

A ofensiva coordenada no nordeste inspirou forças de resistência a atacarem no país todo, e os militares de Mianmar estão recuando em quase todas as frentes. O exército diz que está se reagrupando e que vai recuperar a iniciativa, mas aumenta a esperança entre os opositores de que este poderia ser um ponto de virada na luta pra expulsar os líderes do exército que depuseram, há quase três anos, a presidente democraticamente eleita Aung San Suu Kyi.

“A atual operação é uma grande chance pra mudar a situação política em Mianmar”, disse Li Kyar Win, porta-voz do Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar (EADNM), uma das três milícias conhecidas juntas como Aliança das Três Irmandades, a qual lançou a ofensiva em 27 de outubro.

“O objetivo e o propósito dos grupos da aliança e de outras forças de resistência são os mesmos”, disse ele à AP. “Estamos tentando eliminar a ditadura militar.”

Pegos de surpresa pelo ataque denominado Operação 1027, os militares perderam mais de 180 postos avançados e pontos fortes, incluindo quatro bases principais e quatro passagens de fronteira economicamente importantes com a China.

Ambos os lados afirmam ter infligido pesadas perdas ao oponente, embora não estejam disponíveis números precisos de vítimas. Cerca de 335 mil civis foram deslocados durante os atuais combates, elevando o total pra mais de 2 milhões de refugiados em todo o país, segundo a ONU.

“Este é o maior desafio no campo de batalha que os militares de Mianmar enfrentaram em décadas”, disse Richard Horsey, especialista sobre Mianmar do Grupo Internacional de Crise.

“E pro regime, este é de longe o momento mais difícil já enfrentado desde os primeiros dias do golpe.”

Complicando as coisas pros militares, a China parece apoiar tacitamente a Aliança das Três Irmandades, como resultado, ao menos em parte, da crescente irritação de Pequim com o aumento no comércio de drogas ao longo de sua fronteira e a proliferação em Mianmar de centros a partir dos quais se realizam golpes digitais, frequentemente por gangues chinesas organizadas com trabalhadores traficados da China ou de outros lugares da região.

À medida que a Operação 1027 ganha terreno, milhares de cidadãos chineses envolvidos em tais operações são repatriados sob custódia policial na China, dando a Pequim poucas razões pra exercer pressão sobre a Irmandade pra que ela pare de lutar.

Os militares, conhecidos como Tatmadaw, seguem sendo muito mais numerosos e bem treinados do que as forças de resistência e possuem blindados, poder aéreo e até meios navais pra combater as fracamente armadas milícias organizadas por vários grupos étnicos minoritários.

Mas com as perdas inesperadamente rápidas e generalizadas e com as forças sobrecarregadas, o moral está afundando e mais tropas estão se rendendo e desertando, dando origem a um otimismo cauteloso entre seus diversos oponentes.

Os ganhos atuais são apenas parte de uma longa luta, disse Nay Phone Latt, porta-voz do Governo de Unidade Nacional (GUN), a principal organização de oposição.

“Eu diria que a revolução atingiu um novo nível, em vez de dizer que atingiu um ponto de virada”, afirmou.

“O que temos agora são os resultados de nossa preparação, organização e construção ao longo de quase três anos”, concluiu.

A ofensiva – A tomada do poder em 1.º de fevereiro de 2021 pelo comandante do Exército, general Min Aung Hlaing, levou milhares de manifestantes pró-democracia às ruas das cidades de Mianmar.

Os líderes militares responderam com repressões brutais, prenderam mais de 25 mil pessoas e mataram mais de 4 200 até 1.º de dezembro, segundo a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos, e investigadores independentes da ONU no início deste ano acusaram o regime de ser responsável por múltiplos crimes de guerra.

Suas táticas violentas originaram as Forças de Defesa Popular, ou FDP’s, forças de resistência armada que apoiam o GUN, muitas das quais foram treinadas pelas organizações étnicas armadas que os militares têm combatido nas regiões de fronteira do país durante anos.

Mas a resistência estava fragmentada até a Operação 1027, quando três dos grupos étnicos armados mais poderosos do país (o Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar e o Exército de Libertação Nacional Ta’ang no estado de Shan, a nordeste, e o Exército Arakan no estado de Rakhine, a oeste) reuniram uma força de cerca de 10 mil combatentes, segundo estimativas de especialistas, e rapidamente invadiram posições militares.

Percebendo a fraqueza e inspirado pelos primeiros sucessos desses ataques, o Exército de Independência de Kachin lançou na sequência novos ataques no estado de Kachin, a norte, e depois se juntou ao Exército Arakan pra ajudar a liderar um grupo FDP na tomada de uma cidade em Sagaing, no centro do país, coração do tradicional apoio étnico bamar ao Tatmadaw.

No estado oriental de Kayah, também conhecido como Karenni, uma aliança de organizações étnicas armadas lançou seus próprios ataques, iniciando uma ofensiva direta em 11 de novembro à capital do estado de Loikaw, onde o Tatmadaw tem uma base de comando regional.

Nos ferozes combates por Loikaw em curso, os militares estão usando artilharia e bombardeios pra atacar as posições das milícias.

Mas Khun Bedu, chefe da Força de Defesa das Nacionalidades de Karenni, uma das maiores milícias envolvidas no ataque, disse que era fundamental tomar a base do Tatmadaw.

“Temos tempo e é uma boa oportunidade”, disse à AP.

Completando o cerco às forças do Tatmadaw, o Exército Arakan atacou postos avançados em seu estado natal de Rakhine, no oeste do país, em 13 de novembro. Seu sucesso tem sido lento, com o Tatmadaw empregando o poder naval na costa ocidental pra bombardear posições, junto com artilharia concentrada e ataques aéreos, de acordo com um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).

Morgan Michaels, que assinou o relatório e dirige o projeto Myanmar Conflict Map do IISS, advertiu que o Tatmadaw tem sido capaz de concentrar forças em pontos fortes, abandonando posições e se retirando, e continua sendo uma força formidável.

“Os combates ainda não acabaram e os ataques por ar e terra estão aumentando e se intensificando”, disse. “Portanto, temos que ver quais são os desdobramentos.”

E apesar de falarem em livrar o país do regime militar, muitos dos combates também concernem aos vários grupos que tomam o controle do território, especialmente o EADNM, que foi expulso da região de Kokang no estado de Shan, incluindo a capital Laukkaing, há mais de uma década pelos militares.

“Os militares provavelmente poderiam encerrar grande parte disso com um acordo, se necessário”, disse Michaels. “Teria de renunciar a algo considerável, mas penso que poderia estancar a hemorragia dando uma concessão considerável ao EADNM, se fosse absolutamente necessário.”

Contudo, ao contrário da guerra civil na Síria, onde vários grupos têm objetivos diferentes e muitas vezes contraditórios, em Mianmar os grupos antimilitares não estão lutando entre si, disse ele.

“É importante enfatizar que muitos grupos têm o objetivo comum de derrubar, desmantelar ou esgotar severamente a capacidade do regime militar”, disse Michaels.

Era 15 de novembro quando a AP contatou pela primeira vez o capitão do Tatmadaw, o alcançando enquanto ele fugia de uma posição pela selva perto da cidade fronteiriça de Monekoe, um dos principais alvos da aliança.

Ele conseguiu se conectar com outros e depois liderou uma coluna de volta à região de Monekoe pra assumir o comando de um posto avançado em 22 de novembro, quando deu à AP uma avaliação sombria de sua situação.

“Estamos cercados por inimigos”, disse ele, acrescentando que mesmo as milícias locais leais ao Exército não eram confiáveis.

“Aqui é difícil distinguir quem é inimigo ou amigo”, disse.

O capitão, que falou sob condição de anonimato por medo de represálias contra ele ou sua família por falar com a mídia, disse que não havia tempo nem pra refeições.

“Temos que estar sempre prontos em posição de ataque”, disse, enquanto o som de tiros e uma explosão irrompiam ao fundo.

“Não posso continuar falando”, disse rapidamente. “Eles estão vindo atacar.”

O papel da China – Bem ciente da irritação de Pequim com a atividade criminosa ao longo de sua fronteira, a Aliança das Três Irmandades sublinhou, ao lançar sua ofensiva, que estava empenhada em “combater a fraude generalizada dos jogos online que tem atormentado Mianmar”.

O general Min Aung Hlaing tenta, sem sucesso, dar um fim em tudo isso e diz que a ofensiva está sendo financiada pelo tráfico de drogas.

À medida que as forças da milícia avançam em direção à cidade de Laukkaing, onde muitos dos centros de golpes estavam localizados, suas operações se dispersam e muitos suspeitos de alto nível são capturados e entregues à China.

Sabendo dos laços históricos da China com as milícias da Irmandade e da influência que ela exerce, os apoiadores dos generais que governam Mianmar realizaram várias manifestações nas principais cidades, incluindo em frente à Embaixada da China em Yangon, acusando o país de ajudar a aliança de milícias.

Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, evitou esta semana uma pergunta sobre tais alegações, dizendo aos repórteres que Pequim “respeita a soberania e a integridade territorial de Mianmar” e reiterando os apelos à paz.

Mas as ações de Pequim falam mais alto do que as suas palavras, disse Horsey.

“Se eles realmente desejassem o cessar-fogo, eles estariam em posição de o aplicar ou de avançar bastante pra o aplicar”, disse ele. “Eles não o fizeram, então isso é revelador.”

A morte do capitão – O último contato da AP com o capitão que lutava no estado de Shan foi em 23 de novembro. A chamada foi curta.

“Tenho algo pra preparar pra nosso posto avançado”, disse apressado. “Vou te ligar de volta.”

A ligação seguinte foi de um parente, em 25 de novembro, que disse ter sido informado de que ele foi morto num ataque noturno contra seu posto avançado e enterrado no local.

Não ficou claro onde exatamente se localizava o posto avançado, mas naquela noite só uma batalha foi relatada na região.

O Exército de Libertação Nacional Ta’ang, membro da Irmandade, disse que suas forças atacaram um grande posto militar avançado no município de Lashio em 23 de novembro e o tomaram na manhã seguinte.

Em seu relato fatual, as forças Ta’ang disseram ter tomado um obus, 78 armas menores e munições, e encontrado as sepulturas de “mais de 50 inimigos”.



sábado, 2 de dezembro de 2023

Nojeiras políticas do sábado!


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O primeiro meme, por cujo envio qual agradeço um amigo, dispensa explicações. O segundo, pelo qual agradeço outro amigo, tem a ver com a perseguição às comunidades de gênero na Rússia e ao envio em massa da população ativa masculina pra morrer de carne de canhão numa guerra inútil. A tradução vai terminar a explicação: 1) dois papais [homens, claro]; 2) nenhum papai. Homofobia e belicismo: a facho-esquerda duginista bananeira pira!

Agora, como alívio cômico, nesta edição do programa francês C dans l’air dedicada a como manifestantes em vários países muçulmanos estavam protestando contra a França após o 7 de Outubro em Israel e como as tensões intercomunitárias podiam respingar em Paris, um dos especialistas convidados (aqui abreviado) explica o medo que o presidente do Egito tem de abrir completamente a fronteira com a Faixa de Gaza e sofrer um afluxo de refugiados. Porém, parece que o apresentador Axel de Tarlé teve um problema pra pronunciar o nome do ditador, que em português acabou soando algo bem dúbio... Segue apenas a tradução sem transcrição:


Basbous – O Hamas é a ramificação palestina da Irmandade Muçulmana, e esta é a inimiga do regime no Egito. Abrir o caminho entre Gaza e o Sinai significa transportar o êxodo dos palestinos armados do Hamas e pôr o regime em dificuldades. Então...

Tarlé – Al-Xixi teme o Hamas, é isso?

Basbous – Obviamente!


Infelizmente, a curta trégua com troca de reféns e prisioneiros entre Hamas e Israel “flopou”, e eles já começaram a se bombardear mutuamente. Um dos representantes palestinos guardadinhos no Catar deu a seguinte declaração à GloboNews sobre como serão as próximas estratégias do grupo.


Nesta entrevista a um dos principais canais de TV públicos da França dada em 23 de agosto de 2023, o ex-presidente direitista Nicolas Sarkozy reconhece admirar Lula. Corrupto, grosseiro, pouco culto, policialesco, um dos piores governantes que o país já teve (não conseguiu se reeleger em 2012) e amigo de ditadores, em especial do líbio Gaddafi – de quem se suspeita ter financiado ilegalmente a primeira campanha do francês em 2007 –, vejam como o advogado admira o ex-metalúrgico. Com um fã-clube desses, eu preferia viver numa caverna, rs... Tradução sem transcrição:

“Sarkolula” – A política foi minha vida. Estaria mentindo se lhe dissesse que ela não me interessava mais. Aliás, esta é a prova: estamos falando a respeito. Sou apaixonado, interessado, às vezes fico exasperado ou entusiasmado...

Gilles Bouleau – Em seu livro o sr. expressa sua admiração por Lula, homem de esquerda no Brasil, e diz que ele é inoxidável e superou tantas provações, deixou o poder, foi condenado e preso, ele voltou e foi reeleito presidente...

“Sarkolula” – Ele teve um câncer na garganta que o privou... [da voz?]

Gilles Bouleau – Essa trajetória o inspira ou não? O sr. diz que o que ele fez, o sr. também está fazendo.

“Sarkolula” – Admiro e gosto do Lula, mas... eu jamais romperia com a França. E a política sempre vai me interessar. Mas não voltaria a responsabilidades ativas ou operacionais, porque meu tempo passou, e como dizia um grande autor [Jean Jaurès, outro político de esquerda], “O rio é fiel a sua fonte correndo para o mar.”


E não poderia deixar de terminar esta coletânea de hoje com um serviço de saúde pública:



sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Putin pacifista no mundo paralelo


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Ilustração tirada a partir de um print da TV Rain.


O ditador genocida Vladimir Putin fez por videoconferência uma aparição pra ler o discurso de abertura da sessão plenária do 25.º Concílio Popular Russo Mundial, ocorrida em Moscou no último 28 de outubro, mas com o político bunkerizado em Sochi, obviamente, já que nem o KPta quer sua companhia. Com a presença e presidência do padre de festa junina patriarca Cirilo da Igreja Ortodoxa Russa, que durante a Era Putin não só se tornou um braço espiritual do Estado terrorista como também tem legitimado a invasão criminosa da Ucrânia, o concílio completou 30 anos de existência, com seu objetivo de discutir o presente e o futuro da Rússia. Como uma organização e fórum públicos internacionais, conta com a participação de membros do governo, líderes de entidades públicas, membros do clero das principais religiões da Rússia, figuras destacadas da ciência e da cultura e delegados de comunidades russas do exterior.

Em meio a seus delírios de Rússia como “civilização à parte” (na verdade, em outro planeta ou mesmo galáxia), Putin parece fazer uma descrição de si mesmo acusando o “Ossidente Malvadaum” de atacá-lo militarmente e adotar “o racismo e o neonazismo” como ideologias oficiais. Claro que ele não diz que os “povos multinacionais” são os primeiros a servirem de carne de canhão em suas pretensões expansionistas, então fique apenas com esta montagem que inclui trechos do documentário Vergüenza y respeto sobre os roma (ciganos) argentinos, mas igualmente uma fonte infinita de memes. Logo abaixo, apenas minha tradução do trecho, sem transcrição em russo (a tela com o novo santo no meio dos ícones é uma piada à parte):


Estamos lutando pela liberdade não apenas da Rússia, mas do mundo inteiro. É nosso país que se encontra agora na vanguarda da formação de uma ordem mundial mais justa. Praticamente, a ideologia oficial das elites ocidentais se tornou hoje a russofobia e outras formas de racismo e de neonazismo. Elas se voltam não somente contra os russos, mas também contra todos os povos da Rússia. Em princípio, o Ocidente não precisa de um país tão grande e multinacional como a Rússia. Nossa diversidade e unidade de culturas, tradições, línguas e etnias simplesmente não se encaixa na lógica dos racistas e colonizadores ocidentais.


Ilomasque respondeu o ditador à altura:


quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Bandeira do Quirguistão vai mudar


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Sadyr Zhaparov, presidente do Quirguistão – sabe onde fica? Não confunda com o Cazaquistão... –, parece não ver outros problemas mais urgentes pra resolver em seu país, e num arroubo bem boratiano típico de antiga república soviética centro-asiática, resolveu implicar com a bandeira nacional. Ele inventou que o “Sol” localizado no meio da flâmula parecia mais um girassol, que segundo suas palavras, na cultura quirguiz simboliza a servilidade e a inconstância...

Sim, pessoas. Com pretextos bem melhores, alguém poderia querer trocar a bandeira da Banânia, dizendo que tanto as cores quanto a forma foram herdadas do período imperial. Contudo, ninguém ousaria, pois ambos os aspectos se tornaram tal marca visual no exterior que começar do zero traria prejuízos incalculáveis. Mesmo assim, a proposta passou no Parlamento, com as devidas correções, e o que vocês veem acima é a nova versão aprovada. Abaixo, é o desenho usado desde 1992, pouco depois da independência:


Pra ter uma noção do inútil, veja o seguinte esquema, com a descrição em russo: 1) bandeira atual; 2) variante proposta pelos deputados; 3) variante elaborada com a participação do presidente; 4) variante mandada ao Parlamento.


terça-feira, 21 de novembro de 2023

Milei vai tirar a Argentina dos BRICS


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Nova tradução exclusiva de um artigo do site da Rádio França Internacional (RFI), que também tem versões em português europeu e brasileiro, mas não sei se deste texto. No original francês, ele se chama Après la victoire de Javier Milei à l’élection présidentielle, l’Argentine ne rejoindra plus les Brics (Após a vitória de Javier Milei na eleição presidencial, a Argentina não vai mais se juntar aos BRICS), publicada hoje e de autoria de Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim. A foto de Milei também foi incorporada diretamente do site, e como a tradução e as notas entre colchetes são minhas, sou o único responsável por eventuais falhas:



Atualizações maldosas, rs (Mondino é cotada pra ministra do Exterior):




Buenos Aires não vai dar continuidade a sua adesão aos BRICS, segundo informou a nova equipe no poder na Argentina [na verdade, a posse é só em 10 de dezembro]. Uma adesão prevista pra janeiro de 2024 e encorajada pela China. O que a vitória do anarcocapitalista argentino Javier Milei vai mudar pra Pequim?

Com a mudança de equipe na Argentina, as autoridades chinesas passaram do embaixador argentino retomando um canto da propaganda maoista, diante do presidente chinês, ao som da motosserra, a arma favorita de Javier Milei durante a campanha presidencial, que aqui [em Pequim] também se encontra nas hashtags.

“Acordos secretos” – Pequim colocava a administração anterior em Buenos Aires entre os amigos da China, mas com a nova, será mais complicado. O presidente de extrema-direita prometeu examinar os “acordos secretos” firmados com um país que ele qualificou de “assassino”. Ele também denunciou o projeto da adesão aos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) apoiada por Pequim. Isso não impediu as autoridades chinesas de parabenizarem Javier Milei por sua vitória. Os analistas apostam no pragmatismo bem assimilado pela nova equipe no poder em Buenos Aires pra estabilizar a relação com Pequim, bem como na dependência financeira da Argentina de seu segundo parceiro comercial depois do Brasil.

Nove contratos de empréstimos A Argentina, que se juntou à Belt and Road Initiative – as “novas rotas da seda” chinesas – após os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim no ano passado, concluiu nove contratos de empréstimos de mais de 8 bilhões de dólares com a China pros próximos 15 anos. Ora, a economia argentina, em queda livre, precisa urgentemente de divisas. Portanto, os laços com a China não deveriam mudar, mesmo se o presidente eleito prometeu dolarizar a Argentina, outra ruptura com seu antecessor. Em abril passado, o ministro da Economia Sergio Massa tinha anunciado o abandono do dólar nas transações com a China, seguindo os passos do vizinho brasileiro.



Achou que a cobrinha ancap tinha sumido? Errou!!!

sábado, 18 de novembro de 2023

Fã morre em show de Taylor Swift


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Entrando hoje no X, soube que esta moça do Mato Grosso, chamada Ana Benevides, de apenas 23 anos, foi com algumas amigas no show de Taylor Swift no estádio do “Engenhão”, na cidade do Rio de Janeiro, tendo voado de avião pela primeira vez na vida. Porém, com o calor incomum que fazia (como faz em boa parte do Centro-Sul, sem contar a seca na Amazônia), vários fãs passaram mal, e ela mesma desmaiou logo após a segunda canção da cantora, ironicamente chamada Cruel Summer... Levada com urgência ao hospital, acabou morrendo após uma parada cardiorrespiratória, mas a causa do óbito ainda está pra ser oficializada. A própria Taylor viu que as pessoas tinham sede e pediam água, e chegou a dar garrafas e pedir mais às equipes, bem no meio das músicas!

Muito podem julgar os “swifties” (assim como outras “-etes”, “lovers” e “minions” da vida) pelo sacrifício de pagar um dinheirão, ficar numa longa fila e se espremer no meio de uma multidão delirante. Mas pra além disso, pelas indicações dadas por várias testemunhas e outros fãs que também tiveram problemas ontem, parece que houve igualmente uma negligência gigante e uma péssima organização por parte da T4F (“Time for Fun”, outro nome irônico), empresa brasileira encarregada da estrutura. Sou a última pessoa a ir em tais eventos, mas não tenho direito de criticar o que cada um faz de sua vida. E se existe demanda, a oferta tem que corresponder às expectativas... Nos principais sites de notícias, já há volumosos relatos, mas decidi colocar aqui tudo o que fui achando pelo X nesta manhã. Como vemos pela foto acima, realmente conhecer Taylor era o sonho da vida da Ana.


Esta foi a “carta” que a própria Taylor publicou nos stories de seu Instagram após saber da morte da moça, que a arrasou demais. Apesar da ilusão que o modelo de “letra de mão anglo-saxã” possa causar, não é preciso ser grafologista pra ver que se trata de uma fonte de computador, pois não há nenhuma variação entre letras iguais. Eis minha própria tradução imperfeita:

Não consigo acreditar que estou escrevendo essas palavras, mas é com o coração despedaçado que informo que perdemos uma fã no começo da noite, antes [?] de meu show. Não consigo nem lhes dizer como isso me deixou devastada. As escassas informações de que disponho são que ela era incrivelmente lindíssima e muitíssimo jovem.

Não vou conseguir falar sobre isso no palco, porque me sinto dominada pela dor assim que tento falar a respeito. Quero dizer agora que sinto profundamente essa perda e que meu coração partido está com a família e amigos dela. Essa é a última coisa que eu sequer pensaria acontecer quando decidimos trazer essa turnê ao Brasil.


Essa foi a desculpa, ou melhor, a nota de pesar oficial da Time for Fuck T4F, querendo tirar o próprio da reta. Porém, a verificar a veracidade das informações do “Tribunal do Twitter”, nada como os próprios presentes pra trazerem mais alguns “detalhes sórdidos” que sequer a mídia hegemônica ousou replicar. Se for comprovado o tratamento com clonazepam (nome genérico do Rivotril!), sob o pretexto de que estariam com “ansiedade” ou, em última instância, “histéricas”, deprimindo ainda mais o sistema nervoso e fazendo a pressão despencar, portanto multiplicando os efeitos do calor, poderemos ter um escândalo médico-jurídico...







Achei por acaso esta conta de um clube de fãs da banda Coldplay, cuja nota também achei interessante e resolvi aproveitar pra treinar meu “inglês”, rs (original certamente cheio de erros). Leiamos:

Alguns de nossos seguidores já sabem, mas além de fãs do Coldplay, também somos de Taylor Swift. Ontem ela fez sua primeira apresentação pública aberta aqui no Brasil, e o que era pra ser um sonho realizado se tornou pra nós, fãs, um pesadelo.

Nosso país está atualmente enfrentando uma enorme onda de calor, e os organizadores do evento (TF4) foram completamente negligentes pra com o público. Eles não deixaram as pessoas entrarem com garrafas d’água, que eram caras pra comprar dentro da arena, parte da ventilação estava coberta pra impedir as pessoas de verem o show de fora, e isso é apenas parte do que conseguimos lembrar agora.

Nós, fãs, temos de pagar por taxas de serviço e recebemos um “apoio” tão negligente que, por resultado, mais de mil pessoas tiveram de ser atendidas por médicos e bombeiros. Uma moça, Ana Benevides, infelizmente faleceu de ataque cardíaco, condição que só um calor extremo pode provocar.

Se a TF4 tivesse fornecido um serviço decente, não estaríamos enfrentando agora mesmo essa situação. Exigimos respeito, exigimos justiça, não somente por uma companheira swiftie, mas por todos os fãs de música ao vivo aqui no Brasil. Nossas vidas valem mais do que o lucro. Por favor, assinem a petição abaixo. Obrigado.

(Trata-se de uma petição lançada por uma fã no serviço Change.org, que estava quase atingindo a meta quando publiquei este texto, exigindo uma lei pela qual o Congresso Nacional obrigue as organizações a fornecerem água gratuitamente em situações semelhantes. Imagino que a “bancada do Estado nulo” vai chorar muito os prejuízos que os pobres empreendedores poderiam sofrer com tal coerção, buááá...)


E infelizmente, como em toda parte no mundo, tais situações empoderam o lado venenoso das pessoas pra elas verbalizarem publicamente seus piores instintos. Um desrespeito não só com a Ana, mas também com os fãs que pagaram e com a própria artista. Um dos perfis se autoproclama “ninho adorador”, imagine o “cretianismo” que ele professa! Peço perdão por não ter tido tempo de censurar nem os palavrões, nem os nomes, inclusive nos tuítes acima...


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Jogo do bicho segundo rádio francesa


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Foi publicado ontem um artigo no site da Rádio França Internacional (RFI), que é a transcrição de parte de um podcast sobre tecnologia e informática. A autoria é de Sarah Cozzolino, correspondente do veículo na cidade do Rio de Janeiro, e se chama « Jogo do bicho » : un jeu de hasard illégal en plein essor au Brésil (“Jogo do bicho”: um jogo de azar ilegal em plena ascensão no Brasil); ela se esqueceu de dizer que, exceto as loterias, todos os jogos de azar são ilegais no país... Como se trata da Banânia, resolvi traduzir e republicar aqui, fazendo algumas adaptações e, quando necessário, notas explicativas ou opinativas entre colchetes. Espero que aproveite o texto!


O jogo do bicho (“jogo do animal”, pela tradução literal francesa) é um jogo de azar ilegal que está avançando pelas redes sociais no Brasil. As apostas são feitas pelo Instagram, pelo Facebook e pelo YouTube. Do que se trata e como tudo isso funciona? A correspondente no Rio de Janeiro explica.

Verdadeira instituição brasileira, uma espécie de patrimônio imaterial ilegal existente há mais de 125 anos no país, o jogo que se assemelha à tômbola consiste em apostar em animais associados a números. No jogo do bicho, cada um dos 25 animais corresponde a quatro números: do avestruz (1 a 4) à vaca (97 a 100), pode-se apostar qualquer quantia, o que torna esse jogo muito acessível. E ao contrário de um bingo, os sorteios ocorrem todos os dias, ou mesmo várias vezes por dia.

Segundo um estudo de 2014, esse tipo de loteria clandestina permitiu a arrecadação de até 3 bilhões de reais, ou seja, 568 milhões de euros.

Quais são as ligações que esse jogo de azar entretém com o crime organizado? – O jogo do bicho, se não é autorizado, é ao menos “tolerado”... Oficialmente, as penas vão de quatro meses a um ano de prisão simples, mas raramente elas são aplicadas.

Os “bicheiros”, que gerem as “bancas” do jogo, encabeçam uma verdadeira máfia, um comércio ilegal ligado a certas personalidades políticas, à polícia e também às milícias, especialmente no Rio de Janeiro.

Corrupção, lavagem de dinheiro... Os bicheiros geralmente são intocáveis graças a suas ligações estreitas com certos políticos municipais. Desde a década de 1930, o jogo do bicho é inclusive uma das fontes de financiamento das escolas de samba, que precisam levantar quantias enormes de dinheiro pra organizar seus desfiles, e entretêm fortes conexões com a máfia dos jogos ilegais.

Ao se desenvolver nas redes sociais, o jogo se torna incontrolável? – Tradicionalmente, os bicheiros são bastante identificáveis: sentados numa cadeira, numa esquina de rua movimentada, com uma calculadora na mão e uma maquininha de cartão na outra. Quando a polícia passa, a cadeira continua na rua vazia, mas quando o jogo atinge o pico, multidões se aglomeram.

Hoje, encontram-se anúncios pagos pro jogo do bicho no Facebook e no Instagram, prometendo ganhar facilmente quantias que batem os mil euros [o euro fechou a R$ 5,28 em 16/11]. Uma simples pesquisa no Google permite o acesso a sorteios de resultados ao vivo pelo YouTube, perfis ou grupos comerciais no WhatsApp... As apostas podem ser feitas com muita rapidez, via transferências bancárias gratuitas [acho que ela se refere ao pix]. Mas os golpes também são frequentes.

A empresa Meta, dona do WhatsApp e do Instagram, não quis se pronunciar sobre o assunto [por que $$$erá, né???], mas os promotores do jogo parecem se aproveitar de um vácuo jurídico. É que as plataformas de anúncios são registradas onde os jogos de azar são legais, sobretudo em Curaçao.


Com esse patrimônio da humanidade, eu queria encerrar a parte propriamente da tradução, rs. Se você ainda duvida de que a simples pesquisa no Google vai revelar a proliferação descarada do Bicho 2.0, veja estes resultados que obtive, simplesmente ao tentar confirmar a tradução de uma palavra:









terça-feira, 14 de novembro de 2023

Quando se achar idiota, pense no PCO


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Neste começo de semana em que o Brasil parece estar cozinhando no forno da Via Láctea, um vídeo circulou nas redes sociais, sobretudo no X, em que o próprio PCO (dispensa apresentações) publicou vídeos de sua “manifestação” em apoio a nada menos do que o grupo terrorista Hamas, que eles chamam pela tradução de seu nome em árabe, “movimento de resistência islâmica” (embora na verdade a única coisa a que eles “resistam” é parar de fazer o povo de Gaza de refém!). Se alguém tinha dúvidas de que a Seita da Família Pimenta (como até um militante trotskista já a chamou) ultrapassaria os limites do bizarro, depois de passar pano pros Talibã em 2021 e defender a invasão russa da Ucrânia em 2022, é melhor “Jair” se conformando... O vídeo em si já é patético, num Sol de rachar, com um pingo de gente que milita por um partido “operário”, mas não é operária, e podia estar aproveitando o lindo domingo, 12, em alguma atividade lúdica ou produtiva melhor. Mas este rapaz barbudo e supernutrido, que tem toda energia do mundo pra militar pelo comunismo num país capitalista (não posso usar outra palavra pra não ser acusado de uma “fobia”, rs), é a tradução perfeita do cringe: usa uma bandeira da Arábia Saudita com o nome do Hamas, ambos entidades que perseguem todos aqueles a quem dizem defender. Será que essa batucada sairia inteira em Teerã, Khan Yunis ou Cabul???

O vídeo no X do PCO (tem outro que não baixei) é um dos poucos registros disponíveis, e realmente não há informações escritas por aí. A única crítica séria que vi foi da Confederação Israelita do Brasil, publicada pela Folha, mas rola em sites bolsominions uma descrição bem esquisita, um texto idêntico reproduzido, ao que consta, a partir do restolho fascista Oeste. Pra vários deles não gosto de conceder cliques, mas quem estiver curioso, um exemplo está aqui. A manipulação começa pelo fato de um tal grupo de bateria Zumbi dos Palmares estar entoando “cantos antissemitas”: na verdade, eles dizem “Estado de Israel, Estado assassino”, o que é uma escrotice, mas não antissemitismo em si. Outros observadores zoaram dizendo que só tinha um negro no grupo “Zumbi dos Palmares”, mas isso fica pro folclore mesmo, porque desconheço os envolvidos.



Uma outra opção pra você não se sentir um idiota em qualquer ocasião é ver este flagra que dei ontem de manhã e saber que há pessoas que se inscrevem em certos canais de notícias só pra fazer comentários inúteis como este. Pronto, fui!


segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Macron faz papel de espantalho (1993)


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Achei este vídeo por acaso, por meio do Google Imagens, quando procurava outros tipos de fotos de Emmanuel Macron (não pelado, rs!). Infelizmente, ele não ficou conhecido no Brasil na época, mas os brasileiros, sobretudo aqueles mais afastados do liberalismo, podiam usá-lo pra fazer uma bela zoeira com o presidente da França, rs. No YouTube você pode ver o trecho selecionado do documentário, mas abaixo separei também apenas a parte em que Macron representa um espantalho no teatro, aos 15 anos de idade.

Por meio de duas reportagens em francês (2016) e em espanhol (2017) que traduzi e adaptei, seguem depois as explicações sobre as circunstâncias da filmagem e sobre o documentário maior em que ele foi revelado. Boa diversão!


Neste vídeo datado de 14 de maio de 1993, que foi incluído num documentário lançado em 21 de novembro de 2016, Emmanuel Macron, então com 15 anos, aparece com sua futura esposa, a professora de francês Brigitte Trogneux, quando ela também dava aulas de teatro à turma.

Estrelado no canal France 3, o documentário se chama Emmanuel Macron – A estratégia do meteoro, foi produzido por Béatrice Schönberg e apresentado pelo jornalista Pierre Hurel, quando Macron ainda era candidato à presidência. A peça de Macron vestido como um espantalho foi encenada no Liceu de Amiens, onde Brigitte e ele se conheceram. 24 anos mais velha do que seu aluno, a professora fazia todos os seus alunos encenarem.

O vídeo de Macron vestido de espantalho, porém, ficou mais famoso na internet em maio de 2017, mês da posse do presidente pra seu primeiro mandato. O excerto também é interessante porque mostra exatamente um momento em que Macron dá um beijo no rosto de Brigitte.

Segundo Macron, sua participação se deveu a ele ter proposto a Brigitte que criassem juntos um libreto pra uma peça de teatro, com o pretexto de passar mais tempo com ela (moleque sacana, rs). Com esse fim, o futuro casal se encontrava todas as sextas na casa dela, quando, segundo Macron escreve em seu livro Révolution, “nos tornamos inseparáveis e falávamos sobre tudo”.



domingo, 12 de novembro de 2023

Brasil em 2.º no Pan, ninguém soube



Obviamente que a “Globe” é xingada por todos os extremos do espectro político, mas se ela não noticia as coisas, a não ser quem assista aos canais ou acesse os sites especializados do conglomerado, ninguém fica sabendo. Nossos extremistas são tão toscos que criticam a “mídia hegemônica ocidental” por adotar apenas o lado do “opressor” ou dos EUA nos conflitos, mas não conseguem se pautar por outros meios de comunicação, nem mesmo pra criar um fio alternativo de assuntos ou conflitos (e por que não, notícias boas escondidas por aí?) relevantes!

Desde a adolescência e começo da universidade vejo o Brasil distante das primeiras posições no quadro de medalhas dos Jogos Pan-Americanos. O primeiro de que me lembro ter visto foi o de Winnipeg, em 1999. Quase sempre, Cuba costumava ficar em segundo lugar, por causa da fama de incentivo ao esporte que sempre teve: olha onde ela está agora, mesmo que esteja bem em relação aos outros, e levando em conta suas limitações materiais. O Brasil conseguiu o segundo lugar, pouca gente na internet se alegrou ou ficou sabendo, até a cobertura do G1 foi porca e nenhum, absolutamente nenhum assunto do momento da rede X nas últimas semanas foi sobre essa conquista e seus heróis.

O projeto olímpico de longo prazo do Brasil tá sendo um sucesso, ao contrário do futebol masculino comandado por essa FIFA e essa CBF corruptas e cheias de abusadores de mulheres. Em cada Olimpíada, estamos indo cada vez melhor. Rebeca Andrade é nossa atual heroína, porque é negra, é guarulhense, é de origem humilde, dança o Baile de favela... é do Brasil!!!


Já o nível do bananeiro médio, sobretudo quando interage e tenta existir nas mídias sociais, é igual ao deste russo trolando um canal de oposição que transmite do exterior. Um verdadeiro gado raiz de político, um patriotário que ainda não superou a síndrome de Bolsolula!


sábado, 11 de novembro de 2023

Macron critica a “linguagem inclusiva”


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“Non, Greta, non existe essa coisa de menine!”


No dia 30 de outubro de 2023, o presidente francês Emmanuel Macron inaugurou a chamada Cidade Internacional da Língua Francesa (ou CILF) no castelo de Villers-Cotterêts, situado na cidade de mesmo nome e onde o rei Francisco 1.º assinou em 1539 uma ordenação (ou édito) que transformava o francês, então também conhecido como o “dialeto parisiense” das elites e dos intelectuais, em língua oficial do direito e da administração no lugar do latim medieval. Por essa razão, o documento também é considerado a “certidão de nascimento” do francês como língua de unificação nacional, depois expandida ao redor do mundo. Visando deixar uma grande marca em sua turbulenta administração, Macron aventava já em 2018 a ideia de reformar o castelo pra torná-lo um espaço internacional de reunião e incentivo a escritores e pensadores francófonos de todo o planeta, bem como um espaço de arte e memória, à maneira do Museu da Língua Portuguesa (São Paulo), mas de dimensões bem maiores.

Do nada, enquanto faz seu sonífero discurso de inauguração de quase uma hora, Macron arranca aplausos sinceros (único momento em que isso acontece antes do fim) de uma plateia geriátrica ao atacar dois tipos de “linguagem inclusiva” mais ou menos correntes em nossas línguas europeias modernas. O primeiro, obviamente, é resumido na frase “o masculino faz o neutro”, ou seja, se quiséssemos incluir pessoas de várias identidades de gênero, bastava usarmos o masculino, já que ele seria o “gênero universal por excelência”. Não tenho certeza se foi uma referência às pessoas que se identificam (em bom mussunzês...) como “não bináries” ou à prática, bem mais antiga, de colocar juntas as terminações de gênero masculino e feminino numa só palavra. Explico: em português, por uma questão de etiqueta, é comum separarmos terminações masculinas e femininas com parênteses ou barras, em frases como, por exemplo, “Estimados(as) professores(as) brasileiros(as)” ou “Estimados/as professores/as brasileiros/as”, ou mesmo invertendo a ordem – “Estimadas(os)...” ou “Estimadas/os...”.

Embora por vezes tanto a escrita quanto a leitura (sobretudo em voz alta) fiquem cansativas, ainda mais quando é o radical todo que muda com o gênero, e não apenas a terminação (palavras como “meu/minha”, “seu/sua” etc.), isso jamais incomodou alguém e sempre foi visto como uma evolução do “espírito do tempo”, e não como “modismo”, segundo disse Macron. Porém, alguns problemas se põem. Primeiro, têm se popularizado rapidamente os conversores de texto em voz nos aparelhos eletrônicos pra pessoas de baixa ou nenhuma visão, e esses programas ainda não forma treinados pra verbalizar tais sutilezas (muito menos comuns, aliás, em línguas com marcação de gênero irrisória, como o inglês e o mandarim). A vocalização, pois, fica truncada, o que é especialmente prejudicial em mensagens acadêmicas e institucionais. Segundo, o grafismo do francês é diferente, pois enquanto o português substitui vogais, o francês adiciona letras, sejam vogais ou consoantes, pra formar o feminino, mesmo que nem sempre a pronúncia mude. Isso faz com que ao invés de parênteses, eles prefiram usar pontos (os quais vi mais vezes) pra circundar as formas protuberantes: nossa frase acima ficaria “Estimé.e.s professeur.e.s brésilien.ne.s” (é mais corrente a forma escrita professeur/s pra ambos os gêneros). Realmente, penosa de ler, mais ainda de digitalizar...

E terceiro, ligado tanto à acessibilidade quanto a aspectos culturais: a visibilização das pessoas que em questão de gênero (mas não de sexualidade, atenção!) dizem não se identificar nem como homens, nem como mulheres (como pode ocorrer com homoafetivos ou transgêneros) e se autodenominam “não binárias não bináries”. Confundindo a questão de “gênero” em linguística com a questão de “gênero” em biologia, elas (as pessoas!) não gostam do uso de morfemas masculinos ou femininos, e estão quebrando a cabeça pra se concederem uma representação linguística, algo obtido malemá com vogais não reservadas a gêneros. Em português, já vemos formas nas quais traduziríamos nossa frase-exemplo como “Estimades professôries [sic!] brasileires”, e que realmente ainda não sei se pretendem representar apenas as pessoas “não bináries” ou toda e qualquer identificação de gênero, sem distinção. Outro debate é sobre a compulsoriedade: devem as instâncias oficiais se virarem pra incluir alguma expressão “neutra” ou, pelo contrário, proibirem seu uso inclusive no ensino escolar público? Me divirto muito com bolsominions que nas redes sociais, não juntando lé com cré, pra atacarem os políticos ou conglomerados de mídia que eles odeiam, usam ironicamente “Globe”, “Lule” etc.

As formas com “e”, “u” (“êlu” por “ele” ou “ela”) e o escambau, ao menos, são mais decifráveis pela informática, e talvez por isso começaram a prevalecer, do que as primeiras formas não referentes a nenhum gênero, expressas com sinais não alfabéticos ou consoantes ilegíveis, como “Estimad@s professor_s brasileirxs”. Por razões de sobrevivência, os usuários de leitores automáticos começaram a implorar pela rejeição desses hieroglifos, mas o debate continua, e já vimos que vai além da mera e antiga inclusão das mulheres na linguagem comum. Os principais tópicos: o “não binarismo” exigiria uma expressão linguística? Uma “linguagem inclusiva” passaria pela invenção de formas diferentes? Qual seria a utilidade prática, pro grosso da população que sequer domina a norma culta tradicional, e não pra uma pequena parte? Essas formas deveriam ser impostas ou proibidas? E se fosse deixado ao costume dar a última palavra, será que pegariam ou, como muitos “modismos”, morreriam esquecidas? Na França, a própria Brigitte Macron, professora aposentada de francês, já causou espécie ao condenar publicamente as formas iel, iels, que valeriam respectivamente por il, elle (ele, ela) e ils, elles (eles, elas).

Apenas como disclaimer, quero ressaltar que estou escrevendo aqui apenas fatos, e não minha opinião, sobre a qual eu poderia escrever um longo texto, e mesmo assim sem tirar conclusões definitivas, pois nem os gramáticos normativos, nem as pessoas religiosas, são os formatadores das verdades da vida. Questão diferente, ainda, é a linguagem neutra tecnicamente falando, ou seja, a construção ou tradução de textos que, na medida do possível, usem mínima ou nenhuma forma que faça alusão a gênero e que, segundo gente do ramo, já é uma demanda crescente. Dando meu único exemplo grosseiro, é como se ao invés de dizermos “Bom dia a todos e todas”, “Bom dia a todas e todos” ou “Bom dia a todas, todos e todes” (Alexandre Padilha!), saudássemos “Bom dia pra todas as pessoas” (que já vi professoras usando, até meio constrangidas), “Bom dia pra todo mundo”, “Bom dia, pessoal” ou simplesmente... “Bom dia”.

A versão escrita no site do Palácio do Élysée, que confrontei com meu texto de ouvido, tem algumas diferenças com a fala e até alguns erros, pois quando Macron diz lisible (legível), lemos visible (visível). Como o canal do YouTube da presidência ainda não permitia o download de outras fontes, também acabei tirando o trecho concernente do canal estatal France 24. Seguem o vídeo com uma pequena montagem “humorística”, a transcrição e minha imperfeita tradução:


Il faut permettre à cette langue de vivre, de s’inspirer des autres, de voler des mots, y compris à l’autre bout du monde, et j’y reviendrai tout à l’heure, de continuer à inventer... mais d’en garder aussi les fondements, les socles de sa grammaire, la force de sa syntaxe, et de ne pas céder aux airs du temps. Dans cette langue, le masculin fait le neutre. On n’a pas besoin d’y rajouter des points au milieu des mots, ou des tirets, ou des choses pour la rendre lisible.

É preciso permitir que essa língua viva, inspire-se nas outras, roube palavras, inclusive do outro lado do mundo, e voltarei a isso daqui a pouco, continue inventando... mas também preserve seus fundamentos, as bases de sua gramática, a força de sua sintaxe, e não ceda aos modismos de cada época. Nesta língua, o masculino faz o neutro. Não é necessário, no meio das palavras, acrescentar pontos, hifens ou coisas para torná-la legível.


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Festa antissemita na câmara federal







Se o Guilherme Boulos não for candidato novamente (talvez ele queira concorrer à prefeitura de São Paulo em 2024, e não moro na capital), eu estava pensando em votar em Erika Hilton, também do PSOL paulista, pra deputada federal. Porém, agora estou seriamente repensando: eu estava xeretando os stories do Instagram de uma conta pró-Palestina que não quero identificar aqui, e ela justamente republicou outro story da Erika comandando uma reunião “contra o genocídio em Gaza e pela independência do povo palestino” na Câmara dos Deputados. Um espaço, funcionários e lideranças pagos com nossos impostos.

Salvo indicação em contrário, esta humilde página só expressa minhas próprias opiniões, e apenas eu respondo pelo que é publicado aqui. Vosso servo não é islamofóbico, não é antiárabe, defende a proteção das comunidades de gênero contra violências, apoia a autodeterminação dos palestinos e detesta o governo extremista de Netanyahu. Porém, combato fortemente o antissemitismo, penso que Israel tem o direito de existir em seu atual território ao lado da Autoridade Palestina e repudio quem usa o lema racista “Do rio ao mar” ou, como a FEPAL, coloca em seu logo um mapa de todos os territórios unificados sob a cor verde (que é típica do islã).

Eu sei que o pobre sujeito no público com esse cartaz horrível menciona “genocídio”, “ocupação” etc. Mas basicamente o que vemos aí não é sequer uma bandeira israelense, mas uma estrela de Davi coberta com um grande xis vermelho. Nossa ex-querda bananeira, assim como a de outros países onde flertam com o stalinismo e o maoismo mais abjetos, além de assassinos como Gaddafi, Putin, Kim Jong-un, Assad e Ortega, está na melhor ocasião pra vomitar seu antissemitismo histórico. O PSOL (ao contrário do PCO e da NR), com raras exceções, não é um partido antissemita, e Erika certamente está agindo de boa-fé por uma causa justa, ainda que mais seguindo um trend de mídias sociais do que entendendo toda a complexidade geopolítica subjacente.

Mas onde ela estava quando Putin invadiu a Ucrânia? O que o PSOL disse quando os porcos russos bombardearam centenas de prédios civis e um teatro cheio de mulheres e crianças em Mariupol? Por que não mandaram centenas de moleques pra rua quando os ocupantes explodiram a barragem de Nova Kakhovka, promovendo um dos maiores ecocídios dos tempos modernos? E a defesa das comunidades de gênero no Donbás e na Chechênia, onde vivem muito pior do que no resto da Rússia e da Ucrânia? Não souberam da deportação forçada de crianças ucranianas e da lavagem cerebral a que se submeteram pra inculcar a adulação do Kremlin? Em que o deslocamento forçado de um quarto da população ucraniana é menos grave do que o da população de Gaza? E a onda de antissemitismo na Europa, muitas vezes fisicamente violento, vindo da extrema-direita, da extrema-esquerda e de parte da imigração muçulmana, sem contar o antissemitismo estrutural do putinismo, que culminou no pogrom do aeroporto no Daguestão onde a turba procurou judeus até na turbina do avião (tragédia passada sem qualquer menção pelos nossos “progressistas”)? Cadê a histórica habilidade dessa gente pra chamar de “nazista” todo mundo que não concorda com eles?

Nada. Absolutamente nada. E pra variar, o bolsofascismo continua livremente se esbaldando nessa relação esquizofrênica de parte de nossos evangélicos com um messianismo filojudaico idealizado...


Antes que eu me esqueça: todo apoio à guerrilha de libertação em Mianmar, que tem tomado várias cidades importantes no norte! Que ela derrube o quanto antes a junta militar sanguinária, no poder desde 2021 e executora das vontades do ventríloquo Xi Jinping!



Programa do canal France 5, uma das pérolas promovidas por esses “antissionistas” no Instagram, contra uma simples usuária judia sem relevância pública. Adivinhe qual era o nome completo da conta falsa. Deixo pra você traduzir sozinho o conteúdo, pedir pra alguém ou usar o Google...

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Putin surpreende um total de zero pessoas sobre reeleição


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/putin-voto


Há algum tempo, fontes próximas ao Kremlin vazaram que não só Putin já teria decidido perpetuar-se como ditador do Neo-Império Russo, como também estipulado que a vitória deveria ser por volta dos 70%. A não ser que realmente ele morra, seja morto, seja deposto ou, por alguma razão, fique inválido (porque a vontade própria o cola no trono!), a gangue do Kremlin pensa que engana os inocentes! Veja o que diz a “imprensa” oficial:

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ainda não fez nenhum pronunciamento sobre sua decisão de participar ou não das eleições presidenciais em 2024. A campanha ainda não foi iniciada, declarou à RIA Nóvosti o secretário de imprensa do líder russo, Dmítri Peskóv.

Citando fontes próprias, a agência Reuters tinha comunicado que Putin já teria se decidido a participar das eleições presidenciais de 2024.

“Putin ainda não fez nenhuma declaração a esse respeito. A própria campanha ainda não começou oficialmente”, disse Peskov.

(Imagens tiradas de fotos de tela de programas da TV Rain. Aproveite pra conhecer a versão totalmente em inglês de grande parte das reportagens longas do célebre canal dissidente!)



sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Discurso do líder do Hezbollah (2023)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/hezbollah2023

O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyid Hasan Nasrullah, fez um raro discurso transmitido em telões por todo o Líbano, saudando o povo palestino em Gaza. A expectativa nos analistas geopolíticos era alta, pois como líder supremo do partido e do grupo armado no sul do Líbano, se esperava que ele fosse decretar beligerância total contra as tropas de Israel concentradas no norte deste país. Não foi o que aconteceu, apenas disse que “todas as possibilidades estão abertas”. Cão que ladra, não morde. Mas segue o documento histórico, que procurei o mais rapidamente possível, com a ajuda do Google, traduzir do original árabe, apenas tirando as interrupções na fala (“ele disse”, “ele reforçou”, “ele concluiu”) que infestavam o texto. Também adequei a meu próprio estilo e deixei com cara de algo em português. A Agência Al-Manar, pertencente ao Hezbollah, também lançou a versão em inglês com que você pode confrontar a minha.

Também é comum se escrever Hassan Nasrallah, mas prefiro a versão mais próxima do árabe formal falado.



Todos saúdam o povo lendário que não tem igual neste mundo, o povo de Gaza e seu povo, que vimos como o homem, a mulher e também a criança saíram dos escombros para dizer que tudo o que deram foi um sacrifício pela Palestina, por Al-Aqsa e pela resistência. As línguas não conseguem expressar a grandeza, o poder, a fé, a firmeza e a paciência desse povo, bem como a firmeza e a paciência que estamos testemunhando na Cisjordânia e em todas as arenas. Estendemos nossa saudação a todos os que apoiaram e apoiam em todos os países do mundo, e saudamos especialmente as armas iraquianas e iemenitas que entraram no coração dessa batalha abençoada.

O sofrimento do povo palestiniano é conhecido de todo o mundo há 70 anos, mas ao longo dos últimos anos, as condições infligidas por esse governo israelense extremista e injusto se tornaram mais graves, especialmente a questão dos prisioneiros, o aumento de seu número, e as restrições impostas a eles e a suas famílias, o que tornou a questão humanitária muito precária. A segunda questão, a Mesquita de Al-Aqsa, e o que foi inflingido a ela, especialmente nas últimas semanas, não teve precedentes desde a ocupação de Jerusalém. O terceiro problema são as difíceis condições de vida da população de Gaza, que está sitiada sem que ninguém faça nada. O quarto problema é a Cisjordânia ocupada, com o aumento das ações dos colonos, assassinatos, detenções diárias e demolição de casas por esse injusto governo israelense. Todos esses problemas eram prementes, sem que ninguém nesse mundo tomasse medidas, e a política do inimigo aumentava em opressão, injustiça e humilhação. Portanto, era necessário um grande evento pra abalar a entidade usurpadora e todos os seus apoiadores, especialmente em Washington e Londres, revelar esses problemas ao mundo e reapresentar a questão palestina como uma primeira questão no mundo.

O acontecimento foi uma grande operação jihadista de 7 de outubro, ou seja, a Operação Dilúvio em Al-Aqsa, que foi levada a cabo pelas Brigadas Al-Qassam, na qual participaram as restantes facções da resistência em Gaza. Esta operação foi 100% palestina na decisão e implementação. Seus proprietários a esconderam de todos, até mesmo das facções da resistência em Gaza e do eixo da resistência, e esse sigilo absoluto garantiu o sucesso retumbante da operação. Esse sigilo não incomodou ninguém do eixo de resistência, mas antes o encorajou porque era condição básica pro sucesso da operação, e essa atuação dos irmãos do Hamas confirmou a verdadeira identidade da batalha e bloqueou o caminho pra que os inimigos e hipócritas falsificassem e distorcessem a realidade da relação da resistência na região. Essa batalha se prova inteiramente palestina e em prol da Palestina, de seus problemas e de seu povo, e nada tem a ver com nenhum problema na região. Confirma a credibilidade de tudo o que temos dito ao longo dos últimos anos que a decisão é feita pelos movimentos de resistência.

Essas conquistas, resultados e repercussões merecem todos esses sacrifícios porque estabeleceram uma nova fase histórica no destino do povo palestino e no destino dos povos e países da região. A Operação Dilúvio em Al-Aqsa e o fato de ninguém saber dela provam que essa batalha é inteiramente palestina, em prol do povo da Palestina e de seus problemas, e não tem nada a ver com qualquer processo regional ou internacional. O que aconteceu na Operação Dilúvio em Al-Aqsa confirma que o Irã não exerce qualquer tutela sobre as facções da resistência e que os verdadeiros tomadores de decisões são os líderes da resistência e seus guerrilheiros.

A grande Operação Dilúvio em Al-Aqsa provocou um terremoto nas bases da entidade sionista [o Estado de Israel], que tem repercussões existenciais e estratégicas e vai deixar seus efeitos no presente e no futuro dessa entidade. A coisa mais importante que a operação fez foi revelar fragilidade e fraqueza, e que Israel é de fato mais fraco do que uma teia de aranha. Não importa o que o governo inimigo faça, não vai ser capaz de mudar os efeitos da Operação Dilúvio em Al-Aqsa nessa entidade e em seu futuro.

Essas conquistas, resultados e repercussões merecem todos esses sacrifícios, porque estabeleceram uma nova fase histórica no destino do povo palestino e no destino dos povos e países da região. A outra opção significa silêncio e espera. Portanto, essa escolha foi correta, corajosa e exigida no momento certo.

A administração americana, com seu presidente, ministros e generais, correu pra socorrer essa entidade, que tremia e tremia, para que recuperasse alguma consciência e se levantasse novamente, e ainda não conseguiu recuperar a iniciativa. Essa rapidez americana em abraçar e apoiar Israel revelou a fraqueza, a fraqueza dessa entidade. Generais americanos chegam à entidade e abrem armazéns americanos pro exército israelense. Desde o primeiro dia, Israel pediu 10 bilhões de dólares. É esse um país forte que tem a capacidade de se manter em pé?

Ficou claro desde as primeiras horas da Operação Dilúvio em Al-Aqsa que o inimigo estava perdido. Face a Gaza e ao terrível incidente a que o inimigo foi exposto, parece que os governos inimigos não estão se beneficiando de forma alguma de suas experiências, e o que está acontecendo hoje já aconteceu antes no Líbano, em 2006, e em repetidas guerras em Gaza com uma diferença quantitativa e qualitativa, mas da mesma natureza.

Um dos erros mais importantes que os sionistas cometeram e ainda cometem é estabelecer metas elevadas que não podem alcançar ou realizar. Em 2006, estabeleceram o objetivo de esmagar a resistência no Líbano e recuperar os dois prisioneiros sem negociação ou troca. Durante 33 dias, não alcançaram seus objetivos. Hoje, a situação em Gaza é a mesma, mas com escalada de crimes e massacres. O que os israelenses estão fazendo é matar pessoas em Gaza. A maioria dos mártires são crianças e mulheres, civis. Não há santidade em nada, pois os israelenses estão destruindo bairros inteiros.

Todos testemunhamos em primeira mão o heroísmo dos combatentes da resistência em Gaza. Quando a resistência avançar e colocar a bomba na escotilha do tanque, como o inimigo israelense vai lidar com combatentes desse tipo? As cenas que chegam todos os dias e horas de Gaza dizem a esses sionistas, as cenas de homens, mulheres e crianças emergindo dos escombros, gritando em apoio à resistência, que através de matanças e massacres não vão conseguir alcançar nenhum resultado. Os mártires de Gaza, suas crianças e mulheres derrubam todas essas máscaras falsas com que os meios de comunicação globais e internacionais contribuíram pra cobrir essa entidade.

O que está acontecendo em Gaza revela a responsabilidade direta dos EUA por toda essa matança e hipocrisia estadunidense. O que está acontecendo em Gaza reflete a natureza brutal e bárbara da entidade usurpadora que plantaram em nossa região. As cenas de massacres provenientes da Faixa de Gaza dizem a esses sionistas que o fim da batalha vai ser a vitória de Gaza e a derrota do inimigo. Os EUA são inteiramente responsáveis pela guerra em curso em Gaza e Israel é uma ferramenta. Os EUA são quem impede o fim da agressão contra Gaza e rejeita qualquer decisão de cessar-fogo. São os EUA quem dirige a guerra em Gaza. Portanto, a decisão da Resistência Islâmica no Iraque de atacar as bases de ocupação americanas no Iraque e na Síria foi uma decisão sábia e corajosa.

É dever de cada pessoa livre e honrada nesse mundo, na batalha da opinião pública, esclarecer esses fatos de que falamos. A opinião pública internacional começou a se virar contra esses tiranos criminosos que matam crianças e mulheres, a opinião pública internacional está vendo isso. Cada um deve assumir sua responsabilidade.

O inimigo está se afogando nas areias de Gaza, mas está fortalecendo e ameaçando o povo libanês com o sangue de crianças e mulheres em Gaza e nas mesquitas e igrejas de Gaza. A vitória em Gaza é um interesse nacional egípcio, jordaniano, sírio e, acima de tudo, um interesse nacional libanês. A vitória de Gaza significa a vitória do povo palestino, a vitória dos prisioneiros na Palestina e de toda a Palestina, de Jerusalém, da Igreja do Santo Sepulcro e dos povos da região, especialmente dos países vizinhos. No ano de 1948, quando o mundo abandonou o povo palestino, essa entidade [Israel] foi criada e o povo palestino e todos os povos da região pagaram as consequências e efeitos desse estabelecimento. O Líbano foi um dos países que mais sofreu com a presença dessa entidade usurpadora.

Há dois objetivos que devem ser trabalhados: parar a agressão contra Gaza e fazer com que o Hamas seja vitorioso em Gaza. O que acontece depois da Operação Dilúvio em Al-Aqsa não é o mesmo de antes, e é isso que exige que todos assumam a responsabilidade. É preciso trabalhar pra parar a agressão contra Gaza. Não basta denunciar, mas sim romper relações e retirar embaixadores. Infelizmente, o discurso no passado foi o de cortar o petróleo dos EUA, e hoje exigimos que as exportações pra Israel sejam interrompidas. Vocês [países árabes] não têm forças pra abrir a passagem de Rafah?

Estamos na batalha desde 8 de outubro. O que se passa na fronteira com a Palestina ocupada é único do gênero na história da entidade [Israel], seja através de ataques a marchas, veículos, soldados e suas aglomerações, equipamento técnico e armas diversas. 8 de outubro, uma verdadeira batalha diferente de todas as batalhas que se travaram anteriormente, diferente em todas as suas circunstâncias, tipo e procedimentos, em seus alvos e, portanto, neste grupo de bravos mártires que avançam nas primeiras filas. Essas operações foram pela resistência e pelos mártires que ela proporcionou. Na fronteira, no sábado, 7 de outubro, o inimigo começou a retirar seus soldados da fronteira com o Líbano em direção à Faixa de Gaza sitiada. Ele também convocou reservistas, e as operações que começou e depois aumentou forçou o inimigo a manter suas forças e adicionar forças a elas, e algumas forças. A elite que ele queria transferir da Cisjordânia pra Gaza o trouxe para as fronteiras do Líbano, e assim essas operações aliviaram essas forças de Gaza e os atraiu pra cá. Há quem diga que estamos correndo um risco, mas é uma aventura útil e que tem seus próprios cálculos.

Hoje, a frente libanesa conseguiu atrair um terço do exército israelense pras fronteiras libanesas, e uma parte importante dele é constituída por forças de elite e regulares. Metade das capacidades navais de Israel estão hoje voltadas pro Líbano e Haifa. Metade da defesa antimísseis de Israel está direcionada pro Líbano. Esses são alguns dos frutos diretos da batalha em nossas fronteiras. As operações levaram ao deslocamento de dezenas de milhares de assentamentos e à evacuação de dezenas de milhares no norte, e também em frente a Gaza, 58 assentamentos foram evacuados. Tudo isso constitui uma pressão psicológica, organizativa, econômica e financeira.

Essas operações na fronteira e nas Quintas Shebaa criaram um estado de pânico e ansiedade entre o inimigo israelense e também entre os estadunidenses quanto à possibilidade dessa frente poder entrar numa escalada adicional e evoluir pra amplas possibilidades. Isso pode acontecer, e o inimigo deve tomar mil contas. Lemos essas contas com força através de mensagens ocidentais, estadunidenses e algumas mensagens árabes que recebemos todos os dias desde 7 de outubro.

Esse medo faz com que o inimigo calcule cuidadosamente seus passos em direção ao Líbano, e isso é o que chamamos de dissuasão do inimigo pela resistência. O inimigo hoje suporta todos os golpes e controla seu ritmo porque teme que as coisas aconteçam do jeito que ele teme e alerta. Essas operações, prontidão e ação hoje fazem com que o inimigo seja dissuadido. Caso contrário, todos nós ouvimos o sionista falar sobre a necessidade de se beneficiar do apoio estadunidense pra abrir uma frente voltada ao Líbano. O sangue dos mártires diz ao inimigo que você vai cometer a maior loucura da história de sua existência se abrir a frente do Líbano.

Desde 8 de outubro, a ameaça estadunidense chegou até nós com a possibilidade de entrar na batalha, e aqui digo que o desenvolvimento e a escalada da frente na fronteira com a Palestina ocupada dependem de uma de duas coisas básicas: o curso e o desenvolvimento dos acontecimentos em Gaza, porque nossa frente é uma frente de apoio, apoio a Gaza. O segundo caminho é o comportamento do inimigo sionista pra com o Líbano, e aqui o alerto contra alguma persistência que levou ao martírio de alguns civis, o que pode nos levar a regressar ao governo de civis contra civis. Todas as possibilidades em nossa frente libanesa estão abertas, todas as opções estão abertas e podemos as abordar a qualquer momento. Devemos estar todos prontos pra todas as possibilidades abertas.

Exagerar a nós e a resistência não traz nenhum benefício nem pros países, nem pros movimentos de resistência. Suas frotas [dos EUA] no Mediterrâneo não nos assustam, nunca nos assustaram, e lhes digo com toda franqueza que suas frotas com as quais nos ameaçam, nós também as preparamos. Estadunidenses, vocês devem se lembrar de suas derrotas no Líbano e no Afeganistão, e aqueles que os derrotaram no Líbano ainda estão vivos, juntamente com seus filhos e netos.

O caminho à solução não é intimidar os combatentes da resistência, mas sim parar a agressão contra Gaza. Esse é Israel, seu servo, e vocês, estadunidenses, podem parar a agressão contra Gaza. Quem quiser parar a guerra regional deve parar a agressão contra Gaza. Em qualquer guerra regional, a vítima e o maior perdedor vão ser seus interesses e forças.

Apesar de todas as ameaças, o povo iemenita tomou várias iniciativas e lançou seus mísseis e drones, mesmo que vocês os tenham abatido. Mas no final esses mísseis e drones vão atingir Eilat e as bases militares israelenses no sul da Palestina.

Ainda precisamos de tempo, mas estamos ganhando por pontos. Foi assim que ganhamos em 2006 e em Gaza, e foi assim que a resistência na Cisjordânia obteve resultados. Eu pessoalmente, do ponto de vista da experiência pessoal, com o imã Khamenei, que reiterou sua certeza e crença de que Gaza vai ser vitoriosa e que a Palestina vai ser vitoriosa, foi ele quem nos disse isso nos primeiros dias da agressão de julho. A batalha é uma batalha de firmeza, paciência, resistência, acumulação de conquistas e de impedir que o inimigo atinja seus objectivos. Todos devemos trabalhar pra parar a agressão contra Gaza e pra que a resistência seja vitoriosa em Gaza. Digo ao povo de Gaza e da Cisjordânia que a firmeza de todos nós e nossa determinação vão resultar numa vitória certa, se Alá [Deus] quiser, e nós e vocês iremos nos reunir em breve pra celebrar a vitória da resistência e do povo de Gaza.

Me felicito por essa grande e majestosa presença na celebração de nosso orgulho, orgulho de todos os mártires que celebramos hoje. Celebramos esses mártires, os mártires da Resistência Islâmica, as Brigadas da Resistência, os mártires das Brigadas de Jerusalém, as Brigadas Al-Qassam no Líbano e os mártires civis. Estendemos nossas bênçãos e condolências a esses mártires e suas famílias, e peço a Alá que as aceite de todos.

Nossas bênçãos e condolências se estendem a todas as famílias dos mártires em Gaza, na Cisjordânia e em todos os locais onde os mártires surgiram durante a Operação Dilúvio em Al-Aqsa, que se estendeu por várias arenas. Esses mártires obtiveram uma grande vitória, e foi isso que Alá confirmou no Santo Alcorão. Isso é motivo de orgulho pras suas famílias e pra todos nós, e pra termos a certeza do lugar aonde foram. Os mártires agora estão vivos e se regozijando, desfrutando da graça e das bênçãos de Alá. Parabéns a todos os mártires lutadores e aos oprimidos, homens, mulheres, crianças, jovens e adultos. Parabéns a eles por sua transição àquele mundo ao lado de Alá, Seus mensageiros e profetas, onde não há agressão, matança ou massacres sionistas. Desse ponto de vista ideológico, olhamos pros mártires.

Às famílias dos mártires, dizemos: seus filhos estão numa batalha totalmente legítima, do ponto de vista moral, legal e humanitário, contra esses sionistas que ocupam a Palestina. Essa batalha está fora de dúvida a nível jurídico, moral e humano, e é um dos maiores exemplos de martírio por causa de Alá. Nos dirigimos às famílias pra que as valorizem e tenham orgulho delas. Essa é nossa verdadeira força na fé, visão, consciência, profundo compromisso com a causa e disposição ao sacrifício expressado pelas famílias dos mártires.



E como se estivéssemos precisando de mais brigas e crises, talvez de nível que pode atingir o diplomático, ontem a Pistoleira dos Jardins decidiu acirrar os ânimos com uma montagem de muito mau gosto, de autoria desconhecida, sabe-se lá se de clique próprio ou encomenda. Talvez ela quis dizer que só os terroristas são ratos, mas a bandeira no bichinho não ajuda a entender dessa maneira...