domingo, 31 de julho de 2016

Hino Nacional da Rússia (projeto, 1946)


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Como historiador, tenho que revirar os destroços do passado e lembrar relíquias esquecidas. Por um acaso, achei no YouTube uma canção que se afirma um projeto de hino da República Socialista Federativa Soviética da Rússia (a famosa RSFSR), maior unidade integrante da antiga URSS, que em 1946 concorreu com outros poemas numa disputa, finalmente, encerrada sem resultados. A letra é do poeta russo Stepan Schipachov, e a melodia, do célebre Sergei Prokofiev.

Segundo outra fonte, a canção foi composta em 1945 e o concurso para escolher um hino para a Rússia Soviética (que a partir de 1922 não deve ser confundida com o conjunto da URSS) se passou em 1946, logo após o fim da 2.ª Guerra Mundial. Contudo, o concurso teria dado “em nada” e, ao que parece, como ocorreu até 1990, o hino de toda a URSS também era usado como hino da RSFS da Rússia.

Na verdade, segundo penso, foi a partir daí que se criaram os “hinos nacionais” das repúblicas soviéticas, nas línguas oficiais locais, mas que jamais caíram no gosto popular nem se tornaram parte dos embriões das futuras nações independentes que tinham autorização para se separar, conforme prometia a própria Constituição da URSS. Como peças musicais, esses 14 hinos eram lindos, e até hoje constituem um monumento cult na rede, mas os poemas têm todos o mesmo molde, tal com o próprio hino soviético: uma primeira estrofe que enche a bola da nacionalidade local reinante, lembrando que os bondosos russos sempre foram seus parceiros; uma segunda estrofe que louvava Lenin e (até 1956) Stalin, mostrando como eles iluminaram o caminho desses povos; uma terceira estrofe que insiste na invencibilidade das ideias do comunismo e no futuro triunfo de sua bandeira; e um refrão, repetido após cada estrofe, que amarra cada povo em sua pátria União Soviética, dirigida pelo Partido Comunista. Como a maioria dos nomes de logradouros, esses hinos foram todos trocados para retirar as menções a Stalin a partir de 1956.

E o tal concurso “gorou”, “miou”, enfim. Prokofiev é famoso, então falo um pouco do letrista. Stepan Petrovich Schipachov nasceu em 1899 (segundo o novo estilo do calendário) e morreu em 1980, sempre na Rússia. Serviu no Exército Vermelho, estudou e lecionou literatura em diversos grandes institutos. Escrevendo e publicando poesia desde 1919, entrou no PC soviético no mesmo ano, foi um dos dirigentes da União dos Escritores e atuou a favor do perseguido Ievtushenko, mas contra Solzhenitsyn. Prêmios: Prêmio Stalin (1949 e 1951), Ordens de Lenin (1967), da Bandeira Vermelha do Trabalho (1959), da Amizade dos Povos (1979) e da Estrela Vermelha (1942 e 1945).

A primeira execução pública da canção, com base nas partituras deixadas pelo autor, foi esta que apresento, regida em 2012 por Iuri Simonov, com arranjos de Kirill Volkov para o Coral Estatal A. V. Sveshnikov e a Orquestra Sinfônica Acadêmica da Filarmônica de Moscou. Quase não se fala na rede a respeito do hino, e o pouco que achei está nesta página, de onde tirei também o áudio e a letra. O vídeo sem legendas, pelo qual fiquei sabendo da existência da peça, deve tê-la usado como fonte. A legendagem abaixo está no meu canal O Eslavo no YouTube, e seguem a letra em russo e a tradução:


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В грозах окрепла Россия родная
Смелый единый взрастила народ.
Правдой великой свой путь озаряя
К силе и славе вперёд поведёт!

Всё, что людей угнетало веками,
В правом бою ты с дороги смела.
Знамя России, гордое знамя,
Ты высоко над землей поднялось!

В битвах, в труде ты овеяна славой
Счастье народ и надежду обрёл.
Солнце встаёт над землёй величаво,
Ветер летит, как свободный орёл!

Славься, Россия – отчизна свободы!
К светлым просторам идём мы вперёд!
Славься единство свободных народов!
Славься великий российский народ!

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A Rússia materna se fez forte nas tormentas,
Educou um corajoso povo unido.
Aclarando o caminho com a grande verdade,
À força e glória vai seguir o levando.

Tudo o que oprimiu as gentes em séculos
Em justa luta você varreu da frente.
Ó, bandeira da Rússia, pendão altivo,
Você despontou alto sobre a Terra!

Nas lutas e labor você vestiu a glória
E o povo achou esperança e fortuna.
O sol sobe sobre a Terra majestoso,
O vento voa como uma águia livre!

Glória à Rússia, pátria da liberdade!
Seguimos rumo às vastidões luzentes!
Glória à unidade dos povos livres!
Glória ao grande povo da Rússia!




quarta-feira, 27 de julho de 2016

UNESCO pelo esperanto (1954 e 1985)


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Como eu já havia informado em postagens anteriores sobre as línguas auxiliares planejadas, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) emitiu duas resoluções, uma em 1954 e outra em 1985, favoráveis ao esperanto, o mais difundido e conhecido desses projetos (para saber mais sobre o esperanto, clique aqui). Isso se deveu ao fato de os ideais do movimento esperantista, como a paz mundial, o intercâmbio cultural internacional e a fraternidade entre os povos, corresponderem àqueles preconizados pela UNESCO e, de um modo geral, pela ONU.

Segue abaixo a versão em português dessas duas resoluções, tiradas respectivamente em Montevidéu (Uruguai) e em Sófia (Bulgária). O texto foi extraído desta página.

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Resolução de 1954 (nº 8C/DR/116)

Conferência Geral da UNESCO, oitava sessão,
Montevidéu (Uruguai), 1954.

Resolução adotada em 10 de dezembro de 1954,
por ocasião da décima oitava sessão plenária.


IV.1.4.422 – A Conferência Geral,

Tendo discutido o relatório do Diretor Geral sobre a Petição Internacional em favor do Esperanto,

IV.1.4.422.1 – anota os resultados obtidos por meio do Esperanto nos intercâmbios intelectuais internacionais e para a aproximação dos povos;

IV.1.4.422.2 – Reconhece que esses resultados correspondem às finalidades e aos ideais da UNESCO;

IV.1.4.422.3 – Autoriza o Diretor Geral a acompanhar a evolução da utilização do Esperanto na ciência, educação e cultura e, para esse fim, colaborar com a Associação Universal de Esperanto em assuntos que interessem a ambas organizações.

IV.1.4.422.4 – Fica ciente de que vários Estados-Membros se declaram prontos a introduzir ou desenvolver o ensino do Esperanto em suas escolas primárias, secundárias ou superiores e convida esses Estados-Membros a manterem o Diretor Geral informado sobre os resultados obtidos nesse campo.

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Resolução de 1985

Conferência Geral da UNESCO, vigésima terceira sessão,
Sófia (Bulgária), 1985.

Resolução adotada em 8 de novembro de 1985,
por ocasião da trigésima sexta sessão plenária.

11.11 – Comemorações do Centenário do Esperanto.


A Conferência Geral,

Considerando que em sua sessão de 1954, ocorrida em Montevidéo, através da resolução IV.1.4.422-4224 anotou os resultados atingidos por meio da Língua Internacional Esperanto no campo dos intercâmbios intelectuais internacionais e compreensão recíproca entre os povos do mundo, e reconheceu, que eles coincidem com os objetivos e ideais da UNESCO,

Fazendo lembrar que o Esperanto desde então fez consideráveis progressos como instrumento de compreensão entre povos e culturas de diferentes países, penetrando na maioria das regiões do mundo e na maioria das atividades humanas,

Reconhecendo a grande possibilidade que o Esperanto representa para a compreensão internacional e comunicação entre povos de diferentes nacionalidades,

Anotando a contribuição muito importante do Movimento Esperantista, e principalmente da Associação Universal de Esperanto, para a divulgação de informações sobre as ações da UNESCO, assim como sua participação nessas ações,

Consciente do fato que em 1987 se comemorará o centenário da existência do Esperanto,

1. Parabeniza o Movimento Esperantista por ocasião de seu centésimo aniversário.

2. Pede ao Diretor Geral continuar seguindo com atenção a evolução do Esperanto como recurso para melhorar a compreensão entre diferentes nações e culturas.

3. Convida os Estados-Membros a marcarem o centenário do Esperanto por meio de eventos convenientes, declarações, publicação de selos especiais e semelhantes, e instigar a introdução de programas de estudo sobre o problema da língua e sobre o Esperanto em suas escolas e suas instituições de ensino superior;

4. Recomenda às Organizações Não Governamentais Internacionais aderirem às comemorações do centenário do Esperanto e discutirem a possibilidade de utilizar o Esperanto como recurso para divulgar entre seus membros todas as informações, inclusive aquelas sobre as atividades da UNESCO.



domingo, 24 de julho de 2016

Sergio Endrigo – Canzone per te (1968)


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Celebrando meu 10 na proficiência de leitura em língua italiana na Unicamp, cuja prova fiz em março e cujo resultado só soube um mês depois, enviei duas versões legendadas de uma das minhas canções italianas preferidas, com um cantor que adoro profundamente: é a Canzone per te (Canção para você), composta por Luis Bacalov, Sergio Bardotti e Sergio Endrigo, e vencedora do Festival de Sanremo em 1968, cantada então por Endrigo e por nosso Roberto Carlos.

A primeira versão (preto e branco) é parte de uma das apresentações que Endrigo fez no próprio festival, em 1968, cujo vídeo completo sem legendas pode ser visto neste endereço. A segunda versão, colorida, é uma atuação feita em 1981 também por Endrigo, já mais velho, ao vivo na RSI, a rádio e televisão suíça de língua italiana, e cuja versão sem legendas está neste endereço.

Achei bonita a descrição da música na Wikipédia em italiano: “A letra fala de um amor tão belo que não consegue se acabar. O desejo é que a dor devida ao fim desse amor possa terminar para que os dois consigam amar outra pessoa.” No festival citado, Roberto Carlos ficou consagrado internacionalmente pela bela atuação que fez, abrindo caminho à brilhante carreira que faria no Brasil, mas a interpretação de Endrigo é igualmente linda, e em breve talvez eu poste também a atuação do Roberto, em preto e branco, igualmente legendada.

Sergio Endrigo era O Cara, dispensa apresentações. É muita pena que não esteja mais entre nós... Roberto Carlos também teve a oportunidade de interpretar a canção várias vezes no Brasil, de forma igualmente bárbara, mas a letra que ele canta aqui, gravada em vários discos, curiosamente não é a mesma que Endrigo canta no vídeo... Em outra ocasião verei se consigo abordar essa diferença. A letra destes vídeos pode ser lida nesta página, mas também postei mais abaixo, após as legendagens e com a tradução. As traduções nos sites brasileiros, como o Vagalume, eram tão ruins que nem quis cotejar...




La festa appena cominciata
È già finita
Il cielo non è più con noi
Il nostro amore era l’invidia di chi è solo
Era il mio orgoglio, la tua allegria

È stato tanto grande e ormai
Non sa morire
Per questo canto e canto te
La solitudine che tu mi hai regalato
Io la coltivo come un fiore

Chissà se finirà
Se un nuovo sogno
La mia mano prenderà
Se a un’altra io dirò
Le cose che dicevo a te

Ma oggi devo dire che
Ti voglio bene
Per questo canto e canto te
È stato tanto grande e ormai non sa morire
Per questo canto, e canto te

Chissà se finirà
Se un nuovo sogno
La mia mano prenderà
Se a un’altra io dirò
Le cose che dicevo a te

Ma oggi devo dire che
Ti voglio bene
Per questo canto e canto te
È stato tanto grande e ormai non sa morire
Per questo canto, e canto
Te...

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A festa mal começou
E já acabou
O céu não está mais com a gente
O nosso amor fazia inveja nos sozinhos
Era meu orgulho e sua alegria

Foi tão grande e agora
Se tornou imortal
Por isso te exalto sem parar
Você me presenteou com solidão
E hoje a cultivo como uma flor

Só Deus sabe se vai acabar
Se um novo sonho
Vai me pegar pela mão
E se vou dizer a outra
As coisas que eu te dizia

Mas hoje devo dizer que
Te amo muito
Por isso te exalto sem parar
Foi tão grande e agora se tornou imortal
Por isso te exalto sem parar

Só Deus sabe se vai acabar
Se um novo sonho
Vai me pegar pela mão
E se vou dizer a outra
As coisas que eu te dizia

Mas hoje devo dizer que
Te amo muito
Por isso te exalto sem parar
Foi tão grande e agora se tornou imortal
Por isso exalto sem parar
A você...



Adendo (16/7/2023): Parece que finalmente solucionei o mistério das letras diferentes entre as gravações de Endrigo e de Roberto Carlos! Encontrei por acaso esta tesi di laurea (equivalente ao TCC brasileiro) defendida por Antonio Mercogliano em 2007, sob a orientação do Prof. Maurizio Griffo, intitulada Politica, società e costume nelle canzoni di Sergio Endrigo (Política, sociedade e costumes nas canções de Sergio Endrigo). Concernente à especialização em história das doutrinas políticas na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Nápoles “Federico 2.º”, revela ainda um Endrigo crítico da sociedade burguesa e simpatizante do mundo comunista, mesmo nunca tendo se filiado formalmente ao PCI nem lido os clássicos do marxismo, e sempre afetado psiquicamente por sua infância muito pobre.

Nas páginas 76 e 77, Mercogliano relata a vitória com Canzone per te no Festival de Sanremo de 1968, a qual, segundo o cantor, não teria tido tanta importância pra ele, enquanto pra Roberto Carlos fê-lo ser recebido como herói após voltar da Itália e propulsionado na carreira brasileira. Citando as páginas 64 e 65 do texto “Sergio Endrigo, le sue canzoni... e altro”, escrito por Luciano Ceri pro livro Sergio Endrigo. La voce dell’uomo (Sergio Endrigo. A voz do homem, Roma, Edizioni Associate, 2002), organizado por Doriano Fasoli e Stefano Crippa, traz este trecho do que deve ser uma entrevista com Endrigo: após o fracasso em convidar Astrud Gilberto e Iva Zanicchi pra acompanhá-lo,

No final alguém sugeriu o nome de Roberto Carlos, então lhe mandamos uma amostra de áudio [provino] e ele aceitou. Depois, ele a gravou tendo como orientação o texto da amostra, enquanto nesse meio-tempo eu e Bardotti tínhamos modificado ligeiramente a letra, e por isso sua versão em disco é diferente da que eu mesmo gravei. Quando Roberto Carlos voltou ao Brasil após a vitória de Sanremo, havia milhares de pessoas o esperando no aeroporto, como se fosse um ídolo da seleção de futebol. Vencer Sanremo talvez tenha sido mais útil pra ele do que pra mim.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Lenin comenta questão palestina (1920)


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No senso comum intelectual e político do Brasil, em geral se associa a defesa da causa palestina aos movimentos de esquerda, e a defesa da existência de Israel como estado judeu aos de direita. No sentido inverso, as direitas costumam associar a luta dos palestinos ao “terrorismo antissemita”, enquanto as esquerdas chamam os ideólogos israelenses de “sionistas pró-imperialismo” que defendem uma espécie de “racismo judeu” (para elas, antissionismo não seria antissemitismo).

Qual pode ter sido a origem dessa associação? O maior lobby junto aos governos ocidentais para a criação do Estado judeu na Palestina veio de ricas personalidades judias dos EUA, enquanto a luta dos árabes na região contra o domínio inglês ou francês entrava no combate ao colonialismo, bandeira levantada pelos comunistas desde a Revolução de Outubro. Além disso, os Estados Unidos, maior potência imperialista, ainda hoje são um incondicional defensor e provedor material de Israel, e qualquer estratégia geopolítica do “Tio Sam” não poderia deixar de despertar a ira da URSS e das esquerdas.

Contudo, as análises não devem ser excludentes. Por um lado, os EUA sempre apoiaram grupos armados e ditadores árabes ou muçulmanos quando lhes convinha, como foi o caso de Osama bin Laden durante a guerra do Afeganistão contra os soviéticos (1979-1989) e o do iraquiano Saddam Hussein durante a guerra com o Irã dos aiatolás (1980-1988), país que por sua aparência revolucionária despertava muito mais medo no Pentágono; sabemos que a dupla se tornaria sua arqui-inimiga nos anos 1990 e 2000. Por outro lado, embora diversas acusações de antissemitismo recaíssem sobre Iosif Stalin, a URSS foi um dos países que reconheceu Israel em 1948, intentando orientá-lo para sua própria política, além do que havia muitos judeus ou descendentes entre os quadros bolcheviques dos tempos de Lenin (ele mesmo um descendente) e mesmo depois.

Desde muito tempo antes de 1948, os árabes pobres eram a imensa maioria da população na Palestina, estreita faixa de terra banhada pelo Mediterrâneo e tomada pelos ingleses como espólio do esfacelado Império Otomano após a Primeira Guerra Mundial. Judeus havia, mas muito poucos, e é fato que o progressivo aumento dessa população em seu “Israel”, oriunda principalmente do antigo Império Russo promotor de pogroms (ouça e leia a opinião de Lenin sobre a matança), se deu ao longo da primeira metade do século 20 como parte de uma campanha ideológica deliberada, aprovada pelo status quo do Reino Unido e dos EUA. Apesar de ser contrário ao antissemitismo, Lenin enxergava essa colonização artificial como um meio para que as potências capitalistas garantissem seu jugo sobre o proletariado árabe, sempre propenso a revoltas trabalhistas e nacionalistas. Uma lasca dessa interpretação pode ser encontrada nas atas taquigráficas do Segundo Congresso Mundial da Comintern, em Moscou, que em 1920 reuniu os poucos grupos e partidos comunistas de outros países ainda formados após a Revolução de Outubro.

O seguinte trecho em russo e em tradução brasileira é a letra “е” (letra “ie”, a sexta do alfabeto cirílico russo) do ponto 11 da “Resolução sobre as questões nacional e colonial”, aprovada no congresso e em cuja redação Lenin participou ativamente, junto com o indiano Manabendra Nath Roy e outros camaradas. O material original da Comintern é raro, mas pode ser baixado nesta página e deve ser referenciado da seguinte forma: SEGUNDO Congresso da Comintern. Julho-Agosto de 1920. Moscou: Partiinoie izdatelstvo, 1934, p. 495 (em russo). (“Atas dos congressos da Internacional Comunista”.) Em russo a referência é assim: ВТОРОЙ Конгресс Коминтерна. Июль–Август 1920 г. Москва: Партийное издательство, 1934, стр. 495. (“Протоколы конгрессов Коммунистического Интернационала”.)

Existe uma tradução brasileira dos principais documentos do evento em: FORNAZIERI, Aldo (Ed.). A III Internacional Comunista (Volume II): teses e resoluções do II Congresso. Tradução de Cássia Corintha Pinto. Introdução de Tau Golin. São Paulo: Brasil Debates, 1989. O referido ponto está nas pp. 93-94, numerado como “6.º”, e não por letra. Mas ela usa a tradução francesa como base, e é muito imprecisa, se comparado ao russo. Assim, usei-a para cotejamento, mas o resultado que exponho abaixo é todo de minha lavra:

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Необходимость неуклонного разъяснения и разоблачения между самыми широкими трудящимися массами всех, особенно же отсталых, стран и наций того обмана, который систематически проводят империалистские державы с помощью привилегированных классов угнетённых стран, под видом создания политически независимых государств, вызывая к жизни вполне зависимые от них в экономическом, финансовом, военном отношениях государства. Ярким примером обмана трудящихся масс угнетённой нации, произведённого соединёнными усилиями империализма Антанты и буржуазии соответствующей нации, может служить палестинское предприятие сионистов, как и вообще сионизм, который под видом создания еврейского государства в Палестине отдаёт в жертву английской эксплуатации фактически арабское трудящееся население Палестины, где трудящиеся евреи составляют лишь незначительное меньшинство. В современной международной обстановке, кроме союза Советских республик, нет спасения зависимым и слабым нациям.

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[Deve-se ter em vista] A obrigação de esclarecer e desmascarar sem pausa entre as mais amplas massas trabalhadoras de todos os países e nações, em especial dos atrasados, a mentira que as potências imperialistas contam à exaustão, auxiliadas pelas classes privilegiadas dos países oprimidos, quanto a formar Estados politicamente independentes, mas dando à luz Estados totalmente dependentes delas nas esferas econômica, financeira e militar. Um claro exemplo de logro das massas trabalhadoras de nação oprimida, realizado em esforço comum pelo imperialismo da Entente e pela burguesia da referida nação, é a iniciativa palestina dos sionistas, bem como o sionismo em geral, que dizendo criar um Estado judeu na Palestina, sacrifica à exploração inglesa a população trabalhadora de fato árabe da região, onde os trabalhadores judeus são apenas uma insignificante minoria. Nas atuais condições internacionais, não há salvação às nações dependentes e fracas fora da união das Repúblicas Soviéticas.



domingo, 17 de julho de 2016

Армия моя (Exército Soviético meu)


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Mais uma canção militar soviética em ritmo de marcha, com montagem de cenas do cotidiano bélico na antiga União Soviética. Ela se chama “Армия моя” (Armia moia), Exército meu, e foi composta em 1970 por Rafael Moritsovich Plaksin (letra) e Aleksandr Aleksandrovich Abramov (melodia), dois músicos talentosos. O áudio é de uma apresentação remasterizada do Coral Aleksandrov (o famoso Coral do Exército Vermelho), provavelmente da mesma época.

Para quem conhece propaganda comunista, a música e as imagens se parecem muito com o que ainda se produz na Coreia do Norte, com suas marchas retumbantes e suas personagens heroicas. Talvez possamos dizer que aí está a fonte de inspiração da família Kim. O serviço militar e a linguagem de guerra são partes essenciais da filosofia bolchevique e não podem ser reduzidos a mera reação anticapitalista: o regime soviético nasceu de uma guerra, a Primeira Guerra Mundial, e se temperou na Guerra Civil Russa de 1918-20 e na Segunda Guerra Mundial, forjando a superpotência que conhecemos até 1991. Os governantes do país sempre pensavam estar na iminência de uma intervenção anticomunista para destruí-los, temor que condicionou tudo na URSS, os costumes, a propaganda, o Estado, a tecnologia e as prioridades econômicas.

Esta bela montagem foi postada sem legendas no fim de abril por um russo no YouTube e reúne genialmente excertos de propaganda soviética hoje reexibida por alguns canais na Rússia. A letra em russo pode ser lida, e o áudio pode ser baixado nesta página, mas ela também segue abaixo, junto com a tradução e depois da legendagem que postei no meu antigo YouTube. O texto que aparece escrito foi resumido na hora de constituir as legendas:


1. Если на Отчизну нагрянет беда,
Позовёт солдата труба.
Армия моя, ты на страже всегда!
Ты – моя любовь и судьба!

Припев:
Обыкновенная, судьба нелёгкая военная,
Любовь суровая, но верная,
Готовы мы на ратный труд.
Мы все испытаны не раз, не два боями-маршами.
Мы от солдата и до маршала –
Одна семья, одна семья!

2. Наш Октябрь с нами в походном строю!
С нами песни красных бойцов,
Первый день войны, и победный салют,
И судьба погибших отцов...

(Припев)

3. Мчатся наши годы, но ты молода,
И поёт как прежде труба.
Армия моя, ты на страже всегда!
Ты – моя любовь и судьба!

(Припев)

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1. Se a desgraça surpreeender a Pátria,
O clarim vai chamar o soldado.
Exército meu, sempre em guarda,
Você é meu amor e destino!

Refrão:
Corriqueira e difícil sina militar,
Amor severo, mas seguro,
Nós, prontos ao labor guerreiro.
Provados por mais de um, dois combates e marchas,
Do soldado ao marechal,
Somos todos uma só família!

2. Conosco, Outubro formando marcha!
E as canções dos combatentes vermelhos,
E o raiar da guerra, e o ressoar da vitória,
E o destino dos pais tombados...

(Refrão)

3. Ficamos velhos, e você sempre jovem,
E o clarim canta como antes.
Exército meu, sempre em guarda,
Você é meu amor e destino!

(Refrão)



quarta-feira, 13 de julho de 2016

Eduard Khil – Такое чудо (Tal tesouro)


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Quando postei esta legendagem no meu antigo canal do YouTube, em 2013, certamente foi o primeiro videoclipe de Eduard Khil, o famoso e memético “Mr. Trololo”, traduzido para o português. Celebrizado na internet em 2010 quando foi postada no site de vídeos uma antiga atuação sua dos anos 1960 realizando exercícios vocais com a melodia de uma antiga canção norte-americana, deve ter sido o primeiro “meme” viralizado não mais por e-mails, mas pelas redes sociais, e “meme” no sentido de “material que viralizava” (termo usado só com o advento das redes sociais), e não de imagem humorística padrão que se presta a inúmeras mensagens.

Talvez muitos adolescentes de hoje não conheçam, mas o pessoal da minha idade (28 anos) ou um pouco mais novo se lembra como ele passou a ser conhecido por “Silvio Santos soviético”, por causa da voz grave, do penteado, do terno e do jeito de “dançar”... Realizem, em 2010 (o canal O Eslavo, então fundado como “Pan-Eslavo Brasil”, é de 20 de novembro desse ano) quase ninguém tinha YouTube, e os canais de Felipe Neto e Kéfera Buchmann ainda eram rascunho de filmografia caseira!

Não estou postando aqui o vídeo que memetizou, mas uma verdadeira canção interpretada por Khil, que mesmo assim não se desvia do peculiar estilo que fez sua fama na rede. Ela se chama “Такое чудо” (Takoie chudo), que traduzi como Tal tesouro, mas de fato a palavra chudo pode ter várias traduções, como “milagre” (muito comum em russo) ou “maravilha”, mas julguei que “tesouro” ficaria bom em todos os pontos do texto em que aparece. A melodia é de Vladimir Dmitriev e a letra é de Mikhail Riabinin, dois compositores muito produtivos, talentosos e famosos na antiga URSS.

Longe da caricatura que ficou consolidada no Ocidente, Eduard Khil, condecorado Artista Popular da RSFS da Rússia em 1974, foi realmente um cantor muito célebre e formidável em seu país, tendo gravado inúmeros sucessos que ficariam na memória do povo. Viveu uma infância difícil por causa da guerra e desde jovem, crescendo num meio artístico, teve formação musical acadêmica e logo ganhou os palcos, mantendo a popularidade na Rússia mesmo depois de 1991. Sua visibilidade se tornou realmente mundial em 2010, com o vídeo-meme que citei acima, mas infelizmente Khil logo nos deixou em 2012.

Eu baixei o vídeo sem legendas deste canal, que não por acaso tem o nome “Trololoman”. Seguem abaixo o vídeo que legendei para o meu canal, e depois a letra em russo e a tradução:


1. Откуда ты пришло такое чудо
По имени любовь, по имени любовь?
Откуда к нам пришёл, скажи откуда
Тот день, когда мы встретились с тобой

Припев:
Я до сих пор не верю, не верю, не верю
Что выпала счастливая звезда
Что ты в мой дом сейчас откроешь двери
И ключ себе оставишь навсегда

2. Быть может у судьбы свои причуды
Кому-то повезёт, кому-то не везёт
И если, кто ещё не встретил чуда
Его на крыльях время принесёт

(Припев)

3. И вот над нами небо голубое
И дождь уже прошёл, и снег уже прошёл
Но что бы ни случилось мы с тобою
Отныне наше чудо сбережём

(Припев)

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1. De onde você veio, tal tesouro
Chamado amor, chamado amor?
De onde veio até nós, diga, de onde
Esse dia em que encontrei você?

Refrão:
Até agora não acredito, não acredito, não acredito
Que a minha estrela brilhou
Que você vai destrancar as portas da minha casa
Entrar e guardar a chave consigo para sempre

2. Talvez o destino tenha seus próprios caprichos
Uns têm sorte, outros não têm
E quem ainda não encontrou esse tesouro
Vai recebê-lo pelas asas do tempo

(Refrão)

3. E eis o céu azul sobre nós
E a chuva já passou, e a neve já passou
Mas o que quer que aconteça, você e eu
A partir de agora preservaremos nosso tesouro

(Refrão)



domingo, 10 de julho de 2016

Junula plendo (Lamento de um jovem)


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Soneto em esperanto que eu escrevi em 23 de agosto de 2011 e que publiquei pela primeira vez em nota do Facebook na manhã do dia 27 seguinte. Mais abaixo está escrito um rascunho de tradução (que não substitui o desfrute do original), mas dou já um resumo do conteúdo: fala dos males da opressão e miséria que afligem a humanidade e de como as pessoas mais poderosas se aproveitam dessa situação, e chama o leitor à indignação e ao protesto, num ato de transformação para que todas as pessoas possam, enfim, se sentirem mesmo cidadãs do mundo. Perceba a rítmica dos versos: “ta TA ta ta TA ta ta TA ta ta TA ta”, além do esquema de rimas ABBA BAAB CDC DCD. Abaixo vocês também podem escutar minha voz recitando o soneto.

Mi (Erick Fishuk) skribis ĉi tiun soneton la 23-an de Aŭgusto 2011 kaj publikigis unuafoje en Facebook la 27-an matene. Mi esperas, ke vi ĉiuj ŝatos ĝin! Rimarku la ritmon de la versoj: ta TA ta ta TA ta ta TA ta ta TA ta, krom la rim-sistemon ABBA BAAB CDC DCD. Ĉi-sube vi ankaŭ povas aŭskulti mian voĉon, kiu recitas la poemon, kaj legi skizan tradukon al la portugala lingvo.


Rapida observo min prave instruas
Pri l’ fuŝoj maljustaj de l’ tuta homraso:
Milito, sufero, ofendo, forlaso,
Pro forta malbono tre ĉiuj enuas.

La povaj regantoj jam tostas sen taso,
Dum kri’ malriĉula elfore ekbruas.
Surstrate ludilon l’ infan’ ne plu ĝuas
Ĉar lin enhejmigis la ofta krimpaso.

Alvenis la horo por granda protesto:
Se tiel troviĝas la situacio,
Pli saĝa ol ni estas iu ajn besto.

Restadu surtere, ho sankta racio,
Por ke estu l’ mondo eterne la nesto
De ĉiu persono, de ĉiu nacio.

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Uma rápida observação me ensina corretamente
Sobre os erros injustos de toda a raça humana:
Guerra, sofrimento, ofensa, abandono,
Por causa do forte mal todos se aborrecem muito.

Os poderosos governantes já brindam sem xícara,
Enquanto o grito do pobre ressoa de longe.
A criança não desfruta mais do brinquedo na rua,
Pois os crimes frequentes a encerraram em casa.

Chegou a hora para um grande protesto:
Se a situação está desse jeito,
Qualquer animal é mais sábio do que nós.

Permaneça sobre a Terra, ó, santa razão,
Para que o mundo seja eternamente o ninho
De toda pessoa, de toda nação.



quarta-feira, 6 de julho de 2016

Alyosha – Край, мій рідний край


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Mais uma canção ucraniana que canta as belezas da paisagem local. A cantora Alyosha interpreta o tradicional hit “Край, мій рідний край” (Krai, mii ridny krai), Terra, minha terra natal, numa apresentação que deve ser por volta de 2015, quando o vídeo sem legendas foi postado. A canção foi composta no fim dos anos 1970 por Mykola Moz’hovy e alude a paisagens do oeste da Ucrânia, mais nacionalista e pró-Europa. Contudo, me parece que Alyosha vem de um ambiente mais russo, por ela ser de Zaporizhia, ter influências russas na pronúncia e o próprio apelido “Alyosha” ser mais dessa cultura.

A canção foi interpretada pela primeira vez em 1979 pela célebre cantora ucraniana Sofia Rotaru e se tornou sucesso imediato, mas se destinava originalmente a um álbum seu de 1981. A partir daí, vários outros artistas gravaram, mesmo nos anos 2000 e, como vemos, nos anos 2010. A letra tem várias referências à cultura da Ucrânia, como o hábito de oferecer aos visitantes um pão caseiro com um potinho de sal em cima, presente em todos os países eslavos, no Báltico, Ucrânia e Armênia (muitas outras culturas também associam o pão à hospitalidade e o sal à amizade). A Ciscarpátia é uma região histórica que integra a depressão geográfica subcarpatiana, ao pé dos montes Cárpatos, e geralmente se refere à província de Ivano-Frankivsk, no extremo oeste, associada à região histórica mais ampla da Galícia e passada da Polônia para a Ucrânia soviética em 1939.

Mykola Petrovych Moz’hovy (1947-2010) foi um tenor e compositor que fez fama ao compor esta canção para Sofia Rotaru, atuou na antiga Ucrânia soviética e em 1991 passou mais à produção e gerência artística, à docência e à pesquisa. Condecorado Artista Popular da Ucrânia em 1993, transitou por vários gêneros e deu declarações polêmicas sobre a situação da música popular nacional. Olena Oleksandrivna Kucher-Topolia (n. 1986), nome artístico Alyosha, já cantava quando criança, teve formação musical acadêmica e interpreta rock, pop-rock, rock alternativo, folk e R&B. Ela também compõe letras e melodias, ganhou vários concursos nacionais no ano 2000 e impulsionou a carreira em 2010, quando chegou à final do Eurovision, após polêmica com direitos autorais e política nas prévias ucranianas.

Alyosha tem como redes de contato virtual: site oficial, grupo oficial no VKontakte, página oficial no Facebook e canal oficial no YouTube.

O vídeo sem legendas está neste endereço, e embora o canal tenha o nome de Alyosha, acredito que seu espaço oficial seja o citado acima. A letra que ela canta é esta aqui, mas em outra versão a letra aparece com a segunda repetição do refrão começando por “Най у синю даль/Летить просторами дзвінка луна” (E eis que voa no vasto azul/O som da sineta pela imensidão), e na segunda estrofe, o verbo usado para “Venham” é “Завітайте”, que ressalta o ato de visitar, e não “Приїзжайте”. A tradução final é minha, mas para cotejamento também considerei rascunhos de traduções em português, espanhol e russo, e há também uma tradução poética em russo nesta página. A legendagem que fiz está no meu canal O Eslavo no YouTube, e segue abaixo junto com a letra em ucraniano e a tradução:



1. Там, де гори й полонини,
Де стрімкі потоки й ріки,
Де смерічок, ген, розмай,
Ллється пісня на просторі,
Вільна, сильна, наче море,
Про мій милий рідний край.

Приспів:
І у синю даль
Понад горами лине пісня ця, –
Про чудовий край,
Чарівний край Черемоша й Прута.
Край, мій рідний край,
Пісенний край завзяття і труда,
Ти – моя любов,
Ти рідна матінко, моя земля!

2. Завітайте в Прикарпаття,
Завітайте, люди добрі,
Завше будуть раді вам.
Хлібом-сіллю вас зустрінуть,
Файну пісню заспівають –
Шану нашим світлим дням.

(Приспів)

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1. Lá nos montes e planícies,
Rios e riachos caudalosos,
Linda diversidade de abetos,
A canção celebra na vastidão,
Livre, forte, tal como o mar,
Minha querida terra natal.

Refrão:
E no vasto azul
Sobre os montes voa esse elogio
À terra esplêndida e mágica
Dos rios Cheremosh e Prut.
Terra, minha terra natal
Musical, obstinada, laboriosa,
Você é meu amor,
Mãezinha amada, minha terra!

2. Venham à Ciscarpátia,
Venham, gente boa,
Serão sempre recebidos
Com alegria, com pão e sal
E ouvirão lindas canções
Honrando nossos dias de luz.

(Приспів)




domingo, 3 de julho de 2016

Svitlana Vesna – Це мій рідний край


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Linda música pop ucraniana, popular e patriótica, chamada “Це мій рідний край” (Tse mii ridny krai), (Esta) É minha terra natal, cantada pela artista ucraniana Svitlana Vesna, muito conhecida no país por seu trabalho com o folclore e com o público infantil. A letra é de Vadym Kryshchenko e a melodia é de Volodymyr Kurtiak.

Segundo o site oficial da cantora, em 2007 ela cantou num concerto pelo natalício de Kryshchenko, famoso poeta e letrista, artista popular da Ucrânia, realizado no Palácio Ucrânia (Palácio Nacional de Artes Ucrânia), e no mesmo ano apresentou este videoclipe com a canção.

Svitlana Vesna nasceu em 30 de abril de 1987 e começou a cantar já aos cinco anos de idade. Participou de vários festivais e concursos na Ucrânia, em outros países da Europa Oriental e na Itália, e tem seu foco em projetos musicais e televisivos voltados para as crianças e para valorizar a cultura nacional. Tem um repertório considerável, é bastante popular entre os amantes do folclore ucraniano e cantou em eventos favoráveis à Ucrânia como país unido e indivisível. Afirma que já nasceu ligada à música e que nunca se separa dela. A conta dela no VKontakte tem muito mais material da carreira.

É interessante ressaltar o papel do fruto do viburno (калина, kalyna) na cultura ucraniana. Esta planta é pouco conhecida no Brasil, mas é abundante na Europa, e seu fruto, sem nome específico em português, é chamado “kalyna” em ucraniano. É o símbolo da Ucrânia, como o ipê no Brasil, aparece em vários clássicos da literatura e poesia popular e pode ser visto várias vezes no cenário e em enfeites de cabeça da cantora, são bolinhas vermelhas em cacho.

Eu baixei o clipe sem legendas deste endereço, e a letra em ucraniano, que também segue abaixo, está nesta página. Existe também um rascunho de tradução em russo, que me ajudou um pouco. A legendagem que fiz está no meu canal O Eslavo no YouTube, e segue abaixo junto com a letra em ucraniano e a tradução:



1. Вдалині за річкою срібний зорепад
І вином порічковим всіх частує сад,
Літньою долиною йду не поспіша
Вишнею й калиною втішена душа.

Приспів:
Це край, де я родилась і живу,
Де все для мене рідне – не байдуже,
Де зірка з неба впала у траву,
Щоб ти мене побачив милий друже.
Це край моєї втіхи і сльози,
Із рідним словом, з рідними піснями
Тулюся до вкраїнської краси,
Бо це взяла від батька і від мами.

2. Пахнуть луки травами, пахнуть до знемог
Грішне разом з праведним в силуетах двох,
Музика над тишею, хоч на струнах грай
І душа утішена — це мій рідний край!

(Приспів)

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1. Além do riacho chovem estrelas prateadas
E o jardim serve a todos vinho de groselha,
Vou sem pressa por um vale quentinho,
A alma deleitada com cereja e viburno.

Refrão:
É a terra onde nasci e vivo,
Onde tudo me é familiar, não indiferente,
Onde uma estrela do céu caiu na relva
Para que você me notasse, meu amado.
É a terra de minha alegria e tristeza,
Com a palavra natal e canções natais
Fujo culpada até a belíssima Ucrânia,
Pois tomei isso de papai e mamãe.

2. Os prados cheiram a mato, cheiram à exaustão
O pecador junto ao justo em duas silhuetas,
A música cubra o silêncio, mesmo em cordas
E a alma se deleita: é minha terra natal!

(Refrão)