Mostrando postagens com marcador Sergio Endrigo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sergio Endrigo. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Cuscuz Clã no Fantástico + Endrigo


Endereço curto: fishuk.cc/cuscuzclan


Eu estava procurando imagens de Sergio Endrigo no Google, e de repente me deparei ao acaso com este clipe gravado por ele e Fafá de Belém, cantando juntos o Samba em Prelúdio pro Fantástico, quando esse tipo de quadro era bem mais frequente e, diga-se, muito mais bem elaborado. Não consegui determinar a data, mas pode ser entre o fim da década de 1970 e o início da de 1980, quando Endrigo estava fazendo muitos trabalhos culturais no Brasil. O gigante de Pula até que não pronunciava mal o português (embora certamente não o falasse), e sendo esta uma raridade, resolvi “hackear” e republicar aqui!

Infelizmente, não havia mais nenhuma informação a respeito no Globoplay, e também não fui atrás. O mais engraçado é que o vídeo apareceu numa playlist aleatória de reportagens, talvez da mesma época, sem qualquer identificação, a não ser pela marca d’água com o nome do programa. E na mesma lista estava também uma reportagem de 15 minutos gravada nos EUA pela equipe da Globo sobre grupos que ainda reivindicavam a herança da Cuscuz Clã Ku Klux Klan, a famosa “KKK”, grupo racista e supremacista de branquelos que não toleravam partilhar ônibus e bebedouros com seus compatriotas de pele escura.

Mais uma raridade que outros também já republicaram inteira ou em parte no YouTube, mas que eu só soube ser de 1979. Conheço esse jornalista cabeludo de outras reportagens do arquivo do Fantástico, mas não consegui o identificar, e mesmo no portal não havia mais informações, a não ser uma descrição bem vaga. Portanto, quem quiser colaborar com possíveis dados, por favor comente ou entre em contato! Realmente eram tempos heroicos, e além da Cuscuz estar explicitamente recrutando crianças e adolescentes, suas caras são mostradas sem censura na TV. Bons tempos, em que o programa era muito mais cultural e instrutivo (até começo da década de 2010), e não essa sucessão de reportagens nojentas e indignantes que tornam a “revista eletrônica semanal” muito mais parecida com uma edição dominical do Jornal Nacional!





sexta-feira, 13 de abril de 2018

Sergio Endrigo cantou em croata (1970)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/endrigo-croata


Uma raridade maravilhosa, datada do ano de 1970. Nesse ano, o cantor italiano Sergio Endrigo participou do célebre festival musical de Split, localizada na Croácia (então parte da antiga Iugoslávia), e cantou no dialeto servo-croata que seria hoje conhecido como a língua croata. Trata-se da canção Kud plovi ovaj brod (Aonde vai esse barco), com letra de Arsen Dedić (croata) e melodia de Esad Arnautalić (bósnio), cujos dialetos são muito parecidos e moldaram o texto em questão. Por ocasião daquela edição do festival de Split, Endrigo gravou um compacto cuja faixa 2 era Više te volim (Mais quero você), outra canção em croata, com letra do próprio Sergio Endrigo e melodia de Zdenko Runjić. No referido festival, foi cantada por Vice Vukov (veja um trecho neste vídeo), que ganhou a corrida com a música Zvona moga grada (Os sinos da minha cidade).

É certo que muito pouca gente no Brasil sabe que Endrigo tinha uma relação muito especial com a Croácia, gravou essas duas canções em croata e era muito amigo de Arsen Dedić. Aqui, conhecemos Endrigo mais por Canzone per te, Io che amo solo te e Ti amo, muito tocadas em novelas e eventos à italiana. Aliás, os próprios habitantes do antigo espaço da Iugoslávia, e em parte também os albaneses, em geral admiram a cultura da Itália e às vezes dominam sua língua em maior ou menor grau. O compacto gravado em croata é considerado uma homenagem às raízes de Endrigo no Império Austro-Húngaro, ao qual por séculos pertenceram a Croácia e a Eslovênia atuais. Alguns traços das letras são explicitamente croatas, como, no caso da faixa 1, i’ko, contração de itko (alguém, quem é que), uvijek (pra sempre) e ostat ću (vou ficar), e no caso da faixa 2, tko (quem), uvijek e pobjedu (vitória), todos igualmente compreensíveis a quem domina sérvio ou bósnio.

O Festival de Split, realizado desde 1960, ainda é famoso por lançar as grandes celebridades da música croata, como Radojka Šverko (n. 1948), uma cantora de voz muito grossa que também interpretou Kud plovi ovaj brod no evento, em 1970. Os arranjos foram feitos então por Stipica Kalogjera (n. 1934), conhecido compositor, arranjador, maestro e produtor croata, nascido em Belgrado. Arsen Dedić (1938-2015), cantor, compositor e poeta, tornou-se um respeitado nome da canção pop e popular desde os tempos comunistas, e sua família também se dedica à música. Esad Arnautalić (1939-2016), maestro, produtor e redator, foi um dos fundadores da chamada “escola pop-rock de Sarajevo”, alcançou fama na banda iugoslava Index e compôs pra muitos outros cantores e grupos. Nesta página em bósnio, pode-se ler a notícia sobre a morte de Arnautalić.

Veja também nesta página um pequeno trecho da atuação de Endrigo com Kud plovi ovaj brod em Split. Eu mesmo traduzi as duas canções, montei os vídeos e legendei, tendo tirado deste vídeo o áudio da faixa 1, e deste vídeo o áudio da faixa 2. A letra de Kud plovi ovaj brod, com muitas variações, pode ser achada em diversas páginas, mas eu não podia ter traduzido Više te volim se não fosse Jovana Bošnjak, minha amiga virtual bósnia de longa data. Ela transcreveu a letra completa pra mim porque não consegui achar o texto em nenhum lugar, nem no YouTube, Google ou Yandex. Embora ela tenha dito que Endrigo canta com forte sotaque, o que dificultou a tarefa, deve ter facilitado o fato do croata ser uma variante ijekavica do servo-croata, assim como é o sérvio da região de origem dela (enquanto o sérvio de Belgrado é ekavica). Sou eternamente grato à “Giovanna”, “Joana”!

NOTA (18/4/2020): no meu canal, uma comentarista que fala croata aludiu à possibilidade de na segunda música ser Dal’ kralj ću ili rob da budem (ou seja, “Se vou ser escravo ou rei”), e não Na kraj’ ću i rob da budem. E acho que realmente ela está certa!

Vejam ambos os vídeos duas vezes, lendo uma legenda (croata e português) de cada vez! Seguem abaixo minhas legendagens, que carreguei num antigo canal do YouTube, as letras em croata (alfabeto latino), nas quais refiz a pontuação e o uso de maiúsculas e que é uma raridade no caso de Više te volim, e as traduções em português:


Nesta rara gravação reexibida na TV de Zagreb em 1987, Sergio Endrigo participa da edição de 1970 do Festival de Split cantando Kud plovi ovaj brod. Infelizmente, não há no YouTube a apresentação inteira do italiano, e esse programa estava transmitindo ao vivo da edição do festival de 1987:

Kud plovi ovaj brod,
Kud ljude odnosi?
I da li i’ko zna
Što more sprema?

Kud vodi ovaj put,
Kojim smo krenuli?
Od svega samo znam,
Povratka nema.

2x:
Na moru ljubavi
I na pučini sna,
U plavom beskraju
Uvijek ostat ću ja.

Kud plovi ovaj brod
Što srce odnosi?
Taj put je tako dug,
Al’ luka nema.

2x:
Na moru ljubavi
I na pučini sna,
U plavom beskraju
Uvijek ostat ću ja.

Kud plovi ovaj brod
Što srce odnosi?
Taj put je tako dug,
Al’ luka nema,
Nema...

Aonde vai esse barco,
Aonde leva as pessoas?
E quem é que sabe
O que existe no mar?

Aonde leva essa via
Pela qual rumamos?
De tudo apenas sei
Que não tem volta.

2x:
No oceano do amor
E no mar do sonho,
Na infinitude azul
Vou ficar pra sempre

Aonde vai esse barco
Que leva o coração?
Um trajeto tão longo,
Mas não tem portos.

2x:
No oceano do amor
E no mar do sonho,
Na infinitude azul
Vou ficar pra sempre

Aonde vai esse barco
Que leva o coração?
Um trajeto tão longo,
Mas não tem portos,
Não tem...


Više te volim i manje znam,
Da li si moja ili ne.
Znao sam mora kad su mirna
I kad se dižu prema nebu.
Znao sam sve do onog dana,
Kad tebe sretoh tu.

Više te volim i manje znam,
Kuda idem, kamo stižem,
Jer ti si novo more,
Bez kraja, bez dna.
Više te volim i manje znam,
Da li si moja ili ne.

Znao sam sve, što život pruža:
Pobjedu, poraz ili sumnju.
Znao sam sve do onog dana,
Kad tebe sretoh tu.

Više te volim i manje znam,
Tko sam i kako živim.
Dok slušam tvoju šutnju,
Što nemam svoj mir.
Više te volim i manje znam,
Da li si moja ili ne.

Na kraj’ ću i rob da budem,
Što će mi donijet život s tobom,
Da l’ ružu ili trnje berem,
Još sada ne znam ja.

Više te volim i manje znam,
Da li me ljubiš ili ne
I da l’ si moja ili ne,
Uvijek meni bićeš sve.

____________________


Mais quero você do que sei
Se você é minha ou não.
Sabia se os mares estão calmos
Ou quando se levantam ao céu.
Sabia tudo até aquele dia
Em que te encontrei aqui.

Mais quero você do que sei
Para onde vou, aonde chego,
Pois você é um novo mar
Sem limites, sem fundo.
Mais quero você do que sei
Se você é minha ou não.

Sabia tudo que a vida nos dá,
Vitória, derrota ou dúvida.
Sabia tudo até aquele dia
Em que te encontrei aqui.

Mais quero você do que sei
Quem sou e como vivo.
Enquanto você fica quieta,
Perco minha tranquilidade.
Mais quero você do que sei
Se você é minha ou não.

Se no final serei um escravo,
O que a vida trará com você,
Se colho rosas ou espinhos,
Ainda agora eu não sei.

Mais quero você do que sei
Se você me ama ou não
E se você é minha ou não
E pra sempre me será tudo.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Roberto Carlos – “Canzone per te”


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/canzone2

Primeiro, me desculpem pela ausência no domingo e pelo atraso de hoje. Estava finalizando minha dissertação de mestrado! Há algum tempo, publiquei no blog a tradução e duas legendagens da canção italiana Canzone per te (Canção para você), interpretadas pelo grande e saudoso Sergio Endrigo. Na época, mencionei que nosso Roberto Carlos a tinha interpretado de forma vitoriosa no Festival de Sanremo, em 1968, e eu também tinha feito as legendas pra uma dessas atuações dele.

Mas a letra que O Rei costuma cantar há muitos anos em seus shows é levemente diferente, e eu queria há muito tempo tê-la legendado também. Demorei um pouco pra achar uma versão legal em vídeo, fiquei muito ocupado com tarefas acadêmicas, e enfim consegui traduzir e legendar no começo do ano. Essa é a que tem uma interpretação mais clara e completa da letra, e mesmo assim cortei alguns trechos que não achei interessantes no começo e no fim, e além disso tem umas marcas chatas da pessoa que editou e postou... O vídeo completo e sem legendas está nesta página.

A Canzone per te foi composta por Luis Bacalov, Sergio Bardotti e Sergio Endrigo, e provavelmente essa apresentação, tirada de uma fita VHS, é o trecho de um dos especiais de fim de ano que há décadas ele faz na Rede Globo, por volta dos anos 70, quando ele usava esse visual. Como eu já disse na outra postagem, achei muito bonita a descrição que a Wikipédia em italiano faz da música: “A letra fala de um amor tão belo que não consegue se acabar. O desejo é que a dor devida ao fim desse amor possa terminar para que os dois consigam amar outra pessoa.” No Festival de Sanremo de 1968, Roberto Carlos ficou consagrado internacionalmente pela bela atuação que fez, abrindo caminho à brilhante carreira que faria no Brasil, mas as versões com Endrigo são igualmente lindas.

Curiosamente, existe essa diferença na letra de Endrigo e na letra atual do Roberto. Dizem que há toda uma história por trás dessa distinção, mas nunca achei nada na internet. As traduções disponíveis em português são tão ruins que nem me incomodei em cotejar, e fiz minha própria versão, usando alguns trechos da outra letra que já tinha legendado. Eu tirei a letra em italiano do Letras.mus.br, mas tinha dois problemas: havia muitos erros de digitação e estava flexionada no feminino, pois a intérprete indicada era Zizi Possi. Assim, eu mesmo fiz também a transcrição em italiano, que segue abaixo, depois dos dois vídeos legendados e antes da tradução em português:




La festa appena cominciata
È già finita
Il cielo non è più con noi
Il nostro amore era l’invidia di chi è solo
La mia ricchezza
La tua allegria

Perchè giurare che sarai
L’ultima volta?
Il cuore non ti crederà
Qualcuno ti darà la mano
E con un bacio
Un’altra storia nascerà

E tu, tu mi dirai
Che sei felice
Come non sei stata mai
E a un altra io dirò
Le cose che dicevo a te

Ma oggi devo dire che
Ti voglio bene
Per questo canto e canto te
La solitudine che tu mi hai regalato
Io la coltivo come a un fiore

____________________


A festa mal começou
E já acabou
O céu não está mais com a gente
O nosso amor fazia inveja nos sozinhos
Era minha riqueza
E sua alegria

Por que jurar que será
Sua última vez?
Seu coração não vai acreditar
Um qualquer vai te dar a mão
E com um beijo
Vai nascer uma outra história

E você vai me dizer
Que está feliz
Como nunca antes
E a outra eu vou dizer
As coisas que eu te dizia

Mas hoje devo dizer que
Te amo muito
Por isso te exalto sem parar
Você me presenteou com solidão
E hoje a cultivo como uma flor



Adendo (16/7/2023): Parece que finalmente solucionei o mistério das letras diferentes entre as gravações de Endrigo e de Roberto Carlos! Encontrei por acaso esta tesi di laurea (equivalente ao TCC brasileiro) defendida por Antonio Mercogliano em 2007, sob a orientação do Prof. Maurizio Griffo, intitulada Politica, società e costume nelle canzoni di Sergio Endrigo (Política, sociedade e costumes nas canções de Sergio Endrigo). Concernente à especialização em história das doutrinas políticas na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Nápoles “Federico 2.º”, revela ainda um Endrigo crítico da sociedade burguesa e simpatizante do mundo comunista, mesmo nunca tendo se filiado formalmente ao PCI nem lido os clássicos do marxismo, e sempre afetado psiquicamente por sua infância muito pobre.

Nas páginas 76 e 77, Mercogliano relata a vitória com Canzone per te no Festival de Sanremo de 1968, a qual, segundo o cantor, não teria tido tanta importância pra ele, enquanto pra Roberto Carlos fê-lo ser recebido como herói após voltar da Itália e propulsionado na carreira brasileira. Citando as páginas 64 e 65 do texto “Sergio Endrigo, le sue canzoni... e altro”, escrito por Luciano Ceri pro livro Sergio Endrigo. La voce dell’uomo (Sergio Endrigo. A voz do homem, Roma, Edizioni Associate, 2002), organizado por Doriano Fasoli e Stefano Crippa, traz este trecho do que deve ser uma entrevista com Endrigo: após o fracasso em convidar Astrud Gilberto e Iva Zanicchi pra acompanhá-lo,

No final alguém sugeriu o nome de Roberto Carlos, então lhe mandamos uma amostra de áudio [provino] e ele aceitou. Depois, ele a gravou tendo como orientação o texto da amostra, enquanto nesse meio-tempo eu e Bardotti tínhamos modificado ligeiramente a letra, e por isso sua versão em disco é diferente da que eu mesmo gravei. Quando Roberto Carlos voltou ao Brasil após a vitória de Sanremo, havia milhares de pessoas o esperando no aeroporto, como se fosse um ídolo da seleção de futebol. Vencer Sanremo talvez tenha sido mais útil pra ele do que pra mim.

domingo, 24 de julho de 2016

Sergio Endrigo – Canzone per te (1968)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/canzone

Celebrando meu 10 na proficiência de leitura em língua italiana na Unicamp, cuja prova fiz em março e cujo resultado só soube um mês depois, enviei duas versões legendadas de uma das minhas canções italianas preferidas, com um cantor que adoro profundamente: é a Canzone per te (Canção para você), composta por Luis Bacalov, Sergio Bardotti e Sergio Endrigo, e vencedora do Festival de Sanremo em 1968, cantada então por Endrigo e por nosso Roberto Carlos.

A primeira versão (preto e branco) é parte de uma das apresentações que Endrigo fez no próprio festival, em 1968, cujo vídeo completo sem legendas pode ser visto neste endereço. A segunda versão, colorida, é uma atuação feita em 1981 também por Endrigo, já mais velho, ao vivo na RSI, a rádio e televisão suíça de língua italiana, e cuja versão sem legendas está neste endereço.

Achei bonita a descrição da música na Wikipédia em italiano: “A letra fala de um amor tão belo que não consegue se acabar. O desejo é que a dor devida ao fim desse amor possa terminar para que os dois consigam amar outra pessoa.” No festival citado, Roberto Carlos ficou consagrado internacionalmente pela bela atuação que fez, abrindo caminho à brilhante carreira que faria no Brasil, mas a interpretação de Endrigo é igualmente linda, e em breve talvez eu poste também a atuação do Roberto, em preto e branco, igualmente legendada.

Sergio Endrigo era O Cara, dispensa apresentações. É muita pena que não esteja mais entre nós... Roberto Carlos também teve a oportunidade de interpretar a canção várias vezes no Brasil, de forma igualmente bárbara, mas a letra que ele canta aqui, gravada em vários discos, curiosamente não é a mesma que Endrigo canta no vídeo... Em outra ocasião verei se consigo abordar essa diferença. A letra destes vídeos pode ser lida nesta página, mas também postei mais abaixo, após as legendagens e com a tradução. As traduções nos sites brasileiros, como o Vagalume, eram tão ruins que nem quis cotejar...




Nesta rara gravação, Sergio Endrigo participa da edição de 1971 do festival Golden Orpheus International, que ocorria na Bulgária de 1965 a 1999 com intermitências. A TV estatal nacional o filmou cantando Canzone per te:

La festa appena cominciata
È già finita
Il cielo non è più con noi
Il nostro amore era l’invidia di chi è solo
Era il mio orgoglio, la tua allegria

È stato tanto grande e ormai
Non sa morire
Per questo canto e canto te
La solitudine che tu mi hai regalato
Io la coltivo come un fiore

Chissà se finirà
Se un nuovo sogno
La mia mano prenderà
Se a un’altra io dirò
Le cose che dicevo a te

Ma oggi devo dire che
Ti voglio bene
Per questo canto e canto te
È stato tanto grande e ormai non sa morire
Per questo canto, e canto te

Chissà se finirà
Se un nuovo sogno
La mia mano prenderà
Se a un’altra io dirò
Le cose che dicevo a te

Ma oggi devo dire che
Ti voglio bene
Per questo canto e canto te
È stato tanto grande e ormai non sa morire
Per questo canto, e canto
Te...

____________________


A festa mal começou
E já acabou
O céu não está mais com a gente
O nosso amor fazia inveja nos sozinhos
Era meu orgulho e sua alegria

Foi tão grande e agora
Se tornou imortal
Por isso te exalto sem parar
Você me presenteou com solidão
E hoje a cultivo como uma flor

Só Deus sabe se vai acabar
Se um novo sonho
Vai me pegar pela mão
E se vou dizer a outra
As coisas que eu te dizia

Mas hoje devo dizer que
Te amo muito
Por isso te exalto sem parar
Foi tão grande e agora se tornou imortal
Por isso te exalto sem parar

Só Deus sabe se vai acabar
Se um novo sonho
Vai me pegar pela mão
E se vou dizer a outra
As coisas que eu te dizia

Mas hoje devo dizer que
Te amo muito
Por isso te exalto sem parar
Foi tão grande e agora se tornou imortal
Por isso exalto sem parar
A você...



Adendo (16/7/2023): Parece que finalmente solucionei o mistério das letras diferentes entre as gravações de Endrigo e de Roberto Carlos! Encontrei por acaso esta tesi di laurea (equivalente ao TCC brasileiro) defendida por Antonio Mercogliano em 2007, sob a orientação do Prof. Maurizio Griffo, intitulada Politica, società e costume nelle canzoni di Sergio Endrigo (Política, sociedade e costumes nas canções de Sergio Endrigo). Concernente à especialização em história das doutrinas políticas na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Nápoles “Federico 2.º”, revela ainda um Endrigo crítico da sociedade burguesa e simpatizante do mundo comunista, mesmo nunca tendo se filiado formalmente ao PCI nem lido os clássicos do marxismo, e sempre afetado psiquicamente por sua infância muito pobre.

Nas páginas 76 e 77, Mercogliano relata a vitória com Canzone per te no Festival de Sanremo de 1968, a qual, segundo o cantor, não teria tido tanta importância pra ele, enquanto pra Roberto Carlos fê-lo ser recebido como herói após voltar da Itália e propulsionado na carreira brasileira. Citando as páginas 64 e 65 do texto “Sergio Endrigo, le sue canzoni... e altro”, escrito por Luciano Ceri pro livro Sergio Endrigo. La voce dell’uomo (Sergio Endrigo. A voz do homem, Roma, Edizioni Associate, 2002), organizado por Doriano Fasoli e Stefano Crippa, traz este trecho do que deve ser uma entrevista com Endrigo: após o fracasso em convidar Astrud Gilberto e Iva Zanicchi pra acompanhá-lo,

No final alguém sugeriu o nome de Roberto Carlos, então lhe mandamos uma amostra de áudio [provino] e ele aceitou. Depois, ele a gravou tendo como orientação o texto da amostra, enquanto nesse meio-tempo eu e Bardotti tínhamos modificado ligeiramente a letra, e por isso sua versão em disco é diferente da que eu mesmo gravei. Quando Roberto Carlos voltou ao Brasil após a vitória de Sanremo, havia milhares de pessoas o esperando no aeroporto, como se fosse um ídolo da seleção de futebol. Vencer Sanremo talvez tenha sido mais útil pra ele do que pra mim.