segunda-feira, 19 de maio de 2025

Eu, poetinha: sonetos de 2004 (3)


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A primeira vez em que publiquei sonetos inéditos escritos no ano de 2005 (eu tinha 17 anos) foi ainda em agosto de 2018, achando-os menos “bregas” (hoje se diria “cringe”) por eu os ter escrito como atividade de Português. No final de 2004, durante o ano de 2005 e ocasionalmente em anos posteriores, tive “surtos líricos” em que escrevi diversos sonetos relativos aos temas mais díspares e prosaicos: tratava-se tanto de dar vazão a uma criatividade contida quanto de praticar a versificação e aspectos linguísticos a ela ligados.

Pra terminar a série, seguem alguns sonetos e “haicais” (de haikai) (ou “haikus”, micropoemas de origem japonesa com três linhas) que realmente ficaram legais e que escrevi em 2004 pra matéria de Português, pro mesmo professor Syll, rs Silvano. Gostei muito do conceito de haicai quando o descobri, e cheguei a ter um caderninho com dezenas em português (ainda em 2017, publiquei aqui diversos haicais da época que escrevi, porém, em esperanto), começando já em janeiro de 2004, com ideias aleatórias que surgiam do nada. Pena que não o guardei e que não reproduzi a maioria (na verdade, nenhum, acho), talvez porque muitos expressavam até sentimentos melancólicos que tinha então...

Mas voltando à diversão, seguem abaixo alguns dos que eu adorava fazer e dos quais, obviamente, o Silvano gostava muito. Veja que numa das folhas tá escrito até “Show!!! 9,0” (curioso, né? Se tava show, eu merecia no mínimo 10, rs). Na segunda folha, a “Nota” que parece ter sido preenchida com um “Sh” cursivo na verdade é o visto do professor... É notável também a leviandade com que eu preenchia alguns dados da folha, e resolvi não os editar pra deixar minha bobeira à apreciação geral. Atualizei a ortografia, mas não fiz nenhuma alteração na redação e no conteúdo:


Soneto do observador (sem data)

Vendo aquela pintura na parede,
Meus olhos começaram a buscar
Elementos, cada um com seu par,
Criando juntos uma grande rede.

De compor e decompor tenho sede,
De saber o que o retrato a expressar
Nos diz sobre um rosto em seu limiar,
De decifrar uma paisagem verde.

Li famílias em descanso sublime,
Conheci Sampa no auge do esplendor,
Vi Nadar na câmera pegar firme.

De todas as artes não sou senhor,
Mas nem se me atarem as mãos com vime
Seu porte não perderá meu amor.


Novos olhos (mesmo papel)

Decompor o artístico
e ler de todos os ângulos:
foi isso que eu fiz.


Tetralogia do doce (21/5/2004)

I
Dizem que se come.
Mas vermelha de vergonha?
É melhor assim...

II
Só numa dentada
sinto o doce de uma vida
ideal pra mim.

III
Pego-a em minhas mãos
deslizando sobre os dedos,
sem o que te cobre.

IV
Sentirei saudades
do frescor e do açúcar:
sempre a lembrarei.


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