Prosseguindo com os textos de meu ensino médio (2003-2005) que ainda julgo serem interessantes, trago hoje uma redação da aula de Português, intitulada “Os ciclos da história” e datada de 20 de junho de 2005, e uma atividade de Geografia, intitulada “Soluções políticas” e datada de 9 de setembro de 2005. Minha professora Graça Moraes Hosokawa, grande pesquisadora da língua portuguesa, infelizmente só nos deu aula nesse último ano, mas José Augusto, o “Zé”, nos acompanhou com Geografia durante todo o ciclo. Rígido, mas humorado, em grande parte devo a ele, assim como a minha professora de História, Flávia, minha opção pela graduação que segui.
Publiquei estes dois textos juntos porque, apesar das matérias diferentes, seus temas são bem afins, o que se deve à abordagem interdisciplinar adotada por minha escola. Eles são bem peculiares em vários aspectos, a começar pelas estranhas crenças que eu professava: a de que a história é “cíclica” (concepção herdada de vários povos não europeus e de nossa mentalidade pré-científica) e a de que o regime socioeconômico ideal seria uma espécie de “socialismo” estatista e centralizador, mas sem a “necessidade da ditadura” ou “de se chegar ao comunismo” (influência da leitura do artigo Por que o socialismo? de Einstein). Alguns pontos são obscuros ou tão curiosos que decidi indicar meu assombro entre colchetes, como fiz na publicação anterior.
Confesso: minha “esquerdização” não começou na faculdade, e sim no último ano de escola, quando eu me reivindicava “socialista democrático” (mas não social-democrata, vai entender...), aceitava a estrela vermelha como meu símbolo político (mesmo criticando o PT e só votando nele em 2010!) e simpatizava com o Marechal Tito. Na verdade, minha simpatia era pelo PSOL, formado no ano anterior, porque eu me considerava “à esquerda do PT”, mas rejeitava ideias de revolução violenta. Ou seja, já entrei um tanto “amaciado” na universidade, e só “de decepção em decepção” que fui modulando minhas próprias visões, um dos motivos pelos quais, embora tivesse amigos do PSOL e do PSTU, nunca militei ativamente, rs.
Não alterei as palavras, mas apenas atualizei a ortografia e troquei algumas expressões que, de fato, seriam erradas numa correção de nível avançado. Como você pode ver, eu trouxe também a “primeira versão” da redação de Português, que foi vastamente enxugada e reformulada, mas também acabei fazendo trocas na versão final, onde a própria Graça marcou com caneta vermelha, assim “atrasando” em 20 anos o polimento definitivo do texto...



A história do mundo é uma roda que gira na razão constante entre o espaço e o tempo, em um movimento cíclico de alternâncias que tem como combustível a ânsia dos homens de mudar o mundo.
Povos revezam-se no domínio do mundo e ditam as regras sobre como viver. Seus projetos nem sempre coincidem com a ideia do bem comum, gerando também muitas desigualdades. Guerras entre os povos não faltaram, principalmente pela hegemonia global, nem movimentos sociais e artísticos por novas visões de mundo, nem pessoas que lutaram pela mudança da situação, sejam sozinhas ou em conjunto, seja pela igualdade ou por benefícios próprios, provando que as mudanças podem ser feitas com ambição e obstinação. Também foram presenciados ciclos e planos econômicos e a alternância de moedas, tanto no Brasil quanto no exterior, tanto em épocas prósperas quanto em crises financeiras.
Não há História sem tempo e sem espaço. O homem, ao desenvolver sua inteligência, começou a contar o tempo, possuindo referenciais, como o nascimento de Cristo, e eras como a nossa Idade Contemporânea. O tempo multiplicou o espaço e este dividiu o tempo. As civilizações de todos os tempos fracionaram seus feitos em diversas épocas e usaram-nos para contar suas heroicas trajetórias.
O mundo e a História giram. Como crianças brincando de mãos dadas, rodamos e nos movimentamos para sermos alguém na imensidão de nossa trajetória pelo planeta.

É de espantar que não só o Brasil, mas também países desenvolvidos sofram com a descrença nos políticos. Além disso, a política econômica neoliberal atiça essa onda de indiferença, pois há uma fome por poder e posses ilimitadas.
Assim, podemos refletir sobre o que ocorreu com o capitalismo e com os governos liberais nas primeiras décadas do século 20: após a grande crise, houve também uma descrença generalizada no sistema vigente, que levou à ascensão de regimes socialistas ou, no caso da Europa pós-2.ª Guerra, social-democratas. Enquanto o capitalismo levou séculos para perceber seus erros, o socialismo (agora referindo-se a sistemas de filosofia semelhante) desapareceu mais rapidamente, logo percebendo seus erros e tendo a chance de se arrepender [?].
O neoliberalismo volta a vigorar, com a chance de melhorar, porém não o fez e oprime de modo mais cruel o trabalhador, só que mais pelo lado financeiro. Portanto, como em um ciclo, podemos prever que o socialismo, ou governos semelhantes, voltará totalmente modificado, apenas com limitação das grandes propriedades e a centralização do Estado, sem a necessidade da ditadura e sem a obrigação de se chegar ao comunismo.
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