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domingo, 19 de janeiro de 2025

Discurso de Tito em Split (1962)


Endereço curto: fishuk.cc/tito-split


Alguns anos atrás, publiquei aqui o pequeno trecho de um famoso discurso público de Josip Broz, o Marechal Tito, presidente da Iugoslávia socialista, feito na cidade croata de Split, em 7 de maio de 1962. Aludi então à existência de outro vídeo há muitos anos no ar, com um homem fazendo uma breve apresentação e um dos principais trechos do discurso, mas cuja transcrição nunca consegui encontrar na internet. Procurando durante algum tempo, achei alguns fragmentos, em especial do início, mas eles não contemplavam o resto da fala. E mesmo tendo estudado um pouco de servo-croata por algum tempo, nem em 2019 nem em 2025 me sinto capaz de transcrever só de ouvido, até porque às vezes o ditador fala meio rápido.

Soube que em algumas bibliotecas ao redor do mundo, inclusive a de Belgrado, existem exemplares de um Govor na narodnom mitingu u Splitu, o que parece ser a transcrição completa desse discurso publicada logo depois, com leves edições e sem cópias gratuitas online em PDF. Embora eu entenda muito pouco servo-croata, consegui tirar algumas frases de ouvido, e por esses milagres que só parecem acontecer após insights inesperados que a gente tem, ao invés de continuar procurando pelo Google, resolvi procurar pelo Yandex, o buscador russo. Ele é o maior indexador de escrita cirílica do mundo (salvo engano, pois faz muitos anos que ouvi isso), mas não procurei em cirílico, e sim em “latinica”, e mesmo assim caí neste longo artigo historiográfico, croata, que incrivelmente tinha a transcrição quase idêntica daquele primeiro vídeo específico! Tudo bem que a publicação é de 2018, mas mesmo assim me admira que o “onipotente” Google não a tenha indexado, e que eu tenha demorado tantos anos pra encontrá-la...

Mesmo contendo apenas a transcrição do primeiro trecho que legendei, e não deste, que estou apresentando sem legendas, bem como a transcrição de vários outros trechos, deixo à disposição um arquivo em PDF com trechos selecionados daquele livreto (e que tem também uma pequena nota explicativa) e uma página com a mesmíssima transcrição, mas um pouco mais abrangente no final. Num dos comentários desta publicação de um blog, há mais um trecho transcrito e não contido nos textos anteriores, mas sem o vídeo correspondente na internet. A partir da transcrição do site croata, fiz correções pra deixar mais fiel à oralidade, mesmo que isso implicasse manter algumas repetições inúteis, e troquei as palavras em ijekavica pelas formas ekavica equivalentes, usadas por Tito. Depois, joguei no Google Tradutor, corrigi o resultado (usando inclusive o Wiktionary) e padronizei a formatação.

No vídeo abaixo, as únicas modificações que fiz foram tirar a introdução com o senhor falando e recortar o quadro pra dimensão 16:9. Nota linguística: drug (pl. drugovi) e drugarica (pl. drugarice) são respectivamente o masculino e o feminino de “camarada”, que em português é um substantivo de dois gêneros, mas igualmente não, por exemplo, em alemão, que tem Genosse (masc.) e Genossin (fem.). A foto acima, com fins meramente ilustrativos, não é do discurso de Split, mas de algum outro evento parecido. Afinal, vemos que os microfones não são os mesmos e que ele está segurando um chapéu ao invés de um exemplar da revista Crusoé, rs:


Camaradas! Quando falamos aqui hoje sobre mais uma grande conquista de nossos trabalhadores, estamos orgulhosos dela. Estamos orgulhosos de tudo o que conquistamos até hoje. E, de fato, a Iugoslávia renasceu em sua industrialização, e não apenas na industrialização, mas em geral, na construção, em geral na construção! Ela não é mais o que costumava ser.

Vocês sabem que recentemente realizamos uma sessão do Comitê Executivo do Comitê Central da Liga dos Comunistas da Iugoslávia. Devo dizer que é justamente essa preocupação e inquietação com diversas anomalias que nos obrigou a analisar todos esses fenômenos de forma muito precisa, muito, como devo dizer, completa, e a criticar a nós mesmos. E, por Deus, não pouparemos ninguém das críticas. (Aplausos. Multidão canta: “Camarada Tito, nós lhe juramos que não nos desviaremos de seu caminho.”)

Camaradas! E se hoje temos dificuldades objetivas e deficiências objetivas, então elas são resultado de erros subjetivos de nossos dirigentes. (Aplausos) É claro que quando falo sobre os erros subjetivos dos dirigentes, não me refiro a todos. Mas há muitos deles! (Aplausos) E discutimos essas questões, essas mesmas questões entre nós. Eu gostaria, camaradas... (Aplausos. Grito em coro: “Tito é necessário, Tito é necessário...”) Camaradas, quando falo dos erros dos dirigentes, também me refiro à responsabilidade indireta pelo que os outros fizeram. Pois os comunistas também devem responder por tudo, mesmo agora depois da guerra, na construção do socialismo. (Aplausos estrondosos. Grito em coro: “Tito, partido...”)

Por um tempo, por um tempo, houve uma opinião constante: agora os comunistas, com a democracia e a descentralização, eles não têm mais o direito nem o dever de responder pelo desenvolvimento, pelo desenvolvimento interno de nosso país. Isso está errado! Mais uma vez devemos, mais uma vez devemos insistir que os comunistas respondem pelo desenvolvimento do socialismo! E quem mais o fará senão os comunistas?

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Drugovi i drugarice! Kada danas ovde govorimo o jednom opet velikom dostiženju naših radnih ljudi, mi se time ponosimo. Mi se ponosimo sa svime time šta smo postigli do danas. I zaista Jugoslavija je u svojoj industrijalizaciji, i ne samo u industrijalizaciji, nego u opšte, u izgradnji, opšte u izgradnji preporođena! Nije više ono što je bila.

Vi znate da smo nedavno održali sjednicu Izvršnog komiteta Centralnog komiteta Saveza komunista Jugoslavije. Ja moram da kažem da baš ta briga, i ta zabrinutost zbog raznih anomalija nas je prisilila da vrlo oštro, vrlo, kako da kažem, temeljito proanaliziramo sve te pojave i da izvršimo kritiku i sami sebe. A boga mi, nećemo štediti i sa kritikom i svi drugih. (Aplauz. Masa peva: „Druže Tito, mi ti se kunemo da sa tvoga puta ne skrenemo.“)

Drugovi i drugarice! I ako danas imamo objektivnih teškoća, i objektivnih nedostataka, onda su oni rezultat subjektivnih grešaka naših rukovodećih ljudi. (Aplauz) Ja, razume se, kada govorim o subjektivnim grešaka rukovodećih ljudi ne mislim na sve. Ali ih ima ne malo! (Aplauz) I mi ta pitanja, baš ta pitanja smo diskutirali u nas. Ja bih htio, drugovi i drugarice… (Aplauz. Horsko uzvikivanje: „Tito treba, Tito treba…“). Drugovi i drugarice, kako govorim o greškama rukovodećih ljudi, ja podrazumevam tu i indirektnu odgovornost, za ono što su drugi radili. Jer i komunisti moraju biti odgovorni za sve i sada posle rata u izgradnji socijalizma. (Gromoglasan aplauz, horsko uzvikivanje: „Tito, partija…“)

Neko vreme, neko vreme se bilo stalno mišljenje, komunisti sada, demokratija, decentralizacija, i sada oni nemaju više tako, ni pravo, a ni dužnost, da moraju, da odgovaraju za razvoj, za unutrašnji razvoj naše zemlje. To je pogrešno! Ponovno mi moramo, ponovno mi moramo stati na to, da komunisti odgovaraju za razvitak socijalizma! A tko će drugi ako ne komunisti?



quinta-feira, 2 de março de 2023

O universo comunista em vídeos (2)


Endereço curto: fishuk.cc/video-comuna2

Lancei esta publicação em abril de 2019 como um primeiro repositório de vídeos variados ou engraçados sobre o mundo comunista antigo e moderno, mas ainda com imagens incorporadas a partir de meu antigo canal no YouTube. Como o Google resolveu apagá-lo em agosto de 2021, comecei aos poucos a redirecionar os arquivos do Drive do próprio Google. Estou relançando bem aos poucos (porque realmente é muita coisa!) na página tudo o que tinha lá, com ou sem as descrições originais, apenas pra fins culturais e memoriais, sem pretensões de viralizar. Na publicação de hoje, seguem alguns vídeos de teor histórico, e não humorístico, relacionados à história do bolchevismo e dos países concernidos ao longo do século 20. Bom proveito!



Este canal publicou a principal cena do filme Outubro, filmado e dirigido na URSS em 1927 pelo célebre Sergei Eisenstein, em que aparece a tomada do Palácio de Inverno pela população e por tropas comandadas pelos bolcheviques. Existe uma lenda segundo a qual teriam morrido mais pessoas nessa filmagem do que nos próprios acontecimentos reais, dos quais infelizmente não há registros midiáticos, rs.

Costuma-se dizer que no início do século 20 a Rússia teve três revoluções: a de 1905, que arrancou algumas migalhas democráticas da autocracia retrógrada do tsar Nicolau 2.º; a de fevereiro (março) de 1917, que derrubou a monarquia e instaurou uma república comandada por frágil coalizão; e a de outubro (novembro) de 1917, que foi comandada por Vladimir Ilich Ulianov (dito Lenin) e seus companheiros, afastando o governo provisório com o apoio da maioria do povo. Por vários acasos da revolução, os bolcheviques acabaram impondo um Estado autoritário a partir de 1918, mas aí já é outra história.

O Palácio de Inverno em Petrogrado (depois Leningrado, hoje São Petersburgo), antiga residência imperial e de onde o governo provisório republicano despachava, foi facilmente tomado pela turba na madrugada de 6 pra 7 de novembro (segundo nosso calendário) de 1917, de tão impotente e ignorado que estava o comando de Aleksandr Kerenski, desacreditado pela fome e pelas derrotas na 1.ª Guerra Mundial.

No primeiro trecho, temos a própria cena da tomada bélica do palácio, e no segundo, que encerra o filme, Lenin faz a proclamação do “poder dos sovietes” e anuncia enfim a vitória de seu golpe e de seu partido, em frente ao famoso letreiro escrito na ortografia russa pré-1918: “Todo o poder aos sovietes!”. Veja também os papéis que aparecem no final, onde estão contidos o “Decreto sobre a paz” e o “Decreto sobre a guerra”.




Este vídeo bem curto mostra o momento da chegada das tropas soviéticas em frente ao Reichstag, o parlamento alemão, em Berlim, no dia 9 de maio de 1945, encerrando assim a Segunda Guerra Mundial (ao menos na Europa) iniciada em 1939.

Iosif Stalin, o ditador soviético que também exercia no momento o comando-em-chefe das Forças Armadas, tinha ordenado ao Exército Vermelho hastear a Bandeira da Vitória sobre o Reichstag, como símbolo do triunfo definitivo sobre o poderio alemão. Como visto, seus soldados cumpriram a ordem. Este vídeo, que foi minha fonte, provavelmente deve ser parte de um documentário maior, que não descobri qual é, eu apenas baixei e legendei. O locutor diz as seguintes frases em russo:

“У всех сейчас только одна мысль, одно стремление - водрузить Знамя Победы над Рейхстагом!... Водрузить Знамя Победы над Рейхстагом!... Водрузить Знамя Победы над Рейхстагом!... Знамя Победы над Рейхстагом водружено! Приказ товарища Сталина выполнен!”


Estes são trechos da grande parada militar comemorando os 40 anos da libertação da Iugoslávia contra o jugo nazista e fascista, ocorrida em 9 de maio de 1985, quando o país ainda era uma república federal socialista. Fundada em 1943 pelo líder da Resistência e militante comunista Josip Broz, mais conhecido como Marechal Tito, estava comemorando o aniversário sem o antigo ditador, falecido em 1980. É uma das demonstrações mais famosas do JNA, o Exército Popular Iugoslavo, que nos tempos da “guerra fria” chegou a ser o quarto maior do mundo.

Embora os modelos comunistas do antigo Leste europeu tenham se inspirado basicamente na URSS, muitos deles tinham particularidades nacionais marcantes, como o iugoslavo, em que havia alguma liberdade de mercado, Tito era um líder carismático e a memória da Libertação antifascista moldou a cultura socialista local, sobretudo na Eslovênia. Em 1974, foi estabelecida uma “presidência coletiva” na Iugoslávia, mas como o próprio Tito foi escolhido pra presidir esse órgão, ele passou a ser considerado “presidente vitalício”, enquanto à chefia dessa presidência coletiva, que passava a ser rotativa entre as várias unidades da Iugoslávia, competia o cargo de vice-presidente geral. Quando Tito morreu, quem ocupava o cargo era o presidente da Macedônia (hoje a Macedônia do Norte independente), Lazar Koliševski, então ele passou a exercer a liderança dessa presidência coletiva, dando origem a essa bizarra instituição da “presidência da presidência” cujo ocupante era trocado anualmente.

Nos 40 anos da Libertação, quem “presidia a presidência” da Iugoslávia era o montenegrino Veselin Đuranović, e em 15 de maio seria escolhido Radovan Vlajković, da Voivodina. No primeiro trecho toca-se uma marcha militar que foi colocada por cima da imagem do vídeo e que, segundo a fonte em que apurei, foi composta por Stanislav Binički. No segundo trecho (hoje apagado do YouTube), além do Hino Nacional da Iugoslávia (Hej, Slaveni) no início do vídeo e das evidentes marchas militares, podem-se ouvir também canções no estilo dito “koračnica”, ou seja, em ritmo de marcha ou bater dos pés (korak = passo, marcha), como Po šumama i gorama e, no finzinho, Moj je otac bio partizan.




Eu achei este vídeo por acaso, num canal húngaro, e apenas cortei o quadro e tirei uma parte apenas com imagens e uma música protegida por direitos autorais. Trata-se de propagandas e produtos antigos, transmitidos na TV e vendidos na Hungria durante as décadas de 1970 e 1980, as finais sob o regime comunista comandado por János Kádár, chefe do partido único. Infelizmente, por falta de tempo e conhecimento, não fiz a tradução das falas. Mas pra quem tem um bom faro visual e artístico, já será um belo material de divertimento e aprendizado histórico!

Após as revoltas de 1956, em que a população húngara conseguiu depor o ditador stalinista Mátyás Rákosi e depois resistiu à invasão de tanques soviéticos pra tirar o reformista Imre Nagy do governo, chegou-se a uma solução de compromisso. A Hungria não sairia do Pacto de Varsóvia e os políticos rebelados seriam executados, mas lhe seria permitido adotar uma forma mais branda do comunismo, com mais abertura de mercado e atenção maior aos bens de consumo. Apesar da crise do endividamento externo na década de 1980, a chamada “Era Kádár” foi considerada por muitos uma era de ouro do comunismo húngaro, e até hoje é lembrada com nostalgia pelos cidadãos comuns.

Esquerdistas brasileiros desonestos pegam esses relatos positivos como uma pintura do comunismo europeu como um todo, mas a situação era bem diferente nos vários países do bloco, tanto pela economia quanto pela cultura ou dependência diante de Moscou. É claro que a Hungria sofreu fortemente no início da implantação do capitalismo, e que hoje muitos consideram o extremista Viktor Orbán como até pior do que os comunistas. Mas lembremos que esse “comunismo gulache”, mais brando, apesar da repressão política, foi uma conquista popular arrancada de maneira rara da URSS, cujo regime nunca foi muito bem aceito num país que nem é de cultura eslava.


Poucos devem saber, mas o célebre meme do “Mr. Trololó”, que viralizou com o falecido cantor soviético Eduard Khil em 2010 fazendo uma vocalização sem letra, foi retirado de uma transmissão completa relembrando diversas outras composições de Arkádi Ilích Ostróvski (1914-1967). O compositor russo de origem judaica escreveu em 1966 a canção “Я очень рад, ведь я, наконец, возвращаюсь домой” (Estou feliz porque finalmente estou voltando pra casa), que falava de um caubói nos EUA. Mas por diversas razões decidiu-se gravá-la sem a letra, apenas com a “vocalização” da melodia, o que foi feito por Khil, Valeri Obodzinski, Muslim Magomaiev e outros cantores. Caubói, EUA, “guerra fria”... censura não muito diferente da atualidade!

Em 1976, em memória de Ostrovski, Khil gravou o referido especial, que recomendo ver de ponta a ponta! Nos anos 2000, o especial foi retransmitido pelo canal retrô russo “Vrémia”, no programa Nas ondas de minha memória, e no fim de 2009 alguém colocou a vocalização de Khil no YouTube. Nascia assim o meme do “Mr. Trololó”, que ganhou a simpatia do Ocidente, e agora você pode ver um raro registro dele falando em tom normal nessa época!

Khil está introduzindo a coletânea especial, e eu mesmo transcrevi e traduzi o texto e legendei o trecho que tirei daquele vídeo maior. Versão russa:

“Сегодня я вам хочу напомнить некоторые песни Аркадия Ильича Островского. Это песни, которые были написаны в середине 60-х [шестидесятых] годов. Песни, которые прошли испытание временем. Эти песни очень добрые, очень светлые, я бы сказал, «солнечные» песни, и они надолго останутся в нашей памяти и в нашем сердце.”

(Hoje quero lhes recordar algumas canções de Arkadi Ilich Ostrovski. São canções que foram compostas em meados dos anos 60. Canções que resistiram à prova do tempo. Essas canções são muito boas, muito luminosas, canções “ensolaradas”, eu diria, e por muito tempo elas vão ficar em nossa memória e em nosso coração.)


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Tito encontra Gaddafi na Líbia (1970)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/tito-gaddafi


Achei este vídeo num ótimo canal de que gosto muito por conter vastíssimo material sobre a antiga Iugoslávia e a resistência antifascista. Fiquei com dó de “copiar” o vídeo de um canal tão valoroso e que merece mais visualizações, mas pra ser sincero, dada sua indisposição em explicar o conteúdo e seu costume de postar, quase sempre, materiais prontos com ínfimas alterações, estou cometendo esse “pecado”.

Este vídeo é um resumo documental da visita que o marechal Josip Broz Tito, ex-ditador da Iugoslávia, fez à Líbia recém-submetida ao golpe militar de Muammar Gaddafi, coronel do Exército que tiranizaria o país até 2011, após uma longa viagem pela África. Esse é um dos raros registros em que Gaddafi ainda aparece com roupas militares normais e um visual menos “descabelado”, quando seu regime parecia caminhar mais pra uma ditadura socialista pró-soviética e antes dele começar suas loucuras excêntricas de tenda, bandeira verde, roupas coloridas e “jamahiriya”. Gaddafi, inclusive, se dizia sucessor do movimento pan-arabista do egípcio Nasser, e era esse tipo de governos que Tito mais visava pra se contrapor com o “Movimento Não Alinhado” tanto aos EUA quanto à URSS.

O vídeo é falado em servo-croata, mas como não tive tempo de transcrever, eu traduzi as legendas em inglês já prontas mesmo, que parecem estar bem fiéis. Este vídeo mostra a mesma cobertura do evento, mas com menos variação de cores e vários selos chatos. Eu apenas cortei o quadro da publicação original (na verdade, os espaços pretos que ficavam do lado), e segue abaixo a tradução pra quem não sabe inglês:


O presidente Tito viajou de Assuã [cidade no Egito] para a Líbia com sua esposa e seus colegas. Os visitantes da Iugoslávia foram recebidos no Aeroporto de Trípoli pelo presidente do Conselho Revolucionário, o coronel Gaddafi. O presidente Gaddafi e o presidente Tito tiveram um encontro muito caloroso. Um grande número de cidadãos iugoslavos que vivem e trabalham nesse país também estavam presentes. Os cidadãos de Trípoli receberam o presidente Tito como um visitante querido e um amigo leal do povo árabe. O presidente Tito é conhecido na Líbia como um homem que está pronto pra usar sua inestimável experiência ajudando todos em sua luta por paz e progresso. Durante as conversas oficiais ocorridas no Palácio do Povo, foi enfatizada a crise no Oriente Médio. Nesse âmbito, ambos os países partilham das visões idênticas de que é uma hora ideal pros países não alinhados usarem de sua influência na ONU e que todos devem seguir as decisões dessa organização. A visita do presidente Tito ajudou a melhorar a cooperação bilateral, mas sobretudo a cooperação econômica. O novo governo líbio quer intensificar a cooperação nesse campo. As delegações econômicas dos dois países deram passos adiante. O presidente Tito se despediu do continente africano depois de uma visita que durou mais de um mês. Todos os países que ele visitou apoiam fortemente o Movimento dos Países Não Alinhados e expressaram seu anseio por uma Cúpula imediata. Isso, bem como visitas anteriores, confirmou e ampliou a amizade entre nosso país [Iugoslávia] e os países e nações africanos.


sexta-feira, 22 de março de 2019

Tito e Fidel, comunistas dos anos 1960


Endereço curto: fishuk.cc/comunas60

Estes dois vídeos foram iniciativas de postagem isoladas, por isso não se encaixavam a princípio num tema comum que pudesse ser transformado num texto desta página. Mas sendo filmagens com dois líderes destacados do movimento comunista no início dos anos 1960, achei que valia a pena apresentá-los juntos aqui. Nessa década, o movimento comunista chegaria ao auge de seu prestígio, e as lutas anticoloniais e de libertação nacional, apoiadas ainda pelos chamados “países não alinhados”, constituiriam um novo campo fértil pra experiências políticas vindas de Moscou.

Contudo, a partir do fim da década, sobretudo depois da intervenção contra as reformas na Checoslováquia em 1968, a popularidade do comunismo soviético caiu gradualmente. Desde o mesmo ano, com as explosões de revolta juvenil em Paris e outras capitais ocidentais, o maoismo chinês parecia ser uma nova alternativa, mas ele também logo se revelaria autoritário e dogmático. Tito, da antiga Iugoslávia, tinha ganhado prestígio como chefe da resistência antifascista nos Bálcãs, mas sua experiência já estava fortemente institucional. Fidel Castro, de Cuba, gozava da aura jovem que passava a maioria dos líderes de sua revolução, e ainda hoje exerce razoável fascínio nas esquerdas latino-americanas. Mas o experimento real do socialismo cubano perdeu grande parte da atratividade, pois as lideranças não se renovaram, Fidel morreu em 2016 e as presentes reformas convivem com estagnação e pobreza.


O primeiro vídeo é um trecho de documentário soviético que eu mesmo já traduzi e legendei, contando a visita de Fidel Castro Ruz, líder de Cuba, a Moscou e outras localidades da URSS em 1963. Comandante da Revolução Cubana de 1959, ele está fazendo o encerramento do discurso aberto ao público em 28 de abril, na tribuna do mausoléu de Lenin na Praça Vermelha. Parece que só existe uma cópia sem legendas da cinecrônica inteira no YouTube, postada por alguém que fala espanhol e ainda com poucas visualizações.

Na montagem que eu fiz, vocês podem escutar o discurso três vezes, com legendas em português, espanhol (língua original) e russo. Nesta edição em PDF do jornal soviético Krasnoe znamia podem-se ler os discursos completos de Nikita Khruschov e Fidel Castro em russo. Como o que foi dito durante a interpretação consecutiva não é idêntico ao que foi transcrito no jornal, segue o texto em russo, com algumas divergências entre colchetes:

“Позвольте мне от полноты чувств [как самое справедливое выражение моих чувств] [в честь того, кто больше был достоин] воскликнуть – слава Ленину! Да здравствует пролетарский интернационализм! Да здравствует дружба между кубинским и советским народами! Да здравствует Советский Союз! Родина или смерть! Мы победим!”

(Permitam-me, como a mais justa homenagem a quem teve o mérito maior, exclamar: Viva Lenin! Viva o internacionalismo proletário! Viva a amizade entre o povo soviético e o povo cubano! Viva a União Soviética! Pátria ou morte! Venceremos!)


O segundo vídeo são breves frases de um famoso discurso público de Josip Broz, o Marechal Tito, presidente da Iugoslávia socialista, feito na cidade croata de Split, em 7 de maio de 1962. Um vídeo com os principais trechos do discurso está há mais de 10 anos no YouTube, mas nunca achei a transcrição da fala. Mesmo tendo estudado um pouco de servo-croata por algum tempo, ainda não me sinto capaz de transcrever só de ouvido, até porque às vezes o líder fala meio rápido.

Só sei que na Biblioteca de Belgrado há um exemplar, não disponível online, desse discurso completo em Split, e certamente sem grandes alterações. Após algum esforço, consegui achar apenas a transcrição da segunda parte deste vídeo, cujo editor felizmente lhe melhorou a qualidade. São dois trechos isolados, usuais em sites de citações. O grande problema foi que, assim como outros trechos do discurso, não consegui achar nem mesmo o que Tito fala na primeira parte.

Comparando com várias fontes e com o áudio de Tito, eu mesmo fiz uma transcrição fixa, traduzi, legendei e cortei o quadro e alguns trechos do upload citado, cujo canal recomendo que vocês visitem com mais atenção. Ao final, Druže Tito, mi ti se kunemo (Camarada Tito, somos fiéis/leais a você) era uma espécie de refrão popular cantado na época da ditadura, sob diferentes versões. Seguem o texto em servo-croata (alfabetos latino e cirílico) e as traduções em português e francês (esta feita pra um grupo de debates):

“Mi smo more krvi prolili za bratstvo i jedinstvo naših naroda. E nećemo nikome¹ dozvol’ti da nam dira ili da nam ruje iznutra, da se ruši to bratstvo i jedinstvo. [...] Ni jedna naša republika ne bi bila niko i ništa, da nismo svi zajedno! A mi moramo stvarati... a mi moramo stvarati svoju istoriju, svoju jugoslavensku² socijalističku istoriju i jedinstvenu ubuduće.”

¹ Forma mais comum: “nikomu”.
² Forma mais comum: “jugoslovensku”.

“Ми смо море крви пролили за братство и јединство наших народа. Е нећемо никоме дозвол’ти да нам дира или да нам рује изнутра, да се руши то братство и јединство. [...] Ни једна наша република не би била нико и ништа, да нисмо сви заједно! А ми морамо стварати... а ми морамо стварати своју историју, своју југославенску социјалистичку историју и јединствену убудуће.”

(Derramamos um mar de sangue pela fraternidade e unidade de nossos povos. E não permitiremos que ninguém nos ataque, nem conspire de dentro, nem destrua essa fraternidade e unidade. [...] Nenhuma república nossa seria algo ou alguém se não estivéssemos todos juntos. E devemos escrever... e devemos escrever nossa própria história, nossa própria história socialista iugoslava e unida para o futuro.)

(Nous avons versé une mer de sang pour la fraternité et l’unité de nos peuples. Nous ne permettrons pas que personne ne nous attaque, conspire de dedans, détruise notre fraternité et unité. Aucune république à nous ne serait rien si nous n’étions pas tous ensemble. Nous devons créer notre propre histoire socialiste yougoslave et unie pour l’avenir.)



segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Memes da Iugoslávia e Marechal Tito


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/tito-memes


Às vezes gosto de trazer imagens engraçadas do mundo eslavo, ou montagens que eu mesmo faço com teor humorístico, que chamo genericamente de “memes”, mas nem todos os inscritos gostam. Em geral priorizo o mundo eslavo, porque muita coisa é digna de ser conhecida, mas quem fala português quase sempre tem essa barreira da língua. Nem sempre minha tentativa de ser um “South America Memes” dá certo, mas eu continuo tentando!

Nesta e em outras postagens, farei coleções com os melhores memes que tentei criar. Nem todos vêm de países eslavos, e muitos constituem verdadeiras montagens cômicas. Hoje, trago três vídeos interessantes que fiz sobre a antiga Iugoslávia e seu ditador, Josip Broz, ou Marechal Tito. Infelizmente, não domino a língua servo-croata e suas variantes nacionais, mas algumas coisas consegui achar por acaso e, independente do idioma, pude trazer ao meu público.


Não é nada engraçado, mesmo com um ditador, mas postei por mera curiosidade histórica. Por um lado, Tito, que governou a Iugoslávia de 1945 a 1980, teve uma política bastante aberta para com o Ocidente, ao contrário de outros países comunistas da Europa. Por outro lado, os primeiros-ministros social-democratas, trabalhistas ou esquerdistas, em países democráticos, buscaram fortalecer laços e ouvir mais as nações do antigo Leste europeu.

Foi o caso do social-democrata Olof Palme, que governou a Suécia de 1969 a 1976 e de 1982 a 1986, ano em que foi assassinado ao sair de um cinema. Em 1976, ele e outros dignatários locais receberam Tito em Estocolmo, capital da Suécia, e na hora em que o marechal saiu da limusine, teve seus dedos prensados pela porta da frente (passageiro) ao sair um oficial que não identifiquei. Isso se deu porque Tito resolveu se apoiar na lateral direita ao sair, e colocou os dedos bem no vão da porta dianteira. O oficial não viu essa cena, e fechou a porta com tudo.

Obviamente, como se nota em algumas das versões que uni no vídeo, o marechal berrou de dor, repreendeu o colega e saiu corajosamente em direção a Olof Palme, que ou era um bobo-alegre, ou fez carinha de que se divertiu com o incidente. Mais pra frente, outra tomada mostra Tito com Palme e os companheiros, fazendo gestos como se estivesse explicando a fechada de porta. Notam-se também alguns dedos com o que parece ser um curativo.

É bizarro como em alguns programas suecos, o caso foi tratado como uma videocassetada do Faustão, gerando risos histéricos e nenhuma empatia, como era o caso no que pareciam ser os anos 90. A atitude foi bem besta, e vários simpatizantes de Tito no território moderno da antiga Iugoslávia xingaram os suecos no YouTube, dizendo que ele não era ditador e que ver alguém se ferindo não era nada hilário. Por outro lado, sérvios que abominam o comunismo adoraram vê-lo sofrer.

Eu mesmo fiz a montagem, tendo recortado os vídeos pra ficarem com o quadro retangular. Originalmente, estão nos respectivos endereços:

http://youtu.be/7hZHgMsDim0
http://youtu.be/D4eaimOSxvk
http://youtu.be/i89A4od3ayU
http://youtu.be/5AJoYzp6ne4


Até pro lindo casal presidencial iugoslavo Josip e Jovanka Broz tem dia, lugar e tem hora! Pra serem felizes numa casa de campo, fazendo artesanato e tomando café. Mas não é em 1977, e sim em 1962. Achei por acaso um curto vídeo documental de Tito e sua mulher passando uma tarde no que parece ser uma propriedade deles, e num dos momentos, o presidente enche uma xícara com uma máquina de café expresso, e vai fumar um charuto e conversar ao lado dela.

Na minha opinião, Dia, lugar e hora, um sucesso do cantor brasileiro Luan Santana, casou direitinho com essa cena! Então, brinquei que ele estaria cantando Pesem o Titu (Canção para Tito), um sertanejo comunista. Mas na verdade, nem sequer fala do Tito: é apenas o referido trecho com seu som original tirado, substituído pela maior parte do refrão da música do Luan (só tirei uma frase pra que as durações coincidissem). Não vou transcrever a letra do hit, mas vocês podem assistir acima, pra julgar se fiz algo interessante!


Apesar da estranha miniatura que montei, este é o pequeno excerto de um episódio do programa infantil iugoslavo “Полетарац” (Poletarac), exibido na primeira metade de 1980 (este episódio é de 19 de março, e eu já legendei o tema de abertura). Gravado com diversos atores, incluindo músicas, piadas e contos, propunha-se apresentar “as coisas básicas da vida e do mundo ao redor”. No vídeo completo, o trecho em questão começa aos 15’55”.

A palavra servo-croata poletarac tem um equivalente em inglês, que é fledgling. Ambas designam um passarinho que está saindo do ninho, aprendendo a voar, e figuradamente um iniciante ou novato em alguma coisa. Como os atuais puritanos no Brasil, poderíamos dizer: “Era o marxismo cultural apresentando essas obscenidades às crianças!” Mas podemos ver também por um lado não erotizado, que é a meta do programa. A maldade está nos olhos de quem vê. Não vou reescrever a tradução, mas segue o texto das falas nos alfabetos latino e cirílico:


– Da li znaš, ko je najmlađi stanovnik Socijalističke Federativne Republike Jugoslavije? A?
– To je najmlađi stanovnik Socijalističke Federativne Republike Jugoslavije.

– Да ли знаш, ко је најмлађи становник Социјалистичке Федеративне Републике Југославије? А?
– То је најмлађи становник Социјалистичке Федеративне Републике Југославије.



quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Discurso do Marechal Tito: Zagreb 1977


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Pela primeira vez fiz o que sempre foi meu sonho: traduzir um discurso do iugoslavo Josip Broz, que passou à história como o Marechal Tito, líder da Resistência antinazista e antifascista na 2.ª Guerra Mundial e comandante ditatorial da Iugoslávia socialista de 1945 a 1980, quando morreu. Neste caso, só consegui obter um trecho em servo-croata, transcrito com muito boa vontade por Mario Bezbradica, um colega do YouTube. É um pequeno trecho, mas com a transcrição pude traduzir ao português e legendar esta raridade.

Trata-se de um vídeo feito em Zagreb, capital da Croácia (na época, uma república federal iugoslava), em 27 de setembro de 1977. Eram celebrados os 40 anos de fundação do Partido Comunista da Croácia (sigla KPH ao fundo), que era conhecido como União dos Comunistas da Croácia, tal como a União dos Comunistas da Iugoslávia nacional. Na URSS cada república soviética também tinha seu próprio partido, embora fossem correias de transmissão do PC central. O pai de Tito era croata, e como se pode notar, o líder fala no dialeto ijekavica (base do croata literário moderno), ou seja, algumas palavras com “je” ou “ije” no lugar do “e” sérvio: posjetili, ovdje, još uvijek.

É notável como Tito, já com voz reduzida pela idade, fala “embaraços entre repúblicas”, e ironicamente a Iugoslávia se dissolveu a partir de 1991, em grande parte, por meio da guerra civil com feição racista. De fato, era a personalidade do marechal como chefe da Resistência que dava coesão ao país, e seu falecimento em 1980 começou a ameaçar o todo. Tanto que, ao contrário de vários outros países comunistas, boa parte da população ainda é saudosa do “socialismo”, e mesmo no YouTube, onde todos tiram a máscara, há poucos discursos furiosos contra. Mesmo assim, esse “comunismo nacional” não deixou de ser autoritário, perseguindo opositores e criando um culto em torno da imagem de Tito: vejam como no fim do vídeo canta-se o famoso refrão Druže Tito, mi ti se kunemo (Camarada Tito, somos fiéis a você), ao estilo de um hino religioso.

Eu baixei o vídeo deste ótimo canal, que foi criado há pouco tempo e tem muito material sobre a antiga Iugoslávia, embora trazido de modo muito laudatório e pouco crítico. Como eu disse, o Mario transcreveu pra mim, e eu mesmo traduzi ao português com a ajuda do dicionário da Porto Editora, do Google Tradutor e do Wiktionary. Seguem abaixo a legendagem, a tradução (um pouco encurtada nas legendas) e a transcrição servo-croata nos alfabetos latino e cirílico:



Estivemos agora numa viagem longuíssima, cerca de 30 mil quilômetros. Visitamos três países: União Soviética, Coreia e China. Fomos recebidos tal como vocês nos recebem aqui. Igualzinho. As pessoas nos conhecem. Somos uma terra multinacional. O inimigo continua agindo de fora, e em proveito próprio, contra nós, contra nossa unidade. Não vamos permitir que os vários fugitivos vendidos, fascistas, como ustašes, chetniks etc., destruam nossas ordenações internas. Se tivermos certos embaraços, digamos, entre repúblicas, vai ser assim. Mas agora temos um novo sistema. Liquidamos essas coisas conversando, e até agora isso tem se mostrado de enorme importância.

Mi smo sada bili na jednom najvećem putu, oko 30 hiljada kilometara. Posjetili smo tri države. I Sovjetski Savez, Koreju i Kinu. Isto su nas primali kao i ovdje što nas primate. Isto tako. Ljudi znadu o nama. Mi smo mnogonacionalna zemlja. Neprijatelj iz vana još uvijek radi, i to dobro radi za sebe, protiv nas, protiv našega jedinstva. Ne dozvolimo raznim prodanim izbjeglicama, fašistima, ala ustaše i četnici, i tako dalje, da nam razbijaju naše unutrašnje redove. Mi ako imamo izvjesne teškoće, recimo, među republikama, i tako dođe. Ali imamo sad novi sistem. Mi dogovaranjem likvidiramo takve stvari, a do sada se to pokazalo od ogromne važnosti.

Ми смо сада били на једном највећем путу, око 30 хиљада километара. Посјетили смо три државе. И Совјетски Савез, Кореју и Кину. Исто су нас примали као и овдје што нас примате. Исто тако. Људи знаду о нама. Ми смо многонационална земља. Непријатељ из вана још увијек ради, и то добро ради за себе, против нас, против нашега јединства. Не дозволимо разним проданим избјеглицама, фашистима, ала усташе и четници, и тако даље, да нам разбијају наше унутрашње редове. Ми ако имамо извјесне тешкоће, рецимо, међу републикама, и тако дође. Али имамо сад нови систем. Ми договарањем ликвидирамо такве ствари, а до сада се то показало од огромне важности.



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Pesem o Titu (Canção para Tito) – 1944


Link curto pra esta postagem: fishuk.cc/cancao-tito


No fim do mês passado, essa foi minha primeira legendagem a partir do esloveno, e também minha primeira legendagem feita por conta própria tratando de algo sobre a antiga Iugoslávia, porque o hino nacional deste país, assim como o da Eslovênia independente, fiz em grande parte baseado em outras versões. Há muito eu queria também começar a legendar canções partisans do período do Marechal Tito.

Esta se chama Pesem o Titu, que se pode traduzir como Canção sobre Tito ou, como é mais corrente, Canção para Tito. A gravação é de 1961, pelo Partizanski Invalidski Pevski Zbor (IPZ, Coral Partisan de Inválidos), hoje mais conhecido como Partizanski Pevski Zbor (PPZ, Coral Partisan). Infelizmente não achei mais informações sobre os compositores nem sobre esse coral, apenas achei numa página russa que a canção talvez fosse de 1944.

Eu conhecia uma interpretação com banda e coro militares, mas achei esta versão bem mais legalzinha, só com voz e acordeão. Lembra muito música russa, ou eslava em geral. Não preciso falar muito do marechal Josip Broz Tito, que desde o fim da 2.ª Guerra Mundial até 1980, quando morreu, governou autoritário a Iugoslávia, sob um regime socialista um tanto diferente, mais aberto ao mercado e ao resto do mundo do que o soviético. Embora inimigo de Stalin, também permitiu culto a si mesmo e em 1955 se reconciliou com a URSS.

Eu tirei deste vídeo o áudio, e nele há também a capa do disco do IPZ em que está a canção. A letra em esloveno pode ser achada em várias fontes, mas ela também segue abaixo, junto com a tradução em português, após o vídeo-montagem que fiz com o áudio e várias imagens de Tito:



Versão que legendei em dezembro de 2017, a partir deste vídeo:

1. Tam nekje med svobodnimi polji,
kjer iz zemlje klije mlada rast,
njemu, ki vodnik nam je najbolji,
smo zložili pesem to na čast.

Refren (2x)
Tito, naša svetla bojna slava,
Tito, naša dika in naš vzor,
koder vodi tvoja nas zastava,
za teboj pojoč gremo navzgor!

2. Naša misel širi svetla krila,
mlada moč nam v srcih živo vre,
razorana zemlja obrodila,
bo na jesen kruha nam za vse.

(Refren 2x)

____________________


1. Em algum lugar de livres campos
Onde a mata nova sai da terra
Fizemos esta canção em honra
Desse nosso melhor dirigente.

Refrão (2x):
Tito, nossa clara glória lutadora,
Tito, nossa virtude e exemplo,
Aonde sua bandeira nos levar
Seguiremos cantando, subindo!

2. Nosso pensar cria asas claras,
Força jovem nos arde o coração,
A terra cultivada floresceu,
Todos teremos pão no outono.

(Refrão 2x)