Mostrando postagens com marcador Fidel Castro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fidel Castro. Mostrar todas as postagens

domingo, 5 de maio de 2019

Fidel Castro faz alusão à URSAL (1993)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/fidel-ursal


O Foro de São Paulo é uma congregação de partidos de esquerda e extrema-esquerda latino-americanos criada em 1990, por alternativas socialistas após a desagregação dos regimes comunistas europeus. Seu alinhamento com Cuba, o único regime comunista ainda vigente fora da Ásia, o tornou peça de muitas teorias da conspiração por parte da direita conservadora no Brasil, durante e depois dos governos do PT. A mais recente delas se refere ao “plano URSAL”, ou seja, o de formar uma “União das Repúblicas Socialistas da América Latina”, anunciada no debate presidencial da TV Bandeirantes pelo Cabo Daciolo em agosto de 2018. O termo, porém, num sentido satírico, foi criado ainda em 2001 pela socióloga brasileira Lúcia Victor Barbosa, contrária às críticas que as esquerdas de então faziam ao antigo plano norte-americano da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

Em 1993, a cúpula do Foro de São Paulo tinha se reunido em Havana, capital de Cuba, pra discutir novas estratégias das esquerdas latino-americanas após o colapso do “socialismo real” e do avanço neoliberal no subcontinente. No dia 24 de julho, uma data histórica pros cubanos, o presidente Fidel Castro pronunciou o discurso de encerramento do evento, do qual um trecho sem legendas foi postado neste canal. Ante um contexto em que a criação de regimes socialistas parecia não ter futuro, o líder prega que todas as forças de esquerda (subentendem-se partidos, correntes, organizações, movimentos etc.) deviam se unir e se integrar, mesmo que nem todas achassem possível construir ou lutar pelo socialismo em seus países. Achei essa ideia tão ligada ao tal “plano URSAL” que resolvi dar o referido título à postagem!

Junto com Castro, o ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos criadores do Foro de São Paulo. O cubano morreu em 2016, deixando seu irmão Raúl no poder, e Lula está preso acusado de diversos crimes de corrupção. Somando isso à ascensão de governos de direita na Argentina e no Brasil e à crise econômica que Cuba vive hoje, não houve desfecho pior àquele plano de integração. Quanto ao espanhol de Fidel, ou ele fala muito embrulhado, ou o estilo dele é muito intrincado, ou isso é particularidade do espanhol regional. Achei o texto original um tanto difícil de entender, mas no fim consegui, mudando bem a redação em português. Neste portal achei traduzido um “trecho do trecho”, que me deu a primeira ajuda, e seguem abaixo a legendagem, o texto que copiei do próprio canal original e depois revisei, e minha tradução em português:


¿Qué menos podemos hacer nosotros y qué menos puede hacer la izquierda de América Latina que crear una conciencia en favor de la unidad? Eso debiera estar inscripto en las banderas de la izquierda: “Con socialismo y sin socialismo”. Aquellos que piensen que el socialismo es una posibilidad y quieren luchar por el socialismo, pero aún aquellos que no conciban el socialismo aún, como países capitalistas, ningún porvenir tendríamos sin la unidad y sin la integración.

O que podemos fazer nós e o que pode fazer a esquerda da América Latina a não ser criar uma consciência em favor da unidade? Isto deveria estar inscrito nas bandeiras da esquerda: “Com socialismo e sem socialismo”. Tanto os que pensam que o socialismo é uma possibilidade e querem lutar por ele, quanto os que ainda não concebem o socialismo estando em países capitalistas, não teremos nenhum futuro se eles não estiverem unidos ou integrados.


quarta-feira, 17 de abril de 2019

O universo comunista em vídeos


Endereço curto: fishuk.cc/video-comuna


O comunismo soviético, que pra encurtar também podemos chamar de “bolchevismo”, influenciou profundamente o mundo contemporâneo, tanto naquilo que somos quanto naquilo que listamos como valores ou atitudes a repudiar. O isolamento geográfico da Rússia e países próximos com relação ao Ocidente contribuiu pra que predominassem mais as visões míticas ou imaginadas sobre aquela realidade do que propriamente o conhecimento profundo ou descrições realistas. Nunca algo de que sabíamos tão pouco pôde influenciar tanto nossas paixões políticas, embora às vezes o que já imaginávamos ruim se revelava ainda pior, após um contato pessoal ou a descoberta dos arquivos.

Nem sempre elas são voltadas pra esse fim, mas as atuais tecnologias midiáticas e comunicativas podem ser usadas pra uma difusão maior dos saberes sobre a antiga URSS e seus opositores, domínio ainda superado pelos memes e propagandas histéricas. Quando criei a TV Eslavo no YouTube, eu já tinha o objetivo de juntar material histórico pra que as pessoas pudessem formar suas próprias opiniões, sem depender de apreciações alheias. Mas tal conteúdo raramente faz sucesso por conta própria na internet, e acabam predominando os velhos preconceitos favoráveis ou contrários, imunes a revisões.

Estou juntando nesta postagem vários vídeos recentes que montei e/ou postei no meu canal, relacionados à história, política e cultura do comunismo em várias regiões do mundo. Muitos desses assuntos puderam ser tratados com humor, então muitas vezes selecionei parte de um material maior e atribuí esse enfoque. Em qualquer um dos casos, procurei passar informação não truncada, embora às vezes de modo crítico, mas não destrutivo, com relação ao bolchevismo. Pela ordem, nós temos a URSS, o Brasil a Europa e a América Latina:


O comunismo soviético perseguiu ou não as religiões, sobretudo a Igreja Ortodoxa Russa? A resposta não é simples. Lenin dizia idealmente que os religiosos favoráveis à nova ordem deviam ser poupados, mas na prática, como o clero ortodoxo era um braço do antigo regime tsarista, a resistência dele contra os bolcheviques era inevitável. Porém, como a igreja na Rússia era uma instituição milenar, e como as pessoas não iam se desconverter de uma hora pra outra, a dialética foi mais complicada.

Lenin acabou perseguindo a Igreja Ortodoxa que ficou a favor do Exército Branco na guerra civil (1918-1921), mas à medida que o regime ia se estabilizando, alguma calma era possível. Trotsky estava, assim como Lenin, convencido de que a disseminação de uma “educação materialista” poderia aumentar os índices de ateísmo, mas ele não percebia que todo tipo de resistência seria usado, e ele mesmo acabou expulso do país em 1929. Na década de 1920 floresceu inclusive uma revista popular, destinada sobretudo aos jovens, chamada Bezbózhnik, um nome russo pra “ateu” ou “ímpio”, “descrente”, que vem de bez (sem) + Bog (Deus). Hoje, a palavra mais corrente pra ideia sem valor pejorativo é ateízm e ateíst mesmo.

Ao ultradogmatismo teórico, Stalin acrescentou a xenofobia pró-russa, e no início dos anos 30, quando lançou sua campanha de coletivização agrária e industrialização aceleradas, passou por cima de todo tipo de oposição que podia haver. A Igreja Ortodoxa foi a primeira vítima, e logo começou uma campanha de destruição de catedrais e templos menores. Boa parte da população, seja por raiva autêntica, pressão de cima ou espírito de gado, participou dos atos, como vemos nas filmagens. Gradualmente foi se perdendo um rico patrimônio artístico, cultural e financeiro (e, por que não, espiritual?). O exemplo mais dramático foi o da Catedral do Cristo Salvador, uma das maiores de Moscou, cuja demolição foi ordenada diretamente pelo ministro Lazar Kaganovich em 1931, a fim de dar lugar a um monumental projeto arquitetônico, jamais saído do papel, chamado Palácio dos Sovietes. Por falta de fundos, acabou-se finalmente inaugurando no lugar um grande piscinão público em 1958. A catedral seria reconstruída nos anos 90, igualzinha como era.

Outras igrejas que não as ortodoxas jamais tiveram vida fácil na URSS: os protestantes sempre foram perseguidos, vistos como “agentes estrangeiros”, e até hoje continua um pouco assim, na era Putin. Com os católicos os problemas eram poucos, por serem bem minoritários, mas sobretudo no oeste da Ucrânia, onde sempre foram muito nacionalistas, eram alvo fácil. Com a ortodoxia russa, foi mais complexo: houve uma grande onda persecutória nos anos 30, mas durante a invasão nazista o governo lhe cedeu espaço na propaganda nacionalista. No começo dos anos 60, Khruschov renovou a perseguição, em escala bem menor, e os atritos eram constantes com Brezhnev, e menores com Gorbachov. Só nos anos 90 ela recuperaria seu papel, e no regime de Putin ela é praticamente um braço espiritual do Estado nacionalista. Contudo, os russos hoje praticam bem menos a religião, e ainda há considerável taxa de ateísmo.

Estas imagens foram tiradas de várias fontes no YouTube, mas como eu tive pouco tempo pra editar, me perdoem pelas partes repetidas entre as fontes, mas é legal pra fixarmos na memória essa lamentável demolição do Cristo Salvador. Tirei a música de algumas, que parecia nada ter a ver com o assunto, na expectativa de que não implicassem com direitos autorais, mas houve melodias que acabaram detectadas. Não exatamente na ordem em que aparecem:

http://youtu.be/A37Zqsbblk8
http://youtu.be/dJZG7YP3o8o
http://youtu.be/gEpMNBPv83s
http://youtu.be/IdqcjzxlKqo
http://youtu.be/mE3mAhnfdcw
http://youtu.be/p8A4JxCuX7c
http://youtu.be/wlGRpb-koIk
http://youtu.be/YFlx55OANg8


União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, pátria dos trabalhadores de todo o mundo: esporte, trabalho, indústria, astronáutica, política, Olimpíadas, educação, entretenimento, cultura, infância... O melhor país do mundo pra se viver! Ou não.

Agradeço a um amigo do WhatsApp por ter encaminhado este vídeo. Não sei qual é a fonte e qual é a autoria, mas mesmo assim decidi postar, porque achei interessante. Apenas a música é mais moderna, colocada agora, mas não tira o mérito e valor do vídeo. Óbvio que é só propaganda, e que muita gente hoje queria acreditar que era tudo assim. Mas após muitas pesquisas, já sabemos que a realidade da URSS tinha várias facetas.


Ano passado, eu podia parecer fanático ao evocar pela enésima vez o meme “Mr. Trololo”, criado com o cantor russo-soviético Eduard Khil em 2010. Porém, este vídeo ficou represado por anos entre meus projetos, mas só então tive inspiração final pra lançar. São cantores de vários países e culturas, cujo jeito de atuar e cantar em clipes antigos ou mais ou menos recentes lembram algo do “Silvio Santos soviético”.

Muitos jovens de hoje talvez nem saibam quem é este meme, mas seria legal conhecerem. E, o melhor de tudo, curtir agora mesmo música boa de diversas nações, algumas cujas línguas talvez vocês nem soubessem que existissem! Realmente, a cultura e a zoeira são coisas universais, e assim podemos ver como certos modelos artísticos passaram sem perceber pra diversos cantos do globo.

Um trabalho multicultural pra unir as pessoas e diminuir fronteiras. Aqui nós temos a participação dos cantores Julio Iglesias (Espanha), Nelson Gonçalves (Brasil), Edoardo Vianello, Sergio Endrigo (Itália), Karel Gott (antiga Tchecoslováquia), Chubby Checker, Neil Sekada (Estados Unidos), Vice Vukov (antiga Iugoslávia), Jacques Brel (França), Wolfgang Lippert (antiga Alemanha Oriental), Abdel Halim Hafez (Egito), Iosif Kobzon (Rússia), Tagir Yakupov (Tartaristão na época da URSS), e Itsuki Hiroshi (Japão). Não identifiquei o rapaz da Somália nem, por razões óbvias, os do Iraque sob Saddam Hussein!

Links pros vídeos originais e nomes das canções:

Julio Iglesias, Mis recuerdos
Nelson Gonçalves, Atiraste uma pedra
Edoardo Vianello, O mio signore
Sergio Endrigo, Lontano dagli occhi
Karel Gott, Tam, kam chodí vítr spát
Chubby Checker, Let’s Twist Again
Neil Sekada, Oh, Carol
Vice Vukov, Darovi za svu djecu
Jacques Brel, Ces gens-là
Wolfgang Lippert, Meine erste Show (aos 10 min 21 seg)
Abdel Halim Hafez, Ya Gamal Ya Habib El Malayeen
Iosif Kobzon, Den Pobedy
Tagir Yakupov, Awıl köye
Itsuki Hiroshi, Kasan naka
O figurinha somali, o gordinho iraquiano, os outros iraquianos


Com este vídeo didático, resolvi tentar explicar uma dúvida que incomoda muitos dos que se interessam por história do comunismo: qual é a diferença entre o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B), que ainda existem juntos no Brasil moderno? Por que essa distinção tão sutil entre os nomes? Eles têm divergências quanto à ideologia e à prática?

Eu queria ser breve, mas o vídeo acabou durando meia hora. Acabei introduzindo muita coisa da própria história do PCB, que seria melhor ter deixado pra outro vídeo, mas acho que isso ajuda a explicar as distinções, porque também faz parte da história do PC do B. No essencial, eu reitero que o PC do B foi uma cisão do PCB ocorrida em 1962, não exatamente por obra de uma ala “stalinista”, mas por membros que discordavam do modo como estavam sendo feitas certas mudanças a partir de cima no PCB e do afobamento com que Nikita Khruschov fazia então as mudanças na URSS e criticava Stalin. Segundo a mitologia do próprio PC do B, o PCB tinha “deixado de existir” como partido comunista em 1961 e os dissidentes agora estariam “reconstruindo-o”.

O mais importante de frisar é o seguinte: o PCB também chamava “Partido Comunista do Brasil”, até que em 1961, numa decisão burocrática e visando, sobretudo, obter o registro legal, mudou o nome, mas não a sigla, pra “Partido Comunista Brasileiro”. Os dissidentes de 1962 recuperaram o nome “do Brasil” e mais tarde criaram a sigla “PC do B” pra evitar confusões. Até o fim da URSS, o PCB se manteve fiel a todas as linhas soviéticas, enquanto o PC do B, tendo inicialmente tentado obter o apoio de Moscou, passou depois a apoiar a China e a Albânia (então adversárias da URSS), e quando albaneses romperam com chineses (1976), aliou-se a Enver Hoxha. Os dois partidos só obtiveram o registro legal em 1985, mas enquanto o PC do B manteve uma trajetória retilínea, em 1992 o PCB passaria a se chamar Partido Popular Socialista (PPS), mas os discordantes obtiveram na Justiça em 1995 o direito de usar o nome, a sigla e os símbolos do PCB.

Cumpre lembrar também que o PCB terminou se aliando ao governo Sarney a partir de 1985 e inclusive apoiou o Plano Cruzado e o congelamento de preços, enquanto o PC do B sempre se manteve na oposição. Além disso, a partir dos anos 90, o PC do B iniciou a aliança histórica com o PT firme até hoje, enquanto o PCB lançou seus próprios candidatos à Presidência da República e chapas legislativas puras (exceto em 2006 e 2018, quando apoiou o PSOL), apoiou Lula e o PT em 2002, mas saiu do governo quando percebeu o novo curso reformista. Atualmente, embora os dois partidos ainda reivindiquem Lenin, a Revolução de Outubro e o bolchevismo, há uma cautela quanto à defesa incondicional da URSS (menor no PC do B), e enquanto o PC do B é mais propenso a apoiar a ortodoxia, o PCB é mais aberto a correntes heterodoxas, como trotskismo e gramscismo.

Infelizmente, me esqueci de esclarecer quanto ao nome adotado pelo PCB em 1961. A justificativa oficial era a de que o partido estava tentando se “nacionalizar”, e que trocar “do Brasil” por “Brasileiro” ressaltaria as raízes locais dos comunistas, e não sua filiação a uma potência estrangeira. Apresentado à Justiça Federal o pedido de legalização do partido, junto a um programa que omitia os rótulos “marxismo” e “comunismo”, num contexto de maior distensão política, ele terminou sendo negado, o que só deu mais lenha à fogueira dos dissidentes. O PCB continuou sendo ilegal, embora tendo atuação mais aberta (até a repressão a partir de 1964), e segundo Luiz Carlos Prestes, apesar da maior tolerância dos governos JK e Jango, o velho establishment oficial, dado o acirramento da “guerra fria”, sempre seria contrário à legalidade dos comunistas.


Este material é raro, com relativamente poucas visitas no tempo em que está postado, inclusive, no canal original. São trechos selecionados da última grande parada militar ao estilo soviético, feita na Hungria socialista em 4 de abril de 1985, nos 40 anos da expulsão dos nazistas do país pelo Exército Vermelho. Até 2010, data em que o vídeo original foi postado, não tinha sido realizada nenhuma outra parada dessa envergadura, mesmo sob a democracia.

A Hungria tinha sido aliada do Eixo na 2.ª Guerra Mundial, e a “punição” pela União Soviética foi particularmente dura. O país tinha sido criado justamente logo após a 1.ª Guerra Mundial, na sequência da partição do antigo Império Austro-Húngaro, derrotado no conflito. Após anos de ditadura e ausência de liberdades, o governo local se aliou aos nazistas, mas terminou deposto pelos soviéticos ao final da guerra mundial. Começaria outro período autoritário, num país cuja mentalidade nunca se adequou ao modelo comunista, nem à intromissão da URSS. Em 1956, um protesto popular exigindo reformas foi reprimido por Moscou e se transformou em rebelião social, duramente sufocada durante meses. Mesmo assim, Nikita Khruschov entendeu a lição e não se intrometeu no modelo mais nacional formulado pelo líder do partido único, János Kádár.

Essa tomada de 14 minutos e meio teve vários trechos separados, de acordo com o interesse apresentado por cada trecho. Ao 1 min 54 seg, por exemplo, toca a chamada Klapka induló (Marcha de Klapka), uma canção tradicional muito famosa e, ao que parece, não prejudicada pelo domínio soviético. Porém, eu tirei alguns trechos que continham uma abertura mais lenta e alguns discursos dos oficiais, então recomendo verem também a postagem original. Eu também cortei algumas bordas pretas que estavam no vídeo, mas não pus no enquadramento moderno. Atualmente, quem domina a Hungria é o primeiro-ministro de extrema-direita Viktor Orbán, o qual, segundo alguns húngaros que protestaram em dezembro de 2018, seria “pior do que o comunismo”. Além de propor uma polêmica reforma trabalhista, ele seria corrupto e autoritário.


Uma das passagens historicamente marcadas mais legais do seriado mexicano Chaves, que o pessoal nascido nos anos 80 e começo-meio dos 90 cresceu assistindo e se tornou sua referência humorística e memética. Depois das referências aos “energéticos” e aos “cruzeiros” e “cruzados”, moedas brasileiras anteriores ao Plano Real (1994), esta é uma de minhas preferidas: a dúvida sobre se “a Seleção” (Brasil? México?) vai jogar com a Alemanha Ocidental ou Alemanha Oriental, divisão da atual Alemanha que existiu de 1949 a 1990.

Seu Madruga (nossa tradução de Don Ramón, interpretado por Ramón Valdés) era o mais mítico e icônico do Chaves, dono de bordões eternizados! Junto com o Quico (Carlos Villagrán), eles eram até mais zoados do que o próprio Chaves (no original, Chavo), cujo ator, Roberto Gómez Bolaños, foi também o criador e diretor da série. Embora o SBT ainda passe alguns episódios na TV aberta, o modo mais fácil da geração dos 2000 conhecer Chaves é, obviamente, a internet, e o canal oficial possui a maioria dos episódios em português, remasterizados. A série foi gravada essencialmente nos anos 70, uma parte nos anos 80, e por isso existem todas essas referências históricas, mesmo na dublagem.

Após a 2.ª Guerra Mundial e a derrubada do nazismo e ocupação da Alemanha por ingleses, franceses, americanos e soviéticos, o país perdeu boa parte de seu território. Do que restou, as zonas controladas por essas potências (a leste pela URSS, a oeste pelos outros, com a capital Berlim dividida ao meio) passaram a constituir dois novos países em 1949: a República Federal da Alemanha, ou Alemanha Ocidental, de regime capitalista, e a República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental, de regime socialista. Com a crise do comunismo na Europa em 1989, a proibição dos alemães orientais passarem pro oeste foi revogada e o processo de reunificação das duas partes (nos fatos, uma anexação da RDA pela RFA) se consumou em outubro de 1990. A Alemanha Oriental era uma ditadura brutal e tinha um nível de vida muito inferior à vizinha ocidental, mas muitos antigos ossies se lembram com nostalgia da vida tranquila e com direitos garantidos, em contrapartida ao materialismo e futilidade dos wessies, além de serem o país socialista mais desenvolvido.

Apesar de estar com outro nome, enquanto um outro canal chama o episódio de “Seu Madruga e o jogo de futebol”, vocês podem assistir à íntegra aqui com melhor qualidade. Eu apenas cortei o quadro e o resto dos trechos, mas deixei algumas passagens mais hilárias.


E o comunismo chega ao Caribe: uma montagenzinha que há muitos anos eu tinha em mente. A “dança do siri” foi uma modinha inventada pelo humorista Ceará no antigo Pânico na TV em 2006, enquanto ele fazia uma de suas entrevistas acompanhado do Repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa). O tema que foi usado pra ilustrar a coreografia foi uma versão latina do início da música Í dansi með þér (Na dança com você), da cantora islandesa Björk. Esta, por sua vez, é uma versão do bolero-mambo ¿Quién será?, escrita pelo compositor mexicano Luis Demetrio, que vendeu os direitos ao letrista Pablo Beltrán Ruiz, o qual gravou a canção pela primeira vez com sua orquestra em 1953.

Há um único vídeo brasileiro que tem a versão “completa” do tema da “dança do siri”, e desta página eu tirei as imagens de Fidel Castro entrando em Havana, em 1.º de janeiro de 1959 (coloridas), tendo apenas feito o recorte no tempo e no quadro.




Num dos pontos da andança pela América do Sul que Ernesto “Che” Guevara faz no filme romanceado Diários de motocicleta (2004), que contou com um brasileiro na produção, o médico argentino, futuro destaque da Reovlução Cubana, flerta com uma mulher desconhecida do local. Os dois até começam a dançar, mas quando ela percebe que um amigo de seu marido está olhando, tentar deixar Che. Ele, bêbado, a segura insistindo e acaba a derrubando no chão, o que desperta a raiva do traído. Quase ao começar uma briga feia, o amigo do argentino o arrasta pra fora e os dois fogem loucos com a moto.

Destaque pro velhinho banguelo rindo ao som da música, que foi o que me fez lembrar dessa rara cena de Diários de motocicleta. Pra vocês, o tradicional privilégio de ver a figura engraçada repetida várias vezes! A partir do filme completo disponível no YouTube, eu tirei a referida cena, que começa aos 38 minutos.


sexta-feira, 22 de março de 2019

Tito e Fidel, comunistas dos anos 1960


Endereço curto: fishuk.cc/comunas60

Estes dois vídeos foram iniciativas de postagem isoladas, por isso não se encaixavam a princípio num tema comum que pudesse ser transformado num texto desta página. Mas sendo filmagens com dois líderes destacados do movimento comunista no início dos anos 1960, achei que valia a pena apresentá-los juntos aqui. Nessa década, o movimento comunista chegaria ao auge de seu prestígio, e as lutas anticoloniais e de libertação nacional, apoiadas ainda pelos chamados “países não alinhados”, constituiriam um novo campo fértil pra experiências políticas vindas de Moscou.

Contudo, a partir do fim da década, sobretudo depois da intervenção contra as reformas na Checoslováquia em 1968, a popularidade do comunismo soviético caiu gradualmente. Desde o mesmo ano, com as explosões de revolta juvenil em Paris e outras capitais ocidentais, o maoismo chinês parecia ser uma nova alternativa, mas ele também logo se revelaria autoritário e dogmático. Tito, da antiga Iugoslávia, tinha ganhado prestígio como chefe da resistência antifascista nos Bálcãs, mas sua experiência já estava fortemente institucional. Fidel Castro, de Cuba, gozava da aura jovem que passava a maioria dos líderes de sua revolução, e ainda hoje exerce razoável fascínio nas esquerdas latino-americanas. Mas o experimento real do socialismo cubano perdeu grande parte da atratividade, pois as lideranças não se renovaram, Fidel morreu em 2016 e as presentes reformas convivem com estagnação e pobreza.


O primeiro vídeo é um trecho de documentário soviético que eu mesmo já traduzi e legendei, contando a visita de Fidel Castro Ruz, líder de Cuba, a Moscou e outras localidades da URSS em 1963. Comandante da Revolução Cubana de 1959, ele está fazendo o encerramento do discurso aberto ao público em 28 de abril, na tribuna do mausoléu de Lenin na Praça Vermelha. Parece que só existe uma cópia sem legendas da cinecrônica inteira no YouTube, postada por alguém que fala espanhol e ainda com poucas visualizações.

Na montagem que eu fiz, vocês podem escutar o discurso três vezes, com legendas em português, espanhol (língua original) e russo. Nesta edição em PDF do jornal soviético Krasnoe znamia podem-se ler os discursos completos de Nikita Khruschov e Fidel Castro em russo. Como o que foi dito durante a interpretação consecutiva não é idêntico ao que foi transcrito no jornal, segue o texto em russo, com algumas divergências entre colchetes:

“Позвольте мне от полноты чувств [как самое справедливое выражение моих чувств] [в честь того, кто больше был достоин] воскликнуть – слава Ленину! Да здравствует пролетарский интернационализм! Да здравствует дружба между кубинским и советским народами! Да здравствует Советский Союз! Родина или смерть! Мы победим!”

(Permitam-me, como a mais justa homenagem a quem teve o mérito maior, exclamar: Viva Lenin! Viva o internacionalismo proletário! Viva a amizade entre o povo soviético e o povo cubano! Viva a União Soviética! Pátria ou morte! Venceremos!)


O segundo vídeo são breves frases de um famoso discurso público de Josip Broz, o Marechal Tito, presidente da Iugoslávia socialista, feito na cidade croata de Split, em 7 de maio de 1962. Um vídeo com os principais trechos do discurso está há mais de 10 anos no YouTube, mas nunca achei a transcrição da fala. Mesmo tendo estudado um pouco de servo-croata por algum tempo, ainda não me sinto capaz de transcrever só de ouvido, até porque às vezes o líder fala meio rápido.

Só sei que na Biblioteca de Belgrado há um exemplar, não disponível online, desse discurso completo em Split, e certamente sem grandes alterações. Após algum esforço, consegui achar apenas a transcrição da segunda parte deste vídeo, cujo editor felizmente lhe melhorou a qualidade. São dois trechos isolados, usuais em sites de citações. O grande problema foi que, assim como outros trechos do discurso, não consegui achar nem mesmo o que Tito fala na primeira parte.

Comparando com várias fontes e com o áudio de Tito, eu mesmo fiz uma transcrição fixa, traduzi, legendei e cortei o quadro e alguns trechos do upload citado, cujo canal recomendo que vocês visitem com mais atenção. Ao final, Druže Tito, mi ti se kunemo (Camarada Tito, somos fiéis/leais a você) era uma espécie de refrão popular cantado na época da ditadura, sob diferentes versões. Seguem o texto em servo-croata (alfabetos latino e cirílico) e as traduções em português e francês (esta feita pra um grupo de debates):

“Mi smo more krvi prolili za bratstvo i jedinstvo naših naroda. E nećemo nikome¹ dozvol’ti da nam dira ili da nam ruje iznutra, da se ruši to bratstvo i jedinstvo. [...] Ni jedna naša republika ne bi bila niko i ništa, da nismo svi zajedno! A mi moramo stvarati... a mi moramo stvarati svoju istoriju, svoju jugoslavensku² socijalističku istoriju i jedinstvenu ubuduće.”

¹ Forma mais comum: “nikomu”.
² Forma mais comum: “jugoslovensku”.

“Ми смо море крви пролили за братство и јединство наших народа. Е нећемо никоме дозвол’ти да нам дира или да нам рује изнутра, да се руши то братство и јединство. [...] Ни једна наша република не би била нико и ништа, да нисмо сви заједно! А ми морамо стварати... а ми морамо стварати своју историју, своју југославенску социјалистичку историју и јединствену убудуће.”

(Derramamos um mar de sangue pela fraternidade e unidade de nossos povos. E não permitiremos que ninguém nos ataque, nem conspire de dentro, nem destrua essa fraternidade e unidade. [...] Nenhuma república nossa seria algo ou alguém se não estivéssemos todos juntos. E devemos escrever... e devemos escrever nossa própria história, nossa própria história socialista iugoslava e unida para o futuro.)

(Nous avons versé une mer de sang pour la fraternité et l’unité de nos peuples. Nous ne permettrons pas que personne ne nous attaque, conspire de dedans, détruise notre fraternité et unité. Aucune république à nous ne serait rien si nous n’étions pas tous ensemble. Nous devons créer notre propre histoire socialiste yougoslave et unie pour l’avenir.)



terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Fidel Castro na URSS (maio de 1963)


Endereço curto: fishuk.cc/fidel-urss

Cinecrônica raríssima sobre a visita do líder comunista de Cuba, Fidel Castro Ruz, pela primeira vez à União Soviética, na virada dos meses de abril e maio de 1963. Ele foi recepcionado em Moscou pelos dois principais chefes da URSS, Nikita Khruschov, que liderava o Partido Comunista e, portanto, o país como um todo, e Leonid Brezhnev, então no controle do Parlamento, mas que no ano seguinte daria um golpe pra depor e suceder o companheiro. Cuba tinha derrubado a ditadura pró-EUA de Fulgencio Batista em 1959, há pouco mais de 60 anos, e em 1961 tinha declarado o caráter socialista de sua revolução.

A Revolução Cubana teve uma dinâmica muito particular que contou muito mais com a conivência do que com o apoio explícito soviético, e ainda no ano anterior a chamada “crise dos mísseis”, que quase levou à guerra nuclear entre os blocos capitalista e comunista, tinha deixado Fidel muito insatisfeito com o recuo dos soviéticos. Porém, uma vez dentro da esfera socialista, os revolucionários manteriam fidelidade à URSS e a oposição à China, embora com espaços críticos, recebendo considerável ajuda material da potência.

Neste interessante cinejornal, vemos Fidel Castro chegando a Moscou (segundo relatos, seu desembarque na Rússia foi bem mais distante e repleto de segredos), sua participação nos festejos de Primeiro de Maio, Dia do Trabalho, o discurso feito em espanhol durante a parada, a assistência a um jogo de futebol e a presença numa apresentação de dança ucraniana. A locutora, num dado momento, chama o time do Torpedo de avtozavodtsy, isto é “operários de montadora”: esse era um dos apelidos do time. Parece que só há uma cópia sem legendas no YouTube, postada por algum falante do espanhol e ainda com poucas visualizações.

Eu mesmo transcrevi o áudio com a ajuda do leitor do Google, traduzi o texto e legendei o vídeo. Neste pequeno texto em espanhol, do qual tirei a transcrição (que alinhei com o áudio) da fala de Fidel, há um breve relato de sua viagem à URSS. Neste vídeo em russo há um comprido documentário em cores, chamado O hóspede da ilha da Liberdade, que fala da visita que durou de 28 de abril a 3 de maio. Hoje “ilha da liberdade” pode parecer uma ironia, mas enfim... Seguem abaixo as legendas, a transcrição em russo e a tradução em português, mais literal do que no vídeo. A leitura dos números russos está entre colchetes, e as palavras em espanhol estão em itálico:


Канун Первомая в Москву, по приглашению главы советского правительства, товарищем Хрущёвым, прибывает первый секретарь национального руководства Единой партии социалистической революции, премьер-министр революционного правительства Республики Куба, Фидель Кастро Рус.

На Внуковском аэродроме дорогого гостя встречали Никита Сергеевич Хрущёв, первый секретарь ЦК КПСС, председатель Совета министров СССР, и Леонид Ильич Брежнев, председатель Президиума Верховного совета СССР. Советский народ рад тебе, Фидель! Добро пожаловать, дорогой друг и брат!

Вместе с вождём Кубинской революции Фиделем Кастро, в Советский Союз прибыли его боевые соратники. Десятки тысяч москвичей пришли на Красную площадь, чтобы приветствовать посланцев острова свободы. С тёплыми словами привета кубинским друзьям обратился Никита Сергеевич Хрущёв:

«Сегодня мы собрались здесь на Красной площади, чтобы от всей души по-братски приветствовать бесстрашного вождя кубинской социалистической революции, нашего большого друга Фиделя Кастро и его боевых соратников прибывших вместе с ним.»

Товарищ Хрущёв выразил восхищение мужеством и стойкостью кубинского народа. Он назвал революционный остров свободы маяком, который показывает всем народам Латинской Америки путь к прогрессе, свободе и счастье. Заканчивая речь, товарищ Хрущёв сказал:

«Да здравствует великое содружество социалистических стран! Да здравствует мир во всём мире! Да здравствует марксизм-ленинизм! Да здравствуют новые победы социализма и коммунизма! ¡Viva Cuba!»

В своей яркой темпераментной речи, Фидель Кастро выразил горячую благодарность за высокую честь, которую оказывает сынам Кубы советский народ. В заключении Фидель Кастро сказал:

«Permítanseme, como el más justo homenaje a quien tuvo el mérito mayor, exclamar: ¡Viva Lenin! ¡Viva el internacionalismo proletario! ¡Viva la amistad entre los pueblos soviéticos y el pueblo cubano! ¡Viva la Unión Soviética! ¡Patria o muerte! ¡Venceremos!»

Митинг на Красной площади 28 [двадцать восьмого] апреля стал большим праздником нерушимой дружбе советского и кубинского народов.

Утро 1 [первого] мая. Красная площадь. Начинается торжественный парад войск. По традиции его открыли слушатели военных академий. На трибуне мавзолея, вместе с руководителями коммунистической партии и советского правителства, Фидель Кастро и его боевые соратники.

Идёт непобедимая армия верная своему народу, армия стоящая на страже мира во всём мире. Ракеты: неудержимой лавиной вливаются они на Красную площадь. Наши ракетные войска бдительно охраняют мирный труд советского народа. Они готовы разгромить любого агрессора.

На Красной площади, юность страны. Праздничная демонстрация трудящихся столицы началась выступлением пионеров и школьников. Сотни тысяч москвичей прошли по Красной площади в этот радостный день мира, труда, цветов и улыбок. Несколько часов продолжалось первомайское шествие трудящихся столицы.

Центральный стадион имени Ленина: 2 [второго] мая здесь состоялся большой праздник посвящённый открытию летнего спортивного сезона. На празднике присутствовали Никита Сергеевич Хрущёв, Фидель Кастро и другие кубинские гости. Интересные состязания провели в этот день лёгкие атлеты, мастера велосипедного спорта...

Но главным, конечно, был матч популярных футбольных команд Спартак-Торпедо. Встреча этих старых соперников как всегда проходила в острой напряжённой борьбе. Сейчас атакуют автозаводцы, они забивают гол. Попытки Спартака отыграться не увенчались успехом. Победила команда Торпеда за счётом 2-1.

А вечером того же дня москвичи собрались в Кремлёвском дворце съездов на большой первомайский концерт. В зале присутствовал Фидель Кастро и другие гости из революционной Кубы. Государственный ансамбль народного танца Украинской ССР под руководством Павла Вирского исполняет танец «Ползунец» [ucr. «Повзунець»]. Праздничный концерт прошёл с большим успехом.


Véspera do Dia do Trabalho: a convite do camarada Khruschov, chefe do governo soviético, está chegando a Moscou o primeiro secretário da direção nacional do Partido Unido da Revolução Socialista, primeiro-ministro do governo revolucionário da República de Cuba, Fidel Castro Ruz.

No Aeroporto de Vnukovo o caro hóspede foi recebido por Nikita Sergeievich Khruschov, primeiro secretário do CC do PCUS e presidente do Conselho de Ministros da URSS, e Leonid Ilich Brezhnev, presidente do Presidium do Soviete Supremo da URSS. O povo soviético está feliz com você, Fidel! Bem-vindo, querido amigo e irmão!

Junto com o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, chegaram à União Soviética seus companheiros de luta. Dezenas de milhares de moscovitas vieram à Praça Vermelha para saudar os enviados da ilha da liberdade. Com calorosas palavras de saudação Nikita Sergeievich Khruschov dirigiu-se aos amigos cubanos:

“Hoje nos reunimos aqui na Praça Vermelha para saudar com alma toda fraternal o destemido líder da Revolução Socialista Cubana, nosso grande amigo Fidel Castro, e seus companheiros de luta que chegaram junto com ele.”

O camarada Khruschov expressou admiração pela coragem e firmeza do povo cubano. Ele chamou a ilha revolucionária da liberdade de farol que indica a todos os povos da América Latina o caminho ao progresso, liberdade e felicidade. Terminando o discurso, o camarada Khruschov disse:

“Viva a grande comunidade dos países socialistas! Viva a paz no mundo inteiro! Viva o marxismo-leninismo! Vivam as novas vitórias do socialismo e do comunismo! Viva Cuba!

Em seu vivo discurso apaixonado, Fidel Castro expressou uma ardente gratidão pelas grandes honras dedicadas aos filhos de Cuba pelo povo soviético. Ao concluir, Fidel Castro disse:

“Permitam-me, como a mais justa homenagem a quem teve o mérito maior, exclamar: Viva Lenin! Viva o internacionalismo proletário! Viva a amizade entre os povo soviético e o povo cubano! Viva a União Soviética! Pátria ou morte! Venceremos!”

O comício na Praça Vermelha em 28 de abril se tornou uma grande festa de inabalável amizade entre os povos soviético e cubano.

Manhã de 1.º de maio. Praça Vermelha. Começa a parada solene das tropas. Pela tradição, ela é aberta pelos alunos das academias militares. Na tribuna do mausoléu, junto com os dirigentes do partido comunista e do governo soviético, estão Fidel Castro e seus companheiros de luta.

Desfila o invencível exército fiel a seu povo, um exército postado em guarda pela paz no mundo inteiro. Mísseis: numa incontida torrente eles confluem para a Praça Vermelha. Nosso arsenal de mísseis protege atentamente o trabalho pacífico do povo soviético. Está pronto para destruir qualquer agressor.

Na Praça Vermelha, os jovens do país. A manifestação festiva dos trabalhadores da capital começou com os pioneiros e estudantes se apresentando. Centenas de milhares de moscovitas percorreram a Praça Vermelha neste dia alegre de paz, trabalho, flores e sorrisos. Durou algumas horas o desfile de 1.º de Maio dos trabalhadores da capital.

Estádio Central Lenin: em 2 de maio ocorreu aqui uma grande festa dedicada à abertura da temporada esportiva de verão. Participaram da festa Nikita Sergeievich Khruschov, Fidel Castro e outros hóspedes cubanos. Nesse dia, provas interessantes contaram com atletas, ídolos do ciclismo...

Mas o principal, claro, foi a partida com os populares times de futebol Spartak e Torpedo. O encontro desses velhos rivais ocorreu, como sempre, numa acirrada e intensa disputa. O Torpedo está partindo pro ataque, e faz um gol. As tentativas do Spartak de virar o jogo fracassaram. O Torpedo saiu vencedor por 2 a 1.

E na noite do mesmo dia os moscovitas foram ao Palácio dos Congressos no Kremlin ver o grande concerto do Dia do Trabalho. Estiveram na plateia Fidel Castro e outros hóspedes da Cuba revolucionária. O Conjunto Estatal de Dança Folclórica da RSS da Ucrânia, dirigido por Pavló Virsky, executa a dança Povzunets. O concerto festivo foi um grande sucesso.



Druzhba (Amizade).