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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Fazer o bem faz bem... literalmente


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Aproveitando o espírito de Natal, foi publicada em 25 de dezembro de 2024, no site da National Public Radio (NPR) dos EUA, uma reportagem assinada por Maria Godoy, editada em texto por Jane Greenhalgh e que pode ser ouvida em formato podcast na própria página. Em tradução livre pro português, seu título poderia ser “Quando a gentileza se torna um hábito, ela melhora nossa saúde” e se trata de mais um apanhado de pesquisas sobre como simples mudanças no cotidiano podem fazer um bem danado pro corpo e pra mente. Cientistas americanas têm observado que a persistência em atitudes altruístas, sobretudo o engajamento em voluntariado, pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, fortalecer nosso cérebro e prevenir dores físicas. As descobertas ainda estão em estágio inicial, mas parecem promissoras.

Em todo caso, quem nunca constatou na prática uma sensação espontânea de bem-estar após ajudar alguém, sem ser com segundas intenções (o que geraria o estresse de esperar pela retribuição)? Vale lembrar que os estudos não levam em conta a variável “beber cerveja toda vez que se apresenta num show musical”, mas dado o histórico em Xerém, quem sabe também não haja aí uma relação de causa e efeito? Rs. Após usar o Google Tradutor pra obter a base do artigo, revisei manualmente, imprimi meu próprio estilo e simplifiquei quando possível. Mantive todos os links originais, sem traduzir, portanto, os textos aos quais eles levam.





Imagens aleatórias do Zeca Pagodinho meramente ilustrativas, rs!


Pesquisas mostram que pessoas que se dedicam regularmente ao voluntariado têm risco menor de mortalidade e melhor saúde física à medida que envelhecem.

É aquela época do ano em que se costuma ser um pouco mais gentil e fazer coisas boas pros outros. Bem, aqui vai algo interessante: pesquisas sugerem que quando tornamos os atos de gentileza um hábito, isso também é bom pra nossa saúde.

Seja como voluntário num banco de alimentos local ou levando sopa pra um vizinho doente, há muitas evidências de que quando ajudamos os outros, isso pode aumentar nossa própria felicidade e bem-estar psicológico. Mas cada vez mais pesquisas também afirmam que isso melhora igualmente nossa saúde física, diz Tara Gruenewald, psicóloga social e de saúde da Chapman University.

A maioria das evidências vem de estudos observacionais de pessoas que praticam o voluntariado regular. Mas também há evidências experimentais. Talvez a mais impressionante venha do teste Baltimore Experience Corps, um amplo experimento em que adultos com 60 anos ou mais foram designados aleatoriamente ou como voluntários em escolas de ensino fundamental ou como parte de uma lista de espera. Os voluntários passaram pelo menos 15 horas por semana fornecendo tutoria a crianças carentes. Dois anos depois, os pesquisadores descobriram que os voluntários tiveram mudanças mensuráveis em sua saúde cerebral.

“Eles não sofreram declínios na memória e no controle cognitivo, como vimos em nossos participantes de controle”, diz Gruenewald, uma das pesquisadoras envolvidas no teste. “E houve até mesmo mudanças de volume em áreas do cérebro que dão suporte a esses diferentes processos cognitivos”.

Os voluntários também eram fisicamente mais ativos, “o que é importante pra manter tanto a saúde cognitiva quanto a física à medida que as pessoas envelhecem”, explica.

Outras pesquisas descobriram que pessoas que praticam o voluntariado regular têm menor risco de mortalidade e melhor capacidade física à medida que envelhecem. “As pessoas conseguem caminhar mais em idades mais avançadas, têm melhor equilíbrio e assim por diante”, diz Laura Kubzansky, professora de ciências sociais e comportamentais na Harvard T. H. Chan School of Public Health.

Kubzansky estuda a interação entre saúde física e mental. Ela tem descoberto em suas pesquisas que pessoas mais engajadas no voluntariado e em doações de caridade têm níveis menores de dor física.

Ela diz que os pesquisadores ainda não sabem os mecanismos exatos pelos quais o voluntariado e os atos de gentileza melhoram a saúde das pessoas, mas é provável que vários processos desempenhem um papel.

Por exemplo, o estresse causa no corpo reações em cascata que podem elevar a pressão arterial e, por fim, levar a níveis mais altos de colesterol e a outras mudanças que aumentam o risco de doenças cardiovasculares e outros danos à saúde. Kubzansky diz que o voluntariado pode ajudar a amortecer esse desencadeamento do estresse.

“Ser voluntário ou fazer um ato de gentileza pode te distrair de alguns dos problemas que você pode estar vivendo, então você mesmo pode ficar um pouco menos reativo”, continua. E “pode te ajudar a ampliar a perspectiva sobre quais são seus próprios problemas”.

E quando você sai pra ajudar os outros, também se torna mais ativo fisicamente e menos solitário. O isolamento social é um conhecido fator de risco pra problemas de saúde física e mental, sobretudo à medida que envelhecemos.

“Sabemos que uma saúde mental melhor está associada a uma saúde física melhor”, diz.

A maioria das pesquisas nesse campo tem observado adultos mais velhos e de meia-idade. Há menos evidências sobre os benefícios de atitudes altruístas à saúde quando se trata de pessoas mais jovens, diz Julia Boehm, professora associada de psicologia na Chapman University e estudiosa dos fatores sociais e psicológicos que influenciam a saúde em crianças e adolescentes.

Mas um estudo que realmente se destaca envolveu estudantes do ensino médio que foram designados aleatoriamente pra serem voluntários por 10 semanas com crianças do ensino fundamental. Comparados aos estudantes no teste que foram colocados numa lista de espera, os voluntários adolescentes tiveram melhorias em vários indicadores da saúde cardiovascular.

“Os alunos engajados em atividades de voluntariado com alunos mais jovens apresentaram índices de massa corporal (IMC), indicadores inflamatórios e colesterol total mais saudáveis”, diz Boehm. E os alunos que mais aumentaram em empatia e atitudes altruístas, e que mais diminuíram seu mau humor, também tiveram as maiores reduções no risco cardiovascular ao longo do tempo.

Outras pesquisas em adultos também relacionam a participação regular tanto em atividades voluntárias quanto em atos mais informais de gentileza – como ajudar um vizinho – a um risco menor de doenças cardiovasculares.

Considerando o que se descobriu até agora, Kubzansky diz que gostaria de ver as autoridades de saúde tornando a pesquisa sobre os benefícios do voluntariado e de outros atos de gentileza uma prioridade de saúde pública.

Nesse meio-tempo, Gruenewald diz que realmente não há erro quando adotamos comportamentos que visam a ajudar os outros.

“No mínimo, isso vai tornar o mundo um lugar um pouco melhor pra muitos outros. E podemos o tornar um pouco melhor pra nós mesmos”, diz.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

When Brazil’s capital is Buenos Aires

I’m not very used to write in English on my page, but since the story has once again evolved in English, I didn’t want to translate into and explain all of it in Portuguese, hehe. In this amazing edition of an NPR’s program about Latino music, an emotional story about Roberto Carlos’ song Amigo (Friend) is brought by Felix Contreras, in which he tells how a woman got moved by its lyrics in Spanish.

Yes, Roberto has composed most of his songs in Portuguese (he’s recognized as the most prominent Brazilian popular singer), and a great part of them has also been translated into Spanish to attract the rest of Latin America population. However, Contreras presented it as if it were originally written in Spanish and does not relate Roberto and his work to their actual movement, that is, the broad Brazilian ‘MPB.’ After making some corrections, I decided to publish here a letter I sent to NPR’s production, pointing out some major mistakes and omissions:



I have been very delighted this morning in listening to such a kind tribute to the simply most prolific and talented singer, composer, and musician of all Brazilian history. It is also an honor that Roberto Carlos has recorded tracks in so many languages as Spanish, Italian, and French, making him very loved by our friend Hispanic neighbors.

However, even if the woman in the story found Amigo a life-change masterpiece, I cannot help making some remarks on imprecisions and omissions about Roberto and that song, what prevents listeners to find out all complexity behind the topic.

First, you did not even mention that the original language of the song is PORTUGUESE, and I guess you know, as most of Americans, that Brazil’s official language is not Spanish. Fortunately, most of Roberto’s songs were translated into this language to be enjoyed also in the Hispanic world.

Second, ‘Carlos’ is not his last name (or surname), but a second name. His last name is Braga, but Erasmo Esteves (died in 2022) was such a close friend of Roberto’s that they regarded themselves as brothers (irmão or hermano, following the first verse of Amigo). Thus, Erasmo chose ‘Erasmo Carlos’ as his stage name, and that makes no sense in saying that ‘They are not related, despite sharing the same name.’

And third, there is also not a single mention to the movement which Roberto is really linked to, that is, the ‘MPB’ (Brazilian Popular Music), a concept too broad and of complex definition. What I can say is that, despite the undeniable Hispanic influences, any attempt to bound MPB to ‘Latino’ music in general is quite problematic, so is the relationship between Brazilian cultures and the broader Hispanic world.

Indeed, the recent tendence of Brazilians, especially students and scholars, living in the US to identify themselves as ‘Latinos,’ ignoring possible confusions with the Hispanic world, has been rather political than cultural. (But do not understand me wrongly: I do not mean Brazilians cannot anyway be considered ‘Latinos,’ but the point is the total absence of MPB in your story, which is far more relevant to describe Roberto’s work than any affiliation to ‘Latinoity.’ I guess, after all, translating his songs have had much more a financial than an intercultural sense...)

And despite much criticism, mostly against the way he treats other people, Roberto is simply considered the ‘King’ of the MPB, what is not without relevance in Brazil!


domingo, 8 de dezembro de 2024

Economia alemã está cambaleando


Endereço curto: fishuk.cc/alemanha2024

Em 30 de novembro de 2024 foi publicada no site da National Public Radio (NPR) dos Estados Unidos, uma entrevista do repórter Scott Simon com Marcel Fratzscher, presidente do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica. Segundo a agência, eles conversam sobre o enfraquecimento da economia da Alemanha e o possível impacto que isso pode ter nas próximas eleições federais do país, e o áudio pode ser ouvido em formato podcast na própria página. Em tradução livre pro português, o título da matéria seria “A economia da Alemanha está cambaleando [ou “vacilando”]. Essa pode ser uma oportunidade pra extrema-direita”.

Eu usei o Google Tradutor pra obter a base do texto, mas fiz o que todo mundo devia fazer após usar ferramentas de IA: revisar manualmente pra não ficar algo antinatural ou simplesmente passado “na máquina”... Além disso, imprimi ao conjunto meu próprio estilo de redação e simplifiquei o texto quando possível, mesmo que o resultado “robótico” fosse totalmente aceitável. Sobre o estatuto jurídico “público” da NPR, remeto à introdução da primeira tradução que fiz de um material deles.



Scott Simon – Por décadas a Alemanha teve a maior e mais estável economia da Europa. Mas na semana passada, o país registrou um crescimento do PIB menor do que o esperado, culpando principalmente a redução da produção industrial e a guerra na Ucrânia. Marcel Fratzscher é presidente do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica e fala direto de Berlim. Muito obrigado por estar com a gente.

Marcel Fratzscher – Obrigado por me receber.

Scott Simon – O que houve? Afinal, o modelo econômico alemão era considerado o mais bem-sucedido da Europa.

Marcel Fratzscher – Bem, a Alemanha foi atingida com uma força excepcional pela pandemia e, agora, pelo choque energético devido à guerra na Ucrânia. Antes dela, a Alemanha era muito dependente de combustíveis fósseis russos, implicando um grande aumento do custo da energia. E a Alemanha tem uma indústria que usa energia com grande intensividade. Essa é uma parte da história. A outra parte é que, depois de uma década de 2010 muito bem-sucedida, muitas empresas alemãs falharam na transição pra novas tecnologias.

Scott Simon – O que você acredita que as empresas alemãs precisariam fazer pra tornar a economia em geral mais bem-sucedida?

Marcel Fratzscher – As empresas alemãs precisam fazer duas coisas: primeira, remodelar ou reequilibrar seu modelo de globalização. Elas são dependentes demais da China, então, diversifiquem, sejam menos dependentes da China e dos EUA. Essa é outra grande ameaça vinda do governo Trump e do conflito comercial em que ele provavelmente vai se engajar com a Alemanha e a Europa.

Segunda coisa: precisam inovar mais em tecnologias digitais e tecnologias verdes. Carros elétricos são um exemplo em que as empresas aproveitaram o sucesso da última década, mas, até certo ponto, foram vítimas de seu próprio sucesso.

Scott Simon – Quais são as implicações políticas? Afinal, claro, o governo de coalizão entrou em colapso há apenas algumas semanas.

Marcel Fratzscher – Bem, num mundo ideal, o governo interviria e haveria um grande estímulo fiscal – talvez, até certo ponto, comparável ao que a economia dos EUA experimentou tanto sob Trump quanto sob Biden, talvez um pouco menos forte, porque isso aumentaria enormemente a dívida pública. Mas o governo alemão tem feito o contrário: um freio da dívida que basicamente não permite que o governo, tanto o federal quanto os estaduais, tenham déficits.

Então, cortar gastos e investimentos públicos específicos em tempos difíceis, como agora, é o pior que um governo pode fazer. Mas, pra isso, ele realmente precisa mudar de rumo e dar um grande impulso aos investimentos, incluindo cortes de impostos pra empresas e cidadãos.

Scott Simon – Quais partidos políticos estão em posição de se beneficiar?

Marcel Fratzscher – Há expectativas completamente irrealistas entre os cidadãos sobre o que o governo e o Estado devem oferecer. A Alemanha tem um modelo econômico muito diferente do americano, com um sistema de previdência social muito grande. Há essa expectativa de que o governo deva cuidar dos cidadãos, e isso não é nada realista numa situação dessas, em que as empresas devem fazer a maior parte do trabalho pesado.

Assim, a oposição está claramente se beneficiando nesta campanha pro novo governo – eleições que vão ocorrer no fim de fevereiro de 2025. Mas os cidadãos vão se decepcionar, porque o novo governo, não importa por qual coalizão seja formado, não vai ser capaz de viver com essas expectativas.

Scott Simon – E isso às vezes promove o populismo e o extremismo?

Marcel Fratzscher – Bem, na Alemanha, temos uma crescente polarização social com a desigualdade de poupanças. E as pessoas que perdem com a globalização e a inovação tecnológica frequentemente têm renda e qualificação mais baixas. Isso traz muito apoio aos partidos de extrema-direita. A antidemocrática AfD (Alternativa para a Alemanha, na sigla em alemão) recentemente avançou em muitas pesquisas e eleições estaduais. Então, o populismo está em alta porque populistas fingem que há soluções fáceis, quando não há.

Scott Simon – Mas seguindo sua explicação dos acontecimentos, parece que muitos alemães da classe trabalhadora têm razões pra estar insatisfeitos.

Marcel Fratzscher – Se você olhar pros fatos, temos emprego recorde. Nunca tivemos mais pessoas empregadas quanto hoje. Os salários têm aumentado, inclusive pros trabalhadores de baixa renda, e desde 2015 o salário mínimo aumentou substancialmente mais de 40%. Mas as preocupações, as inquietudes com o futuro, são totalmente compreensíveis. A sociedade alemã está envelhecendo, então, os benefícios sociais vão ter que ser reduzidos pra continuarem geríveis. Alguns também vão precisar pagar mais impostos pra financiarem os gastos do governo. Há a mudança climática. Há conflitos geopolíticos na Europa com a Ucrânia, que fica bem ao lado da União Europeia. Então, meu ponto é: olhando pros últimos 15 anos, acho que a Alemanha se saiu muito bem. A guerra concerne aos próximos 15 anos, e essas preocupações são plenamente justificadas e compreensíveis.

Scott Simon – Sr. Fratzscher, tenho certeza que não preciso lhe dizer que o resto do mundo fica um pouco mais preocupado com qualquer avanço da extrema-direita na Alemanha do que em outros lugares.

Marcel Fratzscher – Sim, a história da Alemanha tem uma mancha muito, muito escura nas décadas de 1930 e de 1940. A democracia alemã tem muitos freios e contrapesos. Os cidadãos alemães são, em última análise, pró-europeus. E eu sei que é preciso ter cuidado ao dizer isso, mas acho mesmo que eles se lembram bem da história e tiraram lições dela. Então, estou realmente bastante confiante que a democracia alemã é forte o suficiente pra resistir aos conflitos que estamos vivendo atualmente.


Adendo (10/1/2025): Não foi só a NPR que percebeu essa decadência da antiga potência germânica. Um vídeo especial produzido pela BBC News Brasil e apresentado pela sempre ótima Camilla Veras Mota foi publicado há três dias sobre o mesmo problema, que pode ser percebido até pelos mais néscios!



segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Prevenção da demência


Endereço curto: fishuk.cc/demencia

Foi publicada hoje, no site da National Public Radio (NPR) dos Estados Unidos, uma reportagem assinada por Alisson Aubrey, editada em texto por Jane Greenhalgh e que pode ser ouvida em formato podcast na própria página. Em tradução livre pro português, seu título poderia ser “Você pode reduzir o risco de adquirir demência. Veja como começar” e fala de um estudo sobre como a demência e outras doenças cerebrais podem ser evitadas ou adiadas com simples mudanças nos hábitos cotidianos. Não são aqueles anúncios “pegadinha” miraculosos que pululam no Google, mas estudos sérios que achei por bem partilhar aqui, mesmo sem autorização da NPR, rs.

Eu usei o Google Tradutor pra obter a base do texto, mas fiz o que todo mundo devia fazer após usar ferramentas de IA: revisar manualmente pra não ficar algo antinatural ou simplesmente passado “na máquina”... Além disso, imprimi ao conjunto meu próprio estilo de redação e simplifiquei o texto quando possível, mesmo que o resultado “robótico” fosse totalmente aceitável. Mantive todos os links originais, sem traduzir, portanto, os textos aos quais eles levam. Cabe aqui observar que segundo a legislação americana, e ao contrário do que acontece na Europa e no Brasil, uma public radio como a NPR não é exatamente uma entidade estatal, mas uma empresa privada sem fins lucrativos que sobrevive de doações de indivíduos, empresas e organizações e de repasses do Estado. Este artigo (entrevista) recente de pesquisadora Gislene Nogueira fala exatamente do exemplo da NPR como importante pra manutenção das democracias.



Um dos segredos pro envelhecimento saudável é manter a mente afiada.

E algumas das melhores estratégias pra evitar demência, AVC e até mesmo depressão na terceira idade se resumem a nossos hábitos diários.

“Você pode reduzir substancialmente os riscos por meio das escolhas que faz no estilo de vida”, diz o dr. Jonathan Rosand, neurologista e cofundador do McCance Center for Brain Health no Massachusetts General Hospital.

Rosand e seus colaboradores desenvolveram um meio de avaliar e rastrear a saúde do cérebro, com uma escala de 21 pontos chamada de pontuação de cuidado cerebral. A pontuação ajuda as pessoas a entenderem a importância de hábitos diários como o sono, a alimentação e os exercícios (você pode calcular sua pontuação em cerca de cinco minutos).

“Todos nós temos uma boa dose de controle”, diz Rosand.

Cerca de 40% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou adiados se atentássemos a 14 fatores de risco modificáveis, de acordo com o relatório de uma comissão da revista The Lancet. E até mesmo pessoas com fatores de risco genéticos podem se beneficiar. Uma pergunta que Rosand costuma ouvir é: “Doutor, o que posso fazer pra não ter demência, como meu pai, meu irmão ou minha irmã?”

Ruth Bernstein conhece essa angústia. “Vimos minha avó ser privada de sua identidade” por causa do Alzheimer, diz. E agora a mesma coisa está acontecendo com sua mãe. “É realmente devastador.”

Sendo mãe de duas crianças, Bernstein quer fazer o possível pra proteger seu cérebro, e o cálculo da pontuação de cuidado cerebral a ajudou a entender os muitos ajustes que ela pode fazer no estilo de vida. “Tem sido superútil”, diz. “Isso realmente me motivou porque eu entendo como tudo isso pode somar.”

Bernstein se vê passando por uma lista de verificação de itens na pontuação: “Tenho evitado o sedentarismo? Como está meu sono? Estou controlando meu estresse?” Num encontro social recente, ela bebeu uma taça de vinho, mas recusou uma segunda. Limitar o álcool a menos de 4 doses por semana ajuda a elevar a pontuação.

Pra calcular sua pontuação de cuidado cerebral, você se classifica em 12 diferentes fatores de risco que passam por alimentação, consumo de álcool, fumo, sono e quantidade de exercícios feita. Pressão arterial, açúcar no sangue, colesterol e IMC também são incluídos. Fatores sociais e emocionais também são envolvidos, incluindo senso de propósito, controle do estresse e conexões sociais. Cada resposta recebe o valor de um ponto, e quanto maior sua pontuação, melhor.

Vários estudos mostram que uma alta pontuação de cuidado cerebral está ligada a um risco significativamente menor de doenças. Por exemplo, um estudo publicado na Frontiers in Psychiatry descobriu que cada aumento de cinco pontos numa pontuação de cuidado cerebral estava associado a um risco 33% menor de depressão na terceira idade e um risco composto 27% menor de demência, derrame e depressão.

“O que nos surpreendeu foi o enorme poder de tudo isso”, diz o dr. Kevin Sheth, diretor do Center for Brain and Mind Health da Universidade de Yale e coautor do estudo recente. “Ter um efeito dessa ordem de magnitude é significativo”, diz.

Um estudo de acompanhamento publicado este mês na revista Neurology, que estratificou os participantes por risco genético, descobriu que uma pontuação mais alta estava associada a um risco menor de doenças cerebrais, incluindo demência e derrame, mesmo entre pessoas que herdaram um risco genético aumentado pra essas doenças.

“A boa notícia é que se você adotar comportamentos saudáveis, vai estar muito mais protegido da demência do que se não fizer essas coisas”, diz o dr. Christopher Anderson, autor do estudo e chefe da Divisão de Derrame e Doenças Cerebrovasculares do Brigham and Women’s Hospital.

“O objetivo é fugir da ideia de determinismo genético”, quando as pessoas sentem que não podem fazer nada contra seus riscos, e enfatizar, em vez disso, o enorme poder das escolhas saudáveis”, diz Anderson.

Kevin Sheth, de Yale, diz que a pesquisa de pontuação cerebral teve um impacto em seus próprios hábitos. Ele trocou sobremesas açucaradas por frutas em algumas refeições e adicionou mais folhas verdes e gorduras saudáveis em sua dieta. “Estou motivado porque conheço os dados”, diz.

Outra forma de aumentar sua pontuação de cuidado cerebral é controlar condições crônicas, como pressão alta e diabetes. Mudanças no estilo de vida podem ajudar, mas muitas vezes as pessoas precisam de remédios. “Se conseguíssemos eliminar a pressão alta”, que é apenas um componente da pontuação, “poderíamos [reduzir] a demência em ordens de magnitude”, diz Sheth. Segundo ele, também é importante reconhecer os desafios que as pessoas podem enfrentar pra mudar de hábitos. Quando se trata de comer bem, nem todos podem comprar muitas frutas e vegetais frescos.

Rosand e Sheth dizem que a pontuação do cuidado cerebral não deve ser vista como um teste em que você pode falhar. “Muito poucos conseguem ter uma pontuação perfeita”, diz Sheth. “O objetivo é ter a melhor pontuação possível e a monitorar ao longo do tempo.”

Há muitas sobreposições entre a pontuação e o Life’s Essential 8 da American Heart Association, que inclui medidas cruciais pra melhorar a saúde da coração. Isso faz sentido, diz a dra. Helen Lavretsky, psiquiatra integrativa geriátrica da UCLA, porque está cada vez mais claro que muito do que faz bem pro coração também faz bem pro cérebro.

E nunca é cedo demais pra focar na prevenção. “Quanto mais cedo você começar, melhor”, diz Lavretsky.