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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Toqayev fala ao povo do Cazaquistão


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Desde o início do ano, as principais cidades do Cazaquistão, em especial Almaty, antiga capital e a maior do país, estão vivendo distúrbios inéditos desde a independência da URSS, em 1991, com ataques à polícia, incêndios em prédios do governo e saques a comércios privados. A razão principal teria sido um grande aumento nos preços dos combustíveis e a inércia na mudança do regime autoritário, mas os protestos pacíficos foram ofuscados por autênticas ações armadas e instabilizadoras. Pra um quadro mais completo da situação, acesse minha postagem anterior, mas aqui vou acrescentar mais algumas coisas.

A intervenção das forças da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, lideradas pela Rússia, despertou temores de que fosse associada a uma invasão por Moscou, ainda mais dado que 20% da população cazaque é de etnia russa, grande parte dela vinda nos tempos soviéticos. Porém, tanto Putin quanto o presidente Qasym-Jomart Toqayev negaram esse caráter, ainda mais que também há participação da Armênia, Tajiquistão, Belarus e Quirguistão. No dia 10 de janeiro, foi decretado dia de luto nacional pelos mortos nos conflitos de rua, em especial dos membros das forças da ordem. No mesmo dia, em reunião virtual dos chefes de Estado da OTSC, Toqayev fez outro discurso repetindo essencialmente o que trago aqui hoje.

Os críticos da violência também compararam as ações ao golpe, dentro do movimento maior do Euromaidan, que levou à renúncia de Viktor Ianukovych na Ucrânia (2014). Ou seja, os brasileiros estariam tendo uma amostra do que seria “ucrainizar” o país...

Como detalhe, digamos, cômico, o Talibã, cujo Afeganistão faz fronteira com outras três antigas repúblicas soviéticas “istão” ao sul do Cazaquistão, apelou por calma e por um diálogo que resolvesse a violência. Ou seja, combater nas montanhas é uma coisa, agora governar um país daquele tamanho, com tanta gente e de importância estratégica, é outra... (BBC em inglês)

O discurso traduzido abaixo é o segundo de valor histórico desta conjuntura, e foi o pronunciamento à nação que Toqayev fez em 7 de janeiro e que também ficou famoso no Ocidente porque nele o presidente deixou que as forças da ordem, como foi traduzido aqui, “atirassem pra matar”. Toqayev fez outras alocuções importantes nestes últimos dias, mas encerro minha cobertura por aqui, porque desde a postagem anterior eu já estava pensando em traduzir este texto. Também foi falado quase todo em russo, a língua interétnica do Cazaquistão, e está aqui apenas no formato escrito, pois não tenho mais tempo de legendar o vídeo original, que também segue abaixo apenas incorporado. A transcrição completa também pode ser lida no site da presidência.


Caros concidadãos!

Em nosso país continua a operação antiterrorista. Com as forças da polícia, da guarda nacional e do exército, está sendo conduzido um trabalho coordenado e em larga escala para restabelecer a lei e a ordem, de acordo com a Constituição.

Ontem a situação nas cidades de Almaty e Aqtöbe e na Província de Almaty se estabilizou. A instauração do estado de emergência está dando seus resultados. Em todo o país está sendo restaurada a legalidade constitucional.

Mas os terroristas, como antes, estão causando danos ao patrimônio público e privado, usando armas para lidar com os cidadãos.

Dei a ordem para que os órgãos de manutenção da lei e o exército atirassem para matar sem aviso prévio.

No exterior estão emitindo apelos para que as partes entrem em conversações e decidam pacificamente os problemas. Que tolice! Como poderia haver conversações com criminosos, assassinos?

Fomos obrigados a lidar com bandidos armados e treinados, tanto locais quanto estrangeiros. Exatamente com bandidos e terroristas. Por isso é preciso aniquilá-los. E isso será feito no prazo mais breve possível.

As forças da lei e da ordem estão moral e tecnicamente treinadas para cumprir a referida missão.

Como vocês já sabem, partindo das premissas básicas dos documentos estatutários da OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva), o Cazaquistão dirigiu aos chefes dos Estados-membros o pedido para introduzirem um contingente pacificador unido que fornecesse assistência no restabelecimento da ordem constitucional.

Esse contingente ficará em nosso país por um curto período de tempo para realizar as funções de cobertura e proteção.

Gostaria de expressar minha sincera gratidão ao primeiro-ministro da Armênia, que está presidindo a OTSC, e também aos presidentes de Belarus, do Quirguistão e do Tajiquistão.

Dirijo palavras especiais de agradecimento ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que reagiu com muita operatividade e, sobretudo, calor humano a meu apelo.

Expresso também minha gratidão ao Presidente da República Popular da China, aos presidentes do Usbequistão e da Turquia, aos dirigentes da ONU e de outras organizações internacionais pelas palavras de apoio.

Os trágicos acontecimentos em nosso país lançam luz de uma forma nova sobre os problemas da democracia e dos direitos humanos.

Democracia não significa permissividade, muito menos incitação, inclusive por meio de blogs, a atitudes ilegais.

Em meu discurso por ocasião dos 30 anos da Independência, eu disse que são exatamente a lei e a ordem que constituem a garantia básica do bem-estar de nosso país.

E não somente no Cazaquistão, mas também em todos os países civilizados.

Isso não significa de forma alguma um atentado às liberdades civis e aos direitos humanos. Pelo contrário, como mostrou a tragédia de Almaty e de outras cidades do Cazaquistão, são exatamente a inobservância das leis, a permissividade e a anarquia que levam à violação dos direitos humanos.

Em Almaty, nas mãos dos bandidos terroristas padeceram não somente os edifícios administrativos, mas também o patrimônio pessoal de habitantes pacíficos. Sem falar da saúde e das vidas de centenas de civis e militares.

Expresso minhas sinceras condolências aos parentes e amigos dos mortos.

Recordo que, por minha proposta em maio de 2020, foi adotada a lei sobre as reuniões pacíficas dos cidadãos.

Essa lei, no essencial, é um grande passo adiante no avanço da democracia em nosso país, porque tem em vista não o caráter deliberativo, mas informativo dos comícios e das reuniões. E isso nos distritos centrais de todas as cidades do país.

Mas de sua parte, os assim chamados “defensores de direitos” e “ativistas” colocam-se fora da lei e consideram que têm o direito de reunir-se onde bem entenderem e tagarelar o que bem entenderem.

Por causa das ações irresposáveis desses ativistazinhos, os policiais são desviados de sua atuação primordial de defesa da lei e da ordem, frequentemente se submetendo a agressões e ofensas.

Por causa desses “ativistas”, a internet sofre “censura”, no que resultam prejuízos aos interesses de milhões de cidadãos e dos negócios pátrios. Ou seja, é provocado um enorme dano à estabilidade econômica, social e política interna.

O papel de cúmplices e, no essencial, de instigadores nas violações da lei e da ordem cabe aos assim chamados meios “livres” de comunicação de massa e ativistas “exteriores”, distantes dos interesses nativos de nosso povo multiétnico.

Pode-se sem exagero dizer que todos esses demagogos irresponsáveis portam a cumplicidade pela irrupção da tragédia no Cazaquistão. E reagiremos firmemente a todos os atos de vandalismo legal.

De que viraremos com rapidez suficiente esta página sombria de nossa história não há nenhuma dúvida. O mais importante será não admitirmos que se repitam tais acontecimentos no futuro.

Formei um grupo interdepartamental especial que se encarregará de buscar e deter os bandidos e terroristas.

Prometo a nossos cidadãos que todas essas pessoas serão conduzidas ao mais rigoroso julgamento.

Peço a todos os cazaques que observem a prudência e a vigilância. Comuniquem sobre qualquer atividade duvidosa de pessoas suspeitas aos órgãos da lei e da ordem e aos telefones de urgência.

Deveremos realizar uma reavaliação concernente às ações dos órgãos de manutenção da ordem e do exército, bem como à sua coordenação interdepartamental.

Ficou claro também que não bastam forças especiais, operações especiais e equipamentos. Resolver essas questões será nosso encargo em regime de urgência.

É criticamente importante entender por que o Estado “deixou passar” a preparação clandestina dos atos terroristas das células adormecidas dos insurgentes. Somente em Almaty irromperam 20 mil bandidos.

Suas ações mostraram a existência de um claro plano de ataques às instalações militares, administrativas e sociais em praticamente todas as províncias, a coordenação estruturada das ações, a elevada preparação combativa e a crueldade selvagem.

Além dos insurgentes, atuaram especialistas treinados em diversionismo ideológico que empregam habilmente a desinformação ou notícias falsas e conseguem manipular o humor das pessoas.

A aparência é a de que sua preparação e liderança couberam a um único ponto de comando. Isso começou a ser revelado pelo Comitê de Segurança Nacional e pela Procuradoria Geral.

Agora, as boas notícias.

Por conta da estabilização da situação, tomei a decisão de restabelecer a internet em cada região do país dentro de determinados intervalos temporários. Estou certo de que essa decisão terá um impacto positivo nas atividades essenciais de nossos cidadãos.

Mas advirto que o livre acesso à internet não significa liberdade de publicar invencionices, calúnias, ofensas e chamados à insubordinação.

Caso apareçam tais materiais, tomaremos medidas para descobrir e punir seus autores.

A operação antiterrorista continua. Os insurgentes não depuseram as armas, continuam cometendo crimes ou se preparando para cometê-los. Devemos levar a luta contra eles até o final. Quem não se entregar será aniquilado.

Temos pela frente o grande trabalho de tirar as lições da tragédia pela qual passamos, inclusive do ponto de vista socioeconômico.

O governo deverá tomar decisões concretas, sobre as quais falarei em 11 de janeiro na Câmara Baixa do Parlamento.

E agora quero lhes falar, estimados compatriotas, que estou orgulhoso de vocês.

Expresso minhas palavras de agradecimento aos cidadãos do Cazaquistão que nestes dias mantiveram a tranquilidade, somaram forças para garantir a estabilidade e a ordem social.

Apesar das provocações e dos chamados destrutivos, vocês mantiveram a fé na lei e em seu país.

Agradeço pela consciência cívica dos estudantes das grandes cidades, do conjunto da classe operária e dos funcionários da indústria e da agricultura.

Agradeço aos moradores das regiões que se mantiveram pacíficos nos protestos ordeiros.

Todas as exigências externadas de forma pacífica serão ouvidas. Como resultado do diálogo, será alcançado um compromisso e serão elaboradas as decisões sobre problemas socioeconômicos urgentes.

Por isso, nas regiões em que foi mantida uma situação estável, revogaremos aos poucos o estado de emergência.

Tenho total confiança de que nossa Pátria sagrada, o Cazaquistão, se tornará um Estado forte no mapa do mundo, nossa economia terá um desenvolvimento dinâmico e a condição social de nossos cidadãos melhorará. Para atingirmos esses objetivos, proporei um plano de reformas e medidas concretas visando à sua realização.

Desejo a todos muita saúde e bem-estar!




sábado, 8 de janeiro de 2022

Presidente do Cazaquistão e protestos


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Desde o Ano Novo, o Cazaquistão está sob uma onda de protestos e depredações jamais vista em sua história como país independente. Choques assim, que incluíram massacres, chegaram a ocorrer na década de 1980 (ainda sob a URSS), por razões nacionalistas, e houve alguns distúrbios isolados em 2011 e em 2016. Mas algo que explodisse em todas as grandes cidades e em vários pontos do país, com exigência de estado de emergência, é a primeira vez.

Segundo as mídias do mundo todo, a razão das revoltas foi o aumento de 100% no preço dos combustíveis, num país que sempre produziu grande parte do óleo e do gás da antiga União Soviética. Mesmo com um fenômeno parecido (crise energética e inflação) ocorrendo ao redor do globo, houve manifestações inicialmente pacíficas que logo degeneraram em vandalismo de bandos organizados e quebradeira contra a infraestrutura urbana e prédios públicos. Parece ter-se juntado a insatisfação com o sistema político autoritário, cujo ditador de 1991 a 2019 foi Nursultan Nazarbayev, que renunciou em prol do atual presidente Qasym-Jomart Toqayev (às vezes também grafado Kasym-Zhomart Tokayev).

Quando o antigo burocrata comunista Nazarbayev renunciou, já havia protestos esporádicos, mas ainda hoje ele supostamente dá as cartas por trás dos bastidores. A mídia oficial ou oficiosa, como o canal bilíngue Khabar 24 bem como os telejornais russos, pintam os eventos como ações de gângsteres pagos, efetivos terroristas que estariam agindo do exterior pra desagregar o Estado. Não se menciona se por trás está o Ocidente ou fundamentalistas islâmicos, mas o fato é que o Cazaquistão faz fronteira com vários países com histórico de conflitos religiosos, e mesmo lá as tensões étnicas são latentes. Na América e na Europa, dá-se a impressão de protestos pacíficos esmagados por uma súbita repressão sangrenta de Toqayev e pela intervenção militar da Rússia (sempre mostrada como o vizinho malvadão) e aliados.

Outros canais independentes, como o russo TV Dozhd (hoje acossado por Putin), dão um quadro mais complexo: rixas dentro do grupo no poder teriam instigado gangues criminosas, ligadas a Nazarbayev e a um suposto enfrentamento a Toqayev. Meu amigo Raoni Azeredo, experiente professor de russo, me disse pelo Instagram que até veteranos da Ucrânia estariam agindo com terroristas islâmicos, no país em que a transição pro capitalismo mais teria dado certo. Não me alongando muito no contexto, apresento abaixo a junção das falas do presidente em 6 de janeiro de 2022 (ainda dia 5 no Brasil) na primeira reunião do Conselho de Segurança convocada contra os protestos e no primeiro discurso ao povo sobre os eventos.

A língua cazaque é da mesma família do turco e do azerbaijano, e muito próxima do tártaro e do uzbeque, escrevendo-se com o alfabeto cirílico desde a década de 1930 e atualmente em transição pro alfabeto latino. Como sua existência literária data da era soviética e como o russo, além da língua dominante da URSS, sempre serviu de língua interétnica, como o inglês na Índia ou o francês na África do Norte e Central, boa parte da população ainda fala russo, muito importante nos negócios de Estado. Por isso, Toqayev apenas faz breves aberturas e encerramentos em cazaque, os quais cortei do meu vídeo, e discursa essencialmente em russo com sotaque. A maior parte do primeiro texto está transcrita no site da presidência, e eu apenas completei com o que faltava e alinhei com o oral. Uma página de notícias deu todo o segundo texto, que apenas alinhei com o oral.

Geralmente não tenho republicado a versão original de textos longos, mas dada a importância histórica do tema e a fragilidade de certos registros na internet, agora eles ficarão registrados aqui. Como primeiro eu legendei o vídeo e depois arrumei a versão publicada, o escrito não está igual às legendas, e está inclusive mais correto em vários pontos. Nem por isso nenhum dos registros é melhor do que o outro. Última nota: até no emblema, não tem como evitar um paralelo entre a citada OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), criticada por Putin como um entulho da “guerra fria”...


Estou à frente do quartel-general antiterrorista. As estatísticas do ato terrorista alcançadas pelos bandidos revelam que são autênticos terroristas. Sabemos bem que estão delinquindo neste momento em Almaty e em outras cidades, ocupando prédios dos serviços públicos, sobretudo as instalações onde se encontram armas de baixo calibre, e atacando cadetes das escolas militares. Neste instante está havendo nos arredores de Almaty um confronto com divisões aéreas do Ministério da Defesa, um conflito persistente.

Assim, penso que de nossa parte, levando em conta que tais bandos terroristas são, na prática, internacionais, eles passaram por uma séria preparação no exterior e sua ofensiva sobre o Cazaquistão pode ser vista – e deve ser vista – como um ato de agressão. Portanto, com base no Tratado de Segurança Coletiva, dirigi-me hoje aos chefes de Estado da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) pedindo ajuda para que o Cazaquistão supere essa ameaça terrorista.

Essa na verdade não é mais uma ameaça, na verdade é uma sabotagem à integridade estatal, é sobretudo um ataque contra nossos cidadãos, que estão me pedindo, como chefe de Estado, que urgentemente os ajude. Meu dever constitucional consiste em ter de garantir bem-estar, segurança e tranquilidade a nossos cidadãos. Por isso, considero o apelo aos parceiros da OTSC absolutamente relevante e oportuno. Penso que o povo do Cazaquistão apoiará essa decisão. Juntos naturalmente venceremos.

Como eu já disse, os bandos terroristas estão tomando importantes instalações públicas. Em Almaty foram tomados basicamente o aeroporto e uns cinco aviões, incluindo aviões estrangeiros. Almaty sofreu ataque com vandalismo e destruição. Os moradores de Almaty estão sofrendo – não exatamente sofrendo, tornaram-se vítimas de um ataque de bandidos terroristas. Por isso, nosso dever, incluindo o dos membros aqui presentes do Conselho de Segurança da República do Cazaquistão, é tomar todas as medidas possíveis para defender nosso Estado do perigo externo.

Penso que podemos concluir a reunião por aqui, e comecem a trabalhar. Vamos fazer-nos claros e esperar que tudo seja controlado. Dirigindo-me aos cidadãos do Cazaquistão, sejam eles moradores da capital, moradores de Almaty ou de outras cidades vitimadas pela agressão dos terroristas, quero lhes assegurar que farei todo o possível, como Presidente da República do Cazaquistão, para defender os interesses de vocês, os interesses vitais. E penso que juntos alcançaremos a vitória. É uma página muito complicada da história de nosso Estado. Deveremos descobrir muitas coisas, de que forma e por que isso aconteceu, mas agora o essencial é defender nosso país, defender nossos cidadãos.

Я возглавляю контртеррористический штаб. Статистику теракта, которую учинили бандиты – настоящие террористы. Нам хорошо известно, они бесчинствуют в настоящее время в Алматы и в других городах. Захватывают здания инфраструктуры, и самое главное захватывают помещения, где находятся стрелковые оружия. Ведут бои с курсантами училищ. В настоящее время идет бой под Алматы с воздушно-десантными подразделениями Министерства обороны, упорный бой.

Поэтому я полагаю, что с нашей стороны, учитывая, что данные террористические банды являются по сути дела международными, они прошли серьёзную подготовку за рубежом и их нападение на Казахстан можно рассматривать – и нужно рассматривать – как акт агрессии. В связи с этим, полагаясь на Договор о Коллективной безопасности, я сегодня обратился к главам государств ОДКБ оказать помощь Казахстану в преодолении этой террористической угрозы.

На самом деле это уже не угроза. На самом деле это подрыв целостности государства, и самое главное – это нападение на наших граждан, которые просят меня как Главу государства в срочном порядке оказать им помощь. Моя конституционная обязанность состоит в том, что я должен заботиться о благополучии, безопасности и спокойствии наших граждан. Поэтому, обращение к партнёрам по ОДКБ считаю абсолютно уместным, своевременным. Думаю, что народ Казахстана поддержит это решение. Вместе мы естественно победим.

Террористические банды захватывают, как я уже сказал, крупные инфраструктурные объекты. В частности, в Алматы захвачен аэропорт, около пяти самолётов, включая иностранные самолёты. Алматы подвергся нападению, разрушению, вандализму. Жители Алматы страдают – не точно страдают, они стали жертвами нападения террористов, бандитов. Поэтому наша обязанность, в том числе и присутствующих здесь членов Совета безопасности Республики Казахстан принять все возможные действия для защиты нашего государства от внешней угрозы.

Я думаю, на этом можно завершить своё совещание, и приступайте к работе. Будем оговориться [sic], надееться, что всё обойдётся. Обращаясь к гражданам Казахстана, будто это жители столицы, жители Алматы и других городов, которые стали жертвами агрессии террористов, я хочу заверить вас в том, что сделаю всё возможное как Президент Республики Казахстан для защиты ваших интересов, жизненных интересов. И думаю, что мы вместе одержим победу. Это очень сложная страница в истории нашего государства. Многие вещи предстоит изучить, каким образом, почему это случилось. Но главное сейчас – защитить нашу страну, защитить наших граждан.

Em nossa querida cidade de Almaty estão ocorrendo ataques massivos aos agentes da lei e ordem. Há entre eles mortos e feridos. Multidões de elementos marginais estão agredindo os militares e os provocando. Andam pelados pelas ruas, abusam das mulheres, saqueiam as lojas. A situação está ameaçando a segurança de todos os moradores de Almaty. Não devemos admitir isso. Além de Almaty, a situação também se degradou em alguns outros centros provinciais. Por conta disso, introduzi o estado de emergência em diversas regiões. É uma ação necessária. Como presidente, sou obrigado a zelar pela segurança e tranquilidade de nossos cidadãos, preocupar-me com a integridade do Cazaquistão.

As medidas que tomei visam ao bem-estar de um Cazaquistão multiétnico. Mas por enquanto essas medidas não bastam. Chama a atenção a elevada organização dos elementos arruaceiros. Isso evidencia a elaboração minuciosa de um plano de ação conspiratório com motivações financeiras. Literalmente conspiração. Por isso, como chefe de Estado e, a partir de hoje, presidente do Conselho de Segurança, pretendo reagir com máximo rigor.

O que está em jogo é a segurança de nossos cidadãos, que me fazem inúmeros pedidos para defender suas vidas e as vidas de suas famílias. O que está em jogo é a segurança de nosso Estado. Tenho certeza de que o povo me apoiará. O que quer que aconteça, permanecerei na capital. É meu dever constitucional: estar junto do povo. Juntos viraremos esta página sombria da história do Cazaquistão. Sairemos dela fortes. Dentro em breve apresentarei novas propostas de transformação política do Cazaquistão. Estarei na primeira linha das sucessivas reformas.

Gostaria de agradecer especialmente aos agentes dos órgãos de manutenção da lei e aos militares que suportaram os golpes dos grupelhos ofensivos e infelizmente estão sofrendo baixas. Expresso às suas famílias minhas sinceras condolências e sentimentos.

В нашем любимом городе [Алматы] происходят массовые нападения на сотрудников правопорядка. Среди них есть убитые и раненные. Толпы бандитствующих элементов избивают военнослужащих, издеваются над ними. Голыми водят по улицам. Подвергают насилию женщин. Грабят магазины. Обстановка угрожает безопасности всех жителей Алматы. И это терпеть нельзя. Помимо Алматы обстановка накалилась и в некоторых других областных центрах. В связи с чем, в ряде регионов мной введено чрезвычайное положение. Это необходимая мера. Как президент я обязан защищать безопасность и спокойствие наших граждан, беспокоиться о целостности Казахстана.

Принятые мною меры нацелены на благополучие многонационального Казахстана. Но эти меры пока не достаточны. Обращает на себя внимание высокая организованность хулиганствующих элементов. Это свидетельствует о тщательно продуманном плане действий заговорщиков, которые мотивированы финансово. Именно заговорщиков. Поэтому как глава государства и с сегодняшнего дня председатель Совета Безопасности намерен действовать максимально жёстко.

Это вопрос безопасности наших граждан, которые обращаются с многочисленными просьбами ко мне защитить их жизнь и жизнь их семей. Это вопрос безопасности нашего государства. Уверен, народ меня поддержит. Чтобы ни было, я буду находится в столице. Это моя конституционная обязанность: быть вместе с народом. Вместе мы преодолеем эту чёрную полосу в истории Казахстана. Выйдем из неё сильными. В скором времени я выступлю с новыми предложениями по политической трансформации Казахстана. Я остаюсь на прежней позиции последовательных реформ.

Хотел бы особо [sic] поблагодарить сотрудников правоохранительных органов и военнослужащих. Они приняли на себя удар воинствующих группировок и, к сожалению, несут потери. Выражаю их семьям искреннее соболезнование и сочувствие.