

Encerrando nossa série em memória de Mikhail Gorbachov, último líder da extinta União Soviética (URSS) e seu primeiro e único presidente (cargo criado como consequência de suas reformas fracassadas), apresento minha tradução a esta resposta dada à pergunta de um repórter por Dmitri Peskov, secretário de imprensa do Kremlin e porta-voz do presidente russo Vladimir Putin. Decidi traduzir porque também achei interessante como documento histórico sobre a relação tensa e ambígua do putinismo com essa época de reformas (Gorbachov e Ieltsin), a se notar pelo jeito balbuciante com que Peskov tenta fornecer um argumento.
Obviamente que o porta-voz do invasor da Ucrânia, devendo refletir em alto grau a opinião do governo, não podia rasgar-se em elogios ao ex-dirigente, mas também não podia “meter o pau”, já que, segundo consta, uma geração de jovens está estudando sozinha a história e tirando suas próprias conclusões. Porventura, jamais saberemos o que Peskov realmente pensa, e como ele viveu aquela parte tão turbulenta do que ele chama de “nossa grande história”.
A melhor transcrição, que pelo menos não exponha só fragmentos da fala, foi publicada pelo jornal Komsomolskaia pravda, e eu apenas preenchi com a tradução direta de alguns trechos orais que não constavam no site. O vídeo de Peskov sem legendas, que também segue abaixo, foi publicado no canal do jornal russo Kommersant. E no final, um presente: o vídeo de propaganda gravado em 2005, que fica na página inicial do site do Fundo Gorbachov, que resgatei caso os donos tirem do ar. Tem legendas em inglês, não tive tempo de traduzir.
Falecido ontem, Mikhail Sergeievich Gorbachov foi um homem de Estado que vai ficar pra sempre na história de nosso país. Muitos disputam sobre o papel que ele desempenhou. Mas que ele foi uma pessoa extraordinária, uma pessoa única, isso é ponto pacífico. Ele é conhecido e lembrado, e será lembrado, no mundo todo.
Também há muitas disputas. Por exemplo, a conclusão da guerra fria. Sim, Gorbachov impulsionou a conclusão da guerra fria, e ele quis crer sinceramente que quando ela terminasse, começaria um eterno período de romance entre a nova URSS e o chamado “Ocidente coletivo”. Esse romance não se concretizou, não se obteve nenhum romance nem o século de lua de mel: a sede de sangue de nossos oponentes ficou escancarada. Que bom que isso foi reconhecido e entendido a tempo.
Hoje de manhã o presidente enviou um telegrama de condolências aos familiares e amigos de Gorbachov. Essa é realmente uma grande perda pra todos nós.
Quanto à força da convicção, a história não se conjuga no modo subjuntivo. Por isso, argumentar se fosse assim, se hoje tudo fosse diferente, se fosse assado, isso não existe. Só podemos e devemos conhecer nossa história em detalhes, cada um terá seu ponto de vista sobre o que foi bom, o que foi ruim e o que falhou.
Mas em todo caso, tudo isso é nossa história, da qual você e eu nos orgulhamos e vamos sempre nos orgulhar. Porque essa é uma grande história.
Como postei aqui, a relação do presidente (praticamente ditador) russo Vladimir Putin com o último líder da extinta URSS (como secretário-geral do Partido Comunista e como presidente do país) Mikhail Gorbachov não era das melhores. Por isso, ao contrário do que ocorreu entre os líderes ocidentais, não era de se esperar que o Kremlin soltasse qualquer nota extremamente elogiosa. O telegrama assinado por Putin à família de Gorbachov é totalmente quadrado e protocolar.
Gorbachov não foi um bom líder. É claro que seu grande mérito foi a distensão militar com o resto do mundo, alcançada por sua simpática personalidade. Mas internamente, as reformas redundaram em total fracasso, num sistema político-econômico absurdo que praticamente era irreformável, e a violência e o autoritarismo não saíram de cena quando mais convinha, sobretudo nas muitas mortes durante as primeiras rebeliões nas repúblicas não eslavas.
Como traduções minhas, hoje posto aqui as condolências oficiais de Putin, o anúncio oficial da passagem de Putin pelo hospital pra ver o caixão, uma notícia informando que Putin não irá ao velório nem ao enterro e as informações sobre o funeral dadas pelo Fundo Gorbachov, que representa oficialmente o ex-político.
Aceitem minhas profundas condolências por ocasião do falecimento de Mikhail Sergeievich Gorbachov.
Mikhail Gorbachov foi um político e um homem de Estado que exerceu uma enorme influência sobre o curso da história mundial. Ele liderou nosso país em um período de mudanças complexas e dramáticas e de desafios diplomáticos, econômicos e sociais de larga escala. Entendeu profundamente que as reformas eram necessárias e buscou apresentar suas soluções aos problemas candentes.
Mencionarei especialmente a grande atuação humanitária, beneficente e educativa que Mikhail Sergeievich Gorbachov conduziu em todos esses últimos anos.
Peço mais uma vez que aceitem minhas sinceras palavras de sentimentos e apoio por ocasião da perda que vocês sofreram.
1.º de setembro, às 7h25min de Brasília:
O presidente Putin chegou ao Hospital Clínico Central, onde honrou a memória de Mikhail Gorbachov depositando flores sobre seu caixão.
Mikhail Gorbachov faleceu em 30 de agosto aos 91 anos de idade.
Putin não irá ao velório e enterro de Gorbachov:
O presidente russo Vladimir Putin já se despediu do ex-presidente da URSS, Mikhail Gorbachov, no Hospital Clínico Central. O chefe de Estado não comparecerá à cerimônia pública de despedida, no sábado, por estar com a agenda lotada, comunicou Dmitri Peskov, porta-voz do presidente.
“Hoje o presidente se dirigiu à província de Kaliningrado, e hoje ele terá um dia de trabalho em Kaliningrado, mas antes de partir o presidente passou no Hospital Clínico Central para despedir-se de Mikhail Sergeievich Gorbachov depositando flores sobre seu caixão”, diz Peskov segundo a RIA Novosti.
O representante do Kremlin destacou que a cerimônia pública de despedida ocorrerá em 3 de setembro, mas a agenda de trabalho do presidente não lhe permitirá participar.
“Por isso, ele tomou a decisão de fazer isso hoje sem falta. Lá haverá elementos de funeral de Estado, no sentido de que haverá, naturalmente, uma guarda de honra, uma despedida. O Estado oferecerá ajuda na organização”, acrescentou Peskov, falando sobre a cerimônia de sábado.
Recordamos que Gorbachov, primeiro e único presidente da URSS, morreu em 30 de agosto aos 91 anos após uma grave e prolongada doença. O acesso à cerimônia de despedida, que ocorrerá no dia 3 de setembro no Salão das Colunas da Casa dos Sindicatos, no centro de Moscou, será aberto ao público.
Anúncio do Fundo Gorbachov:
A cerimônia de despedida (velório) de M. S. Gorbachov ocorrerá a 3 de setembro de 2022 a partir das 10h [de Moscou, 4h de Brasília] no Salão das Colunas. O acesso ao público será livre.
O sepultamento ocorrerá no mesmo dia, no Cemitério Novodevichi.
Não pude deixar desapercebida a morte de Mikhail Sergeievich Gorbachov, político russo-soviético que foi escolhido em 1985 como secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), cargo que na prática dava o poder máximo, e em 1990 se fez eleger indiretamente como presidente da URSS, cargo que ele criou numa espécie de reforma política. Porém, não houve tempo pra que o posto tivesse futuro, pois o país foi dissolvido em 1991, quando surgiu a Rússia republicana como conhecemos hoje. Não preciso repetir a história, que tantas vezes já contei aqui e que pode ser encontrada em bons livros e sites.
O importante é mostrar como a carreira e a morte de Gorbachov foram narradas pelo atual governo de Vladimir Putin, na prática uma ditadura que transformou o novo Estado russo num monstro violento, belicista e autoritário. Várias vezes, o atual presidente se referiu à dissolução da URSS como a maior catástrofe geopolítica do século 20, mas jamais expressou qualquer saudade pelo comunismo. Pelo contrário, enquanto evita mencionar Stalin, que venceu a guerra da qual Putin ainda tenta ordenhar tanto capital político, desceu a lenha em Lenin quando invadiu a Ucrânia, por causa do projeto federalista original do bolchevique. No passar dos anos, Gorbachov foi se tornando cada vez mais crítico ao Kremlin, o qual o abandonou no discurso político.
Não por menos, esta reportagem transmitida ontem pelo canal oficial de notícias Rossia 24 fez um balanço bastante negativo, não faltando passagens irônicas e rancorosas. O atual cenário geopolítico ajuda a explicar tudo. Eu fiz a tradução, que pode conter erros, com base nesta transcrição, também de site estatal, e apenas incluí algumas passagens orais que não foram publicadas. Pra mim, o valor do texto é essencialmente histórico, mas serve como um contraponto à babação de ovo da Globo em cima de um Gorbachov bastante controverso.
O primeiro e único presidente da URSS, Mikhail Gorbachov, faleceu aos 91 anos após uma doença grave e prolongada. Assim foi anunciado no Hospital Clínico Central. Durante a atuação de Mikhail Gorbachov, ocorreram importantíssimas mudanças no âmbito geopolítico. Iliá Kanavin tem os detalhes.
Ele apareceu quando era mais necessário do que nunca.
“O humor das pessoas está mudando. Toda nossa sociedade começou a movimentar-se.”
Em 1984 recebeu poderes quase absolutos no maior país do mundo. O sorridente secretário-geral de terno impecável e sotaque do Sul fez esse país se apaixonar por ele. Gorbachov também não se parecia com seus predecessores, assim como as propostas de perestroika e glasnost não se pareciam com os morosos slogans soviéticos. A “perestroika” significa que as coisas devem ser feitas por conta própria, e não apenas pra cumprir ordens. “Glasnost” significa que se pode falar, e não sussurrar. Ler Solzhenitsyn, Dovlatov, Nabokov, Rybakov e Brodski não levaria à prisão nem sequer à demissão do trabalho.
“– Fique mais perto do povo, nunca vamos lhe fazer mal. – E como poderia estar mais próximo?”
Assim então o recebiam por toda a parte. Ele começou a falar com as pessoas à maneira delas. Até mesmo a palavra perestroika entrou no uso político não depois do pleno do Comitê Central em janeiro de 1987, mas em abril de 1986, depois que o secretário-geral discursou aos operários da Montadora Volga. Foi então que se tomou a decisão de se criar a AvtoVAZ.
Ele tirou Andrei Sakharov da prisão, decretou a aposentadoria de quase todo o Birô Político de Brezhnev e insistiu na retirada de nossas tropas do Afeganistão. Foram coisas percebidas como bons sinais. Ele nutria em si esperanças tão grandes que nenhuma pessoa no mundo poderia realizá-las. Gorbachov foi literalmente embriagado pelo amor popular. E o povo também foi embriagado.
Num ingênuo arroubo democrático, os diretores das grandes fábricas começaram a ser escolhidos pelos operários. Resultado: as empresas frequentemente quebravam e se dissolviam em cooperativas. Assim era a iniciativa popular em ação. Ele iniciou uma campanha antiálcool pra reduzir a mortalidade. Resultado: parreirais foram desplantados, o açúcar foi racionado, perderam-se 62 bilhões de rublos soviéticos e faziam-se piadas sobre casamentos sem álcool. As primeiras eleições livres se tornaram tão indicativas daquele tempo quanto as prateleiras vazias das lojas. A catástrofe em Chornobyl e o terremoto na Armênia também eram maus sinais.
A URSS estava abalada, e se nada fosse mudado, os economistas lhe davam mais 10 ou 15 anos de vida. Mas não se pode mudar tudo, a economia e a organização política do Estado, de uma vez só, diziam a Gorbachov, mas ele queria tudo e imediatamente, acreditava que daria certo.
A queda do muro de Berlim foi o exemplo mais evidente de como a perestroika soviética mudou a organização do mundo. Da tribuna da ONU, em 1988, Gorbachov anunciou que a URSS estava adotando o princípio de não interferência nos assuntos internos da Alemanha Oriental. E um ano depois, o muro ruiu, apesar das objeções do Reino Unido e da França. Até na Alemanha Ocidental muitos diziam que era necessário um período de transição.
Mas Gorbachov queria derrubar imediatamente todos os muros. Para o cidadão ocidental médio, Gorbachov estava na moda, como um astro do rock. E que cidadão: Thatcher se encantou com Gorbachov nos primeiros encontros. Ainda mais que ele lhe mostrou um mapa com os alvos de foguetes soviéticos no Reino Unido e nos EUA. Tirado os sapatos e subindo com os pés na poltrona, a Dama de Ferro, não escondia sua admiração. Depois ela viajou aos EUA e lá disse sua conhecida frase:
“Eu gosto do sr. Gorbachov. Podemos fazer negócios juntos. Acreditamos em nossos sistemas políticos. Ele acredita firmemente no dele, e eu no meu. Nenhum de nós pode obrigar o outro a mudar seu sistema.”
Mas hoje poucos se lembram de que ela também disse isto a Gorbachov:
“Eu lhe disse que penso que não devemos nos desfazer do arsenal nuclear. O arsenal nuclear é o melhor fator de dissuasão: caso renunciemos a ele, aumenta o risco de uma guerra comum ou com uso de armas químicas.”
Nos seis anos em que permaneceu no poder, Gorbachov se encontrou 11 vezes com os presidentes dos EUA: cinco com Reagan e seis com Bush pai.
E nós, soviéticos, pela primeira vez nos orgulhamos de como nosso líder era recebido no Ocidente. Primeiro, a URSS anunciou unilateralmente uma moratória nos testes nucleares, e depois assinou com os EUA o acordo de liquidação dos foguetes de pequeno e médio alcance. Já o Ocidente percebeu esses passos como uma demonstração de fraqueza, pois Moscou sequer exigiu garantias de que a OTAN não se ampliaria até nossas fronteiras. Bem, prometeram nas palavras.
“Os EUA eram obcecados pela vitória na ‘guerra fria’. Mas que vitória?”
Aliás, então confiando em Gorbachov, o país não pensava haver tal perigo do bloco militar estrangeiro em suas fronteiras. O confronto com o Ocidente parecia coisa do passado. E nas apertadas cozinhas soviéticas se falava não das doenças senis dos líderes nem de inimigos externos. O novo tema em voga eram Gorbachov e Raisa. Ocorre que um secretário-geral pode amar com tamanho desinteresse e ser amado com tamanha intimidade. Anos depois, depois que
Raisa Gorbachova já tinha falecido, Gorbachov, avaliando tudo pelo que ele teve de passar, vai dizer que os piores meses da sua vida foram os dois em que ela desfalecia diante de seus olhos.
“Nenhuma provação, nem mesmo o golpe de 1991, sequer se compara a isso.”
Ainda é impossível entender quando se deu a ruptura depois da qual surgiram como que dois Gorbachov. Um é respeitado pela liberdade entre os cidadãos dos países ocidentais, outro é o que tem despertado cada vez mais perguntas em seu país. Ele ora lutava contra os professores e taxistas privados, ora os incentivava por todos os meios. No início se opôs com bastante rigidez ao desejo de separação dos países bálticos, depois simplesmente deixou pra lá. Não deu atenção aos acontecimentos em Tbilisi. Tornou-se presidente não pelo voto popular, mas num Congresso de Deputados do Povo.
“Juro servir fielmente ao povo de nosso país, cumprir honestamente com as altas responsabilidades a mim atribuídas como Presidente da URSS.”
Depois foi derrotado por Ieltsin. Mas vai ser pra sempre o primeiro e último presidente de um país que não existe mais. E a vila de Forós, na Crimeia, sempre vai se lembrar do golpe de 1991. Os cidadãos não perdoaram Gorbachov pelas esperanças decepcionadas, e os pesos-pesados da burocracia – comunistas e anticomunistas –, por ele sequer ter tomado o partido de ninguém. Forós foi o único golpe soviético que se realizou às vistas de todos. Eis aí a ironia da glasnost (transparência).
“Isolaram-me da sociedade.”
Ele ficou completamente sozinho. Ele passou por tudo o que era possível a uma pessoa: da adoração geral à humilhação geral. A morte do país que ele amava e que ele tanto queria reavivar.
“Estou deixando meu posto com preocupação, mas também com esperança, com fé em vocês, em sua sabedoria e em sua força de espírito.”
Depois de renunciar, encontrou em si forças pra mostrar que uma vida plena e normal é possível com o fim do exercício do poder. E além disso, exatamente no próprio país. Ele não deixou a Rússia embora saísse pra dar palestras. E seu aniversário de 80 anos foi celebrado em Londres junto com Sharon Stone e Arnold Schwarzenegger. Andrei Makarevich cantou pra ele em inglês.
Especialistas da Biblioteca do Congresso dos EUA incluíram Gorbachov na lista das 100 personalidades mais célebres da história mundial. Ou seja, pra eles está tudo certo com Gorbachov. Já pra nós tudo é mais complexo. Em junho de 2014, uma de suas últimas entrevistas televisionadas foi sobre os acontecimentos na Ucrânia.
“Exceto pela parte ocidental da Ucrânia, é um povo muito próximo de nós, muito próximo, mesmo agora, sem contar a história longínqua. Na liderança da URSS, em todos os anos do Poder Soviético, mais que outros participaram russos e ucranianos.”
Gorbachov considerou então a reincorporação da Crimeia à Rússia a correção de um erro histórico. É verdade que não explicou de quem foi o erro. Pois pra Moscou, a Crimeia foi perdida quando a bandeira soviética foi retirada do Kremlin.
“Só a mim, do que não chamaram, por assim dizer, de Satã, de diabo, de Deus que desceu à Terra pra salvar nosso azarado país... foi tudo isso.”
O tempo que passou desde que ele esteve no poder é curto demais pra esclarecer todos os pontos. Todos correram pro espaço de liberdade aberto por Gorbachov, mas nem todos encontraram o que esperavam. Gorbachov nos libertou não somente da estreiteza comunista, mas também das ilusões pós-comunistas. E essa libertação foi obtida de forma dolorosa. Pra ele também.
Pra nos lembrarmos dos 30 anos do fim da União Soviética, que serão completados no dia 25 de dezembro de 2021, estou trazendo algumas matérias do Jornal Nacional que achei por acaso, enquanto procurava outros vídeos históricos. Alguns vídeos são do YouTube, outros do próprio site do Globoplay, de cuja seção de jornalismo eu consegui craquear algumas pérolas pra lá de históricas.
A razão pra eu ter feito esta postagem, além do próprio aniversário redondo desses importantes eventos, foi que eu queria ter um suporte pros referidos vídeos, já que originalmente eu os tinha postado no antigo canal Pan-Eslavo Brasil, do YouTube, que foi, porém, derrubado pelo Google em agosto de 2021. Infelizmente, por eu não ter feito o backup de algumas informações antes que ocorresse esse incidente, não pude indicar de novo o endereço original de alguns dos vídeos.
Não repostei nem incorporei aqui a famosa reportagem de Pedro Bial falando de Moscou, quando Mikhail Gorbachov deixou a presidência da URSS (fato que selou a dissolução da União), porque ela pode ser facilmente encontrada no YouTube. Porém, há muitos anos já postei aqui o célebre discurso de renúncia nas versões escrita e legendada. Após cada vídeo, seguem também as descrições reconstituídas ou originais que podiam ser lidas no Pan-Eslavo Brasil.
Quem na prática governava a URSS desde Stalin era o secretário-geral do Partido Comunista único, embora nunca houvesse uma lei a respeito. Gorbachov assumiu o posto em 11 de março de 1985, e em 1.º de outubro de 1988 passou a acumular a liderança do Soviete Supremo (parlamento), renunciando ao segundo em 15 de março de 1990. Nesse mesmo dia, assumiu o recém-criado posto de “presidente da União Soviética”, que absorveu parte das funções da chefia parlamentar e deveria comportar o chefe de Estado.
Gorbachov só renunciou à liderança do partido em 24 de agosto de 1991, pouco antes da organização ser suspensa após a tentativa de golpe de Estado, e no Natal passaria a presidência da URSS a Boris Ieltsin, presidente da Rússia eleito em 1990. Com as independências nacionais das repúblicas gradualmente proclamadas, o cargo perdia sua razão de ser.
Gorbachov diz que pode renunciar se as reformas falharem (Jornal Nacional, 4 de julho de 1990)
O então presidente da antiga União Soviética, Mikhail Gorbachov, disse no dia 4 de julho de 1990 que se as reformas econômicas em curso, batizadas de “perestroika” (reconstrução, reestruturação), não dessem certo, ele poderia renunciar ao cargo. Era uma espécie de chantagem emocional contra os “conservadores”, que ainda estavam pesando nas decisões do último congresso do PCUS, o partido único. Foi profético: a URSS se dissolveu, a economia foi pro saco e ele renunciou no Natal de 1991.
Em maio de 2021 eu assisti no YouTube à íntegra do Jornal Nacional daquele dia, e encontrei a referida matéria por acaso. Além da chamada no bloco inicial, deixei uma cômica referência ao Maradona no final (que era o final daquele bloco), hehehe. Na época, Cid Moreira e Sérgio Chapelin ainda apresentavam em épica dupla, e Sílio Boccanera fazia a cobertura de Moscou. Este repórter tinha ficado famoso após cobrir a queda do Muro de Berlim em 1989 e ser filmado na célebre reportagem em cima da obra, em ângulo de aproximação gradual. Após 31 anos de serviço, Boccanera se aposentaria em 2019.
Mikhail Gorbachov sofre tentativa de golpe de Estado na URSS (Jornal Nacional, 19 de agosto de 1991)
Mikhail Gorbachov foi eleito secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética em 1985, assumindo, portanto, o comando efetivo da superpotência comunista. Porém, ele mesmo criou logo depois o cargo de “presidente da URSS”, que o próprio também ocupou, como forma de separar o partido único do aparelho de Estado. Altamente impopular e com um governo desgastado pela saída militar do Afeganistão, pelas privatizações corruptas, pela perda do bloco comunista na Europa Oriental, pelo fracasso das reformas estruturais e pelo colapso econômico, Gorbachov sofreu uma tentativa de golpe militar da chamada “linha dura” do PCUS, mais ligada às antigas práticas.
Em 19 de agosto de 1991, ele estava tirando férias na península da Crimeia (hoje parte da Ucrânia, mas ocupada pela Rússia desde 2014), quando uma parte opositora das Forças Armadas tomou os principais prédios públicos de Moscou, encontrando, porém, resistência popular. Essa resistência ao golpe, que visava retroceder em todas as reformas liberalizantes instauradas por Gorbachov, foi comandada do parlamento da RSFS da Rússia pelo presidente russo eleito no ano anterior, Boris Ieltsin. Ocidentalizante e liberal, ele tinha rompido com Gorbachov e agora protagonizava o combate ao comunismo e às velhas práticas.
Naquela madrugada, o parlamento foi bombardeado e severamente avariado, e a população estava sob toque de recolher, mesmo não o respeitando plenamente. Ainda noite no Brasil, o Jornal Nacional com os lendários Cid Moreira e Sérgio Chapelin informava que, na falta de informações exatas, dizia-se que Gorbachov tinha sido levado dos balneários da Crimeia a um local desconhecido, ou mesmo a Moscou. Como saberíamos depois, o golpe fracassou e Gorbachov retomaria suas funções, renunciando ao cargo de secretário-geral e, finalmente, ao de presidente da URSS em 25 de dezembro, data que ficou marcada como a dissolução efetiva da União. Ieltsin promulgaria a constituição da Federação Russa em 1993 (alterada em meados de 2021 por emendas propostas por Vladimir Putin), e seria reeleito presidente em 1996, mas não impediria, naquela década, de levar a Rússia a um abismo muito maior.
Como correspondente especial em Moscou, usando o velho telefone fixo, num tempo em que a popularização da internet (então já inventada) ainda era um sonho, falava Pedro Bial, ex-apresentador do BBB antes de Tiago Leifert e atual apresentador, ainda na Globo, do programa Conversa com Bial.
Gorbachov nos 25 anos da queda do muro (Berlim, Jornal da Globo, 7 de novembro de 2014)
Reportagem do Jornal da Globo apresentada pelo ex-global William Waack em 7 de novembro de 2014 mostra Mikhail Gorbachov participando da celebração dos 25 anos da queda do Muro de Berlim, na capital da Alemanha hoje unificada. O último dirigente da União Soviética (como secretário-geral do Partido Comunista e como seu único “presidente”) teve um papel fundamental no fim da chamada “guerra fria” e do antigo bloco comunista da Europa, mas deixou seu país falido e desorganizado.
Admirado, contudo, como um grande líder pela comunidade internacional, participou então do aniversário, deixando a marca de suas mãos no Checkpoint Charlie, o mais famoso posto de fronteira entre as duas Alemanhas. De 1949 a 1989, o país foi dividido pelas potências vencedoras da 2.ª Guerra Mundial em um lado ocidental (capitalista) e outro oriental (comunista), sendo Berlim, encravada no lado comunista, também dividida em duas. A fuga de pessoal qualificado do lado oriental levou o então líder comunista Walter Ulbricht, com a anuência do soviético Nikita Khruschov, a construir em 1961 um grande muro de concreto, cheio de postos de vigia armados, cortando as duas partes de Berlim.
O muro se tornou na “guerra fria” um símbolo infame da hostilidade e ruptura entre os dois blocos mundiais, mas terminou sendo retirado pela pressão popular, em 1989, durante protestos sociais que sucederam a comemoração dos 40 anos da Alemanha comunista. Evento inesperado que levou abaixo os já terminais regimes comunistas vizinhos, escapou ao controle de Gorbachov, que teve de ver passivo a reunificação das Alemanhas em 1990 e a dissolução da própria URSS em 1991.
Após sua renúncia, Gorbachov nunca mais ocupou cargos públicos, tendo recebido uma votação irrisória como candidato à presidência da Rússia em 1996. O próprio William Waack, mesmo sendo jornalista, escreveu vários livros sobre partidos e regimes comunistas, sendo o mais famoso deles Camaradas, com uso pioneiro, embora ilegal, da documentação da Comintern em Moscou no início dos anos 90.
Em 2011, fez 20 anos que a União Soviética se dissolveu por obra e “graça” de Mikhail Gorbachov, ex-Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e Presidente da URSS. Porém, seu discurso de renúncia à Presidência, televisionado a 25 de dezembro de 1991 e que ratificava o fim do país, continuava não traduzido para o português, à exceção de alguns trechos transmitidos em telejornais de inúmeras redes já naquela época. Na internet, traduções havia já, embora mais apressadas do que fiéis (não que eu duvide que “toda tradução é uma traição”, claro), para o inglês, o francês e o espanhol, e talvez para outras línguas que desconheço.
No discurso, Gorbachov lamenta a tendência predominante que levou à dissolução da URSS e defende a justeza de suas próprias decisões e o alcance de inúmeras conquistas que o país teria alcançado desde 1985, como a liberalização econômica, o respeito às liberdades individuais e o fim da “guerra fria” e da “corrida armamentista”. Mesmo assim, não deixa de apontar os inúmeros tormentos e crises por que os soviéticos estavam passando, justificando-os como “necessários” para a efetivação das mudanças e atribuindo seu agravamento às resistências conservadoras no aparelho estatal e econômico, bem como na cultura política local. Ao final, agradece a todos os que o apoiaram na promoção das reformas e manifesta sua preocupação com a situação que deixará para trás, mas reafirma sua fé na grandeza nacional e na capacidade do povo de superar as dificuldades, e vaticina um futuro de prosperidade e paz àquela que havia deixado de ser a segunda superpotência mundial.
A beleza e a confiança das palavras disfarçavam uma situação de caos e falência que iriam marcar a Rússia e outros países do antigo bloco socialista após 1991. Embora, na maior parte dos casos, a glasnost (abertura política) fosse uma realidade, a perestroika (reconstrução econômica) havia esbarrado na precariedade da indústria, do comércio e dos serviços, já muito mal desenvolvidos e em estado precário desde a estagnação do início dos anos 1980. Isso resultou em aumento da pobreza, desemprego, encarecimento dos bens materiais e as consequentes criminalidade, diminuição da população e agravamento do problema das drogas, tornados ainda mais escancarados com o fim da censura à imprensa e à televisão. Já no período Gorbachov, a desestatização das empresas, longe de gerar aumento da produtividade e distribuição de riqueza, apenas as entregara nas mãos de máfias e oligopólios que se beneficiaram de uma privatização corrupta e pouco transparente, a agravar-se ainda mais sob o comando de Boris Ieltsin.
Realizei esta tradução na segunda metade de 2012, buscando ajudar aos interessados num assunto ainda muito debatido em nossos meios políticos, acadêmicos e intelectuais. Após uma primeira versão preliminar em português, cotejei o resultado, além do original em russo novamente, com as versões inglesa, francesa e espanhola e com uma interpretação simultânea italiana, antes de realizar novas revisões. As poucas notas são minhas, e se limitam a esclarecer pontos ainda escassamente conhecidos pelas(os) brasileiras(os) curiosas(os).
O texto do discurso no original se encontra, à guisa de prefácio, no tomo 1 das memórias de Gorbachov, Zhizn i reformy (Vida e reformas), Moscou, Novosti, 1995, pp. 5-8, e pode ser lido nesta página. Também pode ser encontrada uma cópia neste site de documentos, acompanhada de comentários e contextualização em russo. Logo abaixo também o próprio vídeo legendado:
Caros compatriotas! Concidadãos!
Por força da situação gerada com a formação da Comunidade de Estados Independentes, estou encerrando minha atuação como Presidente da URSS, decisão que tomo por razões de princípio.
Defendi firmemente a autonomia dos povos da URSS e a soberania das Repúblicas, mas lutei, ao mesmo tempo, pela preservação do Estado soviético e pela integridade do País.
Os acontecimentos tomaram outro rumo: prevaleceu uma linha de desmembramento do País e de desintegração do Estado com a qual eu não posso concordar.
E mesmo diante das decisões tomadas no encontro de Alma-Ata, minha posição quanto a isso não mudou. (1)
Além disso, estou convencido de que tais decisões, em vista de seu amplo alcance, deveriam ter sido ratificadas pela vontade popular.
Entretanto, farei todo o possível para que os acordos assinados no encontro conduzam a uma real harmonia na sociedade e facilitem em algum grau a solução da crise e o processo de reformas.
Discursando a vocês pela última vez como Presidente da URSS, julgo necessário expressar minha avaliação do caminho percorrido desde 1985, tanto mais que não são poucos, a esse respeito, os juízos contraditórios, superficiais e subjetivos.
Quis o destino que já estivesse claro, quando assumi a chefia do Estado, que havia algo de errado com o país. Tudo aqui existia em abundância: terra, petróleo, gás e outras riquezas naturais, bem como inteligência e talento de sobra. Porém, vivíamos muito pior do que nos países desenvolvidos, em relação aos quais nos atrasávamos cada vez mais.
A razão disso já era evidente: a sociedade era asfixiada por um sistema de governo autoritário e burocrático. Condenada a servir à ideologia e a carregar o temível fardo da corrida armamentista, ela se encontrava no limite de suas capacidades.
Todas as tentativas parciais de reforma, que não foram poucas, terminaram em sucessivos fracassos. O país havia perdido a perspectiva. Não se podia continuar a viver assim. Era preciso mudar tudo drasticamente.
Eis por que jamais lamentei não ter aproveitado o cargo de Secretário-Geral para apenas “reinar” por alguns anos, atitude que eu consideraria irresponsável e imoral. (2)
Eu compreendia que iniciar reformas de tal amplitude, numa sociedade como a nossa, era uma tarefa dificílima e até mesmo arriscada. Mas ainda hoje sigo convencido da justeza histórica das reformas democráticas iniciadas na primavera de 1985.
O processo de renovação do País e de mudanças radicais na comunidade mundial se mostrou muito mais complexo do que se podia supor. Todavia, deve ser atribuído o devido valor a tudo o que foi feito:
– A sociedade ganhou liberdade, emancipou-se política e intelectualmente. Essa foi a principal conquista, a qual ainda não assimilamos inteiramente, já que não aprendemos ainda a usufruí-la. Entretanto, foi realizado um trabalho de significado histórico:
– Liquidou-se o sistema totalitário que havia privado o País da possibilidade de há muito tempo ter se tornado próspero e florescente.
– Realizou-se uma abertura rumo a transformações democráticas, tornando-se uma realidade as eleições livres, as liberdades religiosas e de imprensa, os órgãos representativos de poder e o multipartidarismo. Os direitos humanos foram reconhecidos como o princípio mais elevado.
– Iniciou-se a transição para uma economia mista, sendo estabelecidos direitos iguais a todas as formas de propriedade. No âmbito da reforma agrária, o campesinato começou a renascer, surgiram fazendas privadas e milhões de hectares de terra foram distribuídos aos moradores do campo e da cidade. Legalizou-se a liberdade econômica dos produtores e começaram a ganhar força a atividade empresarial, a venda de ações e a privatização.
– Vale lembrar que o direcionamento da economia para o mercado está sendo feito em prol das pessoas. Nestes tempos difíceis, tudo deve ser feito para que elas tenham proteção social garantida, especialmente os idosos e as crianças.
Nós vivemos num mundo novo:
– Deu-se um fim à “guerra fria”, à corrida armamentista e à disparatada militarização do País, a qual havia mutilado nossa economia, nossa consciência pública e nossa moral. Foi liquidada a ameaça de uma guerra mundial.
Mais uma vez quero frisar que nesse período de transição, de minha parte, tudo foi feito para que se mantivesse um firme controle sobre o armamento nuclear.
– Nós nos abrimos para o mundo e renunciamos à intromissão nos assuntos de outros países e ao emprego de tropas fora de nossas fronteiras, pelo que fomos retribuídos com solidariedade, confiança e respeito.
– Nós nos tornamos um dos principais bastiões da reestruturação da civilização moderna sob princípios pacíficos e democráticos.
– Os povos e nações soviéticos ganharam real liberdade de optar pela via da autodeterminação. A busca da reforma democrática do Estado multinacional nos deixou, inclusive, à beira de concluir um novo Tratado da União. (3)
Todas essas transformações exigiram enormes esforços e uma luta acirrada contra a crescente resistência das forças obsoletas e reacionárias encarnadas na antiga estrutura partidário-estatal e no aparelho econômico, bem como em nossos hábitos, nossos preconceitos ideológicos e nossa psicologia niveladora e parasitária. As mudanças se chocaram ainda com nossa intolerância, com o baixo nível de nossa cultura política e com nosso medo de mudar. Eis por que perdemos tanto tempo: o velho sistema ruiu antes que um novo conseguisse entrar em funcionamento, o que agravou ainda mais a crise social.
Eu sei o quanto é insatisfatória e difícil a situação atual e o quanto são duras as críticas às autoridades em todos os níveis e, particularmente, à minha atuação. Porém, mais uma vez quero frisar que mudanças drásticas num país tão vasto, ainda mais com uma herança dessas, não podem se realizar sem tormentos, dificuldades e abalos.
O golpe de agosto levou ao limite a crise geral, na qual o colapso da URSS como Estado é o que há de mais nocivo. E hoje me preocupa que nossa população esteja perdendo a cidadania de um grande país, podendo ser as consequências disso muito graves para todos.
Penso ser de vital importância conservar as conquistas democráticas dos últimos anos, as quais foram o árduo coroamento de nossa trágica experiência histórica. Não se deve renunciar a elas em nenhuma circunstância, sob nenhum pretexto, caso contrário, todas as nossas melhores esperanças terminarão sepultadas.
Falo sobre tudo isso de maneira franca e direta, pois esse é meu dever moral.
Quero expressar hoje meu reconhecimento a todos os cidadãos que apoiaram a política de renovação do País e se envolveram na realização das reformas democráticas.
Sou grato ainda aos estadistas, políticos, figuras públicas e aos milhões de pessoas no exterior que compreenderam e apoiaram nossos planos e nos dispensaram sua ajuda e sua cooperação sincera.
Deixo meu posto com preocupação, mas também com esperança, com fé em vocês, em sua sabedoria e sua força moral. Somos os herdeiros de uma grande civilização, e agora depende de cada um de nós que ela renasça para uma vida nova, moderna e digna.
Quero agradecer de todo coração aos que, nesses anos, defenderam junto comigo uma causa justa e boa. Certamente alguns erros poderiam ter sido evitados e muita coisa poderia ter sido feita melhor. Mas estou confiante de que, mais cedo ou mais tarde, nossos esforços conjuntos darão frutos e nossos povos viverão numa sociedade próspera e democrática.
Desejo a vocês tudo de melhor.
Notas (Clique pra voltar ao texto)
(1) Nesse encontro, a 21 de dezembro de 1991, 11 chefes de Estado das antigas Repúblicas soviéticas ratificaram a Declaração de Alma-Ata (cidade rebatizada como Almaty em 1993), na qual se definiam os objetivos e princípios da CEI, fundada no dia 8, e a composição principal do bloco. O texto em inglês da declaração pode ser lido nesta página.
(2) Quem comandava o país, na prática, era o Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética, cargo que Gorbachov ocupava desde 1985. Com a abolição do monopólio do PC, em 1990, Gorbachov criou o posto de Presidente da URSS, do qual foi o primeiro e último ocupante, enquanto renunciaria à Secretaria-Geral do PCUS em agosto de 1991, pouco após o fracassado golpe de Estado da linha-dura.
(3) A União dos Estados Soberanos foi uma proposta lançada por Gorbachov em 1991 para reformar e democratizar a URSS sem a dissolver, mas cujo tratado nunca chegou a ser assinado. Mais informações na página da Wikipédia sobre o Tratado da União dos Estados Soberanos (também em outras línguas).