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domingo, 15 de abril de 2018

Darija Vračević – Brazil (The Voice Kids)


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De novo pra vocês uma apresentação da fofurinha sérvia chamada Darija Vračević, que encontrei por acaso quando baixei o vídeo com Zemljo moja. A data deve ser 12 de fevereiro de 2016, quando o vídeo saiu, também atuando no programa Pinkove zvezdice, ou “Estrelinhas do Pink”, isto é, a versão sérvia do The Voice Kids. Agora a canção é Brazil, cujo título foi o que me chamou a atenção e que tem melodia de Zoran Vračević e letra de Dragana Šarić. Assistam aqui ao vídeo sem legendas, no canal do programa.

O Pinkove zvezdice é a versão infantil do programa Pinkove zvezde, literalmente “Estrelas do Pink”, que é também a versão local do The Voice, apresentado no Brasil pela TV Globo. A versão infantil já teve as três temporadas de 2014-15, 2015-16 e 2016-17, tendo participado Darija da segunda e chegado à superfinal, e na ocasião o vencedor foi o garoto Marko Bošnjak. Darija tinha então 8 anos e uma voz muito potente, e a família lhe assistia do camarim na ocasião. A quarta temporada está em curso, e vai continuar até o meio de 2018. Ambos os programas pertencem à Radio Television Pink (RTV Pink), também chamada TV Pink ou só Pink, o maior canal de entretenimento da Sérvia que transmite a cabo desde 1994.

Há uma diferença interessante: lá, os cinco jurados não rodam em direção ao palco, como no Brasil, mas sobem a partir do nível do chão! Como podemos notar desde o vídeo com Zemljo moja, Darija ou a mãe dela é entusiasta da antiga Iugoslávia, cuja música popular, como no Brasil, era muito brega e simplória, mas contagiante. Zemljo moja era uma das canções preferidas do Marechal Tito, e Brazil, cuja história narro adiante, foi a última a concorrer no Eurovision em 1991 pelo país que se desintegraria. Triste sina ver o nome de nosso país associado a um ocaso! Outro traço de Darija é que ela parece dar mais ênfase ao lado teatral do que propriamente vocal, o que faz o júri mais rir e se divertir com as atuações dela do que outra coisa.

A canção Brazil (“Бразил”, em cirílico) concorreu na edição de 1991 do Eurovision, cantada em servo-croata por Dragana Šarić, que usava o nome artístico de “Baby Doll” ou “Bebi Dol”. Após ganhar a prévia nacional, foi muito mal, porém, no nível europeu, mas a música se tornou um baita hit na Iugoslávia. Por isso, teve seus direitos autorais comprados pela Itália, Grécia e países do Benelux. No Eurovision de 1992, “Iugoslávia” seria a representação das atuais Sérvia (e Kosovo), Montenegro e Bósnia e Herzegóvina, tendo Croácia, Eslovênia e Macedônia proclamado a independência em 1991, antes de estourar a guerra civil. Fato notório: só há um verbete sobre a canção nas Wikipédias em inglês e português, e o articulista desta interpreta a letra como descrevendo o gosto da cantora pelos ritmos latinos, mas preferindo se divertir com o que já havia disponível na Iugoslávia.

A referência é justamente a dois cantores e compositores que estavam então bombando no país: Rambo Amadeus (montenegrino, n. 1963), guitarrista ainda muito atuante, e Dino Dvornik (croata, 1964-2008), considerado o “rei do funk” da Croácia e falecido após uma overdose de remédios pra hepatite C. Ambos são conhecidos por seus trabalhos dentro dos estilos “ocidentais”, em especial rock, disco, jazz e pop, provando o maior intercâmbio da antiga Iugoslávia com o mundo capitalista e a fascinação que aí exercia a música moderna. Dragana Šarić, alias Bebi Dol (n. 1962), cantora e atriz sérvia, desde pequena começou a se envolver com música pela família e teve o ápice de sua carreira nos anos 80 e 90. Mesmo fazendo vários covers e cantando junto a outras estrelas, suas aparições de álbuns eram esporádicas e teve várias pausas na carreira. Seus estilos são basicamente rock, pop, synthpop, dance, soul e jazz.

Interessante como o single não passa uma imagem estereotipada do Brasil, mas coloca a América (e Espanha!) toda no mesmo saco (na letra, Amerika são os Estados Unidos). Quando se lê no começo “tirar o sapato, a jaqueta e o jeans”, temos a impressão que vai ficar pelada nos trópicos, mas é uma metáfora pros ritmos do nosso continente, que são trocados pelas riquezas locais. E não são poucos os que comparam a personalidade sérvia à brasileira. Eu mesmo traduzi e legendei o vídeo, e desta página eu copiei a letra servo-croata. Ela também segue abaixo, após as legendas e junto com a tradução:


Brazil, Španija, Kolumbija,
Kuba i Amerika,
Samba, rumba, ča-ča-ča.

Skini sve, skini cipele što pre,
Skini jaknu, farmerke,
Hajde igra počinje.

Za tvoje usne i moj vrat,
Tvoj poljubac će biti znak,
Za Ramba, Dina, šta, šta, šta,
Da sam novu igru smislila.

Brazil, jedan okret to su dva,
Reci hop i to su tri,
Tvoje srce to smo mi.
Brazil, meni ne treba Brazil,
Dolce vita, ča-ča-ča,
Samo ti, sa tobom ja.

Brazil, meni ne treba Brazil,
Dolce vita, ča-ča-ča,
Samo ti i ja i, oh Brazil!

____________________


Brasil, Espanha, Colômbia,
Cuba e Estados Unidos,
Samba, rumba, cha cha cha.

Tire tudo, os sapatos já,
Tire a jaqueta e o jeans,
Vamos começar a dançar.

Sua boca em meu pescoço
Num beijo vai dar o sinal,
Com Rambo e Dino, oras,
Inventei uma dança nova.

Brasil, um giro e depois dois,
Diga uôp e então são três,
Nós dois num só coração.
Brasil, eu não preciso dele,
Vida mole ou cha cha cha,
Só nós dois nos bastamos.

Brasil, eu não preciso dele,
Vida mole ou cha cha cha,
Só nós dois... oh, Brasil!




quarta-feira, 21 de março de 2018

“Zemljo moja” (canção iugoslava, 1975)


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Esta é uma linda canção patriótica cantada em servo-croata, dos tempos da antiga Iugoslávia, país dissolvido em 1991. Ela se chama Zemljo moja (Ó, terra minha), em alfabeto cirílico “Земљо моја”, e foi gravada pela primeira vez num álbum compacto de mesmo nome em 1975 pela banda bósnia Ambasadori, tendo como vocalista Ismeta Krvavac. Seu compositor foi Kemal Monteno, e a faixa 2 do disco se chamava Budi s njom (Esteja com ela), tendo sido Zemljo moja tocada em público pela primeira vez em 1975 mesmo, no famoso festival “Vaš šlager sezone” que até hoje ocorre em Sarajevo. Eu legendei também uma versão em solo cantada por Ismeta Dervoz (“Krvavac” era seu sobrenome quando era casada) em 19 de janeiro de 2016, num show em memória a Kemal Monteno.

A banda Ambasadori existiu de 1968 a 1980 e apresentou diversas formações, chegando inclusive a abrigar o famoso cantor iugoslavo Zdravko Čolić. Ismeta Dervoz-Krvavac (n. 1954) trabalhou muitos anos como cantora, produtora e apresentadora, mas atualmente vive em Sarajevo, servindo ao poder legislativo. O cantor e compositor Kemal Monteno (1948-2015) também era bósnio e levou sua carreira dos anos 60 até morrer de pneumonia e sepse. O estilo de Zemljo moja, com letra patriótica, era muito comum nos países socialistas europeus após 1945, e por isso era uma das preferidas do marechal Tito, que governou a Iugoslávia desse ano até 1980. Ele chegava até a mandar tocar em vários eventos e recepções oficiais que promovia. Zemljo moja atualmente não é mais tão popular e conhecida quanto antes, mas se tornou parte da cultura chamada localmente de “iugonostalgia”.

Tem até um momento “Canção do exílio” na segunda parte da música: “Não gorjeiam como lá, nosso céu tem mais estrelas, nossos bosques têm mais vida”. É incrível como Ismeta Krvavac tem a voz muito parecida com a da cantora sertaneja Jayne, que fez sucesso nos anos 90: vejam este exemplo de música. Além disso, no segundo vídeo que legendei, ela está a cara da Gina, que aparece nas caixas de palito, não? Neste, infelizmente só percebi depois que escrevi errado “Izmeta” nas legendas, quando deveria ter grafado “Ismeta” com “s”. Entre várias cantoras e cantores, a letra varia levemente, e mesmo Dervoz canta na primeira gravação ovdje (aqui, neste lugar), e na segunda nigdje (em nenhum lugar), no sentido de “Em nenhum lugar as noites são tão azuis” etc. Achei estranho apenas que nas duas versões, ela canta zlatna klas (espiga dourada), quando deveria ser zlatni klas, porque klas é masculino.

Outra versão que decidi legendar por ter achado muito fofinha é a da garota sérvia Darija Vračević, que no vídeo está participando do programa Pinkove zvezdice, literalmente “Estrelinhas do Pink”, ou seja, a versão sérvia do The Voice Kids. O vídeo sem legendas foi publicado no canal do próprio programa em 13 de maio de 2016, certamente no mesmo dia da apresentação. O Pinkove zvezdice é a versão infantil do programa Pinkove zvezde, literalmente “Estrelas do Pink”, também a versão local do The Voice. Entre as temporadas de 2014-15, 2015-16, 2016-17 e 2017-18, Darija atuou na segunda e chegou à superfinal, tendo vencido na ocasião o garoto Marko Bošnjak. Darija tinha então 8 anos e uma voz muito potente, e a família lhe assistia do camarim. Ambos os programas pertencem à Radio Television Pink (RTV Pink), também chamada TV Pink ou só Pink, o maior canal de entretenimento da Sérvia que transmite a cabo desde 1994.

Há uma notável diferença em relação ao The Voice Kids transmitido pela TV Globo no Brasil: lá, o júri de 5 artistas não gira em direção ao palco, mas sobe a partir do nível do chão. Podemos ver também a onipresença das propagandas, em especial dos biscoitos (keks) Vitanova: com mel ou integral, gostoso e sem igual! Vejam também que todos parecem de alguma forma se emocionar com a canção, embora eu não tenha visto o que se passou depois. Isso mostra que, mesmo sendo dos tempos comunistas, ou até porque não tem referências ideológicas, muitos ainda gostam da letra. A própria mãe, quando é indagada sobre quem ajudou a escolher a música, afirma que foi ela mesma, porque gostava muito e achava importante ver a filha a cantando. Será que o pessoal do vídeo, mesmo parecendo abastado, tem alguma saudadinha daqueles tempos?

Eu mesmo traduzi a letra direto do servo-croata, legendei os três vídeos e, no caso do primeiro, também montei com fotos em sucessão de Belgrado, Zagreb, Sarajevo, Ljubljana e a bandeira da antiga Iugoslávia. Vejam este vídeo duas vezes, lendo primeiro a legenda servo-croata e depois a brasileira! Eu tirei o áudio desta montagem, que tem várias imagens do território da antiga Iugolsávia. Eu copiei a letra da Wikipédia em servo-croata, mas pra acertar palavras e pontuação cotejei também com esta transcrição. Na sua versão, Darija canta u tom klasu (nesse trigo/espiga), e não u tvom klasju (no seu trigo), mas nenhuma divergência afeta o sentido unitário da canção. Pra conforto de vocês, a primeira legendagem em servo-croata está em alfabeto latino. Então, após os três vídeos, seguem abaixo também a letra em cirílico e a tradução em português. As estrofes e versos variantes estão entre colchetes, bem como escritos ainda em alfabeto latino (itálico):






1. Видим поља што се житом злате
И на бријегу видим родни дом.
Сваког трена мислим на те,
Земљо моја, земљо моја!

А у пољу моја душа спава,
Усред жита, као златна клас.
Постеља јој мека трава.
Земља моја, земља моја!

Рефрен:
И док ја нисам ту
Покрај ње, да скупа предамо се сну,
Сваку ноћ чујем глас,
Који зове: “Дођи, срећа чека нас!”

2. Овдје ноћи нису тако плаве,
Овдје сунце нема такав сјај,
Овдје нису такве траве,
Земљо моја, земљо моја!

[Нигдје ноћи нису тако плаве,
Нигдје сунце нема такав сјај,
Нигдје нису такве траве,
Земљо моја, земљо моја!]

У твом класју нек ми љубав спава,
[У том класу нек ми љубав спава,]
Нек ме чека, ја ћу брзо доћ’,
Нек је љуби твоја трава,
Земљо моја, земљо моја!

2. Ovdje noći nisu tako plave,
Ovdje sunce nema takav sjaj,
Ovdje nisu takve trave,
Zemljo moja, zemljo moja!

[Nigdje noći nisu tako plave,
Nigdje sunce nema takav sjaj,
Nigdje nisu takve trave,
Zemljo moja, zemljo moja!]

U tvom klasju nek mi ljubav spava,
[U tom klasu nek mi ljubav spava,]
Nek me čeka, ja ću brzo doć’,
Nek je ljubi tvoja trava
Zemljo moja, zemljo moja!

(Рефрен 2x)

____________________


1. Vejo campos cujo trigo brilha,
Na colina vejo a casa paterna.
O tempo todo penso em você,
Terra minha, terra minha!

No campo minha alma dorme,
Como espiga de ouro no trigal.
Para ela a relva macia é cama,
Terra minha, terra minha!

Refrão:
Quando não estou aí
Com ela, nos encontramos em sonho,
Toda noite ouço chamar
A voz: “Venha, a alegria nos espera!”

2. Aqui a noite não é tão azul,
Aqui o Sol não brilha tanto,
Aqui não há a mesma grama,
Ó, terra minha, terra minha!

[Não existe noite mais azul,
Não há onde o Sol raie mais,
Não existe grama parecida,
Ó, terra minha, terra minha!]

Que seu trigo nine meu amor,
[Que esse trigo nine meu amor,]
Que me espere, eu logo virei,
Que sua relva ame meu amor,
Terra minha, terra minha!

(Refrão 2x)