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terça-feira, 9 de abril de 2019

Hino Nacional da França (2.ª tradução)


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Depois da primeira versão que traduzi há mais de 3 anos e meio junto com o Chant des partisans, finalmente uma legendagem exclusiva e com a versão quase completa da canção de guerra La Marseillaise (A Marselhesa), composta por Rouget de Lisle durante o processo da Revolução Francesa e, com o tempo, feita hino nacional da República Francesa. O vídeo de 2015 é referente ao feriado de 14 de Julho daquele ano, mas fiz a tradução numa linguagem mais arcaica e só aparecem as duas primeiras estrofes, enquanto no geral as exibições solenes mostram três. Agora também tenho a ocasião de explicar um pouco melhor sua história e atualizar a linguagem da tradução, que além de contar com o uso sistemático de “você(s)”, está menos literal pra ser mais elucidativa.

A Marselhesa foi composta inicialmente como um Canto de guerra para o Exército do Reno, de autoria do oficial francês da engenharia militar, poeta e autor dramático Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, durante a guerra entre a França e a Áustria. Uma famosa pintura de Isidore Pils, Rouget de Lisle chantant la Marseillaise (1849), mostra o que seria a primeira execução cantada da obra por seu próprio autor, rodeado por seus companheiros de armas. No mesmo ano, a marcha foi executada no enterro do prefeito da cidade de Étampes e fascinou o general François Mireur, que estava aí presente e coordenava a partida de voluntários do sul da França à guerra. Ele fez imprimirem o Canto de guerra... num jornal do Sul, e assim ela foi abraçada pelos voluntários de Marselha. Daí o nome A Marselhesa, embora tenha sido composta em Estrasburgo, bem ao Norte.

Ela foi decretada “canto nacional” em 14 de julho de 1795, superando Réveil du Peuple (Despertar do Povo), um canto patriótico contra o Terror. A seguir, Napoleão não proibiu formalmente A Marselhesa, mas preferiu usar Veillons au salut de l’Empire, Le chant du départ (que já publiquei aqui) ou a Marche consulaire. A monarquia da Restauração tentou popularizar a antiga ária Vive Henri IV ! (Viva Henrique 4.º!), mas a Revolução de 1830 reimpôs A Marselhesa. Em 1871, após a Comuna de Paris, foi proclamada a República, mas tentou-se adotar a recém-composta Vive la France, mais pacífica e sem “blasfêmia e subversão”. O medo do retorno da monarquia impeliu à oficialização da Marselhesa como “hino nacional” (não mais “canto nacional”) em 14 de fevereiro de 1879, reafirmando a vigência do decreto de 1795. Uma versão oficial definitiva foi fixada em 1887, e as Constituições de 1946 e 1958 reiteram a vigência da Marselhesa.

A Marselhesa ultrapassou as fronteiras da França e se tornou uma canção revolucionária tocada no mundo todo, com inúmeras traduções poéticas. Durante a vigência da Comuna de Paris, foi utilizada uma Marselhesa da Comuna como hino provisório, e entre as revoluções de fevereiro e outubro de 1917 na Rússia, o Governo Provisório usou como símbolo uma Marselhesa Operária cantada na língua local (aqui pus também os dois hinos). Durante os combates à ocupação nazista da França na 2.ª Guerra Mundial, Le chant des partisans foi conhecido como “Marselhesa da Resistência” e continuou popular após a guerra. Rouget de Lisle compôs as 6 primeiras estrofes, mas o poema todo tem pelo menos 15 estrofes, modificadas no passar do tempo. Em eventos oficiais, somente a primeira estrofe (“Allons, enfants de la Patrie...”) é cantada, mas é frequente também o emprego da sexta (“Amour sacré de la Patrie...”). Nesta gravação, adiciona-se ainda ao fim a quarta estrofe (“Tremblez, tyrans, et vous, perfides...”).

A letra da Marselhesa possui muitas variantes, mas pra esta tradução eu usei a mostrada na Wikipédia em francês. Na época em que fiz a primeira tradução (estrofes 1 e 2), eu cotejei a tradução da Wikipédia em português e a do livro Francês urgente para brasileiros, de Angela F. Perricone Pastura. A partir delas, cheguei à minha própria versão, tendo cotejado ainda com as traduções das Wikipédias em inglês, espanhol, italiano, catalão, esperanto e galego. De fato, minha leitura em francês ainda não era perfeita e minha habilidade de tradução ainda estava no começo, e por preguiça acabei mantendo “tu” e “vós” pra traduzir tu e vous e usando só presente simples ao invés do presente contínuo. A tradução de agora é totalmente reformulada, e a tradução da terceira estrofe é inédita.

Além de traduzir, eu mesmo montei o vídeo e legendei: assistam duas vezes, lendo uma legenda a cada vez! Eu baixei o áudio da famosa tradução em inglês, tendo só aumentado um pouco o volume. Em 2015, recorri também a textos que explicavam em parte A Marselhesa e que ainda recomendo (Au-delà du sens politique et historique, que signifient au juste les paroles de notre hymne national ? – leia aqui; La Marseillaise expliquée aux cons – leia aqui). Há uma polêmica sobre o real sentido de sang impur (sangue impuro), considerado uma menção racista ao inimigo, mas adotei a leitura que entende “sangue plebeu” (não azul, não puro), ou seja, o sacrifício do povo pela liberdade, e não “sangue estrangeiro”, dos que deveriam morrer. Seguem abaixo as legendas bilíngues, a letra em francês e a tradução em português:



Versões instrumental e cantada/tocada durante a celebração de 14 de Julho nos Champs-Élysées em 2023:

1. Allons, enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé !
Contre nous de la tyrannie
L’étendard sanglant est levé,
L’étendard sanglant est levé,
Entendez-vous dans les campagnes
Mugir ces féroces soldats ?
Ils viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils, vos compagnes !

Refrain :
Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez !
Qu’un sang impur
Abreuve nos sillons !
Aux armes, citoyens,
Formons nos bataillons,
Marchons, marchons !
Qu’un sang impur
Abreuve nos sillons !

2. Amour sacré de la Patrie,
Conduis, soutiens nos bras vengeurs.
Liberté, Liberté chérie,
Combats avec tes défenseurs !
Combats avec tes défenseurs !
Sous nos drapeaux que la victoire
Accoure à tes mâles accents,
Que vos ennemis expirants
Voient ton triomphe et notre gloire !

(Refrain)

3. Tremblez, tyrans, et vous, perfides,
L’opprobre de tous les partis,
Tremblez ! vos projets parricides
Vont enfin recevoir leurs prix !
Vont enfin recevoir leurs prix !
Tout est soldat pour vous combattre,
S’ils tombent, nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux,
Contre vous tout prêts à se battre !

(Refrain)

____________________


1. Vamos, filhos da Pátria,
O dia da glória chegou!
A bandeira sangrenta da tirania
Está levantada contra nós,
Está levantada contra nós,
Vocês podem ouvir nos campos
Esses soldados ferozes mugir?
Estão vindo aos lares de vocês
Para degolar seus filhos e esposas!

Refrão:
Às armas, cidadãos,
Formem seus batalhões,
Marchem, marchem!
Que um sangue plebeu
Regue nossos campos!
Às armas, cidadãos,
Formemos nossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue plebeu
Regue nossos campos!

2. Amor sagrado pela Pátria,
Guie e apoie nossas mãos vingativas.
Liberdade, querida Liberdade,
Lute junto a quem defende você!
Lute junto a quem defende você!
Que seus acordes másculos tragam
A vitória com nossas bandeiras,
Que os inimigos morrendo vejam
Você triunfar e nós glorificados!

(Refrão)

3. Tremam, tiranos, e vocês, traidores,
Que são desonra a qualquer grupo,
Tremam! Seus projetos parricidas
Enfim vão receber suas punições!
Enfim vão receber suas punições!
Soldados demais a combater vocês,
Nossos jovens heróis, parece que
Se eles morrem, saem novos do solo
Todos prontos a lutar contra vocês!

(Refrão)



domingo, 10 de setembro de 2017

Marselhesa Operária (hino da Rússia)

Esta é outra canção que esperei bastante tempo pra relegendar, usando uma tradução corrigida e um design moderno. Ela se chama “Рабочая Марсельеза” (Rabochaia Marselieza), A Marselhesa Operária (ou “dos Trabalhadores”, se quiser), e consiste na melodia pouco alterada da Marseillaise, o hino da França, com uma letra em russo. Foi usada como hino nacional da Rússia republicana logo após a abdicação do tsar Nicolau 2.º (março de 1917), e tem letra de Piotr Lavrovich Lavrov e melodia de Claude Joseph Rouget de Lisle (que também escreveu a letra francesa), levemente mudada por Aleksandr Konstantinovich Glazunov.

Conhecido também como Nova canção ou Renunciemos ao velho mundo (que é o primeiro verso), o hino não é uma tradução literal da versão francesa, e foi publicado pela primeira vez no jornal Vperiod! de 1.º de julho de 1875, com o nome Nova canção. O Governo Provisório adotou oficialmente a melodia da Marselhesa como hino nacional cinco dias após o tsar Nicolau 2.º ter renunciado, mas logo depois Glazunov adaptou a melodia pra se encaixar melhor no texto em russo. Em 4 de abril de 1917, o Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado fez sua própria proclamação da Internacional como novo hino, mas ela não encontrou apoio ante um governo que deixou a decisão final pra futura Assembleia Constituinte.

A composição de Rouget de Lisle é de 1792, e a versão russa foi muito popular durante a Revolução de 1905, quando também existiam A Marselhesa dos Soldados, A Marselhesa Camponesa e outras adaptações. Mas Lenin, que chefiava o novo governo bolchevique desde novembro de 1917, considerava a Marselhesa um hino “burguês” e preferia muito mais a Internacional. Esta, porém, também em sua versão russa, só foi oficializada como hino da Rússia soviética em 23 de janeiro de 1918, e assim permaneceu até 1944.

Várias palavras constituem um uso literário ou antigo da língua russa, e algumas delas parecem até com o ucraniano moderno: zlatoi (e não zolotoi) pra “dourado”, liud (e não narod ou liudi) pra “povo”, “gente” ou “pessoas” (“povo” em polonês é lud), strazhduschi (e não stradaiuschi) pra “carente”, zaraz pra “de uma vez” (em ucraniano, significa “agora”) e godina (e não vremia ou pora) pra “tempo” ou “época” (em sérvio, búlgaro e macedônio, significa “ano”, e em ucraniano, hodyna é “hora”, como o polonês godzina e o belarusso gadzina).

Eu mesmo traduzi, legendei e montei os dois vídeos, tendo usado no segundo uma gravação do Coral Infantil da URSS (talvez dos anos 70) que pode ser baixada nesta página. Infelizmente, essa é a única versão com instrumentos que achei, além das soníferas gravações em capela, pois eu não queria repetir aquela bem animada, que já tinha postado no canal há quase 6 anos. Também no segundo vídeo, fiz a legenda russa em alfabeto latino, pra conforto de vocês, baseado no meu próprio sistema. Vejam este duas vezes, lendo uma legenda de cada vez! Seguem abaixo as duas legendagens, a letra em cirílico e a tradução em português:




1. Отречёмся от старого мира,
Отряхнём его прах с наших ног!
Нам враждебны златые кумиры,
Ненавистен нам царский чертог.
Мы пойдём к нашим страждущим братьям,
Мы к голодному люду пойдём,
С ним пошлём мы злодеям проклятья –
На борьбу мы его поведём.

Припев:
Вставай, поднимайся, рабочий народ!
Вставай на врага, люд голодный!
Раздайся, клич мести народной!
Вперёд, вперёд, вперёд, вперёд, вперёд!

2. Не довольно ли вечного горя?
Встанем, братья, повсюду зараз –
От Днепра и до Белого моря,
И Поволжье, и Дальний Кавказ.
На врагов, на собак – на богатых,
И на злого вампира – царя
Бей, руби их, злодеев проклятых,
Заблести, новой жизни заря.

(Припев)

3. И взойдёт за кровавой зарёю
Солнце правды и братской любви,
Хоть купили мы страшной ценою –
Кровью нашею – счастье земли.
И настанет година свободы:
Сгинет ложь, сгинет зло навсегда,
И сольются в одно все народы
В вольном царстве святого труда.

(Припев)

____________________


1. Renunciemos ao velho mundo,
Sacudamos seu pó de nosso pé!
Combatemos os ídolos de ouro,
Detestamos o palácio do tsar.
Iremos a nossos irmãos carentes,
Iremos até as pessoas famintas,
Com elas maldiremos os cruéis
E vamos conduzi-las à luta.

Refrão:
De pé, levante-se, povo operário!
Afronte o inimigo, povo faminto!
Ressoe o grito do povo vingativo!
Avante, avante, avante, avante, avante!

2. Já não basta a miséria incessante?
Pois de pé, irmãos, em toda parte,
Do rio Dnieper até o mar Branco,
A bacia do Volga, o longe Cáucaso.
Contra os inimigos, cães, ricaços
E contra o tsar, malvado vampiro,
Lutem, abatam os vilões malditos,
Reluza a aurora de uma vida nova.

(Refrão)

3. E após o crepúsculo sangrento,
O Sol de amor fraterno e verdade,
Ao termos pagado terrível preço,
Com sangue, por uma Terra feliz.
E surgirá um tempo de liberdade:
Nunca mais haverá mentira e mal
E todos os povos serão um só
No reino livre do trabalho santo.

(Refrão)


domingo, 27 de setembro de 2015

Chant des partisans + Hino da França


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/14julho

Este vídeo é um trecho da tradicional parada francesa em comemoração à queda da Bastilha, conduzida nos Champs-Élysées em 14 de julho de 2015, na presença do presidente François Hollande, do primeiro-ministro Manuel Valls e do presidente do México, convidado de honra, Enrique Peña Nieto. O Coral do Exército Francês executa Le Chant des partisans (A canção dos guerrilheiros), hino da Resistência Francesa contra os nazistas, e La Marseillase (A Marselhesa), hino nacional da França.

A Marselhesa era antes um Canto de guerra para o Exército do Reno composto por Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792 durante a guerra entre França e Áustria. Foi decretada “canto nacional” em 1795, abandonada em 1804, retomada em 1830 e tornada hino nacional em 1879, com uma “versão oficial” efetivada em 1887. Le Chant des partisans foi composto primeiro em russo pela emigrada Anna Marly em 1941 e recebeu letra em francês dos resistentes Joseph Kessel e Maurice Druon em 1943. Nesse ano, uma gravação chegou clandestina à França ocupada, expandiu-se com o epíteto de “Marselhesa da Resistência” e continuou popular após a guerra.

Há muitas variantes das letras das duas canções, mas A Marselhesa eu tirei da Wikipédia em francês, e Le Chant des partisans eu tirei desta página. Este eu mesmo traduzi, cotejando com as versões em espanhol, esperanto e russo da Wikipédia, e da Marselhesa eu dispunha das traduções da Wikipédia e a do livro Francês urgente para brasileiros, de Angela F. Perricone Pastura. A partir delas, cheguei à minha própria versão, cotejando ainda com as das Wikipédias em inglês, espanhol, italiano, catalão, esperanto e galego.

No Chant des partisans usei linguagem moderna, mas na Marselhesa mantive “tu”, “vós” e presente simples ao invés do presente contínuo. Recorri também a textos que explicavam em parte Le Chant des partisans (“Poésie engagé”) e A Marselhesa (“La Marseillaise expliquée aux cons” – aqui; “Au-delà du sens politique et historique, que signifient au juste les paroles de notre hymne national ?” – aqui). O polêmico “sang impur” (sangue impuro), considerado racista, entendi como “sangue plebeu” (não azul/puro), e não “sangue estrangeiro”.

O desfile completo de cujo vídeo eu tirei o trecho pode ser visto no canal do Ministério da Defesa francês. A Marselhesa é executada, além de seu refrão, nas estrofes 1 e 6, mais empregadas em eventos oficiais, embora a letra completa tenha 7 estrofes. A banda e o coral formam o desenho da Cruz de Lorena, símbolo europeu famoso adotado pela Resistência Francesa e popular entre os gaullistas. Depois do vídeo legendado estão as letras das duas canções em francês e em português:




Le Chant des partisans

Ami, entends-tu
Le vol noir des corbeaux
Sur nos plaines ?
Ami, entends-tu
Les cris sourds du pays
Qu’on enchaîne ?
Ohé ! partisans,
Ouvriers et paysans,
C’est l’alarme !
Ce soir l’ennemi
Connaîtra le prix du sang
Et des larmes !

Montez de la mine,
Descendez des collines,
Camarades !
Sortez de la paille
Les fusils, la mitraille,
Les grenades...
Ohé ! les tueurs,
A la balle et au couteau,
Tuez vite !
Ohé ! saboteur,
Attention à ton fardeau :
Dynamite !

C’est nous qui brisons
Les barreaux des prisons
Pour nos frères,
La haine à nos trousses
Et la faim qui nous pousse,
La misère...
Il y a des pays
Ou les gens au creux de lits
Font des rêves ;
Ici, nous, vois-tu,
Nous on marche et nous on tue,
Nous on crève.

Ici chacun sait
Ce qu’il veut, ce qui’il fait
Quand il passe...
Ami, si tu tombes
Un ami sort de l’ombre
A ta place.
Demain du sang noir
Séchera au grand soleil
Sur les routes.
Sifflez, compagnons,
Dans la nuit la Liberté
Nous écoute...

____________________

Amigo, ouve o voo nefasto dos corvos sobre nossas planícies?
Amigo, ouve os gritos abafados do país que acorrentam?
Ei, guerrilheiros, operários e camponeses, é o alarme!
Esta noite o inimigo pagará por nosso sangue e lágrimas!

Subam da mina, desçam das colinas, camaradas!
Tirem das palhas os fuzis, a metralha, as granadas...
Ei, matem logo os assassinos na bala e na faca!
Ei, sabotador, cuidado com a dinamite que carrega!

Nós quebramos as grades das prisões para nossos irmãos,
Com o ódio nos perseguindo, a fome pressionando, a miséria...
Há lugares em que as pessoas sonham acamadas;
Aqui, está vendo, nós marchamos, matamos, morremos.

Todos que vêm aqui sabem o que querem e fazem...
Amigo, se você perece, um amigo sai da sombra ao seu lugar.
Amanhã sangue impuro secará ao sol sobre as estradas.
Assobiem, companheiros, na noite a Liberdade nos escuta...





La Marseillaise

1. Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé !
Contre nous de la tyrannie
L’étendard sanglant est levé,
L’étendard sanglant est levé,
Entendez-vous dans les campagnes
Mugir ces féroces soldats ?
Ils viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils, vos compagnes !

Refrain :
Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez !
Qu’un sang impur
Abreuve nos sillons !
Aux armes, citoyens,
Formons nos bataillons,
Marchons, marchons !
Qu’un sang impur
Abreuve nos sillons !

2. Amour sacré de la Patrie,
Conduis, soutiens nos bras vengeurs,
Liberté, Liberté chérie,
Combats avec tes défenseurs !
Combats avec tes défenseurs !
Sous nos drapeaux que la victoire
Accoure à tes mâles accents,
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et notre gloire !

(Refrain)

____________________


1. Vamos, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou!
A bandeira sangrenta da tirania
É desfraldada contra nós,
É desfraldada contra nós,
Vós ouvis nos campos
Mugir esses soldados ariscos?
Eles vêm a vossos lares para
Degolar vossos filhos e mulheres!

Refrão:
Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue plebeu
Regue nossos campos!
Às armas, cidadãos,
Formemos nossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue plebeu
Regue nossos campos!

2. Amor sagrado pela Pátria,
Guia e apoia nossos braços vingadores,
Liberdade, querida Liberdade,
Combate com teus defensores!
Combate com teus defensores!
Sob nossas bandeiras, que a vitória
Acorra a teus brados viris,
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo e nossa glória!

(Refrão)




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A Marselhesa da Comuna


Link curto pra esta postagem: fishuk.cc/marselhesa

Considerada o Hino Nacional da Comuna de Paris, a “Marselhesa da Comuna” tem a mesma melodia da famosa canção revolucionária “A Marselhesa”, composta por Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792 e vigente como Hino Nacional da França desde 1879. A nova letra, de 1871, é atribuída à militante Jules Faure, foi adotada como hino do governo communard em março e abolida em maio, quando os rebeldes foram derrotados.

Por vezes, o nome da suposta autora é citado “Madame Jules Faure”, porque seu prenome é epiceno (serve a homens e mulheres), ao contrário da forma feminilizada “Julie”. E Madame porque era casada, sendo “De Castellane” seu sobrenome de solteira (o qual tem origem nobre da Provence), segundo algumas fontes.

A tradução que fiz não é artística (ou seja, não tem as mesmas rimas nem a mesma métrica/ritmo), nem extremamente literal, e me permiti mudar um pouco as palavras que seriam esperadas para que se retivesse o sentido que suponho ter a autora buscado passar, para que tentasse provocar o mesmo efeito que o hino causaria a um falante do francês, mas com palavras diferentes, para um falante do português.

Esta gravação pelo ator e cantor francês Armand Mestral foi feita para o LP La Commune en chantant em 1971, depois reeditado em CD em 1988. Como se nota, além do refrão, cantam-se apenas as estrofes 1, 2 e 5. Para maiores informações, mas não muitas, sugiro uma consulta rápida ao verbete “La Marseillaise de la Commune” na Wikipédia em francês e em inglês, onde há também a letra completa em francês e em inglês, já que para a legendagem só traduzi as referidas estrofes, que estão aqui em francês e em português.

Abaixo o vídeo, para o qual não fiz alterações na letra, já que com música temos limites mais flexíveis para fazer legendagem:


1. Français, ne soyons plus esclaves !,
Sous le drapeau, rallions-nous.
Sous nos pas, brisons les entraves,
Quatre-vingt-neuf, réveillez-vous. (bis)
Frappons du dernier anathème
Ceux qui, par un stupide orgueil,
Ont ouvert le sombre cercueil
De nos frères morts sans emblème.

Refrain :
Chantons la liberté,
Défendons la cité,
Marchons, marchons, sans souverain,
Le peuple aura du pain.

2. Depuis vingt ans que tu sommeilles,
Peuple français, réveille-toi,
L’heure qui sonne à tes oreilles,
C’est l’heure du salut pour toi. (bis)
Peuple, debout ! que la victoire
Guide au combat tes fiers guerriers,
Rends à la France ses lauriers,
Son rang et son antique gloire.

(Refrain)

5. N’exaltez plus vos lois nouvelles,
Le peuple est sourd à vos accents,
Assez de phrases solennelles,
Assez de mots vides de sens. (bis)
Français, la plus belle victoire,
C’est la conquête de tes droits,
Ce sont là tes plus beaux exploits
Que puisse enregistrer l’histoire.

(Refrain)

____________________


1. Franceses, saiamos da escravidão!
Reunamo-nos sob a bandeira.
Esmaguemos nossos grilhões,
Renasce, ano de 1789. (bis)
Lancemos a condenação final
Aos que por estúpido orgulho
Abriram a tumba escura
De nossos irmãos mortos sem glórias.

Refrão:
Cantemos a liberdade,
Defendamos a Cidade,
Marchemos, marchemos,
Sem soberanos o povo terá pão.

2. Após vinte anos adormecido,
Desperta, povo francês,
O chamado que te soa ao ouvido,
É o chamado de tua salvação. (bis)
De pé, ó povo! Que a vitória
Guie teus altivos guerreiros no combate,
Restitui à França seus louros,
Seu lugar e sua antiga glória.

(Refrão)

5. Não mais exalteis vossas leis novas,
O povo ignora vossa prepotência,
Chega de frases pomposas,
Chega de faladeira sem sentido. (bis)
Francês, a mais nobre vitória
É a conquista de teus direitos,
Que são as mais altas façanhas
Que podes gravar na história.

(Refrão)