segunda-feira, 6 de março de 2023

Memes e vídeos sobre a covid-19 (1)


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/memes-covid1

A coleção que estou começando hoje e não terá uma sucessão ou continuidade linear é um pouco triste. Vou publicar na página a maioria dos vídeos de meu antigo canal Pan-Eslavo Brasil no YouTube, com suas respectivas descrições, relativos à pandemia de covid-19 (inicialmente chamado apenas de “coronavírus”, o popular “coronga” ou “coronha”...) e mais ou menos humorísticos. Os primeiros lançados ao redor do mundo, claro, ou dão instruções de proteção de forma bem humorada, ou tratam das notícias de modo leve e descontraído. Porém, com o tempo, descoberta a periculosidade do vírus e manifestada a inação de Jair Bolsonaro e Donald Trump no combate à doença, o teor vai ficando cada vez menos deglutível. Sobretudo quando se trata de nosso ex-“presidente” zombando das pessoas enlutadas e falando os piores impropérios contra quem critica sua abordagem mortífera.

Dessa forma, obviamente muita coisa que publiquei na época imediatamente após surgir, somente pra viralizar e indignar, nem vou fazer aparecer de novo, porque em geral se trata de chiliques do marido da Michelle ou tem nula importância informativa. Já algumas coisas que este senhor disse e que podem ter algum traço de humor, mesmo no meio da pandemia, podem e até devem ser resgatadas, pra que os futuros jovens não sofram de amnésia coletiva (como os de hoje sofreram com relação ao nazismo e à ditadura militar), saibam de fato o que foi essa época e não botem de novo na cadeira do Planalto um falso Messias.

Sempre que possível, vou citar as fontes originais e reproduzir as mesmas descrições, porque há vezes em que simplesmente postei o vídeo e não salvei a descrição. Às vezes também tenho apenas uma cópia guardada, mas não tenho mais o link original, ou o próprio vídeo-fonte pode ter sido retirado do ar. Me perdoe se eu acabar provocando algum “gatilho” ou se tal conteúdo não te agradar, devido ao peso desses três anos passados...



Este vídeo produzido pelo governo do Vietnã em ritmo e dança de k-pop viralizou no mundo inteiro por ensinar de forma humorada como se proteger da contaminação pela covid-19. A canção, chamada em vietnamita Ghen Cô Vy, literalmente Canção da lavagem das mãos (em inglês, Hand Washing Song), podia muito bem ser chamada também Melô do Coronavírus, rs.

Na publicação original, há a tradução em inglês nas legendas em CC e num comentário de visitante. A partir da tradução, passei pro português:

Vamos lavar nossas mãos, mãos, mãos,
Deixá-las longe de olhos-narizes-bocas
E sair em público o menos possível.
Juntos vamos derrotar o coronavírus,
Melhorar constantemente sua saúde
E limpar nosso espaço pessoal (privado).
Vamos melhorar nosso cuidado social,
Juntos vamos derrotar o coronavírus.

Let’s wash your hands hands hands
Keep them away from eyes-noses-mouths
And restrict going into the public
Together we shall beat the Coronavirus
Constantly improve your health
And clean your personal space
Let’s improve our social awareness
Together we shall beat the Coronavirus


Ministro Mandetta abomina mídias sociais: “Gosto do mundo real, não posto nada”.

Sábias palavras, quem dera metade do Brasil ou do mundo fosse assim “desconectada” também, rs. É uma bela indireta pros seus patrões e colegas aloprados e olavetes, além das inspirações externas destes, que ficam governando pelo Twitter e armando imbróglios diplomáticos por causa de postagens desastradas! A edição completa do Jornal Nacional de 7 de abril de 2020, de onde tirei o trecho, não está mais disponível no YouTube.

Transcrição da fala do Mandetta: “Perfis fakes [sic], perfil falso do Ministro da Saúde [...] Então, uma das [coisas com] que a gente fica preocupado é quando cola[m] a capa do Twitter da gente, né. Não sou eu que alimento o Twitter, tem uma pessoa lá que faz, que tem a senha, nem acessar não acesso. Não sou de mídia social, não gosto... Gosto do mundo real, vou trabalhar essa epidemia no mundo real. O que eu tiver que falar... Não acreditem em nada que não seja falado aqui. Eu tô sendo bem transparente com todo mundo, todos os números que a gente tiver... Mas o que eu for falar, eu falarei aqui. Eu não posto nada, eu não comento nada, eu não faço nada nesse mundo virtual.”


“Existe um vídeo da República Checa...”: Bolsonaro estaria com covid-19?

Na manhã de 8 de abril, Vitor Adrien postou em seu perfil do Facebook (só visível a quem entrar com uma conta) o trecho de um vídeo da conversa do mesmo dia 7 de abril (noite) de Bolsonaro com seus fãs. Um deles começa a lhe dizer um monte de coisas atropeladas, sobretudo quanto à possibilidade de usar máscaras artesanais, mas primeiro o presidente o interrompe, dizendo que máscaras deviam ter material adequado. Depois, já demonstrada sua indisposição (como se estivesse bêbado ou medicado), Bolsonaro interrompe o homem, no momento em que ele falava de um vídeo circulando nas mídias sociais.

Atitudes incomuns pra um líder quase sempre tagarela e fanfarrão: estaria ele finalmente “cheio dos próprios bolsominions”, como levantou Vitor, ou estaria escondendo os sintomas de alguma doença mais grave, como... a covid-19 talvez pega em seus passeios frequentes? Por causa do assunto, penso que pode até ser frustração com a monopolização das máscaras do mundo pelo seu ídolo Donald Trump (que revela como este, nos fatos, puxa o tapete de Bolsonaro). Notavelmente, subiram no mesmo dia 8, no Twitter, algumas hashtags dizendo “Bolsonaro estava certo” ou “Bolsonaro tinha razão” quanto ao uso da cloroquina. Mas no dia 7 mesmo, até uma jornalista da Folha notou a ausência do presidente em encontros sociais, portanto do próprio Jornal Nacional.

[Adendo posterior: Bolsonaro não mudaria de ideia quanto à pandemia; aparentemente ele ainda não tinha pego covid pela primeira vez; e a cloroquina se revelaria ineficaz pra tratar a nova doença.]

Tentativa de transcrição:
– A gente poderia voltar ao trabalho essa semana, e esse distanciamento social de 1,50 m...
– Peraí, vamo lá, tem máscara pra todo mundo?
– Tem, a máscara se produz em casa, a máscara se faz artesanalmente.
– Tem que ser feito [sic] com tecido apropriado... (pausa)
– Inclusive, eu sei, o próprio ministro colocou na live dele uma mulher ensinando a fazer a máscara, entendeu...
– Não. Tem que ver o tecido certo... (pausa)
– Mas... [?] isso é pra desarmar uma bomba que tão armando contra o senhor...
– Bomba do quê?
– Uma bomba que estão armando contra o senhor, tá...
– Abre o jogo aí. Que bomba é essa?
– Não, não, bomba que os esquerdistas estão formando pra tentar fazer o impeachment contra o senhor, porque todas maneiras eles tão buscando, eles tão fazendo de tudo... Não é só no Brasil, tá, a gente sabe pelo mundo, imagino a pressão que o senhor tá sofrendo, tá. Então tipo assim, pense só, se a gente, todo mundo usar máscara, esse distanciamento que tem que [?] de 1,50 m, a eficiência da máscara é de 95%. Eu não vou ficar impedido de pegar o covid, mas se todo mundo tiver usando, eu não posso pegar de ninguém. Se todo mundo tiver usando, ninguém passa pra ninguém. E aí é que eu [?]: existe um vídeo da República Checa... (pausa)
– Valeu. Mais alguma coisa aí?


Estas são partes da reportagem do Fantástico de 19 de abril de 2020, sobre os governantes que ainda negavam a gravidade ou até mesmo a existência da pandemia de covid-19, mostrando Belarus (antiga Bielorrússia) e seu presidente autoritário Aleksandr Lukashenko. Após crítica feita pela mídia alemã, o Fantástico fez de propósito essa demonstração justamente pra comparar Bolsonaro, seu inimigo declarado, com três republiquetas ditatoriais irrelevantes e pouco conhecidas: Belarus, Nicarágua e Turcomenistão. Ex-parlamentar da Bielorrússia soviética, único a votar contra a independência do país da antiga URSS, Lukashenko está no poder desde 1994 e manteve várias características da economia socialista.

Conhecido por declarações estúpidas como “Prefiro ser ditador do que ser gay”, referindo-se em 2011 ao então ministro do Exterior da Alemanha, Lukashenko sugeriu que os nativos tratassem a covid com “vodca e sauna” pra se livrarem da “poluição”. Chamado “Aliaksandr Lukashenka” em belarusso, é muito criticado dentro do país, sobretudo pela recente crise econômica que rebaixou o nível de vida. Na época, estava se distanciando discretamente da Rússia de Putin (até voltar a seu colo após as manifestações massivas contra sua reeleição fraudada em julho de 2020) e tenciona deixar o poder a seu jovem filho adulto, Nikolai (Kólia), um loirinho que ele teve com uma de suas enfermeiras.

Não tirei os trechos do vídeo original do Fantástico, mas de uma versão de qualidade menor, que já foi apagada do YouTube, e com um corte entre a partida de futebol e a imagem do empresário. A fala completa do narrador é: “O futebol de Belarus agora está sendo televisionado na Europa e está até nas casas de apostas de Londres. Mas o criador de uma plataforma de torcedores teme pela má fama do país.”