quinta-feira, 16 de março de 2023

A Revolução Sandinista na TV Globo


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Repórteres da TV Globo relembram cobertura da Revolução Sandinista na Nicarágua – A Nicarágua enfrentou, desde setembro de 1978, uma intensa guerra civil, que opôs o ditador Anastasio Somoza à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), de orientação socialista. A crise entre guerrilheiros e governo era antiga, remetia ao início do século 20, como uma forma de resistência à ostensiva presença norte-americana no país. O movimento foi fundado em 1962, inspirado no líder guerrilheiro Augusto César Sandino, morto em 1934. O objetivo era derrubar a ditadura da família Somoza, no poder desde 1936, e implantar um regime socialista no país.

A causa sandinista ganhou o apoio da população, principalmente no final da década de 1970, quando crescia a insatisfação dos nicaraguenses com o governo de Somoza. Além das denúncias de corrupção, o ditador era acusado de mandar assassinar o jornalista Pedro Joaquín Chamorro. A morte do mais destacado líder da oposição moderada, em janeiro de 1978, detonou a guerra civil no país. As ações dos guerrilheiros, que no início eram isoladas, se intensificaram em setembro. Foram seis semanas de confronto entre a Guarda Nacional e a FSLN, mas sem resultados positivos para os sandinistas. No dia 6 de junho de 1979, no entanto, os guerrilheiros retomaram os ataques a Anastasio Somoza.

No dia 19 de julho de 1979, a vitória da revolução marcaria o fim da guerra civil na Nicarágua. Após 18 meses de luta, a capital Manágua seria finalmente tomada pelas tropas da FSLN. Nesse dia, a Guarda Nacional, até então solidária ao ditador, deporia armas. Somoza seria morto no ano seguinte, num atentado no Paraguai. Neste webdoc sobre a cobertura da “Revolução Sandinista” em 1978, o site Memória Globo disponibiliza, além de cenas da época, entrevistas exclusivas dos repórteres Luís Fernando Silva Pinto e Sérgio Motta Mello, que cobriram os eventos.

O tema tem tanto mais atualidade neste 2023 quanto o atual governo da FSLN, comandado pelo presidente Daniel Ortega (ex-combatente daquela época), se tornou uma ditadura assassina e repressiva, igual ou pior à de Somoza, com vários refugiados se espalhando pelo mundo. Seus diplomatas estão entre o punhado de delegações párias que votam contra as resoluções da ONU condenando a agressão russa à Ucrânia, e no último dia 12, foi anunciado inclusive o fechamento das embaixadas do Vaticano na Nicarágua e desta no Vaticano. Mas claro, pra esquerda tuiteira tupiniquim trata-se de “defender a revolução” que estaria sendo “cercada pelo imperialismo” em vários flancos...


Desde janeiro de 1978, quando o jornalista Pedro Joaquín Chamorro foi assassinado, deflagrando a guerra civil na Nicarágua, os acontecimentos no país tiveram espaço nos principais telejornais da Globo na época (Jornal Nacional e Amanhã, e, a partir de abril de 1979, Jornal da Globo). Porém, foi nos últimos meses de combate que os noticiários deram mais destaque ao fato, exibindo reportagens diárias sobre o conflito.

Em julho, Luís Fernando Silva Pinto e Handerson Rohes desembarcaram na Costa Rica, onde fizeram reportagens sobre a situação dos refugiados nicaraguenses na cidade de La Cruz. Em Léon, a 70 km de Manágua, Silva Pinto cobriu a mobilização dos guerrilheiros da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) numa das principais cidades do país e também as manifestações populares pela paz. Já na capital, ele entrevistou o arcebispo de Manágua, monsenhor Miguel Obando Bravo, exibida pelo Jornal da Globo em 16 de julho. No dia seguinte, o Jornal Nacional confirmou a renúncia e fuga do ditador Anastasio Somoza.

A fala em espanhol do clérigo não foi dublada pela TV Globo, e eu também não a legendei.


No dia 8 de junho de 1979, o Jornal Nacional (comandado por Cid Moreira) apresentou uma entrevista exclusiva do repórter Sérgio Motta Mello com Anastasio Somoza, na qual o ditador afirmava que a situação no país estava sob controle. No dia 19 de junho, no entanto, o JN exibiu o caos instaurado em Manágua. A reportagem do correspondente, que estava na capital, mostrou que a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) resistia à ofensiva do governo. Os guerrilheiros já tinham provocado mais de mil baixas na Guarda Nacional, abatido metade dos aviões de Somoza e destruído quatro tanques oficiais. Segundo dados da Cruz Vermelha, até aquele momento, mais de dez mil pessoas já haviam morrido no combate. O número de refugiados aumentava a cada dia.