terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Flávio Dino no “Roda Viva” em 2019


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O jurista Flávio Dino, eleito governador do Maranhão por duas vezes logo no primeiro turno (em 2014 e 2018), pertencia então ao Partido Comunista do Brasil (PC do B) e quebrou décadas de hegemonia da família Sarney no estado, por vezes apoiada até mesmo pelo PT. No dia 26 de setembro de 2019, já em seu segundo mandato, ele foi sabatinado no programa Roda Viva da TV Cultura pela jornalista Daniela Lima e por outros convidados. Em 2022, agora filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que integra a base de apoio à terceira presidência de Lula, Dino foi eleito senador por seu estado e escolhido como ministro da Justiça e Segurança Pública. Nesse cargo, está tendo papel destacado no combate e desmonte à rede de desinformação e financiamento pró-Bolsonaro que levou à quebradeira na Praça dos Três Poderes no último 8 de janeiro.

Na época, eu vi o programa inteiro porque já admirava sua capacidade comunicativa, o bom conteúdo de seus discursos e o fato dele ser um progressista consequente, e fui informado de que a maioria dos maranhenses realmente o aprovava (de fato, ele também elegeu o governador sucessor no primeiro turno). Por isso, independente de partido, esperava que Dino fosse candidato à presidência da República em 2018 (quando eu poderia votar nele no lugar de Haddad) ou 2022, mas ele terminou optando pelo Senado e, enfim, por um ministério de Lula. Além disso, quando eu tinha o canal Pan-Eslavo Brasil no YouTube, que reunia inscritos dos mais diversos pontos do espectro político, publiquei os trechos como vídeos individuais. Dada a importância da figura pro Brasil atual, creio ser oportuna a recuperação das imagens e descrições que fiz na plataforma, acrescidas de algumas notas pessoais sobre o que vimos nos anos seguintes.


Reforma tributária é uma urgência – Flávio Dino critica o atual modelo de impostos, que é injusto, segundo ele, porque está focado apenas no consumo, e não na renda ou nas fortunas, o que indiretamente onera os mais pobres, mas alivia os mais ricos. Segundo ele, o Brasil é um dos poucos países capitalistas grandes que adota o chamado “modelo regressivo”, não existente na Europa rica, e isso precisaria mudar pra arranjar uma arrecadação mais sólida pro Estado. Flávio Dino vê na reforma tributária um instrumento de justiça social, mas diz que é preciso vontade política pra implementá-la a fundo, algo fora da agenda do atual governo Bolsonaro [e que de fato não se concretizou em seu tenebroso mandato].


Soluções pra economia ressurgir – Flávio Dino recusa as noções de desmonte e cortes promovidos no Estado pelo governo Jair Bolsonaro, dizendo que o investimento estatal é que pode revigorar uma economia falida como a brasileira. Ele acusa interesses privatistas pelo fechamento de várias iniciativas governamentais e afirma que o Brasil tem bastante dinheiro (reservas internacionais) que, se usado com inteligência, cobriria vários buracos. Flávio Dino não acredita que a “fé no mercado” pura e simples tenha poder pra mudar as coisas e defende várias políticas adotadas nos governos do PT, mas que deviam apenas ser retificadas, e não pura e simplesmente travadas. [Sabemos como esse desmonte foi fatal durante a pandemia da covid-19 e, agora, com a crise dos ianomâmis.]


Sobre segurança pública – Flávio Dino explica sua opinião sobre as atuais políticas de segurança pública e combate à criminalidade do presidente Jair Bolsonaro e do governador Wilson Witzel (RJ) [deposto em 2021 e substituído pelo vice Cláudio Castro, que acabou se elegendo em 2022], enquanto responde às perguntas dos participantes. Ele é contra a ideia de que ataques indiscriminados e execuções sumárias possam resolver o problema a fundo, e aposta em ressocialização, educação e melhores condições de vida pra população pobre. Na sequência da fatalidade ocorrida com a menina carioca Ágatha, Flávio Dino diz preferir uma abordagem humanizada e “empática”, pois pra ele a “violência indiscriminada” só serve de instrumento pra promoções eleitoreiras e populistas. [Mais do que isso, a liberação indiscriminada do armamento de fogo no mandato de Bolsonaro aumentou ainda mais os homicídios, sobretudo por motivos banais e direcionados contra setores historicamente discriminados.]

Eu cortei na minha seleção, mas logo a seguir o governador é questionado sobre uma recente ação de reintegração de posse executada no Maranhão, em que teria havido violência policial desproporcional.


Sobre sua religião pessoal e Estado laico – Flávio Dino responde à pergunta sobre qual é sua religião pessoal e sobre sua opinião ante o aumento da influência religiosa na política. Ele se afirma “católico apostólico romano, admirador do papa Francisco e devoto de são Francisco de Assis”, mas defende que a crença permaneça no domínio privado, sem impor os próprios interesses aos outros cidadãos por meio do Estado. [Durante as eleições de 2022, vimos o inimaginável de bolsonaristas ofendendo padres católicos, em plenas missas e até mesmo na Basílica de Aparecida durante o feriado de 12 de Outubro. Tudo porque a CNBB, mesmo não se referindo nominalmente a Bolsonaro, criticou muitas de suas políticas sociais e de direitos humanos.]


“O bolsonarismo não é um lava-jatismo” – Flávio Dino alerta que a Operação Lava-Jato tinha abusos sim, por parte de juízes, delegados e procuradores, ao contrário daqueles que a defendiam cegamente, e se felicita por estar havendo essa dissociação entre postura crítica e defesa da corrupção. Ele afirma que o “bolsonarismo” nunca foi um “lava-jatismo”, porque Jair Bolsonaro nunca teria sido um entusiasta da Lava-Jato, mas o “lava-jatismo”, sobretudo na forma da adoração do então juiz Sergio Moro, levou ao “bolsonarismo” como idolatria do salvador. O comunista pensa que está havendo um “casamento entre bolsonarismo e lava-jatismo”, mas por causa dos atritos da família Bolsonaro com os investigadores, esse casamento está se fragilizando. Flávio Dino defende uma lei contra o abuso de autoridade, mas igualmente o combate intransigente à corrupção, cuja autocrítica, porém, não devia ser feita só pelas esquerdas, e sim por todos os grupos políticos envolvidos.

[Desde o caso da vazada reunião ministerial de 22 de abril de 2020, vimos as coisas mais patéticas. Primeiro, Bolsonaro disse que “acabei com a Lava-Jato porque não tem mais corrupção no meu governo”: de fato, o que houve foi um desmonte dos órgãos fiscalizadores e sucessivas tentativas de interferir na Polícia Federal. O escândalo da “vaza-jato”, revelando áudios que provam o conluio de Moro com o procurador Deltan Dallagnol pra inculpar o PT e absolver outros, só comprovou como o processo estava todo viciado. Segundo, oportunamente, no auge do negacionismo na pandemia, Moro se afastou de Bolsonaro, renunciou ao ministério da Justiça e tentou lançar seu próprio movimento político visando, talvez, à candidatura à presidente. Falhou tremendamente, e vimos então inusitadas brigas de rua entre tiozões do Zap que ainda se mantinham “bolsominions” ou que estavam virando “morominions”. E terceiro, apesar das ilegalidades, de Dallagnol ter feito vídeos desesperados com a corda no pescoço e de Moro ter se apinhado no saco do ex-patrão na última hora e dado uma facada nas costas de Álvaro Dias pra lhe roubar a chance de ser senador, eles foram eleitos pro Congresso Nacional pelo Paraná. Assim, provaram que o crime compensa e que o discurso anticorrupção cínico, messiânico e moralista, isolado de todo contexto social maior, ainda rende votos nesta Terra de Santa Cruz...]


“Governabilidade” e alianças com vários partidos – Flávio Dino diz não ter ilusões quanto àqueles que querem governar de forma “pura”, sem chapas nem alianças, dizendo rechaçar o “toma lá, dá cá” e a negociação de cargos no governo. Ele reprova Bolsonaro por ter sido eleito se apoiando falsamente nesse discurso, o que estaria levando às constantes travadas em votações e obtenções de maioria, mas ainda assim afirma ser prioritário o combate à corrupção e rebate as acusações de “fisiologismo” na administração do governo do Maranhão. Pra Flávio Dino, as combinações entre partidos ainda são o modo mais viável de aprovar reformas, e enquanto o “presidencialismo de coalizão” não for superado, não pode também ser largado de vez, “não se deixando nada no lugar”. [Vimos que Bolsonaro não só se agarrou descaradamente ao “toma lá, dá cá” como tábua de salvação pra sua incompetência e falta de projeto, como também elevou sua nocividade a novos patamares com o “orçamento secreto” e nomeações abertamente partidárias. Além, claro, das suas trocas de partido quando lhe convém...]


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A Chéquia tem um novo presidente


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Lembrando que “ontem” significa “sábado passado”, dia 28 de janeiro, pois fiz este story no WhatsApp ontem. A posse vai ocorrer no dia 9 de março. Sobre Zeman e alguns vídeos engraçados dele, eu já fiz há alguns meses esta publicação, mas é sempre válido lembrar que Pavel é apenas o segundo presidente eleito pelo voto popular direto na história da Chéquia pós-comunista, pois antes de Zeman, a eleição era indireta. Seguem abaixo duas versões do discurso da vitória (infelizmente ainda não achei nem tradução pro inglês), a primeira começando logo no início da fala, e a segunda cortando parte do final, mas com áudio melhor:




domingo, 29 de janeiro de 2023

Cenas engraçadas do filme “For All”


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Certo dia, me lembrei desta cena do filme For All: O Trampolim da Vitória, gravado em 1997 e lançado em 1998, que assisti numa tarde de domingo da TV Globo quando eu era criança. De modo romantizado, o premiado e elogiado filme trata da chegada de soldados norte-americanos ao Rio Grande do Norte durante a 2.ª Guerra Mundial, quando formaram aí a então maior base militar dos EUA fora do país pra combater as forças do Eixo nazifascista. Recomendo muito que historiadores e curiosos assistam ou exibam, pois é uma riqueza esquecida da nossa cultura!

Este maravilhoso longa conta com o brilho de muitos astros de nosso cinema, TV e teatro, como Edson Cellulari, Diogo Vilela, Betty Faria e Ney Latorraca, bem como de alguns já partidos da Terra (José Wilker, Luiz Carlos Tourinho e Caio Junqueira). Óbvio que pelas cenas picantes e palavrões seria hoje classificado pra maiores de 16 anos, mas ele foi exibido em pleno horário nobre! For All... mostra um lado cultural da presença dos EUA que não se amarra na crítica do imperialismo e do capitalismo, mas se foca nos aportes linguísticos, musicais, materiais e amorosos. Note-se bem que há muitas cenas com bailes de forró, e que se supõe como uma das origens do nome “forró” a expressão inglesa for all, indicando essas festas “para todos”.

Nesta cena, o jornalista e poeta João Marreco, que tem a mesma pinta do professor Girafales do seriado Chaves, está dando uma aula de português pros soldados, ofício pro qual ele foi encarregado durante a estadia deles. Ele é apaixonado por Iracema, filha do italiano pró-fascista Giancarlo Sandrini, que o vê como melhor genro, mas ela acaba gostando do tenente norte-americano Robert Collins, posteriormente morto em combate. Nesta cena, João acaba descobrindo que um dos militares é Robert, e no impulso o chama de “filho da p...”. Questionado, acaba tendo que traduzir o son of a bitch na cara do rival confuso, e assim começa a zoeira dos Marines.


Depois de ter procurado e achado aquela cena, acabei achando outras que poderiam muito bem virar ótimos memes! Nesta outra, novamente João Marreco aparece dando uma aula de português pros soldados, e Luiz Carlos Tourinho interpreta Sandoval, que arrumou um emprego de faxineiro na base militar, lugar procurado também por outros moradores locais. Embora seja gay, Sandoval tem profunda admiração pela cantora e atriz estadunidense Jay Francis, que também veio ao Brasil, e pede a João que lhe ajude a escrever pra ela uma carta em inglês. Diante da recusa, Sandoval sai da sala nervoso dizendo: “O senhor pode seguir a sua reta, mas a Terra é redonda.”

Ou seja, um sujeito simples no início da década de 1940, interpretado num filme dos anos 90, poderia receber com escárnio a ideia hoje ruminada de que nosso planeta é plano/chato! Ele de cara e inocentemente “refuta” os atuais terraplanistas, rs. Curiosamente, fiquei sabendo esses dias numa curta entrevista com o autor de um livro francês sobre teorias da conspiração nas redes sociais que 1 em cada 6 jovens franceses até 24 ou 30 anos “julga possível” que a Terra seja plana. A tese é a de que haja uma fratura geracional em que os jovens estejam se informando cada vez mais por “fontes” ruins, como o TikTok, mas que a vulnerabilidade ao conspiracionismo seja forte igualmente em outras gerações, sobretudo se a escolaridade é menor.


Nesta última cena, Miguel Sandrini (interpretado por Caio Junqueira), que ao que tudo indica é um moço virjão, está praticando o onanismo vendo uma revista com a foto da atriz e cantora estadunidense Carol Byington com um maiô curto e apertado. Miguel é filho de Giancarlo Sandrini (papel de José Wilker), italiano residente no Brasil e que apoia o regime fascista de Benito Mussolini, ficando assustado com a perseguição aos compatriotas pela ditadura de Getúlio Vargas. Depois fiz inclusive um corte, passando logo pra outra cena em que Miguel encontra Carol pessoalmente, numa das festas promovida na base militar pra entreter os combatentes.

Interessante que nem na década de 1940 nem na de 1990 nenhum marmanjo se vitimizava como incel, culpando a sociedade por não transar: ou mandava no 5 contra 1 mesmo, ou saía por aí dando a cara a tapa.

Nas três cenas, eu fiz o corte do quadro e aumentei um pouco o volume do vídeo original completo. Só consegui fazer a segunda e a terceira descrições com a ajuda da tese de doutorado de Thiago Gobet Spada sobre a trilha musical de For All... e desta reportagem da Folha Ilustrada sobre o lançamento do filme.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Hinos do Brasil Comuno-Bolsonarista


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NOTA: Estes vídeos e textos são a republicação de material que apareceu no meu antigo canal Pan-Eslavo Brasil no YouTube em 2019 e, portanto, reflete a situação política e partidária de então, sem levar em conta mudanças conjunturais e na própria laia que circundava Jair Bolsonaro. Portanto, mesmo que grande parte das piadas não correspondam mais à realidade (sobretudo após a covid-19), considere pelo menos como um material humorístico!

Todos de pé pra execução do recém-adotado novo Hino Nacional da República Federa... ops, o nome mudou também: o Hino Nacional dos Estados Unidos do Brazil-zil-zil. Com “z” mesmo e repetindo como na vinheta do futebol! Agora que estamos numa Nova Era com uma Nova Política governada pelo Mito, nada mais justo do que jogar fora os símbolos do passado, como a bandeira, o hino e o nome do país.

A melodia desta obra-prima foi toda baseada no Canto Patriótico de nosso Grande Irmão do Norte, cujas relações com o Brazil serão exclusivamente privilegiadas. Cante junto comigo:

Oh, sei que ele é sim nosso Mito a salvar
O Brasil do PT, socialismo corruptor.
Bolsonaro, Mourão, Sergio Moro e Bivar,
Contra a Globo e o kit gay do PSOL lacrador!
Vamos privatizar, conter doutrinação,
Amazônia queimou, vive o laranjal.
Com Olavo, sem Frota, Macron e traição.
Mister Trump, I love you, quero ser seu quintal!


Pra quem não sabe, Bolsonaro é de esquerda, viu? Ele só tá esperando a direita e o PSL relaxarem um pouco pra implantar o Soviete de Brasília, soltar o Lula e proclamar a URSAL! E todo mundo achou que ele ia caçar os “vermelhos”... colocando Aras na PGR? Bobinhos. Tirei a melodia instrumental deste vídeo.

Pros desiludidos e pros que gostam de ver o pau comendo, temos o Decreto n.º 1 do Conselho de Comissários do Bolso (nos dois sentidos, rs) mudando o hino nacional e o nome do Brasil pra União das Repúblicas Bolsonaristas Antiéticas. A letra foi amplamente inspirada na tradução literal do hino nacional da antiga URSS, mas por coincidência esta também é a melodia do atual Hino Nacional da Rússia!

“Reacionários de todos os matizes, uni-vos!” Olavo de Carvalho será nosso Lenin, Bernardo Küster será nosso Molotov e Nando Moura será nosso Andrei Zhdanov. Cantem comigo:

1. O sonho do Império Brasil restaurado
Formou a união de direitas hostis.
Que vivam Jair Bolsonaro e seus filhos,
Varões piedosos portando fuzis!

Refrão:
Glória à República de Curitiba,
Sólido esteio anticorrupção!
Partido de Bivar, força do laranjal,
Leva-nos rumo ao Evangelistão!

2. Brilhou nas tormentas Macedo e o Silvio,
Olavo Carvalho clareou nosso andar,
Da tia do Zap e do tio do churrasco,
Igual a manada nos fez militar!

(Refrão)

3. O nosso futuro, sem Globo e sem Folha,
Nós vemos com Trump, sem Kirchner e Macron.
Vendemos da Pátria até a bandeira,
Não tem Amazônia, ninguém faz cocô!

(Refrão)

P.S. A versão original tinha as legendas com a letra acima, mas infelizmente não sei onde foi parar o vídeo. Como eu ainda tinha o áudio e a imagem e fundo, refiz parte da montagem, e espero que minha voz horrível ainda possa satisfazê-lo!


quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Ucranianos pedem apoio de Lula


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Estou fazendo esta publicação extra pra divulgar uma carta que meu amigo Claudio, do Paraná, me passou pelo WhatsApp. É um pedido assinado em 20 de janeiro de 2023 por Vitorio Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, e por Paul Grod, presidente do Congresso Mundial dos Ucranianos, pra que o presidente Lula apoie mais explicitamente os esforços de paz do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e as tentativas internacionais de condenação e punição da invasão de Vladimir Putin à Ucrânia e sua decorrente carnificina.

Infelizmente, não tenho grandes esperanças de progresso, dado que a atual elite diplomática, de matiz notadamente esquerdista, é muito ignorante quanto a assuntos de países eslavos, e que o agronegócio (que alimenta mais a China e a Europa do que o Brasil, convenhamos) vai chiar ante a possível restrição de produtos químicos se Moscou e Minsk se sentirem muito contrariadas. Em todo caso, recomendo que passe esta publicação pro máximo possível de contatos, ou pelo menos as imagens abaixo que aqui estão contidas:





quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Poroshenko radiativo: soldados caem


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Em 2014, uma insurreição popular que quase foi apropriada por neonazistas e xenófobos derrubou o então presidente da Ucrânia (fantoche da Rússia), Viktor Ianukovych, e enquanto não ocorriam novas eleições, o presidente do Parlamento comandou o país. Em face de uma guerra civil explodida logo em março no leste tradicionalmente russo do país, foi eleito por voto popular Petró Poroshenko, industrial do ramo chocolateiro e apoiado pelo Ocidente em sua fúria contra a Rússia. Inicialmente apoiado pela onda nacionalista que se comoveu com o que seria uma intervenção de Putin e sua invasão da Crimeia, Poroshenko não conseguiu reverter o vertiginoso empobrecimento da Ucrânia e perdeu fragorosamente pro opositor Volodymyr Zelensky, quando tentou a reeleição em 2019. Mesmo nas províncias mais conservadoras do oeste, o novato conseguiu ficar à frente no segundo turno por cifras não desprezíveis.

Durante o mandato de Poroshenko, houve uns 5 ou 6 casos (mostro apenas alguns aqui) de desmaios de guardas presidenciais em cerimônias oficiais, a começar em sua própria posse, quando um soldado quase caiu em sua frente, mas acabou desabando fora das vistas do eleito. O presidente entraria no Parlamento e parece não ter reparado ou dado importância à cena, mas no fim do ritual, segundo depoimentos, ele teria questionado sobre o estado do militar. Os russos, claro, fizeram a festa, dizendo que os ucranianos (que realmente há muito já eram bem pobres) já passavam fome com Ianukovych, e assim continuariam com Poroshenko, sendo que nem os militares eles estariam conseguindo alimentar!

Eu apenas recortei os quadros, não fazendo alterações no áudio ou na própria duração dos vídeos. Como bônus, também saído da TV em russo, uma cena de desmaio do ex-presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, durante a festa nacional de 10 de Junho em 2014, quando afirmam que ele estava ouvindo palavras de ordem bradadas pelos sindicalistas! E de fato, era uma época em que os portugueses estavam bem mal... Fontes (por ordem de exibição):

http://youtu.be/iuzMT0YXu7k
http://youtu.be/QV7EiWKqslM
http://youtu.be/tYm8zH6LUIo



segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Putin falando em francês (2007 e 2019)


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Duas raríssimas vezes em que o Ditador de Todas as Rússias, Vladimir Putin, falou algumas palavras em francês. Ele parece não ser fluente na língua, mas conseguiu decorar certas frases ou expressões!

A primeira vez foi em 4 de julho de 2007, na Guatemala, quando o Comitê Olímpico Internacional escolheria a cidade russa de Sochi como sede dos Jogos de Inverno de 2014. Na ocasião, o presidente Putin foi pessoalmente ao evento pedir diretamente aos membros do comitê:

“Monsieur le Président, membres du CIO, mesdames et messieurs ! Soutenez, s’il vous plait, le rêve olympique de millions de ‘rousses’ [Russes] qui attendent votre décision avec l’espoir. Je vous remercie.” Depois em inglês: “Sank [thank] you!”

(Senhor Presidente, membros do COI, senhoras e senhores! Apoiem, por favor, o sonho olímpico de milhões de russos que esperam sua decisão com [a] esperança. Eu lhes agradeço.)

Curiosamente, ele pronuncia Russes (russos/as) como rousses, que em francês significa “ruivas”!

E novamente, em 19 de agosto de 2019, Putin começou a visitar o presidente francês Emmanuel Macron em sua residência oficial de Brégançon. Após uma longa conferência de imprensa em que ambas as línguas tiveram intérpretes, o russo fez a gentileza de dizer ao final, quase sem ninguém notar, enquanto tirava o fone: “Merci bain [bien], merci bain [bien] !” (Muito obrigado, muito obrigado!) Em mais uma alteração fônica, Putin diz “bén”, que significa “banho”, ao invés de “byén” (“bem”, aqui usado como “muito”).

O que acham de tomar um “banho com ruivas” no castelo francês? “Muitos russos” gostariam!



domingo, 22 de janeiro de 2023

Diário Político do Centro da Rabeta


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Os eventos políticos destes primeiros 22 dias do agitado ano de 2023 (como se as desgraças de 2022 já não fossem poucas!) já geraram tantos memes e situações engraçadas, que não pude deixar neste domingo de fazer uma publicação extra com algumas coisas que encontrei por aí ou que li da minha (assaz peculiar) maneira.


Uma infeliz montagem de uma fotojornalista da Folha de S. Paulo, que saiu bem na capa e ainda fez o favor de “desenhar” a legenda, foi suficiente pra esquerda tuiteira pedir a cabeça da profissional, acusando-a de sugerir o assassinato do Molusco com um tiro no coração. Segundo Gabriela, a sugestão era uma tentativa de “matar” a democracia, mas sem sucesso, pois lá estava Lula novamente a sorrir, se arrumar e trabalhar. Essa mesma esquerda já pediu a morte de não sei quantas personalidades políticas, passou pano pras piores ditaduras (presentes e passadas) e, na era pré-2013, simplesmente se recusava a dialogar com quem se declarava de direita. Sim, não era conservador, bolsonarista, pró-milicos ou monarquista: você era tratado como cidadão de segunda categoria nas universidades e nas redes sociais, imputável dos piores crimes, simplesmente por se declarar de direita! Em todo caso, pra evocar uma “democracia fraturada”, acho que até o print que fiz de uma reportagem do Fantástico, sem nenhuma montagem, e postei entre os memes do “Capitólio brasileiro”, ficaria melhor!


Christian Lynch é um cientista político brasileiro que está ganhando proeminência nas redes sociais como crítico feroz do bolsonarismo e já apareceu por aqui quando reproduzi seu célebre fio do Twitter explicando a invenção do conceito de Nordeste brasileiro. Este seu último tuíte resumindo o último governo com suas próprias opiniões é uma verdadeira obra de poesia em prosa! Ele tem literalmente “lynchado” os minions, rs.


Uma amostra/exemplo do que o professor disse acima.


Enrico Mentana, icônico apresentador do principal jornal às 20h de Roma do canal televisivo La7, ficou brevemente com essa cara de alívio + felicidade logo após o fim da exibição da reportagem que relatava como foi preso Matteo Messina Denaro (“U Siccu”), o último grande chefe mafioso, ou boss dei boss, que ainda estava solto após encomendar o assassinato dos juízes antimáfia Falcone e Borsellino, em 1992.


Falou a “ex-”admiradora de Mussolini que tem um amiguinho do Mito no governo, rs: “O que está ocorrendo no Brasil não pode nos deixar indiferentes. As imagens da irrupção nas sedes institucionais são inaceitáveis e incompatíveis com qualquer forma de dissenso democrático. É urgente um retorno à normalidade e expressamos solidariedade às Instituições brasileiras.”


Diretamente do Túmulo de Grant (Pica-Pau referências, rs), o fundador dos EUA vem desfazer um equívoco... (A data está com essa correção fuleira porque achei que a bomba plantada perto do caminhão-tanque tinha sido posta no dia 8 de janeiro do quebra-quebra!)


Espero que tudo tenha acabado bem, pelo menos por enquanto... Vamos ficar com esta linda obra partilhada pelo escritor e lambe-saco da família Castro Fernando Morais.


Bolsominions adoram um carro importado, e falam mais do assunto do que de céquiço propiamente dito. Porém, em sua decadência alegada pelas esquerdas, a Folha de S. Paulo precisava anunciar uma pesquisa científica pra descobrir algo que minha trisavó vêneta, nascida por volta de 1882, já dizia do alto de sua sabedoria (“Homem que não tem carro, não tem pinto”)???


Falando em masculinidade tóxica, quase morri quando vi as legendas do que esse menino checheno falou num documentário de 2000 sobre a guerra na década de 1990, rs. Isso me lembrou quando há uns cinco meses um senador uruguaio causou burburinho quando disse que a Argentina estava ruim porque estava “cheia de argentinos”...


E pra terminar, ainda em conexão com o antigo espaço soviético, gostaria de fazer um alerta a todo mundo que chega a esta pobre página: neste momento, na região independentista do Artsakh (ou Nagorno-Karabakh), encravada no oeste do Azerbaijão, o governo deste país está cometendo um genocídio de armênios, com a ajuda da Turquia, no nariz dos soldados russos lá deslocados (cujo próprio governo está cometendo um genocídio de ucranianos...) e com total complacência dos EUA e da União Europeia, que tá chorando pelo petróleo e gás do ditador Aliyev!


sábado, 21 de janeiro de 2023

Cena de casório do filme “Al-Huduud”


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Sempre gostei muito deste vídeo que achei por acaso, mas cujo contexto nunca consegui descobrir. Só hoje que resolvi cortar o quadro e repostar aqui, pra que vocês possam conhecer, e obter algumas informações sobre o referido filme. Trata-se de uma cena de casamento do filme árabe Al-Huduud (A Fronteira), produzido na Síria em 1984 e que foi estrelado pelo famoso comediante e diretor sírio Duraid Lahham (o senhor de bigode) no papel de Abdulwadud. Segundo a sinopse em inglês no site do IMDb, “Um viajante entre dois países fictícios chamados ‘Orientistão’ e ‘Ocidentistão’ perde seu passaporte e documentos pessoais. Preso entre os dois países, ele não pode nem cruzar a fronteira nem voltar pro lugar de onde veio. Ele teve de acampar numa área neutra entre os dois países, encarando inúmeras situações cômicas na estadia. O filme satiriza a ideologia da unidade e cooperação árabes no nível dos Estados.”

De fato, a República Árabe Unida, um Estado soberano que existiu de 1958 a 1971, foi inicialmente uma união política entre o Egito e a Síria, até que esta rompeu a ligação após o golpe de Estado de 1961, mas o nome continuou sendo usado oficialmente pelo Egito até 1971. Seu líder foi o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, e a RAU também integrou os Estados Árabes Unidos, uma frágil confederação com o Reino Mutawakkilita do Iêmen também dissolvida em 1961. A bandeira era exatamente a mesma da Síria atual, inclusive as duas estrelas verdes no meio, e foi o ápice da ideologia nacionalista e esquerdista do “pan-arabismo”, da qual Nasser era um fervoroso adepto, assim como o ditador líbio Muammar al-Gaddafi (líder em 1969-2011).

Duraid Lahham nasceu em Damasco em 1934, ficando muito famoso por fazer o personagem “Ghawwar” em inúmeros filmes e séries. De mãe libanesa, atuou ativamente com a dança folclórica dabke enquanto frequentava a faculdade de Química, e então se apaixonou pela dramaturgia. Lahham apareceu na primeira exibição de TV da Síria, em 1960, e atuou em várias peças políticas populares em todo o mundo árabe, como crítica da situação que se produzia nessa região. Em 1999 ele foi indicado pela UNICEF como Embaixador da Boa Vontade pro Oriente Médio e África do Norte, visitando o sul do Líbano em 2004 e fazendo aí um polêmico discurso contra George W. Bush e Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel. Lahham também recebeu condecorações de ditadores como Hafez al-Assad (pai do sírio Bashar), Habib Bourguiba (Tunísia) e Gaddafi.

A linda moça que faz o papel de Sodfah é a atriz Raghda Mahmoud Na’na, mais conhecida apenas como Raghda, também síria e nascida em 1957 em Aleppo. Formada em literatura árabe no Cairo, atualmente mora no Egito e seu papel mais conhecido foi o da Rainha Zenóbia de Palmira na novela síria Al-Ababeed (A Anarquia, 1997). Uma das maiores estrelas do cinema egípcio e árabe das décadas de 1980 e 1990, é uma ativista a favor de Bashar al-Assad, enquanto seu próprio pai é um opositor. Espero que você tenha gostado deste vídeo, e que entenda minha vontade de trazer coisas diferentes pra ampliar o conhecimento!




A segunda versão acima foi feita com as legendas da letra em árabe da canção, que também pode ser lida e copiada em texto abaixo. Se alguém quiser me contatar fornecendo uma boa tradução como conhecedor(a) de árabe, antes que eu mesmo improvise uma, fique à vontade:

يا موشحة بثوب القصب ريح النفس قطر ندى
من هامتك غار القصب ما عاد على أهلو اهتدى
رشينا دربك بالورود و عملنا عرسك عالحدود
يا ال عريسك عبد الودود متلو قمر ما في حدا
صدفة اجت متل الصدف بين ليل و صبح ما انعرف
قلبها من الصدر انخطف لما عريسها وعدا
عريسنا بليلة صفا عاهد عروسو عالوفا
و بنظرة محبة اكتفى وراهن حياتو يسعدا
عروسنا بدر السما باللولو خلطت مبسما
ولما عبد الودود وما طير الهوى أصدر شذا
يا من وعدنا بالأمس نشبع فرح يوم العرس
ريتو العمر ورد و شمس ومروج ربيعها إبتدا
عيشو الهوى من أولو صدفة الهوى ما أجملو
تهنوا بالعرس الحلو تبقوا حبايب على المدى


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Laperise, dança do Cáucaso noroeste


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Eu adorei este vídeo, e trazendo-o aqui aproveitei pra fazer umas pesquisas e trazer mais informações históricas. Essa é uma variante da dança caucasiana lezginka chamada laperise (ou algo assim, transcrevendo o cirílico “лъапэрисэ”), que também é o próprio nome local da lezginka. Em 26 de julho de 2017, os dançarinos e os espectadores estavam na Praça Abcázia, na cidade de Nalchik, capital da República Cabardino-Balcária, que fica bem na fronteira do sul da Rússia com a Geórgia. A canção também chamada genericamente de Laperise também pode ser ouvida num áudio mais suave ou mais batido e rápido.

Na língua cabardina, segundo um dicionário russo que achei online, “laperise” (лъапэрисэ) significa “o que está preso ou fincado com as pontas dos pés” (то, что воткнуто носком), e de fato essa dança é feita pelos homens, e um pouco pelas mulheres, bem na pontinha dos pés ou até do dedão. A língua cabardino-circassiana (em russo, kabardino-cherkesski) também é chamada genericamente de “adigue” (em russo, adygeiski), nome que é nativamente usado por aquelas que às vezes são consideradas línguas distintas, mas muito próximas: cabardina (kabardinski), circassiana (cherkesski) e adigue (adygeiski). Todas fazem parte da família primária das línguas caucásicas do noroeste, às vezes também chamada “caucásica ocidental”, “abcázio-adigue”, “circassiana” ou “pôntica”, mas enfim... é uma família mais ou menos próxima das famílias caucásica do nordeste (checheno, inguche e outras) e caucásica meridional (georgiano e outras menores), mais conhecida como cartevélica. Todos esses idiomas são falados por todo o norte do Cáucaso, do qual a maior parte pertence à Federação Russa, ao contrário do sul, em que temos Geórgia, Armênia e Azerbaijão como países hoje independentes.

Tudo isso é muito complexo, então vamos curtir a música e a dança! Na verdade, essas denominações são bastante fluidas e constantemente transpassadas pelos cidadãos, que nessa região se consideram todos como irmãos. O mais engraçado é que esse tipo de ajuntamento parece muito com os que são comuns em praças de grandes capitais brasileiras, com seus músicos, dançarinos e artistas de rua. E mesmo quando eu morava em Guarulhos, antes de 1994, via isso direto na Praça Getúlio Vargas, do centro. Vejam que além do drone branco sobrevoando a massa, a outra grande atração é o careca incorporando o Pião da Casa Própria aos 2min 01seg! Neste vídeo, temos também um ensaio do Conjunto Circássia dançando a mesma laperise num salão.


Este vídeo do músico e compositor Timur Losan, também de língua e etnia adigue, lançou uma canção que é chamada no título “Хэхэс Джэгу” (Hehes Dzhegu ou Khekhes Dzhegu), com instrumentos e dança presentes no vídeo. Coisas lindas e desconhecidas como essa precisam ser mais lançadas no Brasil, pois uma cultura só evolui com sangue novo, e não com a mastigação das mesmas coisas, que pelo desgaste acabam virando lixo midiático descartável!

Segundo a descrição em russo do canal de Murat Dzuiev (no qual vi pela primeira vez uma versão do vídeo, que depois sumiu), produtor que filmou e postou o clipe em junho de 2018, “O estilo em que o autor compôs a música é único, pois só foi conservado nas diásporas adigues (circassianas). Esse jeito de tocar o instrumento forjou uma coreografia peculiar, de ponta a ponta, desde o convite dos parceiros pro círculo até o fim da apresentação. Neste vídeo se vê uma dança de jovens juntos, sem uma parceira, pra ressaltar ainda mais a luminosa energia da coreografia. Essa obra é autoral, pois no original se recomenda dançar com uma parceira.”

Ouça também apenas o áudio, e divulgue o autor pra que ele e esse estilo se tornem mais conhecidos!


terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Barack Obama falando em espanhol


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Estes vídeos andaram perdidos ao longo dos anos no YouTube, mesmo entre quem falava inglês ou espanhol nos EUA, e agora estou tentando ressuscitar. É raro achar extratos de presidentes norte-americanos falando em espanhol, mas no caso do lendário Barack Hussein Obama eu me lembrava de ter visto um vídeo há uns anos. De fato, não só achei a vinheta chamada El sueño americano (O sonho americano), que ele gravou na sua primeira campanha em 2008 destinada aos chamados “hispânicos”, como também achei outro vídeo interessante, com um discurso dele de 2012, também perto da campanha à reeleição.

O segundo vídeo se passa em Orlando, na Flórida, numa conferência da NALEO (Associação Nacional de Latinos em Cargos Eletivos), mas ele só falou duas frases curtíssimas no começo e no fim. São “¡Qué placer estar aquí con tantos amigos!” (Que prazer estar aqui com tantos amigos!) e “Who said: ¡Sí, se puede!” (Que disseram: Sim, nós podemos!) A tradução é essa porque antes ele fala em inglês: “Mas os EUA foram construídos por pessoas que disseram algo diferente. Que disseram...”. Você pode assistir ao discurso completo de Obama ou ler sua transcrição na íntegra.

Esse vídeo só teve alguns milhares de visualizações, assim como a versão com qualidade melhor da vinheta de 2008 (por isso, devem ter circulado em redes restritas, ou nesses tempos poucos ainda usavam YouTube e Facebook). Ele está num canal que acredito ter sido oficial pras campanhas do Obama, assim como outra vinheta em espanhol da campanha de 2012. Barack Obama foi presidente dos EUA pelo Partido Democrata de 2009 a 2017, tendo exercido dois mandatos como o primeiro negro no cargo. Advogado de profissão, filho de pai queniano e mãe branca americana, foi antecedido por George W. Bush e sucedido por Donald Trump. Joe Biden, o atual presidente, foi seu vice.

Obama na verdade não fala bem espanhol, mas sabe ler bem textos pronunciados com leitura. Dos ex-presidentes dos EUA, sei apenas que Jimmy Carter é fluente, e Jeb Bush, político irmão do ex-presidente Bush, também fala bem.


O texto de 2008 é o seguinte: “Compartimos un sueño. Que trabajando duro, tu familia puede triunfar. Que si te enfermas, tengas un seguro médico. Que nuestros hijos puedan recibir una buena educación, sean ricos o pobres. Éste es el sueño americano. Te pido tu voto – no sólo para mí y los demócratas, sino para mantener ese sueño vivo para ti y para tus hijos. Soy Barack Obama y apruebo este mensaje.” (Partilhamos um sonho. O de que trabalhando duro, sua família pode vencer. O de que se você adoece, tenha um seguro médico. O de que nossos filhos possam receber uma boa educação, sejam ricos ou pobres. Este é o sonho americano. Peço a você seu voto, não só para mim e os democratas, bem como para manter vivo esse sonho para você e seus filhos. Sou Barack Obama e aprovo essa mensagem.)

O texto de 2012 é o seguinte: “En los jóvenes conocidos como los DREAMers, veo las mismas cualidades que Michelle y yo tratamos de inculcar en nuestras hijas. Respetan a sus padres. Estudian para superarse. Y quieren aportar al único país que conocen y aman. Como padre, me inspiran. Y como Presidente su valentía me ha hecho recordar que ningún obstáculo es muy grande. Ningún camino muy largo. Soy Barack Obama y apruebo este mensaje.” (Nos jovens conhecidos como dreamers [sonhadores], vejo as mesmas qualidades que Michelle e eu nos ocupamos de incutir em nossas filhas. Respeitam seus pais, estudam para superar-se e querem contribuir para o único país que conhecem e amam. Como pai, me inspiram. E como Presidente, sua coragem me fez lembrar que nenhum obstáculo é grande demais, nenhum caminho longo demais. Sou Barack Obama e aprovo essa mensagem.)


domingo, 15 de janeiro de 2023

De onde vem meu sobrenome Fishuk?


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Minha bisa, meu biso e minha mãe, no dia de seu batizado (1963)...


Como alguns conhecidos da internet sempre me perguntaram de que povo eslavo sou descendente e de onde vem e o que significa meu sobrenome “Fishuk”, com que assino nas redes sociais e sites em geral, também fiz uns anos atrás este vídeo breve explicando parte de minhas origens!

Embora eu tenha uma porção de antepassados vindos da Ucrânia e da Bessarábia/Moldova, sou descendente de muitos outros povos também. Estou expondo aqui alguns resultados de várias pesquisas que fiz sobre a origem do sobrenome “Fishuk”, ou melhor, “Fyshchuk”, que é sua real grafia ucraniana.

Em russo e ucraniano, o sobrenome em cirílico é “Фищук”, com a pronúncia levemente diferente. No meu próprio sistema de transliteração, eu escrevo “Fischuk” em russo e “Fyshchuk” em ucraniano. Por vezes se acham também as formas “Фишук” em russo e “Фішук” em ucraniano (mesma pronúncia “Fishuk”), já que por ser relativamente comum na Rússia e na Ucrânia, sofreu várias mutações.

Eu já vi registrados alguns Fishuk nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil o sobrenome tomou outras formas: “Fiszuk” (que está no meu registro civil) com meu avô materno e quase todos os seus irmãos, exceto um registrado “Fiskuski”. Eles todos são filhos de meu bisavô Basílio, que veio de Kyiv (Kiev) e era casado com Tecla “Coloxuk” (em 2022 achei vários “Koloszuk” no Instagram), da Bessarábia, e teve irmãos que talvez tenham se espalhado por outras partes do Brasil...

Já da parte dos italianos, o mais notável é que sou descendente das famílias Garla (Calábria?) e Pellicci (Nápoles), das quais já encontrei outros membros no passado pelas redes sociais. Espero que você se divirta com meu vídeo!



sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Gilets jaunes (coletes amarelos), 2018


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Quando eu tinha meu canal Pan-Eslavo Brasil no YouTube, nunca fui de comentar as manchetes jornalísticas, como os youtubers que falam tudo “sobre a hora”, mas como eu tinha escutado bastantes coisas legais nas rádios francesas online, resolvi compartilhar um pouquinho sobre o movimento dos “coletes amarelos”, que sacudiu a França no fim de 2018 e começo de 2019, e só não se tornou um movimento ainda mais massivo contra Macron por causa da pandemia de covid-19.

Os jornais brasileiros trataram muito de leve sobre aquelas violentas manifestações na França contra o aumento no preço do diesel por causa de um imposto que financiaria a “transição energética” (redução da dependência ante combustíveis fósseis). O movimento batizado de “gilets jaunes” (por causa dos coletes amarelos fosforescentes que os motoristas do país são obrigados a portar) começou no interior, isto é, nas regiões do norte, centro e sul fora do entorno maior de Paris, e se espraiou pra capital nacional, com mais violência ainda. O que se limitava ao aumento dos combustíveis acabou abarcando muitas outras fontes de insatisfação, entre elas o salário mínimo, as condições de vida e a reforma das escolas, tornando-se a mais dura prova do presidente Emmanuel Macron, eleito ainda em 2017.

Porém, se olharmos mais de perto, os problemas e demandas eram muito parecidos com o que víamos no Brasil dos anos anteriores, embora nossa tendência à explosão seja bem menor. A diferença é que na França a raiz do problema recua muito mais no tempo, e abrange uma desigualdade entre as regiões, que transformou Paris num centro privilegiado e “o resto” num grande subúrbio com problemas de infraestrutura. Some a isso a conjuntura internacional, a economia que não deslancha e um presidente alienado, e temos o barril de pólvora pronto pra primeira faísca!

Vendo agora em retrospectiva, parece que há muito mais motivos pra reclamar, pois no fim de 2022 o pessoal da saúde começou uma ampla greve, devido às más condições de trabalho enfrentadas durante a pandemia e à crescente precarização do serviço público como um todo. Macron, em geral, é um adepto do desmonte ao velho estilo neoliberal, embora se venda como centrista ou como grande novidade. Ironicamente, a abstenção no momento de sua reeleição em 2022 foi muito grande, e a vitória foi muito mais um voto contra a extrema-direita de Marine Le Pen do que uma carta branca às propostas da coalizão macronista. Portanto, não foi surpresa que nas eleições parlamentares que se seguiram, o governo não conseguiu maioria absoluta e hoje depende de conversar muito mais com outras forças pra aprovar medidas. É a primeira vez que isso acontece desde 2002, quando as eleições parlamentares passaram a ocorrer logo após as presidenciais e quando os sete anos de mandato do presidente foram reduzidos a cinco. Pra piorar, a invasão da Ucrânia pela Rússia atrapalhou os planos europeus de transição energética, obrigando a correr pra buscar gás e petróleo junto a outras ditaduras nações e adiar, ou mesmo suspender, o abandono completo do carvão e do nuclear.

Fico triste que tudo o que se encontre fora da órbita dos EUA seja muito pouco tratado pela Globo e pela Record, e que o brasileiro raramente tenha acesso à mídia estrangeira de qualidade ou apenas de abordagem diferente, seja por falta de conhecer línguas, seja por preguiça (afinal, hoje há muita coisa traduzida). No caso da Radio France Internationale (RFI), cujo material que consumi foi em francês e espanhol, não há desculpas, pois há textos e áudios nas duas versões: português europeu e brasileiro! Quem sabe você também não fica animado pra se informar mais sobre Portugal e a África lusófona?...



quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Banda Chuva de Pétalas (Expoflora)


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Minha mãe, minha avó (que adoram plantas e jardinagem!) e eu fomos a Holambra, no interior de São Paulo, no dia 23 de agosto de 2018, visitar os estandes da Expoflora que, até uns anos atrás, já ficavam abertos na véspera da abertura oficial da exposição. A cidade de Holambra concentra o maior mercado floreiro da América Latina, e em 2018 comemorou os 70 anos da imigração holandesa pra região, ou seja, a festa foi grande. Nós fomos no dia 23, e a Expoflora foi aberta no dia 24, mas nas 4 semanas do evento, a cidade fica lotada demais, e quase não dá pra se andar no parque de exposições!

Pouca gente sabia que, talvez por iniciativa do ótimo prefeito da época, a Expoflora abria suas portas um dia antes, cobrando meia-entrada pra todos os homens, independente de idade ou condição de estudante, e deixando todas as mulheres entrarem de graça. Claro que isso não era muito divulgado, e dava pra andar calmamente pelo parque e pelas ruas de Holambra nesse dia. Agora, essa regalia foi suspensa, sabe-se lá por que motivo. Mas o evento era aberto a todos, e quem consegue chegar à cidade, pode vir facilmente, pois o traçado das ruas é muito reto, sendo muito difícil se perder!

De repente, eu estava andando pelos corredores, na parte externa, e escutei ao longe essa bandinha tocando. Em 2016, eu também tinha vindo nessa pré-abertura e topei com uma banda parecida (talvez a mesma?), mas tava bem mais engraçada, porque tavam tocando músicas populares brasileiras, e tinha dançarinas com roupas de boneca e rapazes fantasiados de produtos da Ypê! Me arrependi de não ter filmado... Então, logo que escutei o primeiro acorde, corri pra filmar pelo menos esta! Não tá tão hilária, mas a musiquinha é gostosa.

Pelo que deu pra ver na camiseta deles, e pelo que pesquisei depois no Google, a banda se chama “Chuva de Pétalas”, e uma das atrações de Holambra na época da Expoflora é a casa do personagem Tulipo, um moço de roupa holandesa, mas fantasiado com uma cabeça em forma de tulipa laranja. A banda toca então várias vezes em frente à casa dele pro público aberto, na Alameda Amsterdam. Outro símbolo da Expoflora era o senhor Piet Schoenmaker, conhecedor e pioneiro da cidade, que a todo momento andava com trajes típicos pela feira pra que as pessoas tirassem foto com ele. Piet faleceria em janeiro de 2020.



terça-feira, 10 de janeiro de 2023

MEMES DO CAPITÓLIO BRASILEIRO!


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Apesar do tom de tragédia, você achou que não ia ter memes sobre o “Capitólio Brasileiro” de 8 de janeiro? Só que não! Só não lancei ontem porque já tinha programado uma publicação sobre a língua francesa, mas durante os dois últimos dias, reuni imagens e vídeos com que pudéssemos rir ou refletir um pouco...



IMAGEM QUE VAI SIMBOLIZAR ESSE DIA
(animal KHndo no gabinete do Xandão, kkkkk)



Mais sério: Lula perante um país fraturado, aos pedaços...



Jean Wyllys voltou à Banânia e virou a casaca??? Kkkkk



Até o Marcão escreveu em português!
Medo dos coletes amarelos?...



Bolsonaro não está em Orlando:
retornou à casa e SE DISFARÇOU NO MEIO DO GADO!!!



Atestado da linguagem e mentalidade de quinta série...



23:59 – “Meu pai me deu educação!”
0:00 – “P**A M***A” kkkkk



23:59 – Liberdade de expressão, contra a censura!
0:00 – assédio judicial MBL School...



Manhã de segunda: acesso de sinceridade da repórter da CNN!
(leia aqui pra entender a história)



Tive que fazer estes dois adendos, kkkkk!
(clique aqui pra entender a piada)




Investigar “A, B ou C” ou “a Beyoncé”? Kkkkk



segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Frases e verbos básicos em francês


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Quando eu ainda tinha meu canal Pan-Eslavo Brasil no YouTube, fiz esta iniciativa meio às pressas, em parte por causa da final da Copa do Mundo de 2018, em parte pra sistematizar o material que reuni ao dar o cursinho de francês no programa TOPE da Unicamp no primeiro semestre daquele ano. Vocês podem ver algumas frases básicas traduzidas e pronunciadas por mim, bem como os padrões de conjugação dos verbos regulares dos chamados 1.º e 2.º grupos, além das conjugações dos verbos auxiliares irregulares être (ser, estar) e avoir (ter, haver), sempre no tempo presente do indicativo (indicatif présent). Minha pronúncia tá longe de ser perfeita, e o material não pretende ser exaustivo.

Por incrível que pareça, esqueci de colocar uma das frases mais básicas do universo: “Por favor”! Existem duas formas de você dizê-la: S’il te plait (se diz “silhteplê”) caso esteja falando com alguém de sua intimidade, S’il vous plait (se diz “silhvuplê”) caso esteja falando com alguém sem intimidade ou com duas ou mais pessoas. Você pode encontrar mais comumente a ortografia plaît pro verbo, com acento circunflexo, ambas estão corretas. Lembre-se bem desta distinção: o pronome tu (2.ª pessoa do singular) só é usado com crianças, amigos, parentes ou parceiras(os), ou quando dois jovens criam uma relação não tão formal; o pronome vous (2.ª pessoa do plural) deve ser tomado como “padrão” mesmo quando nos dirigimos a uma só pessoa, e é usado com desconhecidos, superiores, idosas(os) e outras pessoas adultas com quem não temos intimidade. Em geral, a pessoa com quem você está falando avisa quando deseja ou “autoriza” você a usar tu, dizendo On se tutoie ? (Vamos nos tutear? Pode usar “tu” comigo).

Leia outros textos que oferecem ajuda sobre aspectos diversos da língua francesa em minha página!



sábado, 7 de janeiro de 2023

A primeira ligação de celular no Brasil


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O youtuber Ricardo Vieira digitalizou uma série de antigas fitas VHS (cassete) com programas da TV Globo de meados dos anos 80 até final dos anos 90. Este vídeo raríssimo mostra a reportagem do Jornal Nacional em novembro de 1990, cobrindo a chegada da telefonia móvel ao Brasil e a primeira ligação feita pra uma linha fixa. Sérgio Chapelin, até pouco tempo astro do Globo Repórter, era então um dos âncoras, e o falecido Marcelo Rezende, anos depois famoso pelos programas policiais, teve a honra de fazer a cobertura de rua.

Eu decidi pôr esta parte do vídeo, porque eu já tinha baixado mesmo, pra fazer um meme. A diferença em relação à postagem original foi o corte do tempo e do enquadramento que fiz, deixando em formato 16:9 e me limitando ao tempo da primeira ligação. Eu também aumentei bem o volume, muito baixo no original. Na época, o secretário nacional de Comunicações (ainda não era ministério), Joel Marciano Rauber, fez a primeira chamada do Aterro do Flamengo, por meio de um dos aparelhos fornecidos pela NEC à Companhia Telefônica do Rio de Janeiro.

O troço era um fone ligado num “mochilão” que se levava nos ombros, não tinha evoluído ainda nem pro célebre tijolão da Motorola... Quem atendeu foi o então ministro da Infraestrutura, Ozires Silva, numa linha fixa de São Paulo. O meme que fiz pro meu antigo canal Pan-Eslavo Brasil no YouTube consistia justamente em Ozires falando que “não íamos mais ficar sossegados nem no automóvel”, profetizando os inúmeros acidentes de carro que o aparelho causaria, tanto pela linha telefônica quanto pelo uso da internet móvel.

O uso da palavra “automóvel” ao invés de “carro” já parece meio caquético, mas o legal é que só se dizia “telefonia móvel”, e não “celular”, que foi o pai dos atuais smartphones (em Portugal, ainda se diz “telemóvel”). Em 1990, apesar da brutal crise econômica, o presidente Collor tinha começado em março/abril uma abertura de mercado que permitiria a importação livre da mais recente tecnologia, o que certamente favoreceu o início dos celulares. O Rio de Janeiro tinha sido a primeira cidade a receber o serviço, e logo se expandiria mais ainda. É bom viajar na história, mas o crédito cabe todo ao resgate do Ricardo: visitem e se inscrevam no canal dele!



quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Vídeo raro de Zamenhof em Barcelona


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Uma gravação em vídeo muito rara, única na verdade, em que Ludwik Lejzer Zamenhof, iniciador da língua auxiliar esperanto, faz uma saudação ao 5.º Congresso Universal dos adeptos em 1909, em Barcelona. A fala não está integral, e cada uma das partes em que ele aparece está em canais diferentes do YouTube. A primeira, com o enquadramento original, e a segunda, também sem cortes no quadro. Nesta página pode-se ler a transcrição geralmente aceita, bem como escutar um áudio um pouco mais longo. No início pode-se escutar ainda “Uzante la okazon de mia estado en Barcelono” (Aproveitando a ocasião de minha estada em Barcelona). Eu na verdade entendi “mian koran” (minha cordial) como “elkoran” (do meu coração), embora o sentido seja o mesmo, e transcrevi o que acredito ser o restante no vídeo (não entendi o áudio todo). Meu resultado foi este:

... mi esprimas per la fonografo elkoran saluton al la Barcelona Grupo Esperantista, ankaŭ elkoran saluton al...



Tre rara, verdire unika, videofilmaĵo, en kiu Ludwik Lejzer Zamenhof esprimas saluton al la 5-a Universala Kongreso de Esperanto en la jaro 1909, en Barcelono. La parolo ne estas kompleta, kaj ĉiu parto, en kiu li aperas, estas en malsamaj kanaloj de YouTube. La unua parto, kun la originala enkadro, kaj la dua parto, ankaŭ sen modifoj en la kadro. Ĉi-paĝe oni povas legi la ĝenerale akceptitan transkribon kaj aŭskulti iom pli longan aŭdion. Komence oni povas aŭskulti ankaŭ: “Uzante la okazon de mia estado en Barcelono”. De mia flanko, mi komprenis ne “mian koran”, sed “elkoran”, kvankam la senso estas la sama, kaj kaptis ankaŭ fine de la unua video (verŝajne) “ankaŭ elkoran saluton al”.


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Aprenda o alfabeto cirílico sérvio


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Eis um vídeo que data do tempo de meu antigo canal no YouTube, Pan-Eslavo Brasil: um manual sobre o alfabeto cirílico usado pela língua sérvia, um idioma eslavo meridional. O alfabeto cirílico sérvio é mais fácil do que seu equivalente russo, mas razoavelmente diferente, por isso ele não deve ser usado diretamente pra decalcar o segundo. Uma das vantagens é que ele é totalmente fonético, e seus sons, absolutamente previsíveis, muito parecidos com os do português e, portanto, facilmente reproduzíveis por (sobretudo) um brasileiro. De fato, as línguas eslavas meridionais são fonética e gramaticalmente mais simples do que as eslavas orientais (russo, bielo-russo e ucraniano), e soam muito bonito.

Tentei dar uma explicação bem didática, fácil de entender, sem renunciar a conceitos mais complexos que ajudassem a sistematizar melhor o conteúdo. Por exemplo, ao lado de exemplos do português (brasileiro), inglês e outras línguas ocidentais, uso muito o alfabeto fonético internacional (IPA), que padroniza a simbologia fonológica. Cada fonema é indicado entre barras oblíquas ( / ), o que não faço com os exemplos de grafias em outras línguas. Infelizmente, cometi umas poucas imprecisões na hora de gravar o áudio, mas nada que afetasse a qualidade geral do conteúdo.

A chamada “língua servo-croata” foi a padronização de um dialeto do sérvio com a incorporação de traços de outras regiões da antiga Iugoslávia, como a Croácia e a Bósnia e Herzegóvina. Atualmente, com a desintegração do país comunista, cada país considera seu idioma como um próprio: croata, bósnio e sérvio (por vezes ainda, montenegrino), mas ainda integrados dentro de um chamado “diassistema” chamado “servo-croata” ou “BCS” – também chamado “língua policêntrica”, como o português (europeu e brasileiro) e o persa (iraniano, dari/afegão e tajique). Os alfabetos latino (latinica) e cirílico (ćirilica) eram intercambiáveis entre si, e até hoje se usam igualmente na Bósnia e em Montenegro. Mas na Sérvia, por sua tradição cristã ortodoxa, adota-se o cirílico (com o latino ganhando cada vez mais terreno), e na Croácia, dado o catolicismo, exclusivamente o latino.

Não tem aí nenhum som que não seja também encontrado, por exemplo, no croata, mas os dois padrões diferem consideravelmente no vocabulário e na sintaxe, além de terem algumas diferenças de pronúncia, como a ocorrência maior de “iê” (je/ije) na Croácia. Enquanto neste, por exemplo, fala-se svijet (luz), em sérvio se diz svet. Além disso, apesar da semelhança, não há um intercâmbio automático entre letras do cirílico e do latino, este possuindo vários dígrafos (duas letras pra um som). Espero que você aprenda algo com meu vídeo!

Seguem as traduções dos cinco textos/diálogos em cirílico. A fonte é o livro Serbo-Croatian for Foreigners, v. I, de Slavna Babić, reimpressão de 1991 da 2.ª edição de 1981. Não custa lembrar que os substantivos pátrios, assim como em inglês e ao contrário dos adjetivos, se escrevem com inicial maiúscula. Na primeira fase do livro, todos os personagens ainda se tratam por vi (2.ª pess. pl., tratamento formal), independente de suas relações:

1. – Eu sou iugoslavo, e você é inglês. Quem é iugoslavo? – Você é iugoslavo. – Eu sou iugoslava. Você é o quê? – Eu sou inglesa. – Quem é americana? – Rita.

2. – Bom dia, Natasha. Como vai? – Bem, obrigada. E você, como vai? – Bem. Como está seu marido? – Ele também está bem.

3. Este é Đorđe Marković. Ele é irmão de Marko. O irmão dele [de Marko] é mecânico. Quem é o irmão de Đorđe? Marko é o irmão dele.

4. Vera é irmã de Nada. Ela é uma mulher alta e bonita, mas é magra. O marido de Vera é um homem alto e bonito. A: O marido de Vera é gordo ou magro? B: Ele é magro. A: Você é alto e magro?

5. – De quem é este gorro? – Talvez seja de Vera ou de Branka. – Branka, este não é seu gorro? – Qual? – Este aqui. – Não é. – Ele é seu, Vera? – Ah, sim, é meu. Obrigada. – De nada.



domingo, 1 de janeiro de 2023

Discurso de Putin pelo Ano Novo 2023


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Estimados cidadãos da Rússia, caros amigos! O ano de 2022 está terminando. Foi um ano de decisões difíceis e necessárias, de passos cruciais para a aquisição da plena soberania da Rússia e da poderosa consolidação de nossa sociedade. Foi um ano que colocou muita coisa em seu lugar, distinguiu claramente a coragem e o heroísmo da traição e da covardia, mostrou que não há força maior do que o amor a seus parentes e próximos, a confiança nos amigos e nos camaradas de luta, a lealdade à sua Pátria.

Foi um ano de acontecimentos realmente críticos e decisivos, que se tornaram o limiar que institui as bases de um futuro comum, de nossa verdadeira independência. E ainda hoje estamos lutando por isso, defendendo nossa gente bem em nossos territórios históricos, nas novas unidades da Federação Russa, construindo e edificando juntos. O mais importante é o destino da Rússia. A defesa da Rússia é nosso dever sagrado para com os antepassados e descendentes. A justeza histórica moral está de nosso lado.

O ano que passou trouxe grandes mudanças drásticas para nosso país e para o mundo todo, foi repleto de inquietações, temores e provações. Mas nosso povo plurinacional, como ocorreu em todas as épocas difíceis da história da Rússia, demonstrou coragem e dignidade. Apoiou em palavras e ações os defensores da Pátria, nossos soldados e oficiais, todos os participantes da operação militar especial. Sempre soubemos, e hoje estamos de novo confiantes de que o futuro soberano, independente e seguro da Rússia só depende de nós, de nossa força e vontade.

Por anos as elites ocidentais hipocritamente convenceram a todos nós de suas intenções pacíficas, inclusive quanto à resolução do terrível conflito no Donbás. Mas na prática, instigaram por todos os meios os neonazistas que continuaram cometendo atos armados abertamente terroristas contra os cidadãos pacíficos das repúblicas populares do Donbás. O Ocidente fabulava sobre paz, mas se preparava para a agressão, e hoje já o admite sem embaraço, abertamente. E cinicamente faz uso da Ucrânia e de seu povo para enfraquecer e desintegrar a Rússia. Nunca deixamos nem deixaremos que ninguém faça isso.

Os militares da Rússia, as milícias e os voluntários estão agora lutando pela terra natal, pela verdade e justiça, para que as garantias de paz e segurança da Rússia sejam solidamente preservadas. Todos eles são nossos heróis. Estão agora na mais difícil das situações.

Desejo de coração um feliz Ano Novo a todos os participantes da operação militar especial, aos que agora estão aqui a meu lado, nas linhas do front e da retaguarda, nos centros de instrução passando por treinamento para então entrar em combate, nos hospitais ou, tendo cumprido com seu dever, já em casa, a todos os que estão cumprindo missões em subdivisões estratégicas e a todo o efetivo das Forças Armadas. Caros camaradas, agradeço-lhes pelo valoroso serviço, todo nosso enorme país está orgulhoso de sua força de espírito, sua firmeza e bravura, milhões de pessoas estão com vocês de alma e coração, e junto à mesa de Ano Novo elas sem falta brindarão à honra de vocês.

Um enorme obrigado a todos os que tornam possíveis as ações militares: motoristas e ferroviários que suprem o front, médicos, socorristas, enfermeiras e enfermeiros que lutam pela vida dos soldados e cuidam da população pacífica ferida. Agradeço aos operários e engenheiros de nossas fábricas militares e outras, que estão trabalhando com toda dedicação, aos construtores que estão erguendo estabelecimentos civis e fortificações, ajudando a reconstruir as cidades e vilas destruídas no Donbás e na Nova Rússia [Novoróssia].

Caros amigos, desde 2014, após os acontecimentos da Crimeia, a Rússia vive sob a imposição de sanções, mas este ano nos foi declarada uma verdadeira guerra de sanções. Aqueles que a lançaram, esperavam pela destruição total de nossa indústria, finanças e transportes. Isso não ocorreu, pois juntos todos nós formamos uma sólida margem de segurança. Tudo o que fizemos e fazemos nesse domínio está orientado para reforçar nossa soberania na economia, a mais importante das áreas. E sem dúvida nossa luta por nós mesmos, por nossos interesses e nosso futuro serve de exemplo inspirador a outros Estados em seus esforços pela justiça e por uma ordem mundial multipolar.

Considero importante que, no ano que passou, ganharam um significado especial em nosso povo qualidades como a clemência, a solidariedade e a empatia ativa. Cada vez mais cidadãos sentem a necessidade de ajudar os outros. Eles mesmos se congregam, sem qualquer imposição formal. Quero lhes agradecer pela sensibilidade, responsabilidade e benevolência. Agradecer por serem pessoas de diferentes idades e classes que se juntam ativamente à causa comum, organizam armazenagem e transporte para despachar encomendas a nossos combatentes nas zonas de conflito e aos habitantes vitimados nas cidades e vilarejos, enviam as crianças de férias para as novas unidades da federação. Meus caros, vocês dispensam um apoio enorme às famílias dos combatentes mortos que deram suas vidas para defender as de outras pessoas. Entendo como está sendo difícil a noite de Ano Novo para as esposas, filhos e filhas, e para os pais que criaram verdadeiros heróis. Faremos todo o possível para ajudar as famílias de nossos camaradas mortos, educar as crianças, dar-lhes um ensino digno e uma vida profissional. De todo coração, partilho da dor de vocês e peço que aceitem minhas sinceras palavras de apoio.

Caros amigos, em quaisquer períodos, mesmo os mais difíceis, o Ano Novo foi celebrado em nosso país. Ele foi e sempre será para todos a festa preferida e possui o dom mágico de despertar nas pessoas seus melhores traços, multiplicar o significado dos valores familiares tradicionais e a energia da generosidade, do desapego e da confiança. Celebrando o Ano Novo, todos tentam alegrar os próximos, aquecê-los com atenção e calor espiritual, presentear-lhes com aquilo que sonhavam, ver a admiração nos olhos das crianças, ficar comovidos com a gratidão dos pais e dos mais velhos por nossa atenção. Estes sabem valorizar tais lampejos de felicidade.

Amigos, estamos no momento mais oportuno para deixar no passado todas as ofensas e desentendimentos pessoais, falar às pessoas mais queridas sobre sentimentos ternos, amor e a importância de sempre cuidarmos uns dos outros, em todas as horas. Que essas palavras cordiais e sentimentos nobres incutam em todos nós o máximo possível de ânimo e certeza de que juntos superaremos todas as dificuldades e manteremos nosso país grande e independente, que apenas avançaremos e que venceremos em nome de nossas famílias e da Rússia, em nome do futuro de nossa querida e inigualável pátria. Feliz Ano Novo, queridos amigos! Feliz Ano Novo de 2023!


Уважаемые граждане России, дорогие друзья! Завершается 2022 год. Это был год трудных, необходимых решений, важнейших шагов к обретению полного суверенитета России и мощной консолидации нашего общества. Это был год, который многое расставил по местам, четко отделил мужество и героизм от предательства и малодушия, показал, что нет высшей силы, чем любовь к своим родным и близким, верность друзьям и боевым товарищам, преданность своему Отечеству.

Это был год поистине поворотных судьбоносных событий, они стали тем рубежом, который закладывает основы общего будущего, нашей истинной независимости. За это сегодня мы и сражаемся. Защищаем наших людей на наших же исторических территориях, в новых субъектах Российской Федерации, вместе строим и созидаем. Главное – судьба России. Защита Родины – это наш священный долг перед предками и потомками. Нравственная историческая правота на нашей стороне.

Уходящий год принес большие, кардинальные перемены и для нашей страны, и для всего мира, он был наполнен волнениями, тревогами и переживаниями. Но наш многонациональный народ, как это было во все сложные эпохи российской истории, проявил мужество и достоинство. Словом и делом поддержал защитников Отечества, наших солдат и офицеров, всех участников специальной военной операции. Мы всегда знали, а сегодня вновь убеждаемся, что суверенное, независимое и безопасное будущее России зависит только от нас, от нашей силы и воли.

Западные элиты годами лицемерно заверяли всех нас в своих мирных намерениях, в том числе по разрешению тяжелейшего конфликта на Донбассе. На деле же, всемерно поощряя неонацистов, которые продолжали вести военные, откровенно террористические действия против мирных граждан народных республик Донбасса. Запад врал о мире, а готовился к агрессии и сегодня признается в этом уже не стесняясь, в открытую. А Украину и ее народ они цинично используют для ослабления и раскола России. Мы никогда и никому не позволяли и не позволим этого сделать.

Военнослужащие России, ополченцы, добровольцы сражаются сейчас за родную землю, за правду и справедливость, за то, чтобы гарантии мира и безопасности России были надежно обеспечены. Все они – наши герои. Им сейчас труднее всего.

Сердечно поздравляю с Новым годом всех участников специальной военной операции, тех, кто сейчас здесь рядом со мной, кто на передовой и прифронтовых рубежах, кто проходит подготовку в учебных центрах, чтобы затем вступить в бой, кто находится в госпиталях, или исполнив свой долг, уже вернулся домой, всех, кто несет боевое дежурство в стратегических подразделениях, весь личный состав Вооруженных сил. Дорогие товарищи, благодарю вас за доблестную службу, вся наша огромная страна гордится вашей силой духа, стойкостью и отвагой, миллионы людей душой и сердцем с вами, и за новогодним столом обязательно будут звучать тосты в вашу честь.

Огромное спасибо всем, кто обеспечивает военные действия: водителям и железнодорожникам, которые снабжают фронт, врачам, фельдшерам и медсестрам и медбратьям, которые борются за жизни солдат, выхаживают раненых мирных жителей. Благодарю работников и инженеров наших военных и других заводов, которые трудятся сегодня с полной отдачей, строителей, которые возводят сегодня гражданские объекты и оборонительные укрепления, помогают восстанавливать разрушенные города и села Донбасса и Новороссии.

Дорогие друзья, с 2014 года после крымских событий Россия живет в условиях санкций, но в этом году нам была объявлена настоящая санкционная война. Те, кто ее затеял, ожидали полного разрушения нашей промышленности, финансов, транспорта. Этого не произошло, потому что мы все вместе создали надежный запас прочности. То, что мы сделали и делаем в этой сфере, все это и направлено на укрепление нашего суверенитета в важнейшей области – в экономике. А наша борьба за себя, за свои интересы и за свое будущее, безусловно, служит вдохновляющим примером для других государств в их стремлении к справедливому, многополярному мироустройству.

Считаю важным, что в уходящем году в нашем народе приобрели особую значимость такие качества, как милосердие, солидарность и деятельная отзывчивость. Все больше граждан чувствуют потребность помогать другим. Они объединяются сами, без всяких формальных указаний. Хочу поблагодарить вас за чуткость, ответственность и добросердечие. За то, что вы, люди разных возрастов и достатка активно включаетесь в общее дело, организуете склады и транспорт, чтобы доставить посылки нашим бойцам в зоне боевых действий, пострадавшим жителям городов и поселков, отправляете на отдых детей из новых субъектов федерации. Огромную поддержку вы, мои дорогие, оказываете семьям погибших бойцов, они отдали свои жизни, защищая жизни других людей. Понимаю, как трудно сейчас в новогоднюю ночь их женам, сыновьям, дочерям, их родителям, которые воспитали настоящих героев. Мы сделаем все возможное, чтобы помочь семьям наших погибших товарищей, поднять детей, дать им достойное образование, получить профессию. Всем сердцем разделяю вашу боль и прошу принять искренние слова поддержки.

Дорогие друзья, в любые времена, даже очень тяжелые, в нашей стране отмечали наступление Нового года. Он был и остается для всех любимым праздником и обладает волшебным даром раскрывать в людях самые лучшие черты, умножать значимость традиционных семейных ценностей, энергию великодушия, щедрости и доверия. Встречая Новый год, все стремятся порадовать близких, согреть их вниманием и душевным теплом, подарить то, о чем они мечтали, увидеть восторг в глазах детей, почувствовать как трогательно благодарны за наше внимание родители, старшее поколение. Они умеют ценить эти зарницы счастья.

Друзья, сейчас самый удачный момент, чтобы оставить в прошлом все личные обиды и недоразумения, сказать самым дорогим людям о своих нежных чувствах, о любви, о том, как важно заботиться друг о друге всегда, в любое время. Пусть эти сердечные слова и благородные чувства предадут всем нам как можно больше душевных сил, уверенности, что вместе мы преодолеем все трудности и сохраним нашу страну великой и независимой, будем идти только вперед, побеждать ради своих семей и ради России, ради будущего нашей единственной, любимой родины. С Новым годом, дорогие друзья! С Новым, 2023 годом!