
Anyway, Prigozhin pró-Ucrânia deseja um ótimo fim de semana pra vocês, rs:

Nesta página publico traduções, artigos, reflexões e poemas a cada 2 dias. Contatos/doações: LINKTR.EE/FISHUK
Anyway, Prigozhin pró-Ucrânia deseja um ótimo fim de semana pra vocês, rs:
Fonte do material (sons e imagens):
http://youtu.be/LVVBYl-QcsY
http://youtu.be/AqKNKOmU1C0
http://youtu.be/BOyw3nymonQ
http://youtu.be/B_TiXMW-tCQ
http://youtu.be/mtKWWcg60qE
Enquanto isso, em 2021, numa cúpula do G20 não muito distante...
Só após traduzir Tooruktuğ dolgay tañdım (A floresta cheia de pinhões), hino nacional da República Popular de Tuva (Tıva Arat Respublik) que na verdade vigorou por muito pouco tempo – depois, o pequeno país foi anexado à URSS, apesar da canção seguir em uso –, descobri que na maior parte de sua existência, a nação socialista usou como hino nacional a canção Tıva İnternatsional (A Internacional Tuvana), que não é uma tradução nativa da famosa Internacional, mas um poema próprio executado numa melodia folclórica. Pra você ter noção, quase não há referência a sua composição na internet, nem mesmo em língua russa, da mesma forma que a efêmera República de Tuva quase não deixou registros fonográficos ou filmados. A única versão da Wikipédia que relata sua origem e dá uma tradução numa língua euro-ocidental é em inglês, e curiosamente nem sequer sobre Tooruktuğ dolgay tañdım há um verbete na Wikipédia em russo.
Mesmo na Wikipédia em inglês, a única fonte citada sobre a canção, mas sem menção a páginas, é o volume 1 do livro Where Rivers and Mountains Sing: Sound, Music, and Nomadism in Tuva and Beyond, escrito por Theodore Levin “com” Valentina Süzükei e publicado nos EUA em 2010. A melodia é mencionada como “tradicional”, e nem na Wikipédia, nem em qualquer outro lugar, há alusões ao possível autor da letra. Segundo o site, A Internacional Tuvana foi usada de 1921 a 1944, e apesar do título, não é uma tradução poética da famosa canção operária A Internacional, escrita em francês no século 19 e cuja tradução poética em russo de Arkadi Kots foi o hino da URSS até 1944. Curiosamente, a referência da Internacional original é à Primeira Internacional na qual os próprios Karl Marx e Friedrich Engels atuaram e combateram Mikhail Bakunin e outros anarquistas, enquanto A Internacional Tuvana é dos raros hinos com esse nome cuja referência explícita é à Terceira Internacional, comunista, fundada por Lenin e também chamada “Comintern”.
Além da própria Rússia/URSS, a partir da década de 1920 apenas a Mongólia e Tuva (Tannu Tuva até 1926), países recém-criados e de culturas muito semelhantes, tinham conseguido implantar regimes socialistas, e por isso mesmo as duas últimas repúblicas dependiam praticamente em tudo da irmã mais que maior. E justamente em homenagem a ela, também adotaram hinos nacionais chamados A Internacional Tuvana e A Internacional Mongol, esta usada de 1924 a 1950 e que era igualmente uma canção toda nova, aludindo à Comintern. Havia, de fato, uma verdadeira tradução poética mongol da Internacional, mas não em tuvano, até onde eu saiba, e podemos pensar que não faria sentido manter hinos com referências à 3.ª Internacional após ela ter sido extinta por ordem monocrática de Stalin em 1943. Não por menos, quando o país foi anexado pela URSS durante a 2.ª Guerra Mundial, Tooruktuğ dolgay tañdım continuou usada pelo agora Oblast Autônomo de Tuva (cujas fronteiras não correspondiam exatamente às da antiga nação), dentro da RSFS da Rússia, e depois, quando foi promovida a República Socialista Soviética Autônoma de Tuva, em 1961, e finalmente quando foi formada a República de Tuva dentro da Rússia capitalista em 1991. Somente em 2011 a entidade recebeu um novo hino, Men – Tyva Men (Eu sou tuvano).
Pra esta introdução não ficar longa demais, e como você já leu sobre a história de Tannu Tuva na publicação sobre Tooruktuğ dolgay tañdım, vou reproduzir a maior parte da história no fim da página, e agora apenas explicar a parte técnica do trabalho. Neste vídeo, procurei ser mais variado e utilizei a maioria das bandeiras e brasões que foram adotadas pelo país, em ordem cronológica, mas não quis ser exaustivo, e até inseri uma nota de 10 “akchá”, moeda da época, de 1940. A Wikipédia em inglês diz que a última bandeira, com o símbolo da foice e do martelo, pode ter sido uma variante da bandeira final, que em tese incluiria apenas a inscrição “TAP” em cirílico (equivalente a nosso “TAR”): com ela, desejei simbolizar a inserção final dentro da URSS. De fato, houve muitas mudanças de bandeira e brasão, nem sempre registradas no Ocidente, de forma que muita coisa é hoje considerada “reconstituição” (Tannu Tuva era isolada do mundo e praticamente só mantinha comércio com os vizinhos). Tentei também usar um “filtro grunge” que achei por acaso no Google, pra ficar mais ou menos parecido com o aspecto dos vídeos com outros hinos das antigas RSS.
Como diversos hinos do passado recente ou distante, A Internacional Tuvana parece nunca ter tido uma gravação oficial de época, e a única versão existente conhecida parece ter sido gravada em 1993 no álbum 60 Horses In My Herd. Old Songs And Tunes Of Tuva, o primeiro do grupo folclórico tuvano Huun-Huur-Tu (ou Hün Hürtü, “Хүн Хүртү”), fundado em 1992 pelo músico local Kaigal-ool Khovalyg (n. 1960). Ele mesmo é especialista no khöömei, um estilo de canto glotal da região que também foi utilizado no hino, junto à instrumentação que pra nós lembra tribos xamânicas. Este sim, seria um socialismo com traços nacionais... Pra traduzir, usei só a versão em inglês mesmo, porque na maioria das ferramentas online, é impossível utilizar indiretamente qualquer língua aparentada, mesmo o turco, pois as túrquicas siberianas quase não são faladas na atualidade. Da Wikipédia em inglês, também aproveitei o original em cirílico e uma transliteração modernizada, alinhada com outras línguas túrquicas e não usada oficialmente na Rússia, que seguem abaixo:
Kadagaatı kargızınga,
İştikiniñ ezergeenge
Bömbürzektiñ kırınayga
Ületpürçin taraaçınnın
Кадагааты каргызынга,
Иштикиниң эзергээнге
Бөмбүрзектиң кырынайга
Үлетпүрчин тараачыннын
Sob tiranos estrangeiros
Tensionados dentro do país
À corrupção global
Os camponeses proletários
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Conhecido como “Tannu Tuva” ou “Tannu-Tuva” até 1926, foi um pequeno país socialista que chegou a existir de 1921 a 1944 após a Revolução de Outubro, etnicamente povoado por tuvanos, mongóis e russos. Hoje quase ninguém sabe de sua existência, porque de fato apenas a própria URSS e a República Popular da Mongólia o reconheciam e mantinham relações diplomáticas com ele, sendo no final das contas, assim como a própria Mongólia, basicamente um satélite soviético. Até 1911, fez parte da Mongólia, esta por sua vez incorporada à China imperial, e naquele ano, com a proclamação da República chinesa, Mongólia e Tuva também se declararam repúblicas independentes. Em 1914, Tuva passou a ser um protetorado do Império Russo, e durante a guerra civil entre monarquistas e bolcheviques, estes terminaram ocupando a região, onde em 14 de agosto de 1921 foi declarada a independência da “República Popular de Tannu Tuva”, sob os auspícios da Rússia. Com a adoção da constituição de 1924, confirmou-se a formação de um governo de partido único nos moldes soviéticos, e em 1926 adotaram-se os primeiros brasão e bandeira, e a capital foi renomeada Kyzyl (“vermelho” em tuvano). O akşa (“akchá”) foi a moeda usada de 1934 a 1944.
De 1925 a 1929, o primeiro-ministro Donduk Kuular, ex-lama do budismo tibetano, tentou implementar políticas mais nacionalistas, buscou obrigar todas as crianças tuvanas a chuparem sua língua fazer do budismo tibetano a religião de Estado e procurou estreitar laços com a Mongólia, coisas que iam na contramão da evolução da URSS sob Stalin. Assim, com apoio soviético, cinco burocratas que tinham estudado em Moscou derrubaram Kuular e formaram uma espécie de junta até 1932, quando um deles, Salchak Toka, chegou à liderança do partido único e Kuular foi fuzilado. Iniciou-se uma política de perseguição à religião e de busca por coletivizar os camponeses nômades, e abandonou-se o mongol como língua culta escrita, adotando-se pra isso o alfabeto latino pra escrever o tuvano. Em 1943, um dos passos rumo à incorporação à URSS foi a adoção do alfabeto cirílico, usado até hoje em Tuva.
Salchak Toka, como líder do partido único da República Popular de Tuva desde 1932, passou a comandar o país na prática, apesar da existência de outras instituições. Solidário ao esforço de guerra soviético desde 1941 e promotor da absorção de seu país pela URSS, continuou liderando o Partido Comunista nos períodos do oblast autônomo e da república autônoma até morrer, em 1973. O mando de Toka se estendeu a essas sub-regiões também, e desde a stalinização de Tuva, deu-se também a russificação de sua cultura, política e instituições.
Provavelmente bastante antiga, a língua tuvana, porém, só foi mencionada pela primeira vez em fontes do início do século 19, e sua primeira forma escrita surgiu no início do século 20, com uma adaptação do alfabeto mongol, escrito verticalmente, pelo acadêmico Nikolaus Poppe. Tradicionalmente mais próximos dos mongóis, os tuvanos, que passaram por vários jugos imperiais, usavam o mongol (ele mesmo escrito hoje no alfabeto cirílico) como língua escrita, até a adoção do latino em 1930, no qual muito pouca coisa foi impressa. Pra piorar, o tuvano faz parte da grande família túrquica, mas do grupo siberiano, o mais oriental de todos e cujos membros só muito recentemente têm recebido mais atenção acadêmica. São línguas com apenas umas centenas de falantes, muito idosos, e o próprio tuvano, dependendo da fonte, teria entre 240 mil e 283 mil falantes por volta de 2010-12. Isso o coloca no primeiro grau de vulnerabilidade ao desaparecimento. Sergei Shoigu, atual ministro da defesa de Putin, nasceu em Tuva e tem pai tuvano e mãe russa nascida na Ucrânia, mas pelo que consta, ele não fala tuvano, e nesta matéria de 2012 informa-se que além do russo, ele dominaria inglês, japonês e turco.
Curiosamente, a República Popular de (Tannu) Tuva foi um dos três primeiros países socialistas do mundo, junto com a URSS e a Mongólia, mas assim como esta, ela afinal tinha sua existência dependente dos soviéticos. Essa fragilidade se reflete nas muitas mudanças de bandeira e brasão, de forma que tive de escolher arbitrariamente como ilustraria esta publicação e o vídeo (ver abaixo). Tanto que hoje, a República de Tuva (ou Tyva em russo e tuvano) é uma das regiões mais pobres da Rússia e tem o menor IDH da federação. Apesar dos obstáculos de Moscou, os tuvanos têm no geral uma tendência à independência, como se verificou em 1990 durante violências contra a população russa local. Este vídeo de um canal de geografia traz uma breve história ilustrada de Tannu Tuva, embora a dicção do narrador seja sofrível. Meu interesse no extinto país surgiu justamente quando visitava a página da Wikipédia sobre as repúblicas soviéticas, na qual descobri, além da SSR Carelo-Finlandesa, outras unidades que existiram brevemente após a revolução ou tentaram ser independentes em 1990 e não chegaram a ter hino.
A televisão no Brasil e no mundo, sobretudo os boletins de notícias, muitas vezes podem nos fazer rir ou gerar situações engraçadas ou constrangedoras. Parte disso já ocorreu no próprio Jornal Nacional da TV Globo ou em outros telejornais da emissora, mas como brasileiros, às vezes podemos achar cômicas algumas “notícias” que são veiculadas em outros países. Eu, pelo menos, entendo mais ou menos algumas outras línguas fora do circuito tipicamente “ocidental” e acabo encontrando situações bizarras, e mesmo que não entenda tudo o que está sendo dito, posso deduzir o assunto por vários elementos extralinguísticos.
Esta é só a primeira publicação de uma série que quero continuar no futuro, pois tenho muito mais situações engraçadas que guardei de vários telejornais da TV Globo ao longo dos anos e boa parte das quais eu tinha carregado no Pan-Eslavo Brasil, antigo canal do YouTube. Porém, como você vai ver, há ainda trechos de noticiários de outros países que eu, pelo menos, achei cômicos ou aptos, com mais ou menos modificações, a se tornarem memes universais!
“Tá, mas você já viu o menino-ímã da Armênia?” (Vanadzor, 26 de outubro de 2021) – Descobri por acaso na TV armênia este menino da cidade de Vanadzor, no qual todas as coisas parecem grudar quando colocadas em cima de sua pele, numa espécie de magnetismo natural. Os bolsonaristas diriam que isso ocorreu após ele tomar uma das doses de alguma vacina contra a covid, embora nesse dia o índice de vacinação completa do país ainda estivesse baixíssimo, rs.
Infelizmente, como ainda sei muito pouco de armênio, não pude entender o que estavam dizendo na matéria, mas as imagens falam por si. Aquele estilo de reportagem sensacionalista bem típico do Ratinho ou dos anos 2000... Tanto minha descoberta quanto o conteúdo foram tão aleatórios que no título faço uma brincadeira com isso, rs. Quando o algoritmo impulsiona algum vídeo ou meme aleatório no YouTube, os jovens que o recebem como sugestão na página inicial gostam de comentar mais ou menos assim (adaptação pra este vídeo):
Eu: “Finalmente posso estudar agora.”
YouTube: “Tá, mas você já viu o menino-ímã da Armênia?”
Duas pérolas do pitoresco Edney Silvestre quando ele foi pra Dinamarca pelo Globo Repórter em 2017. Na primeira, ele visitava uma fazenda de produtos orgânicos na Jutlândia (Jylland), península principal do país, cuja produção estava então muito valorizada no mercado. Até os simpáticos suínos, por serem criados soltos que nem galinha caipira, eram orgânicos: “Porcos felizes chafurdando na lama.” Alguma semelhança desse “texto” com a descrição de um brasileiro gado de político?
Na segunda, ele está esperando pra entrevistar Marie Cavallier, a princesa da Dinamarca, e ele solta esta frase que pode ser usada em muitos contextos: “Não é toda hora que a gente entrevista uma princesa.” Aproveitando a expressão lançada pelo histórico vídeo do Porta dos Fundos, eu diria que puxar o saco de monarquias europeias é algo muito “sudestina”, e pra piorar os inocentes nos comentários veem isso como um exemplo de “simplicidade”. Bem, a julgar pelo tamanho comparado de Brasil e Dinamarca, e se pudéssemos supor que Edney teria muito menos chance de sucesso se tentasse fazer a mesma coisa com a monarquia feudal e colonialista britânica, não vejo nenhuma razão pra assombro!
No dia 10 de janeiro de 2020, uma usuária do Twitter filmou e postou uma briga num restaurante árabe da rede Ken’s Kebabs em Portsmouth, na Inglaterra. A inação do cliente Chris Hill, de 52 anos, que aparece por acaso comendo calmamente e apenas observando tudo (relançando em 2023, eu também associaria ao meme “Briguem, desgraçados, briguem”, do pato desenhado comendo um sanduíche), fez o vídeo viralizar por causa da postura cômica. O homem não larga suas batatas fritas nem seu celular com fone de ouvido, enquanto o pau come solto dentro e fora do estabelecimento.
Os donos do restaurante não quiseram se pronunciar sobre o caso, e vários memes com fotos foram feitos da situação. Eu ia deixar por isso, se não fosse, logo depois de ler a matéria a respeito no site da Istoé, eu ter visto parte de uma palestra do professor Leandro Karnal sobre ofensas e xingamentos. Algumas frases se encaixaram tão bem na cena que resolvi fazer este meme! Usei as imagens de um canal viralizador e misturei o áudio com o volume baixado com o áudio aumentado de alguns trechos de palestras do Karnal sobre o assunto. E perto do final, ficou genial o loirinho saudando a câmera quase coincidindo com o professor falando “A vida é muito curta pra levarmos uma existência medíocre”, rs!
Renata Vasconcellos: “Alô, técnica!” (17 de novembro de 2020) – E eis que logo após apresentar uma abordagem crítica sobre a participação de Jair Bolsonaro na reunião virtual dos BRICS, o Jornal Nacional viveu um problema técnico inusitado: parece que William Bonner e Renata Vasconcellos perderam o contato com parte da produção do programa e simplesmente não sabiam mais o que e como apresentar. Como já ouvi falar certa vez: “O Bonner sem o ponto no ouvido não é nada”...
Esse meme ficou muito famoso na época, sobretudo no Twitter, e inspirou ainda mais montagens e piadas. De fato, ia ser uma resposta à afirmação de Bolsonaro de que outros países facilitavam a exportação de madeira ilegal do Brasil, mas parece que o presidente zicou a transmissão, rs. Aproveitei pra fazer uma pequena zoeira com um meme famoso do Bunda Suja (não mais disponível no YouTube), mas não é porque o apoiava.
Pra piorar, no primeiro turno das eleições de 2018, houve uma séria altercação ao vivo entre a Renata e o Jair, portanto os espíritos já não se dão há muito tempo. Basta lembrar que, durante o Plantão da Globo que anunciou o atentado a faca em Juiz de Fora, a repórter fez ao mesmo tempo com a mão o gesto da facada, o que significa, segundo especialistas, raiva pela outra pessoa. Aproveito a republicação e trago também os “Vereadores comedores”, meme feito pelo mesmo canal de onde tirei o “Alô, técnica!”, rs.
Pior do que a “técnica fujona” foi uma repórter russa que, em 21 de junho de 2019, parece ter enrolado a língua num boletim de notícias do horário das 15h de Brasília! Só me chateei que o arquivo MP3 original não está mais disponível, pois a agência praticamente desmontou a sucursal russa, após o começo da invasão à Ucrânia...
Esse trecho de um minuto e meio do flash de notícias (total de 10 minutos) do serviço em língua russa da Rádio França Internacional (RFI) informa que a Comissão Europeia da UE se recusava a mudar novamente o acordo de saída do Reino Unido, processo conhecido como “Brexit”. O governo de Bruxelas estava particularmente atento à troca de governo no país atlântico, não se adequando à ideia da possível escolha do conservador eurocético Boris Johnson como primeiro-ministro, mas em qualquer cenário reafirmou sua recusa em aceitar um novo acordo. Theresa May, que tinha deixado o cargo algumas semanas antes, tinha recebido muitas novas chances, após muita resistência do Parlamento, mas a moleza finalmente acabou.
A transmissão é lida pela jornalista russa Inna Rakúzina (Инна Ракузина), sobre quem quase não há informações na internet. Há anos percebia essa mulher às vezes tropeçando na fala, quase embargando a voz: não sei se ela tem algum problema neurológico, fônico ou orgânico, mas não custa fazer uma brincadeira especulando coisas mais profundas! Posso ser criticado pela zoeira, mas sendo uma ocorrência frequente, podiam pelo menos tirá-la da transmissão ao vivo. Ironicamente, em 2023, sabemos a que levou a liderança de Johnson no Reino Unido (“Hasta la vista, baby!”)...
Mudando um pouco de assunto, os jovens talvez não entendam muito bem esse tipo de humor (que mesmo pra época era muito sem graça). Em 2006, surgiu no antigo Zorra Total, programa de humor da TV Globo exibido todas as noites de sábado, um quadro com o casal fictício Jajá e Juju, que não seguia muito os padrões contemporâneos de moda e comportamento.
A “graça” estava em que, apesar disso, Jajá era muito apaixonado pela esposa, e que quando começava a elogiá-la ou falar dela, começava a surtar falando “Tô doido, tô doido, tô doido”, fazendo uma “dança do sapo”, como ele mesmo chamava, e quebrando tudo o que via pela frente, sobretudo em restaurantes. Mesmo que se apresentassem as mais lindas e jovens mulheres, Jajá recusava e às vezes até era estúpido com elas.
Com roteiristas e humoristas mais “politicamente corretos” (porque o machismo, a homofobia e o racismo velado de antes eram nojentos!), mas muito aguados e ainda mais sem graças, o programa se reconfigurou e se renomeou apenas Zorra (finalmente extinto em dezembro de 2020), sem obviamente enganar ninguém. Porém, como eu achava engraçada a “dancinha do sapo”, resgatei dois vídeos com episódios da época pra separar a “apoteose” aos interessados em relembrar e aos jovens curiosos! Era um dos maiores sucessos do Pan-Eslavo Brasil...
Fontes:
http://youtu.be/yWctxJ9iIiY
http://youtu.be/T5sZzp2HbE8
Numa das inúmeras reprises que o Faustão fez em seu programa de domingo durante o ano de 2020 (por causa da pandemia), quando ele ainda estava na TV Globo, apareceu o artista de rua paraense Mike do Mosqueiro, que 10 anos antes tinha causado muita sensação na internet com seu sucesso autoral Shananá nananá. Há várias postagens com filmagens caseiras dele, mas no dia 14 de março de 2010 ele conseguiu chegar ao famoso quadro “Se vira nos 30”, deixando até o Faustão desconcertado. Shananá nananá, obviamente, não tem nada a ver com o resto da letra, sendo apenas uma imitação cômica de palavras em inglês que muita gente não entende em certas canções. Época em que esses programas de auditório, sem a desidratação pelas redes sociais, eram mais autênticos...
O que chamou a atenção foram suas interpretações peculiares de grandes nomes da música brasileira, como Victor e Leo, que estavam então no auge, e o violão desafinado, que segundo alguns ficou assim de propósito, só por “sacanagem” com o Mike. Infelizmente, nosso amigo humorado faleceu em março de 2013: tendo problemas com álcool e drogas, que corroeram seu prêmio da Globo, ele foi atropelado sem querer enquanto cambaleava, talvez bêbado, por uma estrada. Esta versão, cujo canal infelizmente foi apagado, é a que ele canta antes de sair do palco, puxando até o Faustão pra cantar e dançar junto. Pra quem fizer questão da criativa letra, aí está ela com minha redação, rs:
Shananá, nananá,
(O quê, o quê, o quê, o quê?)
O teu olhar no meu,
Shananá (vai, vai, vai, vai)
Por isso eu te amo
Shananá (vai, vai, vai, vai)
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O melhor exame de próstata – Quem não se lembra (se já era nascido, claro...) da icônica “Luvinha da Vitória”, um acessório plástico que era anunciado pelas TVs mais trash (eu via pelo SBT) durante a Copa do Mundo de 1994? Sim, ninguém menos que Pelé, o “Rei do Futebol” que faleceria no finzinho de 2022, foi chamado pra anunciar essa utilidade que certamente nos ajudou muito a conquistar o Tetra!
Bizarrices dos anos 90... Eu tinha 6 anos de idade e ainda torcia pra Seleção, mas nunca me passou pela cabeça comprar essa beleza, rs. Se você procurou por anos esta propaganda, ei-la aqui pra seu desfrute! Aos jovens, saibam o que é realmente zoar da vida... Muito melhor do que vuvuzela, pelo menos.
O resgate só foi possível porque os reclames estavam contidos em excertos da antiga rede CNT Gazeta postados com melhorias pelos canais de Juliano Trindade (não mais disponível) e do grande documentarista Êgon Bonfim. O primeiro deve ser de junho de 1994, pois os preços ainda estavam em cruzeiros e aludia-se à futura chegada do Plano Real, em 1.º de julho. O segundo é de 19 de julho, exatamente quando a Seleção vitoriosa era recebida no retorno ao Brasil!
Esta reportagem engraçada da época, na Folha de S. Paulo, alude a possíveis “maracutaias” por trás da venda e fabricação da “Luvinha da Vitória”, rs.
Vamos rir e aprender um pouco?
Há alguns meses, este vídeo foi postado no RuTube e apresentado como uma instalação que representaria “o nariz de Zelensky”, presidente da Ucrânia. Vale lembrar que pouco após o começo da invasão em larga escala pela Rússia, em fevereiro de 2022, o ditador Putin lançou uma narrativa associando o ex-comediante e seu governo a um “bando de drogados, toxicômanos”, imagem que também ficou colada ao alto escalão nazista nas décadas de 1930 e 1940. As demais associações você mesmo pode fazer... Na verdade, como revelaram programas russos de canais no exílio, trata-se de um museu na Itália, ainda em 2018, sem alusão explícita a pessoas. Embora, por mim, eu associaria a Diego Maradona ou Aécio Neves, rs.
Maxamed Siyaad Barre (1910-1995), mais conhecido como Muhammad Siad Barre, foi um general somali, fluente em italiano, que presidiu seu país de 1969 a 1991, tendo chegado ao poder por um golpe de Estado. Fundou a República Democrática da Somália, inicialmente ligada à antiga URSS, e se fez chamar desde então “Jaalle Siyaad” (Camarada Siad).
Na década de 1980, por razões pragmáticas, Siad Barre se voltou rumo aos EUA e por eles foi apoiado numa guerra com a Etiópia que visava anexar a parte de maioria étnica somali daquele país. Os etíopes, porém, que viviam sob a ditadura do socialista Mengistu Haile Mariam, foram apoiados pelos soviéticos e por tropas cubanas, assim vencendo e precipitando a crise da ditadura somali. Após sua derrubada, Siad Barre morreu exilado em Lagos, na Nigéria. Nestas imagens raras, o chefe político-militar abre um desfile de tropas em 1980 com correligionários, ao som do hino nacional da Somália.
Este curto boletim de notícias foi transmitido pelo canal PRTV em 23 de dezembro de 1992, e segundo um dos usuários que comentou o vídeo, foi falado em persa (mesma língua do Irã, ou talvez o dari, que é a variante local do persa). Na abertura da vinheta vemos a palavra akhbār (اخبار), que significa “notícias” em árabe e passou pra maioria das línguas de países islâmicos.
Em abril, tinha sido derrubado o governo socializante pró-URSS e instaurado um “Estado islâmico” (não confundir com o atual ISIS) por ação de guerrilheiros mujahedin, que ainda não era o regime totalitário dos Talibã. Este grupo surgiu como uma cisão ainda mais radical dos outros mujahedin e a partir de setembro de 1996 terminou reinando em dois terços do Afeganistão, chamado então pelos Talibã de “Emirado Islâmico do Afeganistão”. Desse ano até 2001, o grupo proibiu a TV e a música nos territórios que controlou, tornando então impossíveis vídeos como este.
Em 15 de agosto de 2021, com a queda de Cabul novamente nas mãos dos Talibã (e a vergonhosa fuga estadunidense que rodou o mundo), a “república islâmica” tutelada pelos EUA foi derrubada, o presidente Ashraf Ghani simplesmente sumiu sem avisar, o “emirado islâmico” foi restaurado e terminava a guerra que durou 20 anos no Afeganistão. Capotagens da Terra Plana...
No programa Direto ao ponto, apresentado por Augusto Nunes na Jovem Pan em 26 de julho de 2021, Roberto Jefferson equiparou a comunidade LGBT (ou LGBTQIA+) a viciados em droga, assaltantes e traficantes. Ex-deputado federal e então presidente do PTB, estava confirmando seu apoio irrestrito ao desgoverno de Jair Bolsonaro e à sua possível campanha de reeleição em 2022. Adotando o tom provocador e preconceituoso do presidente em suas épocas mais confortáveis, “Bob Jeff” afirmou que todos aqueles “apoiariam Lula e o PT” num eventual 2.º turno presidencial, pois se trataria de uma “luta superior entre o bem e o mal”.
Na campanha de 2022, Jefferson decidiu concorrer sozinho, mas impedido pela justiça, cedeu o lugar ao pitoresco Padre Kelmon, que se tornou a figura folclórica dos debates do 1.º turno. Aquele fim de ano foi tão caótico que teve direito a Jefferson resistindo à prisão pela Polícia Federal em sua casa a tiros de fuzil e a granadas, um dos processos levando à detenção ligado justamente àquela fala asquerosa na Jovem Pan. Padre Kelmon também foi acusado de fazer “dobradinha” com Bolsonaro (que sairia derrotado no 2.º turno) nos debates, já que defendia bandeiras iguais e trocava ideias com ele nos intervalos. Na verdade, foi uma “tripladinha”, já que o partido Novo, fascistizado contra a vontade do fundador João Amoêdo, lançou Felipe D’Ávila praticamente como um poste do militar gorado.
Dois memes rodaram as redes após a derrota de Donald Trump ante Joe Biden pra presidência dos EUA, no fim de 2020. O primeiro foi o final de um episódio do canal de humor Comedy Central, retratando Trump de volta à creche e tutelado pelo vice, Mike Pence, mas publicado ainda em 2017. A ideia original era retratar a Galinha Laranja como um velho de mentalidade infantil, mas o encerramento foi relido como o bilionário não querendo sair da Casa Branca!
O segundo vídeo foi postado numa conta brasileira do Twitter cujo endereço não tenho mais, e parece estar entre os primeiros usos massivos da técnica de deep fake pra colocar um rosto no lugar do rosto de outra pessoa falando. Neste caso, foi feita uma adaptação com o então famoso meme de um senhor cego turco na rua, tocando com seu tamborim uma versão muito pessoal de uma melodia inspirada em anime, e usada também uma montagem de Trump fazendo suas dancinhas durante a campanha. O vídeo foi tuitado logo após o assalto ao Capitólio, e mostraria Biden comemorando o banimento do republicano daquela rede por causa do evento. Também poderia ser simplesmente “Trump comemora a derrota de... Trump”, rs.
Procurando no YouTube o discurso original do ditador tajique Emomali Rahmon na assembleia da ONU daquele ano, acabei achando por acaso um vídeo, lançado em 18 de setembro de 2020 e agora apagado da plataforma. Trata-se da “taxa de câmbio” (қурби асъор) da moeda nacional, o somoni (cомонӣ), em relação a outras moedas do mundo (o ponto nos valores equivale a nossa vírgula decimal). No cirílico tajique, o “ӣ” sempre indica um som de “i” que é tônico, enquanto o “и” indica um som de “i” que vem depois da sílaba tônica.
O somoni vem do nome do emir Ismoil Somoni, que viveu entre os séculos 9 e 10 e é considerado o pai da nação tajique. Dividido em 100 dirams (дирам), foi introduzido em 2000 pra substituir o rublo tajique, desvalorizado pela inflação (1 somoni = 1000 rublos). Este mesmo só veio a substituir o rublo russo em 1995, após a dissolução da antiga URSS e também devido à inflação (proporção de 1 pra 100). Na cotação de 20/5/2023, um somoni custava a bagatela de 46 centavos de real, e o real valia 2,18 somoni.
Moedas mostradas sucessivamente no vídeo: euro, dólar americano, libra esterlina (“funt”), franco suíço, rublo russo, tenguê cazaque, som quirguiz, yuan chinês, dinar kuwaitiano, som/sum usbeque e lira turca.
A versão 2 do “mix de política” só sairia amanhã, mas esses dias acumulei tanta coisa interessante que resolvi adiantá-la pra uma publicação extra hoje! Amanhã, então, somente com vídeos, vai sair a versão 3. Fiquem no aguardo! Aqui eu misturo um pouco de situações engraçadas e novidades interessantes:
Em 1.º de junho de 2016, Vladimir Putin estava condecorando famílias que receberiam no Kremlin a “Ordem da Glória Parental”, instituída em 2010 pra famílias (casais, uniões estáveis ou mãe/pai solo) que estivessem criando quatro filhos ou mais. Naquele ano, cada premiado recebeu também 100 mil rublos, na época um valor considerável.
A garotinha Iana Kuleshova (Яна Кулешова), então com 4 anos de idade, era uma das filhas de uma família da província de Tula que foi receber o prêmio. Quando Putin foi conversar com os convidados, ela começou a chorar compulsivamente, pois parecia preocupada com a agitação do local. Os jornais dizem que o ditador conseguiu acalmá-la, embora em minha mente a metáfora acima foi o que realmente se passou... Vale lembrar que em agosto de 2022, Putin exumou o título soviético de “Mãe-Heroína”, pra aquelas que passarem a marca dos dez pimpolhos: compreensível, num contexto de moeção geral de carne de canhão, ter de fabricar mais soldadinhos!
Tenho grande respeito pelo Jones Manoel (o que já falei várias vezes aqui) e pela Marly Vianna, que foi a principal historiadora marxista, ainda no início da década de 1990, a desmistificar algumas lendas que rondavam as insurreições militares de 1935 no Brasil, chamadas de “Intentona Comunista” e acusadas de ter o dedo direto de Moscou (o que ela e outros depois conseguiram desmentir). Porém, não consegui poupar este meme pronto: “Compre por 60 lulas nosso curso sobre revoluções”, rs.
O reforço da presença militar na fronteira dos EUA com o México e o acordo alcançado hoje com os republicanos pra evitar um calote na dívida pública (de 31 trilhões de dólares, enquanto no Brasil é de mais de 100 bilhões de reais) ativaram o modo “America First versão Múmia”, rs.
Ora pois, se o Cabo é Verde, lá só podia haver esse tipo de música!
Alain Foka, jornalista camaronês de cujo trabalho gosto bastante, informou sobre a iniciativa do pequeno Togo de criar um fórum de debate político informal entre os países da África, em vista da paralisia de órgãos como a União Africana e a CÉDÉAO, comunidade da África Ocidental em muito controlada pela França. O objetivo da Aliança Política Africana (APA) não seria suplantar essas instituições, mas complementá-las, e justamente seu lançamento, no início de maio de 2023, foi feito de forma discreta e sem buscar atrair a grande imprensa internacional. Esta matéria lançada pelo próprio governo togolês faz um resumo das motivações dos iniciadores, e infelizmente está só em francês, assim como o vídeo de Foka. O logotipo sugerido, que reproduzi acima, pelo menos parece bonitinho, não?
Nada a ver, mas decidi reproduzir aqui uma propaganda gratuita de pastelaria em Bragança Paulista, interior de SP, mandada por um amigo pelo WhatsApp, rs.
Achei por acaso esta curta versão em latim do célebre hino socialista A Internacional, e quis republicar aqui. Segundo quem postou, é a única versão que se podia encontrar com rimas conforme nossa poética atual, embora constitua apenas a primeira estrofe e o refrão. Mesmo assim, o sentido ficou muito próximo do original francês e de outras traduções!
Nesta publicação minha você pode conhecer mais sobre a história da Internacional e ler o original em francês e minha tradução literal pro português. Me parece que esta publicação pode ter representado a primeira aparição do texto na internet, na página de quem diz ser seu próprio tradutor, Scott Horne, que a fez em 2005. O vídeo já tinha legendas em inglês e latim, e eu mesmo traduzi pro português e legendei (não sei quem tá cantando, mas ficou oscilando entre pronúncia reconstituída e eclesiástica).
Fiquei com dúvida na construção de certos versos, mas minha tradução ficou assim (segue-se também uma transliteração em cirílico, pronúncia eclesiástica, que inventei na época):
Rebelem-se, párias do mundo!
Consurgite, damnati mundi!
Консурджите, дамнати мунди!
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