domingo, 17 de março de 2024

Pânico moral na cabeça do Putin


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Quem conhece a história da “mamadeira de piroca” nas eleições de 2018, ou mesmo da maconha que FHC colocaria nas lancheiras das crianças paulistanas, segundo seu concorrente vitorioso Jânio Quadros em 1984, sabe que essas em geral são projeções dos próprios desejos reprimidos sobre os adversários ou desafetos em todos os domínios. Os vídeos delirantes de Olavo de Carvalho contra a diversidade de gênero, de sexo, de religião e de ideologia política – mas notadamente seu temor contra o “gayzismo”, um suposto plano de dominação mundial pelos homossexuais – revelam sua inabilidade em lidar com o diferente e a opção por relegá-lo ao campo da patologia, da perversidade ou mesmo do crime.

O cachimbador de estrume seco detestava Putin e o ideólogo Dugin, mas certamente não acharia tão ruim viver numa Rússia que praticamente está executando repressões baseadas em todo tipo de neurose recalcada no finado campineiro. Hoje terminam as eleições que, estranhamente durando mais de um dia pra um país com bem menos eleitores que o Brasil, na verdade só servem pra dar uma aparência de legalidade a uma ditadura cada vez mais terrorista e que, segundo especialistas, ainda não alcançou a de Stalin em sufocamento social, mas já passou a Era Brezhnev. Os outros três “candidatos” na verdade não querem eles mesmos ganhar, e seus próprios “programas” não ficariam devendo nada ao de um Rússia Unida da vida.

No canal do YouTube de Nikolái Kharitónov, por exemplo, deputado federal e candidato pelo partido comunista que vai enfim substituir o encarquilhado Gennádi Ziugánov, toda uma propaganda de 6 minutos é dedicada a ameaçar quem não for votar (em Putin, claro, pois todos dão no mesmo) de estar ajudando pra criar na Rússia de 2036 uma “ditadura gay” (que eles chamam de “valores ocidentais”), igualzinha à que o Malafaia temia aqui. É claro que o trend atual em Moscou é ser reacionário e xenofóbico, e é claro que a URSS, nisso que hoje chamamos rasteiramente de “pautas identitárias”, estava longe de ser um exemplo, muito pelo contrário. Mas é absolutamente absurdo que, só pra fazer birra contra os EUA e o “Ocidente genérico”, muitos dos ditos “esquerdistas”, “marxistas” e mesmo “comunistas” na Banânia passem pano pra quem destruiria exatamente o tipo de sociedade que permite defender o que (ainda de libertário) eles defendem...

Não vou fazer propaganda de stalinista. As versões que seguem aqui são do site em russo da Rádio Liberdade (Radio Svoboda), sob a narração da repórter Meláni Báchina, e incluem também uma propaganda do governo em que a mulher ameaça o homem devido à possibilidade de cortarem benefícios sociais. O resumo do vídeo (ou das fantasias...) de Kharitonov dispensa tradução, a não ser o fato de que se vive na Rússia de 2036 e que o velho censura o moço por não ter ir votado. A rua com placa azul se chama “Gays Libertadores, 69”, e o mais engraçado é que o canal do comuna foi invadido por trolls que perguntavam em russo: “Como faço pra morar na rua Gays Libertadores?”, “Em quem voto pra viver nesse país?”, rs.





Mudando um pouquinho de assunto: no meio de algumas pesquisas, achei este meme a respeito da segurada de dinheiro pelo Congresso dos EUA pra ajudar militarmente a Ucrânia, preferindo ajudar Israel. O ex-humorista diz: “Você me prometeu!” Biden: “É pros judeus!” Zelensky: “Eu também sou judeu!”



sexta-feira, 15 de março de 2024

MEU PRIMEIRO LIVRO TRADUZIDO!


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/rur-aleph

Nas próximas semanas, assim como você já viu nesta que passou, não vou poder mais postar com tanta frequência, mas tô aproveitando um tempinho pra anunciar esta grande notícia: finalmente já está na pré-venda a tradução direta do checo da famosa peça R.U.R. – Os Robôs Universais de Rossum, do dramaturgo Karel Čapek, que fiz no segundo semestre de 2018, mas que devido aos azares da pandemia, só vai poder sair em abril! Provavelmente a primeira tradução feita diretamente da língua eslava, sem ser por intermédio do inglês nem uma adaptação do texto original, como se fez no passado. Recebi hoje meu exemplar de cortesia e está ótimo, é um grande orgulho ver minha primeira tradução completa publicada com este nom de plume que você conhece. Não é apenas parcialmente, de alguns textos, como foi o caso dos Manifestos Vermelhos organizados por Daniel Aarão Reis, com quem também tive a honra de contar como membro de minha banca de doutorado no último dia 30 de janeiro.

Em meados de 2016, minha ideia foi começar a estudar checo pra traduzir coisas relativas à Primavera de Praga, em 1968, que completaria 50 anos em 2018. Porém, em meados de 2017, devido ao início do doutorado e de outras ocupações, tive de largar, mas na primeira metade de 2018, foi oferecido um serviço de tradução do checo numa lista de e-mails pra tradutores, sem mais detalhes. Como eu tinha algum conhecimento, fui atrás e a Editora Aleph me apresentou o trabalho. Até pesquisei pra saber mais do autor e da obra, na qual pela primeira vez apareceu a palavra “robô”, embora se diga que ela foi uma sugestão do irmão de Karel, rs. E enquanto traduzia (que é uma atividade em grande parte mecânica), paralelamente voltei a estudar mais a gramática, o ritmo foi acelerando à medida que eu progredia, e voilà!

Recomendo mesmo que comprem esta raridade, pra prestigiar o grande trabalho da editora, que ainda por cima, não sei por que colocou na capa este menininho que é praticamente minha cara quando eu era criança, rs. Mas sugiro que vejam o trabalho completo de capa no site e no Instagram da Aleph, pois ele traz uma pequena surpresinha, embora só exista na versão brochura, e não de capa dura:


terça-feira, 12 de março de 2024

“Evidências” (Ch&X) em esperanto


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Eis o segundo sucesso musical sertanejo desta semana, uma das peças pioneiras da mistura entre estilos tradicionais e música pop! Esta canção se chama Evidências e foi gravada primeiramente pelo cantor Leonardo Sullivan no ano de 1989, cuja versão, porém, não foi reconhecida nacionalmente. Só em 1990 a dupla Chitãozinho & Xororó atingiu sucesso geral com ela, cujos compositores foram José Augusto (melodia) e Paulo Sérgio Valle (letra). Como a gravação ocorreu no fim de 1990, a canção foi amplamente difundida pela TV em 1991 e se tornou um dos sucessos mais conhecidos da dupla. Nos anos seguintes, ela recebeu versões de outros cantores brasileiros e também foi gravada em espanhol pelas cantoras mexicanas Ana Gabriel e Lucero. Ainda hoje os brasileiros curtem a canção, a cantam em festas de família e a ouvem em propagandas, programas de humor e até memes. Fiz a base da tradução de 3 a 5 de fevereiro de 2024, mas só a completei em 29 de fevereiro e fiz pequenas correções em 2 de março. Leia abaixo uma pequena introdução em esperanto, minha tradução e o belo áudio original!


Jen la dua sukceso de la brazila kampara muziko (“sertaneja”) en ĉi tiu semajno, unu el la pioniraj pecoj de la miksaĵo inter tradiciaj stiloj kaj pop-muziko! Ĉi tiu kanzono nomiĝas Evidências (EvidentecoEvidentaĵo) kaj estis unue registrita de la kantisto Leonardo Sullivan en la jaro 1989, kies versio tamen ne estis tutnacie rekonata. Nur en 1990 la duopo Chitãozinho & Xororó atingis ĝeneralan sukceson kun ĝi, kies komponistoj estis José Augusto (melodio) kaj Paulo Sérgio Valle (teksto). Ĉar la registro okazis en la fino de 1990, la kanzono estis vaste propagita per la televido en 1991 kaj fariĝis unu el la plej konataj sukcesoj de la duopo. En la sekvintaj jaroj, ĝi ricevis versiojn de aliaj braziliaj kantistoj kaj ankaŭ estis registrita en la hispana lingvo de la meksikaj kantistinoj Ana Gabriel kaj Lucero. Ankoraŭ nuntempe gebrazilanoj ĝuas la kanzonon, kantas ĝin en familiaj festoj kaj aŭdas ĝin en propagandoj, komikaj programoj kaj eĉ memeoj. Mi faris la bazon de la Esperanta traduko de la 3-a al la 5-a de februaro 2024, sed fine kompletigis ĝin nur la 29-an de februaro kaj alportis korektetojn la 2-an de marto. Ĉi-sube vi povas legi mian tradukon kaj poste aŭdi la belan kanzonon en la portugala lingvo:



Um dos rolês mais aleatórios já registrados na história: Tonico & Tinoco, Sérgio Mallandro, Ayrton Senna e Chitãozinho & Xororó, rs!


L’ evidenta

Se mi diras, ke mi plu ne amas vin
Vere mi vin amas
Se mi diras, ke mi plu ne volas vin
Vere mi vin volas
Mi timas diri: Via estas mia kor’
Kaj montri, ke vi min subigas per kontrol’
Sed en mia penso ne aperas la destin’
Sen via amĉeesto

Mi forpelas vin, forlasi provas vin
Sed finfine cedas
Mi pretendas, ke mi estas aliul’
Sed finfine neas
La frenezeco pro vi: jen la tuta ver’
Kaj vin forlasi devas esti ne afer’
Mi agnoskas, ke ne estas eble plu
Detrui la komunan neston

En tiu deliro
Kiam mi ne vin akceptas
La videbla neglektiĝas
L’ evidenta forkasiĝas
Mia masko prete falas
Ĉar ne povas plu trompiĝi mia kor’
Mi nepre vin amas

L’ iluzi’ sufiĉas
Ne sin tenas la deziro
Mi vin volas pli ol ĉion
Al mi mankas via kiso
Mi oferas mian vivon
Por ke via volo farus min adres’
Mi volas aŭdi nur vin diri: Jes

Estu sincera
Pri l’ manko vera
Konstanta estas mi en via pens’
Estu sincera
Pri l’ manko vera
Nur mia vin ĝojigas la kares’



domingo, 10 de março de 2024

Boate Azul/Amuzeja Blu’ em esperanto


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Eis uma interessantíssima peça musical! Esta é minha tradução poética ao esperanto da celebérrima canção sertaneja Boate Azul, gravada em estilo guarânia e que renomeei como Amuzeja Blu’ pra obedecer à métrica. Ela foi composta por Benedito Seviero e Aparecido Tomás de Oliveira no ano de 1963, quando Seviero morava na cidade de Apucarana, PR, mas devido à censura da ditadura militar, só foi gravada pela primeira vez em 1982. Porém, segundo outras versões (que não mencionam anos), o verdadeiro compositor foi Benedito Simão da Costa, conhecido como Naraí, ou ele (letra) e João Fordinho (melodia), ambos habitantes da cidade de Manduri, SP. Naraí teria vendido a composição em São Paulo capital, prática então comum, pra ganhar um pouco mais de dinheiro.

Em todo caso, as duas primeiras gravações não obtiveram sucesso, mas a terceira obteve no Brasil todo, na voz da dupla Joaquim & Manuel em 1985, a qual você pode ouvir abaixo. Desde então, Boate Azul foi gravada mais de mil vezes, em mais de 80 línguas diferentes. Os mais jovens a conhecem graças à versão abreviada de Bruno & Marrone (2001), mas ela se tornou ainda mais famosa entre a “geração Z” depois que uma versão muito bizarra de Francisco Cabral (o “Cachorrão do Brega”) viralizou rapidamente pelo WhatsApp em 2019. Fiz a base da tradução de 3 a 5 de fevereiro de 2024, mas só a completei em 29 de fevereiro e fiz pequenas correções em 2 de março. Leia abaixo uma pequena introdução em esperanto, minha tradução e o belo áudio original!


Jen interesega muzika peco! Ĉi tio estas mia poezia traduko de la famega brazila kanzono de la kampara (“sertaneja”) kulturo, Boate Azul (Blua Nokt-Amuzejo), en la stilo gvaranjo, kiun mi renomigis al Amuzeja Blu’ por obei la metrikon. Ĝi estis komponita de Benedito Seviero kaj Aparecido Tomás de Oliveira en la jaro 1963, kiam Seviero loĝis en la urbo Apucarana, ŝtato Paranao, sed pro la malpermeso de la militista diktaturo tiam reganta, ĝi estis unuafoje registrita en 1982. Tamen, laŭ aliaj versioj (sen mencio al iu jaro), la vera komponisto estis Benedito Simão da Costa, pli konata kiel Naraí, aŭ li (teksto) kaj João Fordinho (melodio), ambaŭ loĝantoj de la urbo Manduri, ŝtato San-Paŭlio. Naraí estus vendita la komponaĵon en la urbego San-Paŭlo, praktiko tiam ofta, por havi iom pli da mono.

Ĉiuokaze, ĝiaj du unuaj registritaj versioj ne obtenis sukceson, sed la tria ja obtenis en la tuta Brazilo, per la voĉoj de la duopo Joaquim & Manuel en 1985, kiun vi povas aŭdi sube. Ekde tiam, Boate Azul estis registrita pli ol mil fojoj, en pli ol 80 diversaj lingvoj. La plej junaj generacioj ekkonis ĝin dank’ al mallonga versio de Bruno & Marrone (2001), sed ĝi fariĝis ankoraŭ pli fama inter la “Z-generacio”, post kiam tre bizara versio de Francisco Cabral (aŭ “Cachorrão do Brega”) rapidege disvastiĝis per la mesaĝ-aplikaĵo WhatsApp en 2019. Mi faris la bazon de la Esperanta traduko de la 3-a al la 5-a de februaro 2024, sed fine kompletigis ĝin nur la 29-an de februaro kaj alportis korektetojn la 2-an de marto. Ĉi-sube vi povas legi mian tradukon kaj poste aŭdi la belan kanzonon en la portugala lingvo:


Amuzeja Blu’

Malsana pro l’ am’
Serĉis mi kuracon en la nokta vivo
Kun la Nokta Floro
En la amuzejo de la Urba Sud’
La amdolor’
Per alia kor’ foriras drive
Kontraŭ la dolor’
Venis mi ĉe la Amuzeja Blu’

Sed kiam nokto
Fariĝis mateno sub aŭrora helo
L’ amuziĝintoj de la nokta vivo
Iris dormi for
Kaj la Nokta Damo
Kun mi dum amuzo, iris for anĝele
La pordoj fermiĝis
Kaj sola denove, min atendis voj’

Kiamaniere
Mi devus foriri? Ĉar mi konas ne
Eĉ almenaŭ vojon, memoretas, ke
L’ amuzejon pagis en la Urba Sud’
Mi trinkadis tro
Kaj ne memoras la okazon, nek
La nomon de tiu ina beleg’
La Nokta Flor’ de l’ Amuzeja Blu’



sexta-feira, 8 de março de 2024

Manifesto de Praga pelo esperanto


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/manifesto-praga

Aqui está outro texto que publiquei num antigo site sobre esperanto por mim mantido entre 2005 e ca. 2007. Trata-se do documento coletivo “Manifesto de Praga do movimento pela língua internacional esperanto”, lançado durante o 81.º Congresso Universal de Esperanto em Praga, capital da Chéquia, em 1996. Os autores propuseram aos Estados, governos e grandes instituições internacionais que considerassem contribuir pra divulgação do esperanto, caso aceitassem ou adotassem os valores mencionados. Eu o republiquei aqui porque, embora não seja difícil encontrar o texto em várias línguas, o site do qual retirei minha cópia não existe mais, e penso que é um conteúdo interessante aos leitores de minha página. Leia abaixo o original em esperanto, a tradução ao português (cujo autor desconheço) e uma pequena introdução em esperanto!


Jen alia teksto, kiun mi publikigis en malnova retejo pri Esperanto de mi subtenita inter 2005 kaj ĉ. 2007. Temas pri la kolektiva dokumento “Manifesto de Prago de la movado por la internacia lingvo Esperanto”, lanĉita dum la 81-a Universala Kongreso de Esperanto en Prago, ĉefurbo de Ĉeĥio, en 1996. La geaŭtoroj proponis al la ŝtatoj, registaroj kaj grandaj internaciaj institucioj, ke ili konsideru kontribui por la disvastigado de Esperanto, se ili akceptas aŭ adoptas la menciitajn valorojn. Mi republikigis ĝin ĉi tie ĉar, kvankam ne estas malfacile trovi la tekston en pluraj lingvoj, la retejo, el kiu mi elĉerpis mian kopion, ne plu ekzistas, kaj mi pensas, ke estas interesiga enhavo al la gelegantoj de mia paĝo. Ĉi-sube vi povas legi la Esperantan originalon kaj la tradukon al la portugala (kies aŭtoron mi ne konas):


Nós, membros do movimento mundial para progresso do ESPERANTO, dirigimos este manifesto a todos os governos, organizações internacionais e homens de boa vontade, declaramos nosso firme propósito de trabalhar cada vez mais em favor dos objetivos aqui expressos, e convidamos a todas as organizações e a cada indivíduo em particular para aderir a este nosso esforço.

Lançado em 1887 como projeto de língua auxiliar para a comunicação internacional, e tendo evoluído num curto espaço de tempo para uma língua completa e rica em nuances, o esperanto há mais de um século aproxima os homens além das barreiras linguísticas e culturais. Durante este período, os objetivos dos usuários do esperanto não perderam importância e atualidade. Nem o uso, em escala mundial, de algumas línguas nacionais, nem os progressos da técnica de comunicação, nem a descoberta de novos métodos para o ensino de línguas invalidarão os princípios a seguir enunciados, que consideramos essenciais para uma ordem linguística justa e eficaz.

1 – Democracia: Um sistema de comunicação linguística que privilegia algumas pessoas, mas exige de outras que invistam anos de estudos para alcançar um grau razoável de fluência, é fundamentalmente antidemocrático. Embora, como qualquer outra língua, não seja perfeito, o esperanto, em muito, supera qualquer rival na esfera da comunicação global igualitária.

Afirmamos que uma desigualdade linguística traz como consequência uma desigualdade em todos os demais níveis. Pertencemos a um movimento que luta em favor de uma democracia na comunicação.

2 – Educação transnacional: Cada língua étnica está ligada a uma cultura e a uma nação definida. Por exemplo, aquele que estuda o inglês aprende a respeito da cultura, da geografia e da política dos países de língua inglesa, principalmente os Estados Unidos e a Inglaterra. Aquele que estuda esperanto aprende a respeito de um mundo sem fronteiras, em que cada país se apresenta como se fosse o seu próprio.

Afirmamos que a educação por meio de qualquer língua étnica está ligada a uma perspectiva limitada a respeito do mundo. Somos um movimento a favor de uma educação transnacional.

3 – Eficácia pedagógica: Somente uma pequena percentagem daqueles que estudam uma língua estrangeira conseguem dominá-la. Um domínio pleno do esperanto é possível, até mesmo autodidaticamente. Diversos estudos realizados comprovam os efeitos propedêuticos do esperanto para o aprendizado de outras línguas. Recomenda-se também o esperanto como disciplina auxiliar para a conscientização linguística dos alunos.

Afirmamos que a dificuldade das línguas étnicas sempre se apresentará como um obstáculo para muitos alunos, que, no entanto, poderiam tirar proveito do conhecimento de uma segunda língua. Somos um movimento a favor de um ensino de línguas eficiente.

4 – Pluralismo linguístico: A comunidade esperantista é uma das poucas, em escala mundial, cujos participantes são, em geral, bilíngues ou multilíngues. Cada membro dessa comunidade costuma aprender, pelo menos, outra língua além da sua, para uso conversacional. Isso conduz automaticamente o indivíduo ao saber e ao amor a várias línguas e, consequentemente, a possuir um horizonte mais vasto.

Afirmamos que os membros de todas as comunidades linguísticas, grandes e pequenas, deveriam dispor de uma chance real para apropriar uma segunda língua, a um nível razoável de comunicação. Somos um movimento que possibilita essa oportunidade.

5 – Direitos linguísticos: A existência de línguas fortes e fracas é uma condição que conduz grande parte da humanidade a uma situação de permanente insegurança ou submissão linguística. Na comunidade esperantista, os membros de línguas importantes ou não-importantes, oficiais ou não-oficiais, reúnem-se num ambiente neutro, graças a um compromisso que enfatiza o respeito recíproco. Esse equilíbrio entre direitos e deveres linguísticos possibilita o surgimento de outras soluções para resolver os conflitos ou as desigualdades linguísticas.

Afirmamos que a existência de línguas mais fortes que outras torna sem efeito as garantias assumidas em inúmeros documentos internacionais, visando a dar um tratamento igual a diferentes línguas. Somos um movimento a favor dos direitos linguísticos.

6 – Diversidade linguística: Os diferentes governos nacionais costumam considerar a grande diversidade de línguas existente no mundo como uma barreira à comunicação e ao progresso. Entretanto, essa diversidade linguística é, para a comunidade esperantista, uma constante e imprescindível fonte de riqueza. Consequentemente, qualquer língua, assim como qualquer ser vivente, é digna de proteção e apoio.

Afirmamos que a política de comunicação e progresso, se não for baseada no respeito e apoio a todos os idiomas, condena ao desaparecimento a maioria das línguas existentes no mundo. Somos, portanto, um movimento a favor de uma diversidade linguística.

7 – Emancipação humana: Cada língua liberta e, ao mesmo tempo, aprisiona seus usuários, dando-lhes o poder para comunicar-se entre si, mas impedindo a comunicação com outros seres humanos. Planejado como um meio de comunicação universal, o esperanto é um dos grandes projetos para a emancipação humana, que se encontra em pleno funcionamento - projeto esse que possibilita a cada pessoa participar, como indivíduo, na comunidade planetária, embora com firmes raízes em sua cultura local e identidade linguística, mas não limitada por elas.

Afirmamos que o uso exclusivo de línguas nacionais estabelece inevitavelmente barreiras para a livre expressão, comunicação e associação. Somos um movimento a favor da emancipação humana.


Lançado no 81.º Congresso
Universal de Esperanto, Praga, 1996


Ni, anoj de la tutmonda movado por progresigo de Esperanto, direktas ĉi tiun manifeston al ĉiuj registaroj, internaciaj organizaĵoj kaj homoj de bona volo, deklaras nian intencon firmvole plu labori por la celoj ĉi tie esprimitaj, kaj invitas ĉiun unuopan organizaĵon kaj homon aliĝi al nia strebado.

Lanĉita en 1887 kiel projekto de helplingvo por internacia komunikado, kaj rapide evoluinta en vivoplenan, nuancoriĉan lingvon, Esperanto jam de pli ol jarcento funkcias por kunligi homojn trans lingvaj kaj kulturaj baroj. Intertempe la celoj de ĝiaj parolantoj ne perdis gravecon kaj aktualecon. Nek la tutmonda uzado de kelkaj naciaj lingvoj, nek progresoj en la komunikad-tekniko, nek la malkovro de novaj metodoj de lingvo-instruado verŝajne realigos jenajn principoj, kiujn ni konsideras esencaj por justa kaj efika lingva ordo.

1 – Demokratio: Komunika sistemo kiu tutvive privilegias iujn homojn sed postulas de aliaj ke ili investu jarojn da penoj por atingi malpli altan gradon de kapablo, estas fundamente maldemokratia. Kvankam, kiel ĉiu lingvo, Esperanto ne estas perfekta, ĝi ege superas ĉiun rivalon en la sfero de egaleca tutmonda komunikado.

Ni asertas ke lingva malegaleco sekvigas komunikan malegalecon je ĉiuj niveloj, inkluzive de la internacia nivelo. Ni estas movado por demokratia komunikado.

2 – Transnacia Edukado: Ĉiu etna lingvo estas ligita al difinita kulturo kaj naci(ar)o. Ekzemple, la lernejano kiu studas la anglan lernas pri la kulturo, geografio kaj politiko de la anglalingvaj landoj, precipe Usono kaj Britio. La lernejano kiu studas Esperanton lernas pri mondo sen limoj, en kiu ĉiu lando prezentiĝas kiel hejmo.

Ni asertas ke la edukado per iu ajn etna lingvo estas ligita al difinita perspektivo pri la mondo. Ni estas movado por transnacia edukado.

3 – Pedagogia Efikeco: Nur malgranda procentaĵo el tiuj kiuj studas fremdan lingvon, ekmastras ĝin. Plena posedo de Esperanto eblas eĉ per memstudado. Diversaj studoj raportis propedeŭtikan efikojn al la lernado de aliaj lingvon. Oni ankaŭ rekomendas Esperanton kiel kernan eron en kursoj por la lingva konsciigo de lernantoj.

Ni asertas ke la malfacileco de la etnaj lingvoj ĉiam prezentos obstaklon por multaj lernantoj, kiuj tamen profitus el la scio de dua lingvo. Ni estas movado por efika lingvoinstruado.

4 – Plurlingveco: La Esperanto-komunumo estas unu el malmultaj mondskalaj lingvokomunumoj kies parolantoj estas senescepte du- aŭ plurlingvaj. Ĉiu komunumano akceptis la taskon lerni almenaŭ unu fremdan lingvon ĝis parola grado. Multokaze tio kondukas al la scio de kaj amo al pluraj lingvoj kaj ĝenerale al pli vasta persona horizonto.

Ni asertas ke la anoj de ĉiuj lingvoj, grandaj kaj malgrandaj, devus disponi pri reala ŝanco por alproprigi duan lingvon ĝis alta komunika nivelo. Ni estas movado por la provizo de tiu ŝanco.

5 – Lingvaj Rajtoj: La magegala disdivido de potenco inter la lingvoj estas recepto por konstanta lingva malsekureco, aŭ rekta lingva subpremado, ĉe granda parto de la monda loĝantaro. En la Esperanto-komunumo, la anoj de lingvoj grandaj kaj malgrandaj, oficialaj kaj neoficialaj, kunvenas sur neŭtrala tereno, dank’ al la reciproka volo kompromisi. Tia ekvilibro inter lingvaj rajtoj kaj respondecoj liveras precedencon por evoluigi kaj pritaksi aliajn solvojn al la lingva malegaleco kaj lingvaj konfliktoj.

Ni asertas ke la vastaj potencodiferencoj inter la lingvoj subfosas la garantiojn, esprimitajn en tiom da internaciaj dokumentoj, de egaleca traktado sendistinge pri la lingvo. Ni estas movado por lingvaj rajtoj.

6 – Lingva Diverseco: La naciaj registaroj emas konsideri la grandan diversecon de lingvoj en la mondo kiel baron al komunikado kaj evoluigo. Por la Esperanto-komunumo, tamen, la lingva diverseco estas konstanta kaj nemalhavebla fonto de riĉeco. Sekve, ĉiu lingvo, kiel ĉiu vivaĵospecio, estas valora jam pro si mem kaj inda je protektado kaj subtenado.

Ni asertas ke la politiko de komunikado kaj evoluigo, se ĝi ne estas bazita sur respekto al kaj subteno de ĉiuj lingvoj, kondamnas al formorto la plimulton de la lingvoj de la mondo. Ni estas movado por lingva diverseco.

7 – Homa Emancipiĝo: Ĉiu lingvo liberigas kaj malliberigas siajn anojn, donante al ili la povon komuniki inter si, barante la komunikadon kun aliaj. Planita kiel universala komunikilo, Esperanto estas unu el la grandaj funkciantaj projektoj de la homa emancipiĝo - projekto por ebligi al ĉiu homo partopreni kiel individuo en la homara komunumo, kun firmaj radikoj ĉe sia loka kultura kaj lingva identeco, sed ne limitige de ili.

Ni asertas ke la eksklusiva uzado de naciaj lingvoj neeviteble starigas barojn al la liberecoj de sinesprimado, komunikado kaj asociiĝo. Ni estas movado por la homa emancipaĝo.


Lanĉita en la 81-a UK, Prago 1996



quarta-feira, 6 de março de 2024

Declaração de Pequim pelo esperanto


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/pequim-eo

Aqui está outro texto que publiquei num antigo site sobre esperanto por mim mantido entre 2005 e ca. 2007. Se anteontem relancei o artigo jornalístico sobre o 89.º Congresso Universal de Esperanto em Pequim, capital da China, em 2004, republico agora a “Pekina Deklaracio” (Declaração de Pequim), adotada no fim do mesmo encontro. Os autores evidenciam os progressos do esperanto nos últimos cem anos e parabenizam o governo chinês, que então apoiava a iniciativa dos esperantistas. Leia abaixo o original em esperanto, reproduzido no extinto portal “Ĝangalo”, minha tradução ao português e uma pequena introdução em esperanto!


Jen alia teksto, kiun mi publikigis en malnova retejo pri Esperanto de mi subtenita inter 2005 kaj ĉ. 2007. Se antaŭhieraŭ mi relanĉis ĵurnalan artikolon pri la 89-a Universala Kongreso de Esperanto en Pekino, ĉefurbo de Ĉinio, en 2004, mi nun republikigas la Pekina Deklaracio, adoptita en la fino de la sama renkonto. La geaŭtoroj notigas la progresojn de Esperanto dum la lastaj cent jaroj kaj gratulas al la ĉina registaro, kiu tiam apogis la iniciaton de la geesperantistoj. Ĉi-sube vi povas legi la Esperantan originalon reproduktitan en la ne plu aktiva portalo “Ĝangalo” kaj mian tradukon al la portugala:


La 89-a Universala Kongreso de Esperanto, okazinta en Pekino, Ĉinio, de la 24-a ĝis la 31-a de julio 2004, kun 2 031 partoprenantoj el 51 landoj, traktinte la temon “Lingva egaleco en internaciaj rilatoj”, notante, ke la jaro 2004 markas 50 jarojn da oficialaj rilatoj inter UEA kaj Unesko, memorante, ke rezolucioj de Unesko notis la rezultojn atingitajn per Esperanto sur la kampo de internaciaj intelektaj interŝanĝoj kaj por la proksimigo de la popoloj de la mondo kaj rekonis, ke tiuj rezultoj respondas al la celoj kaj idealoj de Unesko, notante la “Raporton pri Homa Evoluigo 2004” de la Evoluiga Programo de Unuiĝintaj Nacioj, kiu asertas, ke la libereco de esprimado kaj la uzado de lingvo estas nedisigeblaj, alte taksante la agadon de la ĉina registaro, kiu, cele al pli justa kaj diverseca aliro al internacia interkompreniĝo, subtenas la instruadon kaj utiligon de Esperanto, konforme al la spirito de la rezolucio de Unesko,

DEKLARAS

  • ke demokratia kaj egalrajta komunikado en internaciaj rilatoj estas esenca por internacia interkompreno kaj paca kunlaboro surbaze de egalaj lingvaj rilatoj,
  • ke estas bezonata nova internacia lingva ordo, kiu garantiu egalecon, diversecon kaj demokration en lingvaj aferoj kaj efikan komunikadon inter nacioj kaj aliaj homgrupoj lingve malsamaj, ĉar en la nuna monda lingva situacio, kun kreskanta superrego de iuj lingvoj super aliaj, ne eblas realigi tiujn principojn,
  • ke neŭtrala komuna lingvo estu kerna elemento en tiu ordo, por atingi unuecon en diverseco inter la diversaj lingvoj kaj kulturoj je internacia nivelo,
  • ke sekve la internacia lingvo Esperanto, pruvinte dum pli ol cent jaroj siajn utilecon kaj praktikecon, meritas seriozan konsideron fare de internaciaj organizoj, ties membro-ŝtatoj kaj ĉiuj personoj kaj organizaĵoj de bona volo, kiuj respektas kaj deziras pacon kaj pacan kompreniĝon en egaleca etoso en nia hodiaŭa mondo,
  • ke por krei novan internacian lingvan ordon, kiu kontribuos al internacia kompreno kaj mondpaco, necesas forte subteni la enkondukadon de Esperanto en lernejojn, konforme al la spirito de la Unesko-rezolucioj, ĉar tio faciligas lingvolernadon ĝenerale kaj antaŭenigas internaciecan aliron al la mondo.


O 89.º Congresso Universal de Esperanto, ocorrido em Pequim, China, de 24 a 31 de julho de 2004, com 2 031 participantes de 51 países, que trataram do tema “Igualdade linguística nas relações internacionais”, lembrando que o ano de 2004 marca os 50 anos de relações oficiais entre a UEA (Associação Universal de Esperanto) e a Unesco, lembrando que resoluções da Unesco apontaram os resultados atingidos pelo esperanto sobre o campo do intercâmbio intelectual internacional e pela aproximação dos povos do mundo e reconheceram que esses resultados correspondem aos objetivos e ideais da Unesco, apontando o “Relatório sobre Evolução Humana 2004” do Programa Evolutivo das Nações Unidas, que garante que a liberdade de expressão e de uso de uma língua são inseparáveis, altamente avaliando a ação do governo chinês, que, visando ao mais justo e diversificado acesso à compreensão mútua internacional, sustenta o ensino e a utilização do esperanto, em conformidade ao espírito da resolução da Unesco,

DECLARA

  • que uma comunicação democrática e de direitos iguais nas relações internacionais é essencial para a compreensão mútua internacional e colaboração pacífica com base em relações linguísticas igualitárias,
  • que precisa-se de uma nova ordem linguística internacional que garanta a igualdade, a diversidade e a democracia em causas linguísticas, e de uma comunicação eficiente entre nações e outros grupos humanos de línguas diferentes, pois na atual situação linguística mundial, com a crescente dominação de algumas línguas sobre outras, não é possível realizar esses princípios,
  • que uma língua neutra comum deve ser o elemento essencial nessa ordem, para que se atinja a unidade na diversidade entre as diversas línguas e culturas a nível internacional,
  • que por conseguinte a língua internacional esperanto, comprovando por mais de cem anos sua utilidade e praticidade, merece uma consideração séria das organizações internacionais, de seus estados-membros e de todas as pessoas e organizações de boa vontade que respeitam e desejam a paz e a compreensão pacífica em uma atmosfera igualitária no nosso mundo de hoje,
  • que para que se crie uma nova ordem linguística internacional que contribuirá com a compreensão internacional e com a paz mundial, é fortemente necessário sustentar a introdução do esperanto nas escolas, em conformidade ao espírito das resoluções da Unesco, pois isso facilita o aprendizado de línguas em geral e adianta um acesso internacionalista ao mundo.



Grupo representativo dos falantes e propagandistas do esperanto pelo mundo.

terça-feira, 5 de março de 2024

SE VOCÊ SE INDIGNA COM ISTO...


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/maodvedev



E com isto (achei por acaso, confesso que desconhecia esse “Grande Israel” anexando a Jordânia apresentado por Bezalel Smotrich...):


Inegavelmente também deveria se indignar com isto:




Dmitri Medvedev, ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente (vice, nem titular, que rebaixamento) do Conselho de Segurança nacional, talvez esteja expiando nesses dois últimos anos seu “pecado” de ter parecido o American Boy do Kremlin aos olhos de seus pares no Ossidentx Malvadaum. De 2008 a 2012, criticou as repressões de Stalin, abriu a economia, posou de tiozão descolado durante a popularização dos smartphones, votou várias vezes com os EUA no Conselho de Segurança da ONU, aprovou a invasão (não tem outro nome) da Líbia pela OTAN e invadiu a Geórgia, mas neste último caso seus colegas tavam ocupados assistindo à abertura das Olimpíadas de Pequim. Como se dá essa expiação? Pela terceirização da retórica belicista, baixa, agressiva, xenofóbica e apocalíptica em publicações desnecessárias nas redes sociais (pelo menos naquelas ainda autorizadas pelo tsar) a Medvedev, que de parceiro de lanche com o Obama no Méqui passou a profeta do apocalipse nuclear.

Muito ainda há de se estudar no futuro sobre as razões dessa metamorfose, e talvez o próprio político deixe algum relato memorial um dia. Mas o fato inegável é que sua substituição pelo próprio Putin na “corrida” presidencial de 2012 – pra nunca mais sair do posto – não foi escolha pessoal, e sim do cabeça de coco, já que este teve medo, durante os grandes protestos populares contra fraudes eleitorais em 2011-12 (que revelaram Aleksei Navalny ao mundo e quase tornaram a Praça Vermelha num Maidan), de ter o mesmo destino de seu amigo Gaddafi. Isso explica por que Medvedev, gradualmente sendo afastado da vista pública, foi enfim substituído pelo apagado premiê Mikhaíl Mishústin, e por que este cargo perdeu sua importância com a reforma constitucional de 2020. É verdade que ele também é o presidente do Rússia Unida, partido de Putin, ou que pelo menos serve de suporte pra sua ditadura terrorista; mas que valor têm os partidos numa autocracia, em que o capo da máfia detém todos os fios e os partidos no parlamento simplesmente referendam suas aventuras?

Mas Medvedev não solta suas ameaças odiosas apenas pelas mídias digitais: há alguns dias, ele palestrou pra uma plateia de jovens num evento que ironicamente tem o nome de “Conhecimento” (Znánie) e simplesmente disse que “a Ucrânia é a Rússia”. Ele inclusive citou o livro do ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma, A Ucrânia não é a Rússia, mas sem citar o autor, pra se contrapor a essa noção e dizer inclusive que outros países vizinhos, que têm também minorias étnicas dentro do território ucraniano, podiam reivindicar territórios pra que se realizasse aquela aberração distópica que você pode ver no mapa acima. Quanto à apresentação cringe da frase atribuída a Putin, “As fronteiras da Rússia não terminam em nenhum lugar”, ela é tão mais assustadora quanto um certo Bigodinho também tentou conquistar o mundo todo pra obter a Lebensraum reivindicada pelos “arianos”.

E pra fechar a bizarrice, o conjunto usado tanto por Stalin quanto por Mao Zedong, e por vezes ainda vestido em cerimônias oficiais pelos presidentes chineses, parece ter voltado à moda. Se tornou praticamente um “Maodvedev” ou um “Medvestalin”... Só a cor me parece um pouco berrante, mas outro profeta do apocalipse que também apresenta um programa odioso na TV estatal (embora sua audiência caia constantemente devido ao cansaço geral com a guerra), Vladímir Solovióv, usa o mesmo figurino, embora totalmente preto, e ainda por cima num cenário sombrio e temperado de cores “flamenguistas”, pra dar a verdadeira pinta de um Capetão, rs.

Pelo menos uma das montagens que Medvedev diz ter tirado do Telegram, apesar da edição bem grotesca, confesso que achei legalzinha: único problema é que a carne de burro tá tapando o lanche de salsicha que o alemão Scholz tá tentando abocanhar. E alguém esqueceu de lhe avisar que “BoJo” não governa mais o Reino Unido... Veja as duas imagens citadas:




Nas redes sociais, Zelensky respondeu às pretensões de Medvedev: