domingo, 31 de dezembro de 2017

“Bela nigrulino”, o brega em esperanto


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Após muito tempo decidi postar novamente uma de minhas antigas traduções de canções brasileiras pro esperanto. Esta pérola se chama Nega linda e foi composta por Edilson Morenno, um astro do brega do norte brasileiro nos anos 90. Eu conheci essa música quando comprei um CD com outras parecidas da mesma época, e confesso que realmente, quando eu era adolescente, gostava dessas músicas cafonas do Pará e Amazonas... Mas pra mim não bastava gostar: tinha que traduzir pro esperanto, a única língua estrangeira que eu dominava então! Realmente era uma atitude estranha, mas dessa forma eu também comecei a desenvolver minha veia poética. Como vocês devem imaginar, minha tradução não ficou literal, mas a métrica e o esquema de rimas são os mesmos. Como não há infelizmente outra página da internet que tenha publicado esse clássico, seguem abaixo as letras em esperanto e português. Ouçam também no vídeo o áudio com a gravação de Morenno. Eu traduzi em 31 de julho de 2005.

Post longa tempo mi decidis denove publikigi unu el miaj malnovaj tradukoj de brazilaj kanzonoj al Esperanto. Ĉi tiu perlo nomiĝas Nega linda (Bela nigrulino; nega = negra), kaj ĝin komponis Edilson Morenno, muzikstelo de la nordbrazila stilo “brega” (bizara) dum la 90-aj jaroj. Mi ekkonis ĝin, kiam mi aĉetis KD-on kun aliaj similaj kanzonoj, kaj mi konfesas, ke dum mia adolesko mi vere ŝatis tiajn strangajn verkojn el la ŝtatoj Parao kaj Amazonio... Sed por mi ne sufiĉis ŝati ilin: mi devus traduki ilin al Esperanto, la sola eksterlanda lingvo, kiun mi tiam regis! Tio ja estis nekutima iniciato, sed mi tiel komencis disvolvi mian poezian talenton. Kiel vi verŝajne supozas, mia traduko ne estas laŭlitera, sed mi konservis la metrikon kaj la riman strukturon. Ĉar bedaŭrinde ne estas alia interretpaĝo, en kiu oni publikigis ĉi tiun klasikaĵon, ĉi-sube vi legas la tekstojn en Esperanto kaj la portugala. Per la video, aŭskultu ankaŭ la registron de la kanzono de Morenno. Mi skribis mian poemon en la 31-a de julio 2005.


Bela nigrulino

2x:
Nigrulino,
La haŭt’ estas trezora,
La ridet’, orkolora,
Via ŝvito, miel’.
Bela, bela nigrulino,
La hararo risorta
Kaj l’ odor’, pek’ nevorta,
Venas el la ĉiel’.

Nigrulino, min brakumu
Por ke l’ tristo sin malsumu
Kaj solecon iu fumu,
Ho fidelanĝel’.
Nigrulin’, mi vin atendas,
Por kunesto via plendas,
Ĉar nur de mi vi amendas,
Mi amadu vin!

Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Ho, fidelanĝel’.
Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Ho, ĉieljuvel’.
Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Volas mi nur vin.
Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Mi amadu vin!

Nigrulino, min brakumu
Por ke l’ tristo sin malsumu
Kaj solecon iu fumu,
Ho fidelanĝel’.
Nigrulin’, mi vin atendas,
Por kunesto via plendas,
Ĉar nur de mi vi amendas,
Mi amadu vin!

Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Ho, fidelanĝel’.
Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Ho, ĉieljuvel’.
Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Droni en la vol’.
Bela, bela nigrulino,
Bela, bela, bela nigrulino,
Estas ĝoja vol’!

Nega linda

2x:
Nega linda,
Tua pele é um tesouro,
Teu sorriso é de ouro,
Teu suor, doce mel.
Nega, nega, nega linda,
Teu cabelo enrolado,
O teu cheiro é um pecado
Que me leva pro céu.

Ó, neguinha, me abraça
Que a tristeza logo passa,
Solidão vira fumaça,
Meu anjo fiel.
Ó, neguinha, eu te espero,
Eu te amo, eu te venero,
Só você que eu tanto quero,
Deixa eu te amar!

Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Meu anjo fiel.
Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Me leva pro céu.
Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Quero só você.
Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Deixa eu te amar!

Ó, neguinha, me abraça
Que a tristeza logo passa,
Solidão vira fumaça,
Meu anjo fiel.
Ó, neguinha, eu te espero,
Eu te amo, eu te venero,
Só você que eu tanto quero,
Deixa eu te amar!

Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Meu anjo fiel.
Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Me leva pro céu.
Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Deixa eu te querer.
Nega, nega, nega, nega,
Nega, nega, nega, nega linda,
Meu louco prazer!



quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Discurso de Stalin “Dá prazer e alegria”


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Este pequeno trecho de discurso é o subproduto de uma cinecrônica soviética completa, que legendei há alguns dias na íntegra e postei no meu antigo canal do YouTube e trata de fatos da era Iosif Stalin entre 1936 e 1939. Certa vez eu escrevi aqui que tinha acabado todos os discursos ao vivo do líder, mas pro “prazer e alegria” de vocês, achei mais este trecho que separei do vídeo completo do cinejornal. Trata-se da finalização de um longo discurso pronunciado na abertura do 8.º Congresso Nacional Extraordinário dos Sovietes, ocorrido em Moscou de 25 de novembro a 5 de dezembro de 1936, quando o domínio de Stalin chegava ao ápice.

A piada é pronta pros brasileiros de mente maldosa: mais uma vez, o Guia Genial dos Povos aparece molhando a goela com um refresco não identificado. Afinal, nenhum filho de Deus aguenta fazer discursos quilométricos sem refrescar a boca! Aos que já vêm pensando bobagem, acredito há muito tempo ser a famosa tubaína do interior de São Paulo, também conhecida por uma de suas marcas registradas, Turbaína, meio que uma mistura enjoativa de guaraná com essência de tutti-frutti. É costume dizer que os manifestantes pró-Lula só vão às caravanas “ganhando transporte gratuito, sanduíche de mortadela e turbaína vagabunda”. Será que Stalin foi o precursor dessa prática?

Além da brincadeira com a tubaína, joguei também com a tradução que fiz da expressão russa “приятно и радостно” (priatno i radostno), que Stalin usa duas vezes. Os dois advérbios vêm dos adjetivos que significam respectivamente “prazeroso” ou “agradável”, e “alegre” ou “feliz”, e são usados porque qualificam um verbo. Ficaria pesado (e até incorreto em português) traduzir como “prazerosa e alegremente”, e não soaria bonito começar as frases com “É prazeroso e alegre”. Por isso, pra unir com algum sentido as duas ideias em português, usei a expressão “Dá prazer e alegria”. Ou seja, se tivermos um pouco de criatividade, e boa dose de irreverência política, ela dá um sabor todo especial dentro do contexto político que a URSS vivia então! Sei que muitos não gostam dessa zoeira no material histórico (coxinhas de esquerda...), mas eu não resisto, porque ela jamais o inutiliza.

A transcrição completa do discurso em russo sairia no órgão oficial Pravda um dia depois, hoje integrando as Obras Completas de Stalin (Moscou, Pisatel, 1997), v. 14, pp. 119-147. Nesta página vocês podem assistir à cinecrônica completa sem legendas, começando a fala do líder aos 2min2seg. Seguem abaixo o trecho legendado do discurso, o texto dele em russo e a tradução em português. Nas legendas, encurtei um pouquinho pra facilitar a leitura, e em comparação com o vídeo, no livro aparece escrito “что она дала” ao invés de “а дала”, e “завоевания” ao invés de “достижения”:


(На Чрезвычайном VIII Всесоюзном Съезде Советов 25 ноября 1936 г.)

В результате пройденного пути борьбы и лишений приятно и радостно иметь свою Конституцию, трактующую о плодах наших побед. Приятно и радостно знать, за что бились наши люди и как они добились всемирно-исторической победы. Приятно и радостно знать, что кровь, обильно пролитая нашими людьми, не прошла даром, а [что она] дала свои результаты. Это вооружает духовно наш рабочий класс, наше крестьянство, нашу трудовую интеллигенцию. Это двигает вперёд и поднимает чувство законной гордости. Это укрепляет веру в свои силы и мобилизует на новую борьбу для достижения [завоевания] новых побед коммунизма.

____________________


(No 8.º Congresso Nacional Extraordinário dos Sovietes, 25 de novembro de 1936)

Após percorrermos a via de lutas e privações, dá prazer e alegria ter a própria Constituição narrando os frutos de nossas vitórias. Dá prazer e alegria saber pelo que lutou nossa gente e como chegou à vitória de alcance histórico mundial. Dá prazer e alegria saber que o sangue vertido aos litros por nossa gente não foi em vão, mas [que ele] deu resultados. Isso aumenta o ânimo de nossa classe operária, nosso campesinato e nossos proletários intelectuais. Isso promove e eleva o sentimento de legítimo orgulho. Isso reforça a fé nas próprias forças e mobiliza para novas lutas visando a mais vitórias do comunismo.



domingo, 24 de dezembro de 2017

Hino Nacional da Argentina desde 1944


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Há alguns meses, comecei a voltar meu interesse pra história recente da nossa vizinha Argentina e tive vontade de legendar e postar no meu extinto canal do YouTube algumas canções patrióticas locais, que achei bonitas e interessantes. Comecei, claro por aquele que considero um dos hinos mais bonitos da América Latina: não que eu também não adore o do Brasil, de fato, e confesso que também acho lindo o hino dos EUA. Meu plano seria depois legendar alguns discursos feitos durante a ditadura militar argentina, não porque simpatizo, mas por curiosidade com esse período histórico, só que ainda não tive tempo.

O Hino Nacional Argentino teve a letra escrita por Vicente López y Planes em 1812, e a melodia composta por Blas Parera y Moret em 1813. A encomenda foi feita pela Assembleia Geral Constituinte, que então governava a atual República Argentina. Ele passou também a ser conhecido como Marcha Patriótica ou Canção Patriótica, e por vezes erroneamente, no estrangeiro, pelas suas palavras iniciais, ¡Oíd, mortales! Apenas em 1847 apareceria publicado como Himno Nacional Argentino, e assim passou a ser conhecido. Em 1860, Juan Pedro Esnaola fez algumas modificações na melodia, baseando-se em anotações deixadas pelo compositor.

Com um poema originalmente bem mais extenso, o hino chegava a ser tocado por 20 minutos, mas em 1900 passou a valer a atual letra abreviada, e em 1924 nova adaptação melódica reduziu a duração pra menos de 4 minutos. Contudo, apenas em 24 de abril de 1944 um decreto determinou que essa marcha devia ser oficialmente o hino nacional. O presidente era Edelmiro Farrell, militar que exercia o poder de facto durante a ditadura instaurada por um golpe em 1943.

Eu baixei desta página o vídeo sem legendas, e a própria dona do canal deve ter sido quem inseriu as legendas espanholas, sem combinar em sincronia, porém, com as minhas. Eu resolvi deixá-las pra tornar o vídeo mais rico, embora elas tenham uns erros de grafia. Eu mesmo traduzi e legendei, tendo tirado da Wikipédia em espanhol a letra do hino e as informações históricas. Seguem abaixo minha legendagem, a letra em espanhol e a tradução em português:


¡Oíd, mortales!, el grito sagrado:
¡libertad!, ¡libertad!, ¡libertad!
Oíd el ruido de rotas cadenas;
ved en trono a la noble igualdad.
¡Ya su trono dignísimo abrieron
las Provincias Unidas del Sud!
Y los libres del mundo responden:
¡al gran pueblo argentino, salud!
¡Al gran pueblo argentino, salud!
Y los libres del mundo responden:
¡al gran pueblo argentino, salud!
Y los libres del mundo responden:
¡al gran pueblo argentino, salud!

Sean eternos los laureles
que supimos conseguir,
que supimos conseguir:
coronados de gloria vivamos,
¡o juremos con gloria morir!
¡O juremos con gloria morir!
¡O juremos con gloria morir!

____________________


Ouçam, mortais, o grito sagrado:
liberdade, liberdade, liberdade!
Ouçam as correntes se quebrando;
vejam entronada a nobre igualdade.
Já alcançaram soberania digníssima
as Províncias Unidas do Sul!
E os livres do mundo respondem:
salve o grande povo argentino!
Salve o grande povo argentino!
E os livres do mundo respondem:
salve o grande povo argentino!
E os livres do mundo respondem:
salve o grande povo argentino!

Que sejam eternos os louros
que conseguimos conquistar,
que conseguimos conquistar:
vivamos coroados de glória,
ou juremos morrer com glória!
Ou juremos morrer com glória!
Ou juremos morrer com glória!




Curiosidade: execução do hino argentino, seguido do hino do Brasil, durante a visita do presidente Lula à Argentina (a primeira viagem de seu terceiro mandato) em 23 de janeiro de 2023. Ele estava então prestando uma homenagem ante o monumento a San Martín, herói nacional da independência, em Buenos Aires.



quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

’O surdato ’nnammurato (duas versões)


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Esta é uma canção que conheço desde a adolescência, da qual ela fez parte, porque integrava a trilha sonora da novela Terra nostra (1999-2000) da TV Globo, uma época gostosa em que as novelas “italianas macarrônicas” de imigrantes ainda faziam sucesso. Ela se chama ’O surdato ’nnammurato (O soldado apaixonado), que seria em italiano padrão Il soldato innamorato, mas na verdade é cantada em napolitano, um dos “dialetos” falados no sul da Bota. “Dialeto”, porque não há consenso sobre seu caráter de língua independente: os próprios italianos chamam assim, mas o napolitano tem muitas diferenças que dificultam a compreensão pra quem só estudou o padrão toscano-florentino. Uma das músicas napolitanas mais famosas, datada de 1915, tem letra do poeta Aniello Califano e melodia do musicista Enrico Cannio, entrou pra cultura popular e foi gravada por muitos artistas italianos de renome.

O primeiro vídeo é cantado por Massimo Ranieri, pseudônimo do napolitano Giovanni Calone (n. 1951), cantor, ator, apresentador e diretor teatral ainda ativo no pop, piano rock, canção napolitana e música leve. Um dos maiores vendedores italianos de disco no mundo, gravou seu primeiro álbum ao vivo ’O surdato ’nnammurato em 1972, mas pelo que consta no YouTube, esta apresentação é do mesmo ano, no programa de TV Canzonissima, existente na RAI de 1956 a 1975. No Brasil, ’O surdato ’nnammurato ficou conhecida na trilha sonora de Terra nostra, com a voz do cantor Netinho, rara vez em que não gravou axé. Pros jovens que não o conhecem, ele fez muito sucesso nos carnavais e em Salvador com músicas como Mila (“mil e uma noites de amor com você...”) e Total (“a ti prefiro uma cerveja...”), e a segunda metade dos anos 90 foi o ápice de sua carreira solo. Infelizmente, há alguns anos, ele teve problemas de saúde por causa de anabolizantes, mas ainda está vivo, pra nossa alegria.

Acho que a linda descrição na Wikipédia em napolitano diz tudo: ’A canzone parla ’e nu surdato luntano ’a l’ammore sujo, pecchè stà ’o fronte, a cumbattere duranne ’a primma guerra munniale (A canção fala de um soldado distante de seu amor, porque está no front combatendo durante a 1.ª Guerra Mundial). Califano (1870-1919) é autor de muitas outras letras napolitanas, e teve o privilégio de uma difícil publicação do Surdato em maio de 1915, em plenos combates. O pianista Cannio (1874-1949), tendo sempre vivido em Nápoles, também compôs muitas outras melodias regionais e foi reconhecido após a morte por sua ampla contribuição.

O napolitano, pra quem entende italiano, soa familiar, mas confesso uma coisa: acho uma das línguas mais bonitas do mundo, talvez por causa das reduções vocálicas em sílabas átonas, principalmente no fim da palavra. A sonoridade fica, assim, muito próxima da do romeno, outra língua que me agrada. Podem ver que, como um processo natural também ocorrente em vários falares brasileiros, o L antes de consoante por vezes vira R (rotacismo), e a vogal átona se reduz: soldatosordatosurdato. Outro fenômeno que permite versos mais curtos é a elisão, com apóstrofo, de consoantes iniciais: a preposição de, por exemplo, vira ’e, e os artigos lo e la, ’o e ’a.

Eu não sei napolitano, então obviamente comparei várias traduções em italiano padrão. Uma delas, que acho boa, está nesta página. Pra traduzir, também cotejei com a tradução literal que a Wikipédia em alemão oferece (traduções alemãs costumam ser precisas). Eu baixei o vídeo de Ranieri desta página, e apenas traduzi, legendei e cortei o enquadramento. Quanto ao Netinho, baixei o áudio desta página, tendo eu mesmo depois montado e legendado o vídeo: vejam-no duas vezes, lendo uma legenda a cada vez!

Se vocês procurarem “netinho o surdato nnamurato” no YouTube, vão achar alguns vídeos em que ele aparece no Faustão cantando junto à Maria Fernanda Candido, de cuja personagem essa música era tema em Terra nostra. Como a novela estava bombando, Netinho conseguiu o feito inédito de aparecer dois domingos seguidos no Faustão. Eu postei as duas legendagens no meu canal Eslavo (YouTube) e elas seguem abaixo, com a letra em napolitano e a tradução em português:





1. Staje luntana da stu core,
A te volo cu ’o penziero:
Niente voglio e niente spero
Ca tenerte sempe a fianco a me!
Si’ sicura ’e chist’ammore
Comm’i’ so’ sicuro ’e te...

Riturnello:
Oje vita, oje vita mia...
Oje core ’e chistu core...
Si’ stata ’o primmo ammore...
E ’o primmo e ll’ùrdemo sarraje pe’ me!

2. Quanta notte nun te veco,
Nun te sento ’int’a sti bbracce,
Nun te vaso chesta faccia,
Nun t’astregno forte ’mbraccio a me?!
Ma, scetánnome ’a sti suonne,
Mme faje chiagnere pe’ te...

(Riturnello)

3. Scrive sempe e sta’ cuntenta:
Io nun penzo che a te sola...
Nu penziero mme cunzola,
Ca tu pienze sulamente a me...
’A cchiù bella ’e tutt’’e bbelle,
Nun è maje cchiù bella ’e te!

(Riturnello 3x)

____________________

1. Você está longe deste coração,
Voo até você em pensamento:
Eu quero e espero apenas que
Você sempre fique a meu lado!
Você confia neste amor
Como confio em você...

Refrão:
Oh, vida, oh, vida minha...
Oh, coração deste coração...
Você foi meu primeiro amor...
Primeiro e último será para mim!

2. Quantas noites não te vejo,
Não te sinto entre estes braços,
Não te beijo este rosto,
Não te abraço forte em mim?!
Mas despertar destes sonhos
Me faz chorar por você...

(Refrão)

3. Na carta você sempre está feliz:
E eu penso somente em você...
Um pensamento me consola,
Que você só pensa em mim...
A mais bela de todas as belas
Nunca é mais bonita que você!

(Refrão 3x)




domingo, 17 de dezembro de 2017

“Очи чёрные” (Olhos negros), canção


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Quando postei esta linda canção que me pediram no meu canal Eslavo (YouTube), dediquei-a à minha avó, que só então tinha me contado que meu falecido avô Wladimir lhe dizia que ela tinha “ôji jôrni”... Ela se chama “Очи чёрные” (Ochi chornye), Olhos negros, e consiste numa romança (canção sentimental) russa datada dos anos 1880. É uma das mais famosas canções tradicionais da Rússia, célebre também no exterior. Ela foi publicada em 1843 como um poema do escritor russo-ucraniano Ievhen Pavlovych Hrebinka (em russo, Ievgeni Pavlovich Grebionka, 1812-1848). O texto recebeu melodia de Florian German em 1884, mas a versão mais conhecida é do compositor ítalo-inglês Adalgiso Ferraris (1890-1968).

A canção se tornou mundialmente famosa a partir da década de 1930, foi gravada por muitos cantores e cantoras russos e traduzida pra muitas línguas. Talvez o artista mais famoso que a tenha gravado tenha sido Ivan Rebroff, que é, na verdade, de origem alemã. E muitos podem reconhecer aí uma parte da melodia de Nathalie, cantada e composta por Julio Iglesias nas versões em português e espanhol. Ela também apareceu em muitos filmes, bem como no jogo eletrônico Syberia. Um dos traços arcaicos da música consiste justamente no uso de ochi pra “olhos”, quando se esperaria glaza. Oko é uma forma antiga de glaz, ainda muito usada em outras línguas eslavas. Ela tem um plural dual (que indica par) resquicial, como costuma ocorrer com partes binárias do corpo: ochi. O plural regular seria oka. O mesmo ocorre com ukho (ouvido) → ushi (os dois ouvidos). Tem ainda o verbo tsarit (reinar), que remete a tsar, e não a korol (rei).

Eu tirei essas informações da Wikipédia em russo, assim como a letra da canção. Lá existe também a letra na ortografia russa pré-1918, no tempo em que o poema foi redigido. Eu baixei o vídeo sem legendas desta página, em que apenas se informa que essa apresentação do Coral Aleksandrov do Exército Russo (o famoso Coral do Exército Vermelho) foi feita em Paris, em 2003. Recomendo que também o vejam, pois ele tem toda uma parte instrumental no começo que cortei por razões de praticidade. Não consegui identificar o solista, que deve ter alguma formação de ator, porque de modo magistral faz parecer que ele mesmo está vivendo esse sofrimento. Eu mesmo traduzi e legendei, e seguem a legendagem, a letra em russo e a tradução:




Очи чёрные, очи жгучие,
Очи страстные и прекрасные!
Как люблю я вас! Как боюсь я вас!
Знать, увидел вас я не в добрый час!

Очи чёрные, жгуче пламенны!
И манят они в страны дальние,
Где царит любовь, где царит покой,
Где страданья нет, где вражде запрет

Не встречал бы вас, не страдал бы так,
Я бы прожил жизнь улыбаючись.
Вы сгубили меня, очи чёрные,
Унесли навек моё счастие.

Очи чёрные, очи жгучие,
Очи страстные и прекрасные.
Вы сгубили меня, очи страстные,
Унесли навек моё счастие...

Очи чёрные, очи жгучие,
Очи страстные и прекрасные!
Как люблю я вас! Как боюсь я вас!
Знать, увидел вас я не в добрый час!

____________________

Olhos negros, olhos ardentes,
Olhos lindos e apaixonados!
Como amo vocês! Como temo vocês!
Acho que não os avistei em boa hora!

Olhos negros queimando em chamas!
Eles chamam a terras distantes
Onde reina o amor, onde reina a paz,
Onde ninguém sofre nem pode brigar!

Não os encontrasse, não sofreria tanto,
Eu passaria minha vida sorrindo.
Vocês me arruinaram, olhos negros,
Levaram para sempre minha alegria.

Olhos negros, olhos ardentes,
Olhos lindos e apaixonados!
Me arruinaram, olhos apaixonados,
Levaram para sempre minha alegria...

Olhos negros, olhos ardentes,
Olhos lindos e apaixonados!
Como amo vocês! Como temo vocês!
Acho que não os avistei em boa hora!




quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

“Казачья песня” (Canção do cossaco)


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Esta linda canção que me pediram pra legendar no meu canal Eslavo (YouTube) se chama “Казачья песня” (Kazachia pesnia), A canção do cossaco ou A canção cossaca, e provavelmente quem está cantando é o Coral do Exército Vermelho. Ela faz parte da ópera Terras virgens desbravadas, composta e estreada pelo músico Ivan Dzerzhinski em 1937, que compôs, portanto, a melodia, enquanto a letra é do poeta Aleksandr Churkin. As imagens fazem parte do filme Tikhi Don (literalmente, O tranquilo rio Don), traduzido em inglês como And Quiet Flows the Don e filmado em três partes em 1957-58.

Esta canção mostra de novo a diversidade da experiência cossaca, tanto no tempo quanto no espaço. Aqui, estamos falando dos cossacos que viviam às margens do rio Don, relativamente próximo à atual fronteira ucraniana, e que partilham, portanto, vários elementos linguísticos com os ucranianos. A ópera Terras virgens desbravadas, assim como outra ópera de Dzerzhinski também chamada Tikhi Don, foi inspirada no romance igualmente de nome Tikhi Don, escrito em quatro volumes de 1925 a 1932 e em 1940, por Mikhail Sholokhov. O livro trata de uma família de cossacos do Don, os Melekhov, que vive uma trágica história amorosa nos anos da 1.ª Guerra Mundial, da Revolução Russa e da Guerra Civil Russa. Retrata-se, pois, a decadência e desmonte da instituição cossaca pelos bolcheviques. Com várias mudanças, o filme Tikhi Don, dirigido por Sergei Gerasimov em 1957 e 1958, relata a mesma história e, por isso, foi muito premiado até no exterior.

Ivan Ivanovich Dzerzhinski (1909-1978) foi um compositor soviético laureado com o Prêmio Stalin de terceiro grau (1950), membro do PC soviético desde 1942 e Artista Popular da RSFS da Rússia desde 1977. Compunha óperas e canções comuns, e recebeu ainda outros prêmios estatais durante sua vida. Aleksandr Dmitrievich Churkin (1903-1971) foi um poeta soviético que serviu no Exército Vermelho e se dedicou ao gênero do “realismo socialista”. Ele também escrevia canções, era membro do Partido desde 1949 e recebeu, entre outras condecorações, a Ordem da Insígnia de Honra. Mikhail Aleksandrovich Sholokhov (1905-1984), autor de Tikhi Don, foi um escritor, roteirista, jornalista e correspondente de guerra, laureado com o Nobel de Literatura em 1965. Também ganhou os prêmios Lenin (1960) e Stalin (1941), foi membro do PC soviético desde 1932 e de seu Comitê Central desde 1961. Contudo, foi várias vezes acusado de plágio, inclusive no caso de seu Tikhi Don, por A. Solzhenitsyn e outros.

O vídeo sem legendas com o filme e a canção está nesta página, e a letra em russo pode ser consultada neste site, onde há muitas outras canções cossacas. Neste vídeo, outra montagem interessante mistura cenas de filme com a atuação do Coral do Exército Vermelho. Eu mesmo traduzi, legendei e mudei o enquadramento, e seguem abaixo a legendagem, a letra em russo e a tradução em português (nas legendas, o texto foi encurtado, sem mudar o sentido):


Шли по степи полки казачьи с Дону,
Один казак лишь голову склонил.
Ой, заскучал один казак по дому.
Коню на гриву повод уронил.
Ой, заскучал один казак по дому.
Коню на гриву повод уронил.

Эх, разлетались кудри врассыпную.
О доме думка мучила его.
Лижь в даль глядел он синюю степную,
А в той дали не видно ничего.
Лижь в даль глядел он синюю степную,
А в той дали не видно ничего.

Тряхнул казак чубатой головою,
Сказал своим товарищам с тоской:
Эх, изболелось сердце молодое,
Ой, как мне братцы, хочется домой.
Эх, изболелось сердце молодое,
Ой, как мне братцы, хочется домой.

Лети скорей дороженька-дорога,
Развей казачью думу и тоску.
Эх, на дыбы поднял коня лихого,
И свистнул саблей острой на скаку.
Эх, на дыбы поднял коня лихого,
И свистнул саблей острой на скаку.

А по степи полки со славой громкой,
Всё шли и шли спевая соловьём.
Ковыльная, родимая сторонка,
Прими от красных конников поклон.
Ковыльная, родимая сторонка,
Прими от красных конников поклон.

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Iam pela estepe tropas cossacas do Don,
Somente um cossaco deu-se por vencido.
Ei, um cossaco se cansou e foi para casa.
Deixou a rédea cair pela crina do cavalo.
Ei, um cossaco se cansou e foi para casa.
Deixou a rédea cair pela crina do cavalo.

Ah, as madeixas voaram em debandada.
Ficar pensando na casa o fazia torturado.
Ele só olhava pra longínqua estepe azul,
Mas nessa imensidão não podia ver nada.
Ele só olhava pra longínqua estepe azul,
Mas nessa imensidão não podia ver nada.

O cossaco sacudiu a cabeça com topete,
E disse com melancolia aos camaradas:
Ah, meu jovem coração está extenuado,
Ei, maninhos, queria tanto ir para casa.
Ah, meu jovem coração está extenuado,
Ei, maninhos, queria tanto ir para casa.

Voe depressa, caminho, caminhozinho,
Desembarace mente e peito do cossaco.
Ah, fiz meu cavalo impetuoso empinar,
E no galope, meu sabre agudo assobiou.
Ah, fiz meu cavalo impetuoso empinar,
E no galope, meu sabre agudo assobiou.

E pela estepe, os regimentos em frente
Seguiam, com glória muito retumbante.
Minha cara terra natal, cheia de mato,
Deixe a saudarem os nobres cavaleiros.
Minha cara terra natal, cheia de mato,
Deixe a saudarem os nobres cavaleiros.



domingo, 10 de dezembro de 2017

Eduard Khil – Лесорубы (Lenhadores)


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/lesoruby

No último dia 4 de setembro, comemorando os 83 anos do nascimento do grande Mr. Trololo, os quais até o Google lembrou, enviei no meu antigo canal do YouTub) este presente pros fanáticos pela cultura soviética. Na verdade, já tinham me pedido essa música há muitos anos, e eu só estava esperando ter tempo pra legendá-la. É a canção “Лесорубы” (Lesoruby), Os lenhadores, cantada pelo grande barítono Eduard Khil. A melodia é do compositor Arkadi Ostrovski, e a letra é do poeta Mikhail Tanich. O texto fala sobre a vida dos lenhadores, profissão aparentemente banal num país como o Brasil, onde a madeira não é parte essencial de sua formação social. No hemisfério norte, dada a escassez de inúmeros outros recursos naturais e o clima frio, a construção de casas de madeira, além de outras utilidades, é parte essencial de suas culturas.

Talvez os adolescentes de hoje não o conheçam, mas Eduard Anatolievich Khil (1934-2012) foi um célebre cantor soviético, intérprete de muitas canções populares e românticas. Sua marcante voz de barítono o destaca dentro de um grupo seleto de cantores da antiga URSS, amplamente condecorados e favorecidos por um ambiente que promovia a alta cultura e a arte de qualidade. Contudo, no resto do mundo (que quase não conhecia o outro lado da “cortina de ferro”), e até na Rússia atual, poucos conheciam Khil, popularizado apenas quando viralizou no YouTube em 2010 um clipe seu dos anos 70, em que fazia uma espécie de exercícios vocálicos. A canção, na verdade, teve censurada a letra sobre um caubói americano que vivia com sua amada, e ficaram só os “trololós” que deram o apelido ao cantor. Esse fenômeno lhe rendeu uma súbita fama a posteriori, a qual ele infelizmente pôde aproveitar pouco.

Reparem que o cenário deste clipe é exatamente o mesmo em que ele gravou o célebre vídeo do “trololó”: deve ter sido feito na mesma leva, quem sabe até no mesmo dia. Eu baixei o vídeo sem legendas, postado há muitos anos já, deste canal pessoal, e tirei a letra em russo deste site, onde também há muitas outras canções. Eu mesmo traduzi, legendei e mudei o enquadramento do vídeo, e seguem abaixo a legendagem, a letra em russo e a tradução em português:


1. Лесорубы – ничего нас не берёт:
Ни пожары, ни морозы!
Поселился наш обветренный народ
Между ёлкой и берёзой.
Эге-гей!

Припев:
Привыкли руки к топорам,
Только сердце непослушно докторам,
Если иволга поёт по вечерам,
Если иволга поёт по вечерам.

2. Лесорубы – сорок семь холостяков,
Валим кедры в три обхвата.
Нам влюбиться – просто пара пустяков,
Да не едут к нам девчата...
Эге-гей, эге-гей!

(Припев)

3. Лесорубы, наша родина тайга,
Дед Морозу мы соседи.
Нас боятся и февральская пурга,
И лохматые медведи!
Эге-гей!

(Припев)

4. Лесорубы, на делянке у костров
Мы умеем веселиться!
И на стройках эхо наших топоров
Слышны в сёлах и столицах!
Эге-гей!

(Припев)

____________________


1. Nós, lenhadores, não tombamos,
Nem com incêndios ou nevascas!
Nosso povo moldado pelo vento
Fixou-se entre o abeto e a bétula.
Tro-lo-lóóó! [Ehe-hei!]

Refrão:
Mãos se adequaram a machados,
Só o coração ignora os médicos
Se o papa-figos canta toda noite,
Se o papa-figos canta toda noite.

2. Somos 47 lenhadores solteiros,
Tolhemos cedros em 3 braçadas.
Não gostamos de nos apaixonar,
Por isso a mulherada nos foge...
Tro-lo-lóóó! [Ehe-hei! Ehe-hei!]

(Refrão)

3. Nosso país de lenhador é a taiga,
O Papai Noel é o nosso vizinho.
Assustamos até os ursos peludos
E a nevasca de fevereiro!
Tro-lo-lóóó! [Ehe-hei!]

(Refrão)

4. Sabemos fruir como lenhadores
Das fogueiras no meio da terra!
Nosso machado das obras ecoa
Até ouvirem em vilas e capitais!
Tro-lo-lóóó! [Ehe-hei!]

(Refrão)



quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Livros grátis de história e comunismo


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/bibliobras


Esta é outra iniciativa pra tentar compartilhar livros pessoais e públicos sobre os mais diversos assuntos culturais. Agora, estou divulgando também uma grande pasta aberta, que fiz ao mesmo tempo como forma de fazer backup do que eu já tenho em meu computador e como um patrimônio coletivo pra quem tem os mesmos interesses que eu.

Eu chamei essa grande pasta pública de Biblioteca Brasil, e é destinada principalmente a quem se interessa por ciências humanas, história e comunismo soviético. Pra quem gosta de estudar idiomas sozinho, em grupo ou com orientação, peço que veja esta publicação já famosa, em que se podem baixar arquivos completos em formato RAR com gramáticas, manuais e dicionários em diversos formatos digitais. Neste outro endereço, é possível ler e baixar a maioria das obras que acumulei durante a pós-graduação: tinyurl.com/bibliobras.

Também disponível em: bit.ly/bibliobr

A pasta principal e todas as suas subpastas estão alocadas numa das minhas contas no Google Drive. Uma boa parte dos arquivos está em PDF ou DOC, mas outros estão em formato DJVU, um formato mais leve, moderno e eficiente, cuja leitura exige programas especiais, como o WinDjView, que sempre uso sem problemas. Não é preciso nenhum cadastro ou login especial pra acessá-los. Dica importante: caso deseje baixar um arquivo, fique logado no Drive com apenas uma conta, pois tenho tido problemas ao logar com todas ao mesmo tempo.

Adendo: Gostaria de agradecer ao Matheus José de Souza Dias, graduando da Unicamp que em 2022 padronizou o nome de vários arquivos acumulados, antes que eu pudesse os carregar no drive, numa época em que eu estava muito ocupado pelo doutorado!

Algumas das pastas e parte do conteúdo disponíveis (eles estão em constante atualização):

  • Curso de russo TOPE – São os arquivos que usei como guia ou explicações pra um minicurso da língua russa que dei na Unicamp em outubro e no começo de novembro. O arquivo Power Point logo visível é um interessante resumo sobre a história da língua russa, com mapas e manuscritos bonitos. Existe também uma pasta com material didático de russo em inglês e francês, e outra em português!
  • Documentação comunista em russo – Coletâneas de documentos publicadas na antiga URSS e na Rússia atual, muitos deles permanecidos longamente secretos, com atas de congressos e conferências partidárias e resoluções estatais confidenciais. Destaco os livros ligados ao PC soviético e à Comintern, mas há muito mais coisas.
  • Livros de história – Obras sobre a história do Brasil e do mundo, sobretudo das relações internacionais, dos partidos comunistas e das revoluções socialistas, bem como de teorizações sobre historiografia. Escritos em português, inglês, espanhol, francês, alemão, italiano e russo.
  • Livros em russo sobre comunismo – Obras de um só autor, de dois ou de vários, obras coletivas, revistas acadêmicas ou até mesmo escritos de personagens de época sobre os fatos em questão. Abrangem as mais variadas posições políticas, desde os liberais até os stalinistas.
  • Matemática – Quatro livros básicos e isolados, em português, espanhol e italiano, de uma coleção que quero aumentar com o tempo, sobre um interesse em que desejo gradualmente me aperfeiçoar!
  • Miscelânea de humanas – Livros de filosofia ou outras reflexões sociais, escritos por humanistas e não ligados diretamente à história. Vocês podem baixar aí a coleção completa das Cartas do cárcere e dos Cadernos do cárcere, de Antonio Gramsci, em italiano!
  • Textos de história social – Livros ou artigos digitais que eu copiei da faculdade ou fui pesquisando e adquirindo por conta própria durante meu primeiro semestre de doutorado. Conta principalmente com obras já traduzidas em português, mas cujo original eu quis achar pra ajudar minha professora. De particular utilidade pra quem pesquisa dentro da área de história social do curso de pós-graduação da Unicamp ou de outras universidades. Escritos em português, inglês, francês e italiano.
  • Discursos de Lenin e Stalin em MP3 (arquivo RAR) – Possibilidade de baixar um arquivo de 75 MB com áudios de todos os discursos dos dois maiores líderes soviéticos que chegaram a ser gravados. Não há transcrição impressa, mas alguns de Stalin eu já traduzi, e todos os áudios e textos de Lenin podem ser escutados e lidos (em russo e português) nesta postagem.
  • História do stalinismo (arquivo RAR) – Coletânea gigante em 353 MB, editada na Rússia (portanto, toda em russo) e com os mais recentes avanços na historiografia sobre o período alto da URSS, ladeados diretamente pela documentação arquivística recém-liberada em Moscou.
  • Também tenho pastas individuais com o máximo que achei, em diversas línguas (de preferência as originais), das obras de Oleg Khlevniuk, Sheila Fitzpatrick (especialistas sobre a URSS), Aleksandr Dugin, Marc Ferro, Michel Foucault e Scholastique Mukasonga.

A maioria desses livros já estava disponível online pra que se pudesse baixar livremente, portanto eu espero não enfrentar problemas com os tubarões dos direitos autorais!



domingo, 3 de dezembro de 2017

Стадион моей мечты (Olimpíada 1980)


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/stadion


Um fã muito especial do meu canal no YouTube pediu com insistência que eu legendasse esta canção. No fim de agosto de 2017, quando consegui uma brecha no meu doutorado, não pensei duas vezes: traduzi a letra e baixei um vídeo adequado. A música datada de 1979 se chama “Стадион моей мечты” (Stadion moiei mechty), literalmente O estádio do(s) meu(s) sonho(s), mas que traduzi como O estádio com que sonhei. A voz é do cantor azerbaijano Muslim Magomaiev, a letra foi composta por Nikolai Dobronravov e a melodia por sua esposa, Aleksandra Pakhmutova. Eles são um casal muito famoso por comporem diversas canções ufanistas dos tempos soviéticos.

Este foi um tema dos Jogos Olímpicos de Moscou de 1980, famoso pelo mascote Misha, um simpático ursinho marrom. Em 2017, eu tinha legendado uma montagem que achei pronta no YouTube, com um trecho do vídeo do documentário soviético O sport, ty – mir! (Ó, esporte, você é paz!), lançado em 1981. O título advém de um poema de Pierre de Coubertin, fundador dos jogos modernos, chamado “Ode ao esporte” (1912), e pode ser lido em francês e alemão nesta página. Encomendado pelo Comitê Olímpico Internacional, o documentário expressa a visão oficial soviética sobre a instituição e a prática do esporte, ou seja, como um meio de promover a paz entre os povos e de aperfeiçoar a saúde corporal. Toda a trilha sonora foi produzida por Pakhmutova e lançada no LP Ptitsa schastia (O pássaro da sorte).

Vejam só como anda esse lance dos direitos autorais... Não sei quando foi isso, mas estou editando esta postagem em dezembro de 2020 porque só agora percebi que minha legendagem estava bloqueada. O motivo não foi a canção, mas as imagens, que sem explicação foram censuradas pelo dono (quem?) dos direitos autorais de O sport, ty – mir!. O vídeo sem legendas que usei está agora em modo privado no YouTube, certamente oculto também por causa da busca. A solução foi muito fácil: baixei um áudio que estava com qualidade muito melhor, peguei os textos que eu já tinha guardados e fiz uma montagem rápida bem tosca. Pelo menos, aproveitei pra fazer pequenas correções!

Como eu já informei em outra postagem, Muslim Magometovich Magomaiev (1942-2008) nasceu em Baku, capital do Azerbaijão, numa família com várias gerações de músicos e artistas, tendo o pai morrido na 2.ª Guerra Mundial. Fez estudos em conservatório musical e nos anos 60 começou a embalar sua carreira, tendo inclusive se apresentado no exterior, não sem chios da emigração anticomunista. Foi condecorado Artista Popular da URSS (1973), Artista Popular da RSS do Azerbaijão (1971) e com a Ordem da Honra (2002) pelo próprio Putin. Em 1998 encerrou voluntariamente a carreira, tendo se dedicado à pintura e a correspondências até morrer do coração.

Abaixo está o vídeo de 2017 incorporado do Google Drive: eu fiquei com dó de cortar o vídeo pra proporção 16:9, porque ia perder muita informação visual, e por isso ele está assim, bem quadradão. A letra completa em russo pode ser lida nesta página, e eu mesmo a traduzi e depois legendei o vídeo. Também seguem abaixo a legendagem de 2020, a letra em russo e a tradução (corrigida em 2020) em português:




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Здравствуй, самый лучший на свете
Стадион моей мечты!
Одержимость – путь к победе,
Спорта нет без красоты.

Жажда счастья, жажда рекорда
И борьбы прекрасный миг –
Мастера большого спорта
Учат рыцарству других.

Здравствуй, стадион,
Где мечты состязаются.
Здравствуй, стадион,
Где рекорды сбываются.

2x:
Нам с тобой вручён
Этот мир солнечной радости.
Спорт отвагой рождён.
Вся страна – это наш стадион!

Звёздный миг борьбы грандиозной
Верен огненным сердцам.
Слава дерзким виртуозам,
Вдохновенным мастерам!

Гордый свет имён легендарных,
Блеск характеров стальных,
Пусть пока им нету равных –
Мы равняемся на них.

Здравствуй, стадион,
Где мечты состязаются.
Здравствуй, стадион,
Где рекорды сбываются.

2x:
Нам с тобой вручён
Этот мир солнечной радости.
Спорт отвагой рождён.
Вся страна – это наш стадион!

Здравствуй, самый лучший на свете
Стадион моей мечты!
Нас любовь ведёт к победе.
Спорта нет без красоты.

Сердцем чутким, сердцем влюблённым
Слышим гордый зов судьбы,
Зов родного стадиона,
Песню пламенной борьбы.

Нам с тобой вручён
Этот мир солнечной радости.
Спорт отвагой рождён.
Вся страна – это наш стадион!

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Salve, ó, melhor do mundo,
O estádio com que sonhei!
A persistência leva à vitória,
Não há esporte sem beleza.

A sede de vitórias e recordes
E o belo momento da luta:
Os esportistas profissionais
Ensinam o fair play a todos.

Te saudamos, ó, estádio,
Onde os sonhos rivalizam.
Te saudamos, ó, estádio,
Onde se batem recordes.

2x:
A mim e você foi confiado
Esse mundo de alegria radiante.
O esporte é fruto da bravura.
O país todo é nosso estádio!

A hora estrelada da magna luta
É fiel aos corações ardentes.
Glória aos gênios audaciosos
E aos craques entusiasmados!

Luz altiva de nomes lendários,
Brilho de indivíduos férreos,
Enquanto ninguém os alcança,
Nos equiparamos a vocês!

Te saudamos, ó, estádio,
Onde os sonhos rivalizam.
Te saudamos, ó, estádio,
Onde se batem recordes.

2x:
A mim e você foi confiado
Esse mundo de alegria radiante.
O esporte é fruto da bravura.
O país todo é nosso estádio!

Salve, ó, melhor do mundo,
O estádio com que sonhei!
O amor nos conduz à vitória.
O esporte tem lá sua beleza.

De peito solícito e amoroso
Ouçamos chamar altivo o destino,
O apelo do querido estádio,
Canção de uma luta ardorosa.

A mim e você foi confiado
Esse mundo de alegria radiante.
O esporte é fruto da bravura.
O país todo é nosso estádio!


Nota (13/9/2019): O russo Roman Sinelnikov comentou no vídeo do canal que a edição n.º 6 da revista Sovetskaia zhenschina (Mulher Soviética) em português publicou em 1980 a partitura da canção com uma tradução tendo o seguinte texto (que parece ter saído do Google):

1. Olá, estádio dos meus sonhos
Entre todos o melhor
Não há desporto sem beleza
Não há torneio sem paixão
Sede de recordes e glória
É o instante magnífico
Na conquista da vitória
O mestre de desporto vi

Refrão:
Te saúdo, estádio
Onde os sonhos se realizam
Te saúdo, estádio
Onde os recordes se atingem
Mundo luminoso
Ao desporto filho da bravura
Nos damos com loucura
Nosso estádio, país inteiro

2. O instante, a luta grandiosa
A fé nos corações do fogo
Glória aos audazes, virtuosos
Desportistas inspirados
Luz orgulhosa dos nomes lendários...
Brilho de nomes milenários...
E por serem sem iguais
Nos aproximam ainda mais

(Refrão)

3. Olá, estádio dos meus sonhos
Entre todos o melhor
Não há desporto sem beleza
A vitória é paixão
Os amantes corações sensíveis
Ouvem do futuro o apelo ardente
Do estádio natal clamante
A canção vibrante!

(Refrão)



“Desejo boa sorte!”