quarta-feira, 18 de junho de 2025

Os exércitos de Trump e paquistanês


Endereço curto: fishuk.cc/trump-army


14 de junho de 2025, aniversário de 250 anos do Exército dos EUA e Dia da Bandeira. E aniversário de 79 anos do corretor falido, em meio a uma onda nacional de protestos contra sua tentativa de concentração de poderes. O novo movimento tomou o nome Not Kings (Não aos reis), e me lembra muito quando a juventude russa em 2011 e 2012 (e depois!) saía às ruas com cartazes escritos On nam ne tsar (Ele não é nosso tsar), em clara referência ao Trombadinha de Leningrado. Mas ele achou por bem aproveitar a(s) data(s) pra fazer uma brega e chatérrima parada militar estilo Dia da Bastilha, como que afagando o próprio ego.

Apesar de odiadas pela ex-querda latrino-americana por suas constantes invasões e abusos, as Forças Armadas não estão acostumadas a fazer desfiles estilo Coreia do Norte ou Nove de Maio. Quem acompanha a mídia há anos, já reparou que eles são raríssimos na superpotência. Por isso, até entre os jornalistas estrangeiros o ânimo dos soldados virou motivo de piada. Também fiz a minha, e com versão quadrada, pra quem preferir:







segunda-feira, 16 de junho de 2025

Netanyahu chupa saco de Trump


Endereço curto: fishuk.cc/bibi-trump

14 de junho, nosso amigo generoso agiu novamente na hora certa, e novamente lhe dirijo minha gratidão! A ilustração e o título são por minha conta:



Quero começar desejando um duplo Feliz Aniversário! O primeiro Feliz Aniversário vai para você, Donald J. Trump. Você tem sido um líder extraordinário! Decisivo, corajoso, com uma visão clara, ações claras, que tem feito coisas incríveis para Israel, sendo um amigo extraordinário para o Estado judeu, e para mim pessoalmente. Nos conhecemos há muitos anos, e apreciamos o que você está fazendo agora. Ajudando a proteger vidas israelenses contra o regime criminoso do Irã.

Também quero desejar um feliz 250.º aniversário ao Exército Americano. Aos homens e mulheres do exército dos EUA que têm protegido a liberdade por dois séculos e meio. Não teríamos um mundo livre sem vocês. Obrigado, em nome das pessoas livres em todos os lugares!

Hoje Israel está defendendo a liberdade, no Oriente Médio e além. E assim o estamos fazendo contra um regime iraniano tirânico e radical que quer construir bombas atômicas para nos destruir e quer construir mísseis balísticos, incluindo mísseis intercontinentais, para serem capazes de ameaçar todos e qualquer lugar no mundo. Defendendo a nós mesmos, estamos também defendendo outros. Estamos defendendo nossos vizinhos árabes, nossos amigos árabes em paz. Estamos defendendo a Europa. Estamos também ajudando a defender os EUA, que está nos ajudando o tempo todo em nossa defesa. Essa é uma missão importante.

Neste momento, o regime iraniano está bombardeado nossos bairros civis, enquanto estamos mirando os terroristas. Não, isso não é novidade. Eles tentaram assassinar o presidente Trump duas vezes. Eles bombardearam as embaixadas americanas, mataram 241 marinheiros em Beirute, mataram e feriram milhares de americanos atuando como homens-bomba no Iraque e no Afeganistão. Queimaram bandeiras americanas e cantam sem parar: “Morte aos EUA!”

Nosso inimigo é seu inimigo. E ao fazer o que estamos fazendo, estamos lidando com algo que estará ameaçando todos nós mais cedo ou mais tarde. Nossa vitória será a sua vitória. Como pretendemos atingir essa vitória? Bem, já fizemos grandes coisas. Eliminamos seus militares de alto escalão. Eliminamos seus cientistas de alto escalão que estão liderando a corrida para construir armas atômicas que vão nos ameaçar, mas não somente nós. Fizemos tudo isso e muitas outras coisas. Mas também estamos cientes do fato de que há mais a ser feito.

Portanto, estamos preparados. Abrimos o caminho para Teerã, e nossos pilotos sobre o céu de Teerã vão bombardear o regime de um modo que eles sequer podem imaginar. Posso lhes dizer isto. Temos indícios de que os líderes máximos do Irã já estão fazendo as suas malas. Eles estão sentindo o que está por vir. Vou te dizer o que aconteceria se não tivéssemos agido. Tivemos informações de que esse regime inescrupuloso estava planejando dar essas armas nucleares que estavam desenvolvendo a seus aliados terroristas. Isso é terrorismo nuclear com esteroides que ameaçaria o mundo todo!

Isso é o que Israel está fazendo com este apoio, com o claro apoio do presidente dos EUA Donald Trump, do povo americano e de muitos outros no mundo. Assim, com a ajuda de Deus e com a boa vontade e resolução de todas as sociedades livres, vamos vencer.



domingo, 15 de junho de 2025

ATAQUE AO NUCLEAR DO IRÃ!


Endereço curto: fishuk.cc/alckmin-iran


Quem pegou a piada, pegou. Quem não pegou... ah, tá bom, pode pegar também, rs.





Até que cairia bem me vestir igual à jornalista estatal iraniana nesse friozão de SP, só que com uma forragem de pele! (P.S. A transmissão ao vivo pode dar pipoco...)


O São João chegou em Tel Aviv!


sábado, 14 de junho de 2025

Netanyahu se dirige aos iranianos


Endereço curto: fishuk.cc/bibi-iran2

Mais uma tradução pelo mesmo amigo generoso a quem agradeço muito, rs.



Nesta noite eu quero falar com vocês, com o povo orgulhoso do Irã. Estamos no meio de uma das maiores operações militares da história, a Operação Leão Ascendente. O regime islâmico, que os oprimiu por quase 50 anos, ameaça destruir meu país, o Estado de Israel. O objetivo da operação militar de Israel é remover essa ameaça, tanto a ameaça nuclear quanto a ameaça de mísseis balísticos para Israel. E à medida que alcançamos nossos objetivos, também estamos abrindo o caminho para que vocês alcancem seu objetivo, que é a liberdade.

Nas últimas 24 horas, eliminamos comandantes militares de alto escalão, cientistas nucleares seniores, a instalação de enriquecimento mais significativa do regime islâmico e uma grande parte de seu arsenal de mísseis balísticos. Mais está por vir. O regime não sabe o que o atingiu. Eles não sabem o que os atingirá.

A nação do Irã e a nação de Israel têm sido verdadeiros amigos desde os dias de Ciro, o Grande. E chegou a hora de vocês se unirem em torno de sua bandeira e seu legado marcante, lutando por sua liberdade contra um regime maligno e opressivo. Ele nunca esteve mais fraco. Esta é sua oportunidade de se levantar e fazer suas vozes serem ouvidas. Zan, zendegi, āzādi [Mulher, vida, liberdade], como eu disse ontem e muitas vezes antes, a luta de Israel não é com vocês. Não é com vocês, o povo corajoso do Irã, a quem respeitamos e admiramos. Nossa luta é com nosso inimigo comum, um regime assassino que tanto os oprime quanto os empobrece.

Povo corajoso do Irã, sua luz derrotará a escuridão. Estou com vocês. O povo de Israel está com vocês.



sexta-feira, 13 de junho de 2025

Netanyahu declara guerra ao Irã


Endereço curto: fishuk.cc/bibi-iran

Traduzido por um amigo a quem agradeço muito. Não tive tempo de corrigir eventuais erros nem de modificar eventuais pontos de estilo.



Há momentos, Israel lançou a Operação Leão Ascendente, uma operação militar direcionada para reverter a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel. Esta operação continuará por quantos dias forem necessários para remover essa ameaça. Por décadas, os tiranos de Teerã têm abertamente e sem pudor pedido a destruição de Israel. Eles têm apoiado sua retórica genocida com um programa para desenvolver armas nucleares. Nos últimos anos, o Irã produziu urânio altamente enriquecido suficiente para nove bombas atômicas. Nove. Nos últimos meses, o Irã tomou medidas que nunca havia tomado antes. Medidas para transformar esse urânio enriquecido em armas. E se não for interrompido, o Irã poderia produzir uma arma nuclear em um curto período de tempo. Poderia ser um ano. Poderia ser dentro de alguns meses, menos de um ano. Isso é um perigo claro e presente para a própria sobrevivência de Israel.

Há 80 anos, o povo judeu foi vítima de um holocausto perpetrado pelo regime nazista. Hoje, o Estado judeu se recusa a ser vítima de um holocausto nuclear perpetrado pelo regime iraniano. Agora, como primeiro-ministro, eu deixei claro várias vezes que Israel nunca permitirá que aqueles que pedem nossa aniquilação desenvolvam os meios para alcançar esse objetivo. Esta noite, Israel apoia essas palavras com ação. Nós atingimos o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã. Nós atingimos o coração do programa de desenvolvimento de armas nucleares do Irã. Nós atingimos a principal instalação de enriquecimento do Irã em Natanz. Nós atingimos os principais cientistas nucleares iranianos que trabalham na bomba iraniana. Nós também atingimos o coração do programa de mísseis balísticos do Irã.

No ano passado, o Irã disparou 300 mísseis balísticos contra Israel. Cada um desses mísseis carrega uma tonelada de explosivos e ameaça a vida de centenas de pessoas. Logo, esses mísseis poderiam carregar uma carga nuclear, ameaçando a vida não de centenas, mas de milhões. O Irã está se preparando para produzir dezenas de milhares desses mísseis balísticos dentro de 3 anos. Agora, imagine, imagine 10 mil toneladas de TNT caindo sobre um país do tamanho de Nova Jersey. Essa é uma ameaça intolerável. Ela também precisa ser interrompida. O Irã agora está trabalhando no que chama de novo plano para destruir Israel. Você vê, o plano antigo falhou. O Irã e seus representantes tentaram cercar Israel com um círculo de fogo e nos atacar com o horrível ataque de 7 de outubro. Mas o povo de Israel, os soldados de Israel se levantaram como leões para defender nosso país. Nós esmagamos o Hamas. Nós devastamos Gaza. Nós atingimos representantes iranianos na Síria e no Iêmen. E quando o Irã nos atacou diretamente duas vezes no ano passado, nós revidamos dentro do próprio Irã.

No entanto, ao nos defender, também defendemos outros. Nós defendemos nossos vizinhos árabes. Eles também sofreram com a campanha de caos e carnificina do Irã. Nossas ações contra os representantes do Irã levaram ao estabelecimento de um novo governo no Líbano e ao colapso do regime assassino de Al-Asad na Síria. Os povos desses dois países agora têm uma chance para um futuro diferente, um futuro melhor. Assim como o povo corajoso do Irã. E eu tenho uma mensagem para eles: nossa luta não é com vocês. Nossa luta é com a brutal ditadura que os oprimiu por 46 anos. Eu acredito que o dia da sua libertação está próximo. E quando isso acontecer, a grande amizade entre nossos dois povos antigos florescerá novamente.

Quero garantir ao mundo civilizado: nós não permitiremos que o regime mais perigoso do mundo obtenha as armas mais perigosas do mundo. E o Irã planeja dar essas armas, armas nucleares, a seus representantes terroristas. Isso tornaria o pesadelo do terrorismo nuclear uma realidade. O alcance crescente dos mísseis balísticos do Irã traria esse pesadelo nuclear para as cidades da Europa e eventualmente para a América. Lembre-se, o Irã chama Israel de “pequeno Satã”. Ele chama a América de “grande Satã”. E é por isso que, por décadas, liderou milhões na chance de morte para Israel e morte para a América. Hoje, Israel está respondendo a esses apelos genocidas com ação e com um chamado nosso. Viva Israel e viva a América. Nossa ação ajudará a tornar o mundo um lugar muito mais seguro.

Quero agradecer ao presidente Trump por sua liderança na confrontação do programa de armas nucleares do Irã. Ele deixou claro várias vezes que o Irã não pode ter um programa de enriquecimento nuclear. Hoje, está claro que o Irã está apenas ganhando tempo. Ele se recusa a concordar com esse requisito básico das nações pacíficas. Essa é a razão pela qual não temos escolha senão agir e agir agora. A decisão mais difícil que qualquer líder tem que tomar é impedir um perigo antes que ele se materialize completamente. Quase um século atrás, enfrentando os nazistas, uma geração de líderes falhou em agir a tempo. Eles foram paralisados pelos horrores da Primeira Guerra Mundial. Eles estavam determinados a evitar a guerra a qualquer custo e tiveram a pior guerra de todas. Eles adotaram uma política de apaziguamento. Eles fecharam os olhos e ouvidos para todos os sinais de alerta.

Essa falha em agir resultou na Segunda Guerra Mundial, a guerra mais mortal da história. Ela reivindicou as vidas de 60 milhões, incluindo seis milhões de judeus, um terço do meu povo. Depois dessa guerra, o povo judeu e o Estado judeu prometeram: “Nunca mais”. Bem, nunca mais é agora. Hoje, Israel mostrou que aprendemos as lições da história. Quando os inimigos juram destruir você, acredite neles. Quando os inimigos constroem armas de morte em massa, pare-os. Como a Bíblia nos ensina, quando alguém vem para matar você, levante-se e aja primeiro. Isso é exatamente o que Israel fez hoje. Nós nos levantamos como leões para nos defender.

Há mais de 3 mil anos, Moisés deu ao povo de Israel uma mensagem que fortaleceu sua determinação desde então. Sejam fortes e corajosos, disse ele. Hoje, nossos soldados e povo fortes e corajosos estão juntos para se defender contra aqueles que buscam nossa destruição. E ao nos defender, defendemos muitos outros. E revertamos uma tirania assassina. Gerações a partir de agora, a história registrará que nossa geração se manteve firme, agiu a tempo e garantiu nosso futuro comum. Que Deus abençoe Israel. Que Deus abençoe as forças da civilização em todos os lugares. Obrigado.



quinta-feira, 12 de junho de 2025

Novo hino dos golpistas africanos


Endereço curto: fishuk.cc/hino-aes


Outro dia, ouvindo a RFI, soube que foi lançado um novo hino pra chamada “AES” (Aliança – às vezes “Confederação” – dos Estados do Sahel), entidade dissidente e alternativa à ECOWAS ou CÉDÉAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) e fundada pelas juntas militares que assumiram o poder nos últimos anos no Mali, no Burquina-Fasso e no Níger. Lideradas atualmente pelos respectivos oficiais Assimi Goïta, Ibrahim Traoré e Abdourahamane Tiani, ascenderam sob o pretexto de combater o jihadismo à própria maneira e dispensar a presença militar francesa que travava, sem grandes resultados, o mesmo combate. Além disso, carregaram no discurso anticolonial e crítico do domínio econômico que Paris ainda mantém na região, sobretudo pelo uso do franco CFA como moeda.

A ECOWAS também é acuada de corrupção, inação e vassalagem perante a Europa. Até aí tudo bem. Não fossem sutis detalhes, como a presença em massa de mercenários russos (primeiro sob o rótulo Wagner, depois com o infeliz nome Africa Corps – em inglês), que, depois dos crimes de guerra na Ucrânia, matam civis inocentes, roubam as riquezas minerais dos países e são eles mesmos frequentemente mortos ou capturados, entre outros, pelo Daesh. Todas as juntas também são acusadas (que novidade!) de prender e matar civis sem critério, sobretudo opositores, e não serem mais eficazes que a França no combate antijihadista. Quanto às promessas anticoloniais e reformadoras, o balanço é mais matizado, mas tende a ser insuficiente (e certamente vai ser negativo, na ausência de instituições democráticas), mesmo quando elas foram mais ressaltadas, como ocorreu no Burquina-Fasso. Sobre o país, o italiano Simone Guida fez um ótimo vídeo bem mais imparcial do que eu, rs.

Como sempre, minha birra principal é com a célebre “ex-querda bananeira”. A imagem mais trabalhada nas redes sociais foi a de Traoré, que ainda é capitão, tem minha idade (37 primaveras) e se apresenta como a reencarnação de Thomas Sankara, outro oficial burquinense golpista e “anticolonialista”, relativamente jovem, da década de 1980, mas que tinha um tino social mais refinado e terminou assassinado. Jones “PCBR” Manoel, embora seja um admirador de Sankara, pelo menos no começo teve um pé atrás com Traoré, e hoje parece (prudentemente) publicar pouca coisa sobre o tema, assim como fecha o bico sobre Putin e a Ucrânia. Já Silvio Almeida, pra minha surpresa, parece desorientado com a vida e recentemente publicou em seus stories do Instagram trechos de discursos legendados do Napoleão complexado, como tem feito boa parte dos radicais chic de sofá. Pra quem acompanha há anos notícias direto da francofonia, é triste ver fanáticos ideológicos pegando o bonde andando...



De um ponto de vista mais técnico, queria chamar a atenção pra esta “reportagem” laudatória da Aliança dos Golpistas do Sahel e vergonhosamente publicada por nossa mídia estatal. O jornalista tem passagem por outros produtores de falsidades, como o Vermelho e o Brasil de Fato, e trata o processo como algo normal: cedo pra chamar de “ditaduras” (igual ao “governo” corrupto e assassino de Gaddafi), chama os golpes de “levantes com apoio popular”, ignora que Mohammed Bazoum, por exemplo, foi democraticamente eleito no Níger e some com os abusos de direitos humanos. Sem entrar em detalhes, o “dois pesos, duas medidas” de que tanto acusam a direita lhes cairia bem caso se olhassem no espelho: afinal, a mesma retórica, os mesmos métodos (incluindo “transições” que nunca acabam) e as mesmas justificativas foram usados pelos milicos em Mianmar, Coreia do Sul, Europa Meridional e América Latina durante o século 20. A junta argentina de Videla, por exemplo, se autodenominava “reorganização”, exatamente como a EBC parece descrever Traoré...

Vou ser claro como fui várias vezes aqui, me lixando pro que pensem radicais, revolucionários ou comunazis: não existe ditadura nem golpe militar “com conteúdo de classe”, pois não há desenvolvimento baseado no arbítrio ou na mera força de vontade. Ou existem instituições democráticas (por mais imperfeitas que sejam), ou não existem. O “jorna-lulista” chega à desfaçatez de assimilar as juntas militares com a experiência do Senegal, que na verdade sempre foi considerado uma exceção “democrática” na região e cujos atuais presidente e primeiro-ministro, apesar da retórica nacionalista anti-França, tinham sido perseguidos pelo antecessor e ascenderam após eleições justas. E nem nesse país, nem no Gabão, onde outro golpista, um ano depois, recentemente se “elegeu” com mais de 90% dos votos, havia bandeiras ruSSas por todo lado. A esquerdalha vai dizer que “eles têm direito de trocar de mestre”, mas quem acompanha o putinismo há anos, sabe que ele é traiçoeiro e te larga nos piores momentos.

Essa linha “democracia pra nós, ditadura pra eles” não passou despercebida por um colunista do Völkischer Beobachter curitibano, que comentou a mesma “reportagem”, mas entrou em mais detalhes sobre a conjuntura no Sahel e as contradições de nossos “militontos”. Ele chama Traoré, frequentemente comparado a Che Guevara, de “novo ditador queridinho da esquerda brasileira”, porém, ignora todo o contexto neocolonial que prendia a África Ocidental à França (abordagem aliás, muito distinta da adotada pela Commonwealth britânica) e a arrogância repugnante de Macron ao lidar com qualquer ser vivo não originário de Amiens. Além disso, e esse tópico é o que mais me atiça, a real vassalagem se revela no modo como “Os Três Patetas” não apenas se abstêm, mas votam contra qualquer condenação da invasão à Ucrânia (país não muito priorizado por nossos “conservadores”) em votações na ONU. Acompanham Belarus, Nicarágua e Coreia do Norte.

Após tentar mostrar como bolsofachos e stalinetes igualmente instrumentalizam democratismo e autoritarismo pra suas próprias paranoias, lembro que tudo começou com uma “musiquinha”, rs. Segundo a RFI, o hino, batizado na língua bambara como Sahel Benkan (A Aliança do Sahel, “entente” em francês), mas todo redigido no idioma de Molière, surgiu exatamente pra motivar as populações do Mali, do Níger e do Burquina-Fasso, sobretudo os jovens, a atuarem como bucha de canhão se engajarem pessoalmente no combate ao jihadismo, cujo foco hoje é justamente o Sahel, e não mais os países árabes e muito menos o Ocidente desenvolvido. Este artigo, que também revela como a composição ficou a cargo de uma equipe dirigida por Amadou Mailallé, mostra que Sahel Benkan substitui outra canção usada desde um ano atrás e é erroneamente chamada nas redes sociais de La Confédérale (A Confederal).

O nigerino Mailallé, que parece partilhar o colonialismo linguístico de Léopold Sédar Senghor, é o mesmo especialista em hinos “peidados” que usou igual procedimento coletivo pra compor a nova canção nacional de seu país, em 2023. A partir deste artigo com outras informações, traduzi o texto do original francês, que também segue abaixo, junto com dois vídeos igualmente acompanhados da letra e, ao final, a primeira execução pública instrumental presidida por nosso polêmico Ibrahim Traoré. Vejam a cara de animação do povo ao qual foi permitido testemunhar tamanho evento histórico...




1) Homenagem ao povo do Sahel
Herdeiro dos grandes impérios
Portador de um tempo novo
Que anuncia liberdade e progresso
Sob o estandarte de combates épicos

2) Povo da AES
Intrépido e soberano
Pelo verbo [i.e. persuasão] e pelas armas
Rompa as correntes que o prendem
Para que suas riquezas voltem a você
E que resplandeça o espírito fértil da África

Refrão:
Todos nós somos soldados
Determinados, resilientes e unidos
Para que a AES permaneça
Um Espaço, Um Povo, Um Destino

3) Povo da AES
Povo da África, de tenacidade
De sangue e de suor
Você vai escrever a história
Para que, orgulhosos de seu passado,
Seus filhos forjem o presente
E construam um mundo melhor

(Refrão)

Povo da AES!

____________________


1) Hommage au peuple du Sahel
Héritier des grands empires
Porteur d’un temps nouveau
Qui annonce liberté et progrès
Sous l’étendard de combats épiques

2) Peuple de l’AES
Intrépide et souverain
Par le verbe et par les armes
Brise les chaines qui te tiennent
Pour que tes richesses te reviennent
Et que scintille l’esprit fertile de l’Afrique

Refrain :
Soldats, nous le sommes tous
Déterminés, résilients et unis
Pour que l’AES demeure
Un Espace, Un Peuple, Un Destin

3) Peuple de l’AES
Peuple d’Afrique, de ténacité
De sang et de sueur
Tu écriras l’histoire
Pour que fiers de leur passé
Tes enfants forgent le présent
Et bâtissent un monde meilleur.

(Refrain)

Peuple de l’AES !



terça-feira, 10 de junho de 2025

De volta pra Yalda do futuro


Endereço curto: fishuk.cc/yalda-irma


Mais uma entrevista do programa diário The World with Yalda Hakim na Sky News (9 de junho de 2025) que degenerou em bate-boca – embora desta vez mais “amigável” –, portanto, em meme. Se bem que nesse caso ele se deve muito mais à semelhança entre as duas envolvidas do que à aparência da treta em si... Sherry Rehman é senadora do Paquistão e vice-presidente do Partido Popular do Paquistão, pertencente (não é uma metáfora!) à dinastia familiar dos Bhutto, que sempre fez oposição ao outro grande partido, a Liga Muçulmana do Paquistão. Este mesmo possui diversas facções, e uma de suas cisões pertence (também sem metáfora!) ao atual primeiro-ministro, Nawaz Sharif, membro da outra grande dinastia política.

A única tentativa de quebrar esse bipartidarismo de fato foi o governo do ex-astro do críquete Imran Khan, que foi premiê por um tempo, mas depois foi deposto e preso sob a acusação de (que novidade!) corrupção. Hakim tentou ao máximo apresentar a Rehman fatos sobre o apoio paquistanês a grupos terroristas muçulmanos, muitos dos quais cometeram atrozes atentados na Índia, mas a senadora sempre negava e se esquivava. Nesse aspecto, todas as dinastias políticas de Islamabad se assemelham... Mas além da “sabonetada”, ficou engraçado como Rehman se parece um pouco com Hakim, só que com mais “botoque” e muito mais batom e pó-de-arroz.

Óbvio que a conversa foi em inglês, mas Yalda Hakim nasceu em 1983 em Cabul, capital do Afeganistão, e com poucos meses de vida sua família fugiu pra Austrália. E ela também é fluente em hindi, urdu (na verdade, duas variantes literárias do “hindustâni”), persa, dari (também duas codificações do mesmo idioma) e pastó (ou pashto). Acho que por eu ter visto uma vez uma entrevista dela em urdu, devo ter pensado que ela fosse paquistanesa, mas em todo caso, os dois países são muito próximos: os mujahedin resistiram à injustificável agressão soviética, mas os Talibã como ideologia nasceram exilados no Paquistão. É uma grande jornalista cujo trabalho todos os brasileiros deviam conhecer!



sexta-feira, 6 de junho de 2025

“Mitologia soviética” (resenha)


Endereço curto: fishuk.cc/urss-mito

Prometi a amigos que ia “resenhar implacavelmente” este livro escrito (cometido, seria a palavra mais exata) por Thiago Braga, mas não tinha pensado onde ia fazer isso; mesmo aqui eu não tava pensando em publicar nada. Inclusive, você viu que tô dando uma “moratória” nas publicações, mas é pra preparar outros projetos pessoais. Na medida do possível, vou programar coisas mais robustas que vão voltar a sair diariamente a partir de 1.º de julho. Vez ou outra posso aparecer “de urgência” aqui, como é o caso de hoje, embora minha intenção inicial fosse publicar este texto nas avaliações da Amazon.

Parece que tá tendo problemas pra aparecer por lá, e dada essa finalidade original, não posso dizer que seja uma “resenha” no sentido acadêmico, mas várias opiniões e até desabafos, muitos deles acérrimos, contra o anticomunismo mal informado, bem como contra os defensores de Lenin e, sobretudo, Stalin. Não exauri todos os pontos possíveis, até porque seria humanamente impossível e os já dados aqui bastam pra convencer a não gastar seu salário em vão. Mesmo que fosse publicado no portal, não tinha por que não trazer aqui também, e segue o “descarrego”, com leves adaptações, a ser interpretado como você quiser.


Nunca avaliei um livro, e não achei que isso poderia virar uma “guerra de dislikes”. Mas vamos lá, tratando objetivamente da obra, e não da pessoa do autor. Conheci Thiago pelo canal “Brasão de Armas”, do qual vi alguns vídeos sobre o comunismo soviético, em minha opinião, bem mal estruturados. Também soube da tentativa do acadêmico Jones Manoel de chamá-lo para um debate ao vivo, até agora sem sucesso. Por um ou outro meio, soube da publicação deste livro, e sendo o primeiro lançamento do youtuber, decidi comprar logo para cravar minha avaliação.

Thiago é professor, e por isso merece minha deferência, pois a profissão deveria integrar uma espécie de elite que existe em outros países, mas infelizmente é maltratada neste restolho colonial. Thiago também merece minha deferência porque decidiu adotar uma posição de crítica e ataque à ideologia bolchevique, um dos maiores terraplanismos conceituais, políticos e administrativos já surgidos na face da Terra, um plano de engenharia social tosco e aberrante. Você não precisa defender acriticamente esse projeto fracassado (mais por culpa própria do que por ação do “imperialismo ocidental malvadão”) para se preocupar com as mazelas sociais causadas tanto pelo próprio capitalismo quanto por constantes violações de leis adotadas democraticamente.

Por “bolchevismo” entendo o marxismo tal como interpretado por Lenin e Stalin, bem como a prática do PC soviético na finada URSS; portanto, nesse rótulo incluo o que poderíamos de chamar de “leninismo”, “stalinismo” (concernente às práticas específicas de Stalin no que teve de inovador em relação a Lenin) e todos os derivados com maior ou menor reivindicação (“trotskismo”, “maoísmo”, “hoxhismo”, “castrismo”, Juche etc.). Evito “comunismo” (assim como “socialismo”), porque essa palavra é anterior ao próprio Karl Marx e foi “surrupiada” por Lenin, portanto, ela não diz nada.

Também evito “marxismo-leninismo” por duas razões: 1) é redundante, já que o “leninismo” é uma interpretação do “marxismo” (mesma coisa que dizer “cristianismo-luteranismo”, por exemplo); 2) é desobedecer ao próprio Marx e aceitar a descrição que os próprios atores históricos fazem de si mesmos, o que nos obrigaria a incluir um certo “nacional-socialismo” na família das esquerdas; 3) é uma máscara ruim para o próprio “stalinismo”, no que teve, repito, de particular tanto na teoria quanto na prática, sem juízo de valor, ao contrário do que pensam os próprios “stalinistas”, ops, “marxistas-leninistas”.

Contudo, mesmo sendo bastante crítico ante certas coisas que Thiago defendeu e várias de suas argumentações históricas, não achei que ia me impressionar tão negativamente com sua estreia editorial. Embora várias avaliações aqui feitas só tivessem o objetivo de lacrar pro lado dos webcomunistas e fossem tão “incels” quanto supostamente seriam os inscritos de Thiago, elas apontaram algumas falhas crassas: péssima redação, ortografia de ensino médio, frases truncadas, uso aleatório das aspas, traduções mal feitas (às vezes parece que ele simplesmente copiou-e-colou os autores e traduziu, porque saiu até inglês no meio!), falta de padronização na redação das citações, total negligência na transliteração de nomes próprios, palavras repetidas e aquele famoso programa de mistério: Onde está a crase? Esses pontos são de chorar e dão o maior flanco para o ataque das viúvas do KGB, embora esses “sujos falando do mal lavado” não escrevam textos melhores. Se aqui a nota mínima só pode ser “um”, infelizmente a “editora” que deve economizar com revisores e deixou essa publicação ocorrer, parecendo querer mesmo sabotar Thiago, não merece mais do que zero.

Do ponto de vista lógico (mas não que as conclusões estejam necessariamente erradas), há vários tropeços, mas vou tentar me ater aos mais importantes. O primeiro e mais evidente é o embasamento quase exclusivo em historiografia, ou seja, pesquisas já prontas, que às vezes chamamos de “fontes secundárias” porque não devem servir de material, e sim como uma introdução ao tema. Há poucas exceções, como o recurso às Obras completas de Lenin em inglês, as quais, se desconhece o russo, podia pelo menos cotejar com outras traduções. Porém, se há fontes primárias, elas são citadas pelos próprios historiadores, atrás dos quais Thiago se esconde apenas para trazê-las indiretamente (e sem jamais usar o famoso “Apud”, que indica citação indireta!), como que usando o argumento de autoridade: “Olha, se ele está citando, é porque a fonte existe, ela está aí e não preciso ir atrás!”

Sobre os autores, o defeito mais evidente de Thiago, já revelado em seus vídeos, deve advir de sua provável não especialização no tema, o que o leva a escolher autores, obras e correntes de modo acrítico e sem localizá-los em debates mais amplos, sequer entre eles mesmos. (É um defeito geral achar que só por ser “historiador”, alguém pode discorrer confortavelmente sobre todo e qualquer tópico histórico, ou que um não historiador, só por selecionar as melhores obras sobre um tema, pode fazer um “trabalho histórico”.) Além disso, parece que ele “pinça” trechos e citações das origens mais díspares, quando não resume obras ou artigos inteiros, e faz um mosaico apenas para embasar as próprias concepções prévias. Já foi apontado que Thiago faz autores dizerem o que não dizem e autores de orientações opostas dizerem as mesmas coisas. Não estou em condições de julgar, mas por curiosidade acessei a Wikipédia em russo sobre Dmitri Volkogonov e descobri que exatamente outro autor onipresente, Oleg Khlevniuk, sequer o considera um “historiador”, mas um “político”!

Um cacoete particularmente irritante e resquício de nosso bacharelismo latifundista é quando Thiago adiciona o título “professor” a praticamente todo historiador citado, como se isso fosse reforçar o argumento. Não que não sejam professores, mas para que isso? Pior, faz uma coisa que já devia ser sanada em um primeiro ano de graduação, que é a oscilação no uso dos nomes: ora vemos “o professor Dmitri”, ora “o professor Volkogonov” para designar a mesmíssima pessoa, assim como “a professora Sheila” e “a professora Fitzpatrick” parecem a mesma historiadora desmembrada em duas.

Aliás, sua limitação linguística, suponho, apenas ao inglês impediu-o de conhecer no original vários outros sovietólogos da Europa (pré e pós-abertura dos arquivos): Pierre Broué, Fernando Claudín, Arch Getty, Moshe Lewin (os quatro com várias traduções em português), Marc Ferro, Hélène Carrère-D’Encausse, Brigitte Studer (já traduzida ao inglês), Aldo Agosti, Serge Wolikow, Nicolas Werth e até Silvio Pons, já traduzido para o português. Inclusive, por sua abordagem científica, e não meramente ideológica (como um Ludo Martens, um Grover Furr ou um Domenico Losurdo da vida), vários deles já entraram para o Index do Comunistão tropical. E em várias redes sociais já cansei de indicar esses autores para direitistas e esquerdistas, mas parece que falo aos quatro ventos... Inclusive, criticados que são, os franceses Stéphane Courtois (o mesmo do “livro de cor escura”) e Annie Kriegel fazem com muito mais categoria o mesmo trabalho que Thiago faz.

Sinceramente, enquanto popularizador de conhecimento (não vou entrar no mérito de adesões partidárias), é difícil julgar Thiago por querer abordar todo e qualquer tema, mesmo sem ter com ele uma familiaridade de uns bons anos. Porém, a falta de profissionalismo se revela na referida “pinçagem” de autores que parecem sair do nada, não pertencem a uma escola, não têm suas próprias convicções que afetam direta ou indiretamente sua produção. Essa classificação dos “revisionistas”, por exemplo, é de matar, até porque os arquivos não trouxeram nada radicalmente novo, mas apenas ampliaram e refinaram o que, mais ou menos indiretamente, já se sabia sobre a natureza do inferno soviético, com a vantagem de que as moscouzetes não podiam mais alegar “falsificação estadunidense”... Seria muito melhor se Thiago se limitasse apenas aos vídeos e indicasse os autores para que seus inscritos pudessem ler e pesquisar por conta própria, e não fazer essa bricolagem porca que serviu de presente aos webcomunistas.

Webcomunistas que, aliás, parecem ter sido a única obsessão de Thiago. Ele não quer fazer o conhecimento avançar, ele não quer popularizar no Brasil a historiografia sobre a URSS, ele sequer, presumo, se preocupa sinceramente com os milhões de vítimas das várias catástrofes no antigo império. Ele se preocupa porque foram Lenin e Stalin os principais responsáveis pela matança; e se tivessem sido Denikin, Kerenski, Kornilov ou mesmo Nicolau 2.º? Eu sei que Thiago também não gosta de “história especulativa ou conjetural”, mas podíamos adicionar à lista: Malenkov, Tukhachevski, Khruschov, Brezhnev... à escolha do freguês.

Os webcomunistas invariavelmente falsificam, deturpam, incensam e sacralizam a história da URSS, parecendo uma descrição da Cidade de Deus agostiniana ou da Utopia morusiana. Eles não têm outra fonte senão o próprio cânone bolchevista, não conhecem línguas, são incultos e dogmáticos, tiram diplomas apenas como pedaço de papel. Mas é sempre mais fácil bater no mais fraco, não? Como eu disse, Thiago “se esconde” atrás das citações dos historiadores, mas por que apenas aludiu aos argumentos a combater, sem os desenvolver nem mesmo “dar nome aos bois”? (Trazer o print de um aleatório site comunista obscuro do exterior, sem sequer explicar quem é o autor, foi o fim da picada!)

Por isso, a escolha dos três temas foi igualmente aleatória. Thiago sequer se preocupou em justificá-la, só faltou dizer que “são os temas mais debatidos no YouTube, Twitter ou Instagram”. Lembra muito os vídeos tristemente célebres de Manuela D’Ávila (2016-17) desmentindo os “mitos do comunismo” com memes de gatinhos... Como alguém já disse [nas avaliações da Amazon], a história da URSS é, sim, muito mais multifacetada. Mas a mitificação não para em 1945.

Temos a tecnologia nuclear (enquanto o problema habitacional nunca foi resolvido), o homem no espaço (enquanto mesmo as famílias de militares, como o pai de Aleksei Navalny – li suas memórias póstumas –, tinham de ficar horas esperando produtos básicos em filas), a reabilitação do charlatão Trofim Lysenko (que teria “desmentido a genética racista burguesa”, mas apenas destruiu a agricultura soviética), o apoio de Reagan aos mujahedin afegãos, transmutados em “Bin Laden” e “Talibã” retrospectivos (sendo que a primeira coisa que a URSS fez ao invadir o vizinho foi matar o presidente radical do Khalq, trocando-o por um mais “moderado”)... e o onipresente “cerco capitalista”, que justificou todo tipo de desperdício, repressão e mau planejamento, quando o Ocidente sequer ligava para o que acontecia “do outro lado da cortina”. E mesmo as décadas de 1920 e 1930 têm vários aspectos que poderiam ser explorados.

No Brasil, os comunistas, webcomunistas, stalinistas, maoístas, radicais, antifascistas, como queira, estão em coro, do conforto de seus apartamentos, defendendo a agressão imperialista de Vladimir Putin contra a Ucrânia, baseados em mentiras sobre OTAN, neonazismo, russofobia, golpe de Estado e outros boatos que eles também ajudaram a espalhar. A URSS nada mais foi do que a reciclagem do arcaico império tsarista, com o expansionismo e a crueldade turbinados. Como em 1939, outros vizinhos imediatos estão em perigo, não adianta negar. O “Ocidente coletivo” finge que não vê.

Mas Thiago sequer faz uma reflexão sobre a manipulação justamente desses pontos da história pela máfia que ocupa o Kremlin desde os tempos de Ieltsin, pois se preocupa mais em caçar webcomunistas. É um objetivo mesquinho, tornando o livro ainda mais desnecessário. Ele pensa que as conquistas democráticas são algo “caído do céu”, que não foram objeto de muita luta. Luta na qual justamente o bolchevismo se embrenhou para subverter a democracia. Conquistas que hoje, mais do que nunca, estão em perigo, relativizadas inclusive por certas esquerdas que a julgam “pudor burguês”, “teatro das elites” ou “desvio eleitoralista”. Salvo quando, assim como o “antipolítico” MBL, eles se candidatam, ganham e entram na mamata...