sábado, 30 de junho de 2018

Doria inveja Dilma e embala no francês


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Parece que João Doria Jr., o ex-prefeito outsider da cidade de São Paulo e atual pré-candidato ao governo do estado de SP, invejou Dilma Rousseff enquanto ela fazia a “turnê do golpe”. Exibindo mundialmente seus estonteantes dons de poliglota, a ex-gerentona deixou seus rivais de direita ou liberais mordidos de ciúme, e impeliu-os a sair da zona de conforto. O primeiro deles foi o tucano Doria, que enviou (fora de suas competências administrativas) por uma rede social, logo após a vitória de Emmanuel Macron à presidência da França, suas felicitações ao igualmente iniciante num cargo executivo. Se o destinatário chegou a assistir-lhe, isso é uma incógnita.

Com o pai no exílio francês durante a ditadura militar, Doria chegou a aprender a língua de Molière, e a fala relativamente bem, embora com sotaque e provavelmente lendo um texto pronto na primeira filmagem. Não tenho nada a reprovar-lhe, até porque não sou nativo, não tenho vivência na França e não tenho formação em Letras. Mas o brasileiro, pronto a criticar tudo e não mudar nada, já lhe censurou aos montes pela “má” pronúncia e pelo “servilismo” à potência estrangeira. Oras, quantos brazucas dominam tão bem a língua quanto Doria? E quantos, na verdade, não estavam o censurando apenas por motivos pessoais e partidários?... De fato, falta fluência e sobra alguma ferrugem, mas penso que, sendo o francês no Brasil mais uma língua de literatos e acadêmicos, Doria teve de se focar no inglês, por ser empresário.

Mas de maneira engraçada, também circulou nas redes sociais, em especial por meio da revista Fórum, uma rápida filmagem feita num evento em outubro de 2017 na França. O som está quase inaudível, e com algum custo tentei transcrever o que Doria estava falando. E esta foi a ironia: no vídeo, pelo menos, só Doria está falando, e Macron só ouve com os braços cruzados. Claro que pode ter havido um papo, a julgar por fotos posadas e conjuntas que circularam em outros meios. Mas o mimimi brasileiro voltou a rolar solto (a Fórum é de esquerda) e as mesmas “críticas” fervilharam. Realmente, disseram que não era agenda oficial de Doria e que ele entrou na reunião de penetra. Mas do ponto de vista linguístico, me vieram algumas coisas à mente: alguns erros de pronúncia (talvez também de vocabulário e gramática?), o nervoso ao ter chegado na cara de quem chegou...

Enfim, levando na esportiva, eu não sei mesmo se, no segundo caso, transcrevi corretamente. Acho que ninguém teria o mesmo saco que eu de tentar entender a fala, mas tentei também tirar algumas coisas pelo contexto. Pelo menos, no todo, acho que faz sentido, e quem sabe um dia desses o próprio Doria não me corrija? Está bem mais fácil o francês ensaiado no primeiro vídeo, e decidi deixar também a tradução original. Agora vocês desfrutam das reais palavras dele! Desconfio que, na verdade, Doria falou alguma coisa, e ele mesmo ou alguém traduziu depois pro francês: em situações normais, era melhor ter-se criado diretamente em francês. Seguem abaixo a montagem humorística legendada, que está no meu canal Eslavo (YouTube), as transcrições em francês e as traduções em português:



1. C’est un message pour le nouveau président de la France, Emmanuel Macron. En qualité de maire de la ville de São Paulo, je tiens à vous féliciter, Monsieur le Président, pour votre brillante victoire, conquise à travers des votes souverains des Français. Je vous souhaite une excellente gestion de votre gouvernement et, pour suivre, le développement de bonnes relations commerciales, institutionnelles, culturelles et aussi diplomatiques entre la France et le Brésil.

1. Esta é uma mensagem ao novo presidente da França, Emmanuel Macron. Como prefeito da cidade de São Paulo, eu gostaria de felicitá-lo, Senhor Presidente, por sua brilhante vitória, conquistada por meio dos votos soberanos dos franceses. Eu lhe desejo uma excelente gestão em seu governo e, além disso, o desenvolvimento de boas relações comerciais, institucionais, culturais e também diplomáticas entre a França e o Brasil.

2. Dans l’élection passé j’ai gagné avec cinquante-huit... cinquante-trois pour cent. Et c’est la première fois que ça arrive dans la majeure ville du pays. Nous avons une élection de deux tours. J’ai gagné au premier tour. [inaudível] L’année prochaine nous avons une élection en octobre, le premier tour pour la présidence.

2. Na eleição passada ganhei com cinquenta e oito... cinquenta e três por cento dos votos. E foi a primeira vez que isso ocorreu na maior cidade do país. Temos uma eleição em dois turnos. Eu ganhei no primeiro turno. [inaudível] No ano que vem teremos uma eleição em outubro, o primeiro turno para a presidência.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

“Só um grande amor” (sertanejo russo)


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Mais uma vez, não resisti em legendar sertanejo romântico dos anos 2000 em russo. Vocês não gostam? Danaram-se! Achei a canção tão tocante, que talvez fosse digna de ser conhecida em outros países, ao menos na nova letra. Em português, ela se chama Só um grande amor, e na verdade é uma tradução brasileira, por Roberto Merli, da música All Out of Love, gravada pela (também!) dupla australiana Air Supply em 1980 e composta por Clive Davis e Graham Russell. A versão foi feita pra dupla sertaneja Renê & Ronaldo, mas não achei a data exata do CD, que talvez se encontre entre 2001 e 2003. Minha tradução foi literal, e não artística, e o título brasileiro em russo é “Только большая любовь” (Tolko bolshaia liubov).

All Out of Love se tornou um sucesso pop mundialmente conhecido do dueto Air Supply. Como informei na descrição em russo do YouTube, é muito comum que no Brasil se traduzam canções estrangeiras e elas sejam gravadas no estilo popular do sertanejo, que há muito tempo, de fato, já recebe influências da música internacional. A dupla Renê & Ronaldo surgiu em 1988 e lançou muitos sucessos hoje conhecidos no Brasil todo. Eles são dois irãos, mas Renê começou em 1996 uma carreira solo, até encontrar outro parceiro que também adotasse o nome artístico “Ronaldo”. Gosto muito da canção Só um grande amor e dessa dupla brasileira, e espero que vocês gostem também.

Eu mesmo traduzi a letra em português brasileiro diretamente pro russo e fiz a montagem com legendas bilíngues. Assistam ao vídeo duas vezes, lendo um idioma de cada vez! Neste vídeo está o áudio original que baixei, mas vocês também podem conhecer a belíssima canção em inglês. Seguem abaixo minha legendagem que postei no canal Eslavo (YouTube), o texto em português e a tradução em russo:


1. O tempo passou,
Só que nada mudou,
O mesmo vazio de antes.
Tua voz eu ouvi,
Nosso mundo eu senti
E a mente vem recordar

Do mesmo perfume,
Do mesmo olhar,
Do beijo que o tempo guardou.
Me invade a razão,
Toma o coração
E a saudade me faz lembrar,
Faz lembrar:

Refrão:
Só um grande amor
É mais que o orgulho.
Só um grande amor
Te pede que volte.
Só um grande amor
É mais que a vida,
É o meu grande amor
Pedindo pra te encontrar.

2. Olho o telefone,
Eu penso em ligar,
Saber do que eu sou pra você.
Começo a tremer
Até me arrepender:
É medo da solidão.

Imagens dominam
O meu pensamento,
Trazendo você sempre aqui.
É pura ilusão,
Coisas do coração,
E a saudade me faz lembrar,
Faz lembrar:

(Refrão)

Uuuh, fala que vai voltar,
Fala que vai voltar,
Fala que vai voltar,
Fala que vai voltar...

____________________


1. Время прошло,
Но ничто не изменилось,
Та же прежняя пустота.
Я услышал твой голос,
Почувствовал наш мир,
И мне приходят в голову

Те же духи,
Тот же взгляд,
Поцелуй, что время сохранило.
Они наводняют мой разум,
Захватывают моё сердце,
И тоска напоминает мне,
Напоминает мне:

Припев:
Только большая любовь
Дороже, чем гордость.
Только большая любовь
Просит тебя вернуться.
Только большая любовь
Дороже, чем жизнь.
Это моя большая любовь,
Что хочет встретить тебя.

2. Я смотрю на телефон,
Хочется позвонить тебе,
Узнать, что значу для тебя.
Но начинаю дрожать,
Потом передумываю:
Я боюсь одиночества.

Образы владеют
Моими мыслями
И всегда приносят тебя сюда.
Это просто обманы,
Это дела сердца,
И тоска напоминает мне,
Напоминает мне:

(Припев)

О... скажи, что ты вернёшься,
Скажи, что ты вернёшься,
Скажи, что ты вернёшься,
Скажи, что ты вернёшься...




terça-feira, 26 de junho de 2018

Мы – русские! С нами – Бог! (canção)


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Muito por acaso, achei esta bonita canção que se encaixa bem com o clima de Copa do Mundo e com a abertura dos jogos, que ocorreu um dia depois que eu a legendei. Ela se chama “Мы – русские! С нами – Бог!” (My – russkie! S nami – Bog!), Somos russos! Deus está conosco!, e foi inspirada na célebre frase de um discurso proferido pelo herói nacional Aleksandr Suvorov. A letra é de Aleksandr Shaganov, conhecido por ter feito muitos outros poemas patrióticos, e a melodia é de Aleksei Poznakhariov. Provavelmente é este quem está cantando, mas não achei mais informações sobre o áudio.

A montagem sem legendas, postada num canal russo, foi feita com imagens de paradas militares do Dia da Vitória (9 de maio). É uma das muitas músicas em estilo militar, criadas nos moldes soviéticos, mas desta vez falando sobre a Rússia, um “novo” país que aspira a se tornar novamente uma potência mundial. Esse tipo de canção aludindo ao país sem o comunismo começou a surgir nos anos 90 e proliferou nos anos 2000, quando Vladimir Putin deu início ao reerguimento nacionalista. Duas coisas parecem não ter dado certo: o socialismo internacionalista e o liberalismo ocidental, daí o poder atual ter copiado do primeiro somente o autoritarismo, e do segundo somente o republicanismo. Como os símbolos patrióticos soviéticos (a começar pela vitória antinazista) ainda tinham apelo junto à população, a ideia foi reelaborá-los às novas condições e ao sempre latente nacionalismo russo, gerando essa peculiar mistura atual.

O nacionalismo patriótico sempre foi uma das marcas da população russa, tanto que esta canção fala em russkie, ou seja, os russos étnicos, e não rossiane, isto é, os cidadãos da Rússia, independente de sua origem cultural. Mesmo na antiga URSS, esse sentimento persistiu, tanto que a língua russa, a RSFS da Rússia e a população russa, maior que todas as outras da união, sempre predominaram. Pra piorar, havia o nacionalismo por parte das outras nacionalidades constituintes (armênios, georgianos, azerbaijanos, ucranianos e bielo-russos: os povos da Ásia Central tinham escasso sentimento nacional, por serem em geral nômades), algo multiplicado com a anexação da Estônia, Letônia, Lituânia e Moldávia em 1945. Em resumo, a União Soviética, que foi em grande parte obra de Stalin como Comissário para as Nacionalidades e recebida por Lenin com estranhamento no começo, nunca se livrou desse empecilho a seu alicerce.

E os russos não devem ser julgados por essa exaltação: povo que sempre viveu com a sensação de estar cercado, sob climas rígidos (quente ou frio), pouca diversidade alimentar e guerras durante os séculos 19 e 20 inteiros, o sentimento patriótico, de pertencer a uma nação, a um coletivo maior, é um de seus poucos alentos. Por isso, ao contrário de grande parte do Ocidente, com sua bonança material e sua mobilidade pra buscar formas de governo mais flexíveis, o autoritarismo estatal acabou por se tornar um mal menor. O imperador, o secretário-geral do PCUS ou o presidente se torna um controlador de liberdades, mas em troca de garantir proteção e sustento num meio tão hostil interna e externamente. Como diria Nicos Poulantzas, o Estado, ao mesmo tempo em que diz representar a vontade geral, concentra todas as contradições existentes numa sociedade.

Eu mesmo traduzi a canção diretamente do russo e legendei o vídeo. Algumas palavras são de matiz claramente arcaico ou poético: obitel (monastério, convento, aqui “refúgio”), dal (distância, comprimento, lonjura), vovek (para sempre, ou “nunca”, em oração negativa), otrinut (recusar, evitar), viuga (nevasca). Nesta página vocês podem ler a letra original, que copiei e também segue abaixo, com a legendagem que postei no canal Eslavo (YouTube) e a tradução em português:



1. Русская земля – Божия обитель.
Льётся на заре несказанный свет.
Русская земля, кто тебя обидел?
Недругам твоим прощенья нет!
Недругам твоим прощенья нет!

Припев:
Мы – русские. С нами Бог!
Мы – русские. Русские не продают!
За Родину последний вздох!
Мы – русские. Русские идут!
За Родину последний вздох!
Мы – русские. Русские идут!

2. Помнят сыновья светлые молитвы,
Жаворонка звон, даль весенних рек,
За твою любовь мы пройдём все битвы,
Русская земля цвети вовек!
Русская земля цвети вовек!

(Припев)

3. Солнце не сожжёт, вьюга не застудит,
Русские идут, будет светел день,
Русские идут, было так и будет,
Люди, с нами Бог, отринем тень.
Люди, с нами Бог, отринем тень.

(Припев 2x)

____________________

1. A terra russa é um refúgio divino.
Na aurora flui uma luz indescritível.
Quem foi que a ultrajou, terra russa?
Seus inimigos não terão clemência!
Seus inimigos não terão clemência!

Refrão:
Somos russos. Deus está conosco!
Somos russos. Russos não traem!
O último suspiro é pela Pátria!
Somos russos. Os russos avançam!
O último suspiro é pela Pátria!
Somos russos. Os russos avançam!

2. Os filhos lembram orações de luz,
O pio da cotovia, longos rios primaveris,
Por seu amor iremos a todas as lutas,
Floresça para sempre, terra russa!
Floresça para sempre, terra russa!

(Refrão)

3. No Sol mais quente, na neve mais fria,
Russos resistem, o dia vai raiar,
Os russos vão, assim foi e será,
Gente, Deus conosco, evitemos as trevas.
Gente, Deus conosco, evitemos as trevas.

(Refrão 2x)




domingo, 24 de junho de 2018

Gianni Morandi: “Se non avessi più te”


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“Ovunque tu [Carla] sia... No, maestro, non questa, l’altra. Non concorro più al Festival.”

Aproveitando o súbito sucesso de Parla più piano em legendagem minha, postei no meu canal Eslavo (YouTube) as três canções mais famosas que o italiano Gianni Morandi gravou no início de sua carreira artística. A terceira delas se chama Se non avessi più te, literalmente “Se eu não tivesse mais você”, mas que pode ser reduzida pra Se eu perdesse você. É o núcleo de um filme de mesmo nome dirigido em 1965, de novo por Ettore Maria Fizzarotti, e que compõe o subgênero do cinema italiano chamado “musicarello”. O estilo teve seu apogeu nos anos 60 e 70 e se caracterizava por promover um cantor famoso e um novo disco seu, bem como pela constante referência à moda e à juventude da época. As tramas eram temperadas por praia, paqueras, diversão e dança, e obviamente se tocava música atrás de música.

A canção Se non avessi più te tem letra de Franco Migliacci e melodia de Luis Bacalov e Bruno Zambrini, e além de firmar o sucesso nacional de Morandi, continuou a atuação dele com Laura Efrikian, por quem se apaixonaria e seria casado de 1966 a 1979. Ela interpretou Carla Todisco, a outra protagonista, que enfim fechava a trama iniciada com In ginocchio da te (1964) e Non son degno di te (1965), formando uma trilogia baseada em sucessos de Morandi. O protagonista Gianni Traimonti está terminando o serviço militar em Nápoles e, após idas e vindas, preparando o casamento com Carla, filha de seu comandante. Numa história já mais simplória (“três é demais”...), o contrato com a gravadora de Roma proibia que o artista se casasse, supostamente visando manter a audiência das fãs. Por isso, os jovens se casam em segredo, e um filho nasce bem na véspera dele ir fazer uma turnê na Espanha. Nesse tempo, uma jovem rica chega a se apaixonar por Gianni, mas ao fim de um festival ele desfaz os equívocos, dizendo às fãs que já é casado e pai de um bebê.

E assim, justamente, a canção final do filme é Se non avessi più te: o amor deveria continuar, apesar dos desencontros. Eu mesmo traduzi direto do italiano e, após fazer alguns cortes, legendei o trecho de vídeo que se encontra nesta página. Como vocês veem, a youtuber adicionou bordas com legenda, mas longe de desmerecê-la, tal como com as músicas anteriores, minha tradução está a completando, com minha própria interpretação. Eu pesquisei as informações na Wikipédia italiana e copiei as letras desta página. Minha legendagem, o texto em italiano e a tradução em português seguem abaixo:



Se non avessi più te,
Meglio morire,
Perché questo silenzio
Che nasce intorno a me,
Se manchi tu, mi fa sentire
Solo come un fiume che va
Verso la fine, questo devi sapere.

Da queste mie parole
Puoi capire quanto ti amo,
Ti amo per sempre
Come nessuno al mondo ha amato mai,
Ed io lo so
Che non mi lascerai,
No, non puoi.

Io posso darti, lo sai,
Solo l’amore,
Posso amarti per sempre.
Ma come il fiume che va,
Io troverei la fine
Se non avessi più te...

____________________


Se eu perdesse você,
Era melhor morrer,
Porque este silêncio
Que surge ao meu redor
Sem você, me faz sentir
Só, como um rio fluindo
Ao ponto final, saiba disso.

Com essas minhas frases
Você entende como te amo,
Amo você para sempre
Como ninguém no mundo já amou,
E eu sei que você
Não vai me abandonar,
Não, não pode.

Você sabe que posso dar
Só o amor para você
Posso te amar para sempre.
Mas, como o rio fluindo,
Eu chegaria ao ponto final
Se eu perdesse você...



Alguém notou a semelhança dele com o famoso humorista Whindersson Nunes?...

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Gianni Morandi – “Non son degno di te”


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Aproveitando o súbito sucesso de Parla più piano em legendagem minha, postei no meu canal Eslavo (YouTube) as três canções mais famosas que o italiano Gianni Morandi gravou no início de sua carreira artística. A segunda delas se chama Non son degno di te (Não sou digno de você), e é o núcleo de um filme de mesmo nome dirigido em 1965 também por Ettore Maria Fizzarotti. Faz parte de um subgênero do cinema italiano chamado “musicarello”, que teve seu apogeu nos anos 60 e 70 e se caracterizava por promover um cantor famoso e um novo disco seu, bem como pela constante referência à moda e à juventude da época. As tramas eram temperadas por praia, paqueras, diversão e dança, e obviamente se tocava música atrás de música.

A canção Non son degno di te também tem letra de Franco Migliacci e melodia de Bruno Zambrini, e além de firmar o sucesso nacional de Morandi, continuou a atuação dele com Laura Efrikian, por quem se apaixonaria e seria casado de 1966 a 1979. Ela fez Carla Todisco, a outra protagonista, que continuava a história de In ginocchio da te (1964) e seguiria em Se non avessi più te (1965), formando uma trilogia baseada em sucessos de Morandi. A história continua com ele (Gianni Traimonti) prestando o serviço militar em Nápoles e mantendo o romance com Carla, filha de seu comandante e pra quem prepara uma grande festa de noivado. Mas Giorgio, o já citado colega de Gianni, se apaixona então por ela, e tenta se aproximar, enquanto Gianni está em Roma gravando um disco. Quando ele se declara a Carla e a beija, mesmo ela tendo recusado a proposta, Gianni chega bem nessa hora e se decepciona. Após ele finalmente ler uma das cartas explicativas dela, que tinham sido escondidas por Giorgio, ele faz uma “serenata” na janela com Non son degno di te, e eles reatam.

É com essa canção e essa cena que o filme se encerra, mas no início Morandi também tinha cantado de novo In ginocchio da te. Logo depois de lançado o filme, Paulo Queiroz traduziu poeticamente em português como Não mereço você (um achado!), e foi gravada por Agnaldo Rayol e Agnaldo Timóteo, dois gênios da música brasileira. Já literalmente, eu mesmo traduzi direto do italiano, e legendei o trecho de vídeo que se encontra nesta página. Há outras legendagens em português no YouTube, mas longe de as refutar, estou completando com minha própria interpretação. Eu pesquisei as informações na Wikipédia italiana e copiei as letras desta página. Seguem abaixo minha legendagem, o texto italiano e a tradução em português:



Non son degno di te,
Non ti merito più,
Ma al mondo, no,
Non esiste nessuno
Che non ha sbagliato una volta.

E va bene così,
Me ne vado da te,
Ma quando la sera
Tu resterai sola,
Ricorda qualcuno che amava te.

Sui monti di pietra
Può nascere un fiore.
In me questa sera
È nato l’amore per te.

E va bene così,
Me ne vado da te,
Ma al mondo, no,
Non esiste nessuno
Che non ha sbagliato una volta,
Amor.

Sui monti di pietra
Può nascere un fiore.
In me questa sera
È nato l’amore per te.

Non son degno di te,
Non ti merito più,
Ma quando la sera
Tu resterai sola,
Ricorda qualcuno che amava te,
Amore, amor, amor...

____________________


Não sou digno de você,
Não mereço mais você,
Mas no mundo não,
Não existe ninguém
Que não errou nenhuma vez.

Então tá bom assim,
Eu vou deixar você,
Mas quando de noite
Você estiver sozinha,
Lembre-se de quem te amava.

Nos montes de pedra
Pode nascer uma flor.
Em mim nesta noite
Nasceu o amor por você.

Então tá bom assim,
Eu vou deixar você,
Mas no mundo não,
Não existe ninguém
Que não errou nenhuma vez,
Amor.

Nos montes de pedra
Pode nascer uma flor.
Em mim nesta noite
Nasceu o amor por você.

Não sou digno de você,
Não mereço mais você,
Mas quando de noite
Você estiver sozinha,
Lembre-se de quem te amava,
Amor, amor, amor...




quarta-feira, 20 de junho de 2018

Gianni Morandi – “In ginocchio da te”


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“Dedico questa canzone alla mia Carla!”

Aproveitando o súbito sucesso de Parla più piano em legendagem minha, postei no meu canal Eslavo (YouTube) as três canções mais famosas que o italiano Gianni Morandi gravou no início de sua carreira artística. A primeira delas se chama In ginocchio da te (Ajoelhado até você), e é o núcleo de um filme de mesmo nome dirigido em 1964 por Ettore Maria Fizzarotti. Faz parte de um subgênero do cinema italiano chamado “musicarello”, que teve seu apogeu nos anos 60 e 70 e se caracterizava por promover um cantor famoso e um novo disco seu, bem como pela constante referência à moda e à juventude da época. As tramas eram temperadas por praia, paqueras, diversão e dança, e obviamente se tocava música atrás de música.

A canção In ginocchio da te tem letra de Franco Migliacci e melodia de Bruno Zambrini, e além de firmar o sucesso nacional de Morandi, o fez conhecer no filme Laura Efrikian, por quem se apaixonaria e seria casado de 1966 a 1979. Ela fez Carla Todisco, a outra protagonista, que continuaria nos filmes seguintes Non son degno di te e Se non avessi più te (ambos de 1965), formando uma trilogia baseada em sucessos de Morandi. No primeiro rolo, ele interpreta Gianni Traimonti, jovem que parte do campo pra prestar o serviço militar em Nápoles. Aí ele conhece Carla, filha de seu comandante e que trabalha numa confecção, mas Antonio, o pai dela, não concorda com o romance. Giorgio, colega de Gianni, convence-o a passar férias com sua irmã Beatrice, que o apaixona, mas ao final o deixa após “um caso a mais”. Sentindo-se traída, Carla se recusa a aceitar Gianni de volta, mas aproveitando um programa da RAI, conquista-a de volta com a canção.

Daí ele pedir perdão “Ajoelhado até você”, música que justamente fecha a trilha do filme. Eu mesmo traduzi a canção direto do italiano, e legendei o trecho de vídeo que se encontra nesta página. Há outras legendagens em português no YouTube, mas longe de desmerecê-las, estou as completando, com minha própria interpretação. Neste canal há também uma versão com áudio HQ restaurado, mas achei que traiu o “tom” original. Eu pesquisei as informações na Wikipédia italiana e copiei as letras desta página. Seguem abaixo minha legendagem, o texto italiano e a tradução em português:



Io voglio per me le tue carezze,
Sì, io t’amo più della mia vita!

Ritornerò in ginocchio da te,
L’altra non è, non è niente per me,
Ora lo so, ho sbagliato con te.
Ritornerò in ginocchio da te.

E bacerò le tue mani, amor,
Negli occhi tuoi, che hanno pianto per me,
Io cercherò il perdono da te
E bacerò le tue mani, amor.

Io voglio per me le tue carezze,
Sì, io t’amo più della mia vita...

____________________


Quero seus carinhos para mim,
Amo mais você que minha vida!

Voltarei ajoelhado até você,
A outra não é nada para mim,
Agora sei que decepcionei você.
Voltarei ajoelhado até você.

E vou beijar suas mãos, amor,
No seu olhar que chora por mim
Vou olhar, pedindo que me perdoe,
E vou beijar suas mãos, amor.

Quero seus carinhos para mim,
Amo mais você que minha vida...




segunda-feira, 18 de junho de 2018

“Хай живе вільна Україна” (ucraniana)


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Esta linda canção folclórica ucraniana se chama “Хай живе вільна Україна” (Khai zhyve vilna Ukraina), Que viva a Ucrânia livre, e tem letra de Mykola Shaposhnyk e melodia de Iuri Marshtupa. Há quem diga, porém, que a letra é popular, e a melodia foi composta por Petro Protsko. Eu criei duas montagens legendadas com base em áudios diferentes que achei no YouTube: um mais devagar, de um ótimo canal que tem muito mais canções folclóricas eslavas, e outro mais rápido, de um canal que tem outros materiais sobre a Ucrânia atual.

Esta composição faz parte de um conjunto que não tem tradução e se chama em ucraniano povstanski pisni, isto é, músicas que num sentido amplo são dedicadas às lutas ucranianas de libertação nacional na primeira metade do século 20. Em sentido estrito, fazem parte do repertório do Exército Insurgente Ucraniano, força paramilitar fundada em 1942, de caráter nacionalista, que lutou contra soviéticos, nazistas, tchecos e poloneses, cometendo muitas atrocidades até 1954. Muitas das canções, como esta, são de caráter cossaco, e também eram cantadas pelos insurretos. Infelizmente, são associadas a banderistas e extremistas de então e da Ucrânia atual, mas nas montagens inseri figuras que fizessem associação neutra à cultura ucraniana.

Como diversas músicas populares, há variações na letra, e pra esta mesma são conhecidas outras estrofes, mas não as pesquisei, nem procurei áudios equivalentes. A primeira versão mais lenta é a mais conhecida e reproduzida, enquanto a segunda mais rápida se difere em apenas alguns versos ou inserção de palavras. Há muitos termos históricos que vale a pena explicar. “Tsarehrad”, nome arcaico que existe em russo e outras línguas eslavas, designava a cidade de Constantinopla, a capital do Império Bizantino, e depois do Império Otomano. Ela só seria renomeada Istambul em 1930, quando já tinha sido instaurada a república. Busurman ou busurmanin, em russo basurman, designava um estrangeiro ou inimigo em geral, sobretudo muçulmano, com quem o Império Russo sempre travou inúmeras guerras. Não se admirem com as penas capitais: pendurar alguém num gancho (pelas costelas), queimar vivo amarrado num pau (como na Inquisição) ou fritar com piche (algo repetido pelo Estado Islâmico).

Atenção ainda ao significado figurado de bilenky, diminutivo de bily (branco), indicando algo bom, gracioso, terno, agradável. A canção deve datar mais ou menos do século 20 mesmo, no máximo (se é mesmo popular) do século 19, por isso a tradução foi bem fácil, e a pronúncia, próxima do padrão, está bem clara. Um dos prováveis autores da melodia é Petro Mykolaiovych Protsko (n. 1929), regente do Coral Popular de Chernihiv de 1984 a 1986. Detém a condecoração de Artista de Honra da Ucrânia. Mas é mais certo que os autores sejam Mykola Danylovych Shaposhnyk (1934-2009, letra), escritor, jornalista e compositor, e Iuri Vasyliovych Marshtupa (n. 1951 ou 1952, melodia), famoso com seu irmão Vasyl pela difusão e preservação da cultura cossaca. Estes dois artistas são da cidade ucraniana de Cherkasy. No primeiro vídeo, quem está cantando e tocando é o conjunto Lvivski Muzyky, mas no segundo não foi possível identificar.

Eu copiei a letra ucraniana desta página, mas no vídeo original com a segunda versão, um comentarista apontou as mudanças, bem como transcreveu a fala inserida no meio. Eu mesmo traduzi direto do ucraniano, montei os vídeos e legendei. Coloquei legendas bilíngues, com a parte ucraniana transliterada conforme meu próprio sistema, pra conforto de vocês: vejam os vídeos duas vezes, lendo uma língua de cada vez! Seguem abaixo as duas legendagens, a letra em alfabeto cirílico e a tradução. As palavras inseridas na segunda versão, assim como os versos diferentes, estão entre colchetes, e ao final está o trecho falado no segundo áudio:





1. Як у Цареграді, славних козаченьків,
Вражі бусурмани, вішали на гак.
Глянувши востаннє на цей світ біленький,
У смертну годину козак мовив так:
[В останню хвилину козак мовив так:]

Приспів:
Хай живе, [хай] живе вільна Україна.
Хай живуть, [хай] живуть вічно козаки.
Хай цвіте, хай цвіте червона калина.
Нехай згинуть воріженьки на вічні віки.
Нехай згинуть воріженьки на вічні віки.

2. Як вороги кляті нас на кіл саджали,
Як живцем палили, у смолі пекли,
Козаки у ката життя не благали
Про долю країни думи їх були.
[Про долю Вкраїни думи їх були.]

(Приспів)

3. Хто живе на світі і хто жити буде,
Хто шляхи козацькі буде ще топтать,
Щоб буяла воля, щоб раділи люди, –
Дай, Бог, їм востаннє ці слова сказать:
[Дай, Бог, їм востаннє нам слово сказать:]

(Приспів)

Хай ніколи не побачить сонця той, хто зрадив Батьківщину, як Каїну, першому вбивці на землі, ніколи не було, нема і не буде прощення. Хай так і не буде прощення тим, хто заради лакомства проклятого, вбив у серці своїм волелюбний дух народу нашого, відцурався віри християнської!

____________________


1. Quando em Constantinopla os inimigos muçulmanos
Penduravam em ganchos os gloriosos cossaquinhos,
Olhando pela última vez para esse mundinho bom
Na hora de morrer um cossaco falava assim:
[No minuto derradeiro um cossaco falava assim:]

Refrão:
Que viva, que viva a Ucrânia livre.
Que vivam, que vivam os cossacos para sempre.
Que floresça, floresça o viburno vermelho.
Que a corja inimiga pereça para a eternidade.
Que a corja inimiga pereça para a eternidade.

2. Quando malditos inimigos nos botavam em estacas,
Nos queimavam vivos, nos fritavam no piche,
Os cossacos não pediam ao carrasco pela vida,
Mas estavam pensando no destino de seu país.
[Mas estavam pensando no destino da Ucrânia.]

(Refrão)

3. A quem já está nascido, a quem virá ao mundo,
A quem ainda vai traçar as trilhas dos cossacos,
Pela liberdade vigorosa, pela felicidade do povo,
Deus permita exclamar estas últimas palavras:
[Deus permita exclamar a última palavra a nós:]

(Refrão)

Que nunca veja o Sol quem trair a Pátria, como Caim, o primeiro assassino da Terra, nunca teve, tem ou terá perdão. E que também não tenha perdão quem, por maldita avareza, matou em seu coração o espírito libertário de nosso povo e renegou a fé cristã!




sábado, 16 de junho de 2018

Hino Nacional da Suíça: versão de 2015


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/hino-suica


Pesquisando sobre o hino nacional do primeiro adversário que o Brasil terá na Copa do Mundo na Rússia, descobri um fato interessante. Em 2014 promoveu-se na Suíça um concurso pra escolher uma nova letra do hino nacional, porque dizia-se que o velho texto era muito pesado e não correspondia mais à atual realidade do país. O hino nacional se chama O Salmo Suíço ou O Cântico Suíço, e escrito pela primeira vez em alemão (Schweizerpsalm), foi traduzido pros outros três idiomas nacionais, poeticamente: francês (Cantique suisse), italiano (Salmo svizzero) e romanche (Psalm svizzer).

Em 1841, O Salmo Suíço foi composto por Alberich Zwyssig (melodia) e Leonhard Widmer (letra em alemão), inicialmente como um hino eclesiástico. Cantado frequentemente em acontecimentos patrióticos, o Conselho Federal da Suíça (a presidência coletiva) sempre evitou, porém, adotá-lo como hino nacional. Para tanto, existia a canção Rufst du, mein Vaterland, escrita em 1811 e adotada oficialmente nos anos 1850, com a melodia de God Save the Queen. Em 1961, esse hino foi provisoriamente substituído pelo Salmo Suíço, mas apenas em 1981 a situação se oficializou. Em épocas diferentes, foram acrescentadas a letra francesa (Charles Chatelanat), italiana (Camillo Valsangiacomo) e romanche (Flurin Camathias).

A letra original nunca se tornou plenamente popular e faz menção à natureza, Deus, piedade e bênçãos. Das várias tentativas de mudar a letra, considerando sobretudo que a Suíça estava se tornando um país irreligioso, a que mais foi pra frente foi lançada em 2014 pela Sociedade Suíça de Utilidade Pública. Ela recebeu muitas letras, até que em 2015 foi enfim escolhido o poema em alemão de Werner Widmer, economista originário de Zurique. Trata-se apenas de uma estrofe, e foi traduzida pras outras três línguas nacionais. O conjunto em quatro idiomas formaria o hino total, mas foi feita também uma “estrofe federal” ou “estrofe suíça”, misturando as quatro línguas, que seria adicionada à versão atual ou cantada como versão resumida. Mesmo essa novidade, contudo, foi recebida com indiferença numa Suíça avessa a símbolos patrioteiros, e nem o governo até agora chegou a oficializar as novas letras. Porém, um canal do YouTube foi todo dedicado à difusão do concurso e das versões que iam vencendo.

As vencedoras estão em vídeos gravados pelo Coral Suíço de Jovens, com as quatro versões e a letra poliglota. Eu mesmo traduzi direto das quatro línguas oficiais da Suíça, usando pro romanche dois dicionários em alemão e em francês. Também montei o primeiro vídeo com o áudio da “estrofe federal”, com os versos em alemão (1 a 3), francês (4 e 5), romanche (6 e 7) e italiano (8 e 9); e o segundo vídeo com os áudios nas quatro línguas na ordem em que são mais faladas: alemão, francês, italiano e romanche. Legendei ainda em português, e vocês podem ver cada vídeo duas vezes, lendo uma legenda de cada vez!

Eu achei o texto francês sem sintonia com a melodia, e o italiano sem criatividade. Mas vocês mesmos podem julgar, tendo abaixo as duas legendagens postadas no meu canal Eslavo (YouTube), as letras em cada língua (primeiro a “estrofe federal”) e as traduções em português:




____________________


Weisses Kreuz auf rotem Grund,
unser Zeichen für den Bund:
Freiheit, Unabhängigkeit, Frieden.
Ouvrons notre cœur à l’équité
et respectons nos diversités.
Per mintgin la libertad
e per tuts la gistadad.
La bandiera svizzera,
segno della nostra libertà.

Alemão:
Weisses Kreuz auf rotem Grund,
unser Zeichen für den Bund:
Freiheit, Unabhängigkeit, Frieden.
Offen für die Welt, in der wir leben,
lasst uns nach Gerechtigkeit streben!
Frei, wer seine Freiheit nützt,
stark ein Volk, das Schwache stützt.
Weisses Kreuz auf rotem Grund,
unser Zeichen für den Schweizer Bund.

Francês:
Sur fond rouge la croix blanche,
symbole de notre alliance,
signe de paix et d’indépendance.
Ouvrons notre cœur à l’équité
et respectons nos diversités.
À chacun la liberté
dans la solidarité.
Notre drapeau suisse déployé,
symbole de paix et de liberté.

Italiano:
Croce bianca: unità,
campo rosso: libertà,
simboli di pace e d’equità.
Forti se aiutiamo i deboli,
servi della libertà, liberi.
Siamo aperti al mondo,
siamo aperti al sogno:
La bandiera svizzera,
segno della nostra libertà.

Romanche:
Sin fund cotschen ina crusch,
Svizr’unida, ferma vusch.
Pasch, independenza e libertad.
Ferm in pievel che dat grond sustegn
a tut ils umans che han basegn.
Per mintgin la libertad
e per tuts la gistadad.
Sin fund cotschen ina crusch,
Svizr’unida cun ferma vusch.

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Estrofe federal:
Cruz branca em fundo vermelho,
Nosso signo para a Confederação:
Liberdade, independência e paz.
Abramos os corações à equidade,
Respeitemos nossas diversidades.
Para cada um a liberdade
E para todos a justiça.
A bandeira suíça é
Signo de nossa liberdade.

Alemão:
Cruz branca em fundo vermelho,
Nosso signo para a Confederação:
Liberdade, independência e paz.
Abertos ao mundo que habitamos,
Batalhemos todos pela justiça!
Livre é quem desfruta a liberdade,
Povo forte é o que sustém o fraco.
Cruz branca em fundo vermelho,
O signo para nossa Suíça Federal.

Francês:
Cruz branca em fundo vermelho,
Símbolo de nossa aliança,
Signo de paz e independência.
Abramos os corações à equidade,
Respeitemos nossas diversidades.
A cada um a liberdade
Dentro da solidariedade.
Nossa bandeira suíça desfraldada,
Símbolo de paz e de liberdade.

Italiano:
A cruz branca é unidade,
O fundo vermelho, liberdade,
Símbolos de paz e equidade.
Fortes se ajudamos os fracos,
Livres se servimos a liberdade.
Somos abertos ao mundo,
Somos abertos ao sonho:
A bandeira da Suíça é
Signo de nossa liberdade.

Romanche:
Uma cruz sobre fundo vermelho,
Suíça unida com voz alta.
Paz, independência e liberdade.
Povo forte que dá grande apoio
A todas as pessoas que precisam.
Para cada um a liberdade
E para todos a justiça.
Uma cruz sobre fundo vermelho,
A Suíça unida tem voz alta.




quinta-feira, 14 de junho de 2018

O rito da posse de Vladimir Putin (2018)


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/putin2018




O vídeo sem legendas de mais de 52 minutos lançado em 7 de maio por uma emissora de TV russa, com o cerimonial completo da posse de Vladimir Putin em seu quarto mandato como Presidente da Rússia, rendeu tanto material que resolvi dividir as postagens. Na primeira parte, a condução dos principais símbolos presidenciais ao palco e a chegada das principais autoridades do Estado russo; na segunda, a filmagem da ida direta de Putin a partir de seu gabinete até a cerimônia de posse, andando a pé pelos corredores do palácio executivo, depois pegando um carro e andando de novo no palácio cerimonial; na terceira, a rápida parada militar cerimonial, em honra do “novo” governo, feita pela Guarda Presidencial dentro das muralhas do Kremlin; na quarta (por ordem de upload, não de filmagem), Putin sai da tribuna após a parada militar em honra de sua posse e vai cumprimentar um seleto grupo de jovens espectadores.

A cerimônia de posse se deu dentro do complexo da fortaleza do Kremlin, onde além de muitas igrejas, encontram-se os principais prédios, palacianos ou não, da administração nacional. O edifício em questão é o Grande Palácio do Kremlin, que o presidente usa como residência principal e espaço de recepções estatais e diplomáticas e de cerimônias oficiais. Segundo o ritual estabelecido em 2000, passam primeiramente pelos salões Georgiev e Aleksandrov soldados da Guarda Presidencial, até o Salão Andreiev, onde se dá a solenidade. Trazem a bandeira nacional e o estandarte presidencial da Rússia, e depois um exemplar da Constituição de 1993 e a insígnia presidencial (como a faixa brasileira e o bastão argentino). Após subirem ao palco os presidentes do Conselho da Federação, da Duma Estatal e do Tribunal Constitucional, entra o presidente eleito, ingressando pelo Portão do Salvador e subindo a escada principal ao som da marcha “Наш президент” (Nosso Presidente) de P. Ovsiannik. Após a primeira batida do carrilhão do Kremlin ao meio-dia, ele passa pelos mesmos referidos salões, sob a Marcha da Coroação de Chaikovski.

Estavam presentes a presidenta do Conselho da Federação, Valentina Ivanovna Matvienko, o presidente da Duma Estatal, Viacheslav Viktorovich Volodin, e o presidente do Tribunal Constitucional da Federação Russa, Valeri Dmitrievich Zorkin. A Assembleia Federal equivale ao Congresso Nacional do Brasil, e tem duas câmaras, com processos diferentes de eleição: a alta, o Conselho da Federação, equivalente ao nosso Senado Federal, e a baixa, a Duma Estatal, equivalente à Câmara dos Deputados. O Tribunal Constitucional, na maioria dos países, como Portugal, equivale ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. É como reunirem agora no Brasil o senador Eunício de Oliveira, o deputado Rodrigo Maia e a ministra Cármen Lúcia.

Postei à parte o trecho após a posse com o Hino Nacional da Rússia, que vocês já conhecem bem, e vou traduzir e legendar em breve o discurso de posse, que vem logo depois. Achei inútil e uma perda de tempo transcrever a fala dos repórteres pelo YouTube ou legendá-la, porque explicam apenas a maior parte do que escrevi acima e não acrescentam nada de mais às lindíssimas imagens, que podem ser entendidas e desfrutadas independente de se conhecer ou não a língua russa. Eu mesmo traduzi direto do russo, legendei e recortei as cenas, e elas seguem abaixo, com as explicações necessárias e, se for o caso, a transcrição dos diálogos e sua tradução em português. Todos os vídeos estão no meu canal Eslavo (YouTube):



No segundo vídeo, talvez o mais interessante do conjunto, algumas imagens jamais foram mostradas ou traduzidas na videosfera brasileira ou portuguesa. Vemos a ida de Putin do gabinete até a entrada do Palácio do Senado, onde ele está localizado, e a entrada no carro pra um cortejo que o conduzirá até o Grande Palácio, tudo dentro das muralhas do Kremlin. Eu suprimi esse cortejo, que nada de importante adicionava. Temos então a entrada pelo Portão do Salvador, a subida das escadas, a travessia dos três palácios, o juramento presidido por Zorkin (no cargo desde 2003), a execução do hino nacional, o discurso de posse e a saída pra parada militar solene.

Todos os prédios do Kremlin foram internamente restaurados pro seu estilo original entre 1994 e 1999. Embora literalmente se trate de “Regimento Presidencial” ou “Regimento do Kremlin”, traduzi como “Guarda Presidencial” pra ficar mais claro. Se vocês notarem bem, a Marcha da Coroação também é tocada no início da gravação oficial do último discurso público de Stalin. Ao fim da cerimônia, nota-se também bem na primeira fila Gerhard Schröder, antecessor de Angela Merkel, cumprimentado por Putin. Leia os textos cerimoniais em russo:

Major Khlebnikov: Товарищ Президент Российской Федерации. Комендант Московского Кремля генерал-майор Хлебников. Здравия желаю!

Camarada Presidente da Federação Russa. O comandante do Kremlin de Moscou, major-general Khlebnikov. Desejo saúde! (Zdravie é uma forma antiga de zdorovie = saúde.)

Juiz Zorkin: В соответствии с частью первой статьи 82-й Конституции Российской Федерации при вступлении в должность президент Российской Федерации приносит присягу, утверждённую Конституцией Российской Федерации. Уважаемый Владимир Владимирович, прошу Вас принести присягу.

Em respeito ao parágrafo 1 do artigo 82 da Constituição da Federação Russa, ao tomar posse o presidente da Federação Russa presta o juramento estabelecido pelo texto constitucional. Estimado Vladimir Vladimirovich, peço-lhe que preste o juramento.

O texto lido por Putin está fixado na Constituição de 1993:

«Клянусь при осуществлении полномочий президента Российской Федерации уважать и охранять права и свободы человека и гражданина, соблюдать и защищать Конституцию Российской Федерации, защищать суверенитет и независимость, безопасность и целостность государства, верно служить народу».

“Eu juro, ao exercer o mandato de presidente da Federação Russa, manter e respeitar os direitos e liberdades da pessoa e do cidadão, observar e defender a Constituição da Federação Russa, defender a soberania e a independência, a segurança e a integridade do Estado, servir fielmente ao povo.”

Locutor ao final: Владимир Владимирович Путин вступил в должность президента России. (Vladimir Vladimirovich Putin tomou posse como presidente da Rússia.)



Na terceira etapa, Putin simplesmente se retira da sala em que foi empossado, percorre mais alguns corredores e aparece, por outra porta, diante do público. Como vocês podem ver, a semelhança da Guarda Presidencial é muito mais com tropas do exército do que com corpos policiais. Ao iniciar-se a cerimônia, o atual comandante da guarda, coronel O. P. Galkin, dirige-se ao presidente Putin:

Товарищ президент Российской Федерации, Президентский полк в честь вступления в должность президента Российской Федерации построен. Командир Президентского полка, полковник Галкин.

Camarada presidente da Federação Russa, a Guarda Presidencial, em honra da posse no cargo de presidente da Federação Russa, está em formação. O comandante da Guarda Presidencial, coronel Galkin.

Em seguida, o chefe de Estado saúda as tropas:

Здравствуйте, товарищи! Поздравляю с 82-й годовщиной со дня образования полка. (Salve, camaradas! Felicito-os pelos 82 anos de fundação da guarda.)

Elas respondem com o famoso «Ура, ура, ураааа!» (Urá, urá, uráááá!)



No quarto vídeo com a “média entre os jovens”, percebe-se como o público parece bem escolhido e aprovado, com Putin indo procurá-lo naturalmente, sem qualquer receio asséptico. As falas deles também parecem bem ensaiadas, e tratam essencialmente de agradecimentos quanto a visitas ou presenças em determinadas áreas geográficas ou de atuação social. Infelizmente, as falas são muito cortadas, e algumas têm partes inaudíveis, por isso pus apenas as imagens sem legendas. No final, algumas garotas pedem pra que ele entre numa foto coletiva.

Em meu canal do YouTube, este vídeo está aberto à contribuição com legendas livres. Por isso, quem entende muito mais russo do que eu, ou quem pode pedir que uma russa ou russo transcreva e/ou traduza as falas, faça isso por mim, por favor:



terça-feira, 12 de junho de 2018

Coral do Ministério do Interior – “Конь”


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/kon-cavalo


Esta canção, embora remeta mais ao nacionalismo russo do que à vitória na 2.ª Guerra Mundial, não deixa de ser uma homenagem aos bravos soldados do Exército Vermelho e outros defensores da pátria. Trata-se de “Конь” (Kon), O cavalo ou apenas Cavalo, composta por Aleksandr Alekseievich Shaganov (n. 1965, letra) e Igor Igorevich Matvienko (notável ativista pró-Putin, n. 1960, melodia) em 1994, especialmente pra execução da banda Liubé. O vídeo sem legendas, gravado em fevereiro de 2014 (eu errei a data na legendagem!) nos estúdios da rádio Vesna FM, é uma apresentação do coral das antigas Tropas Internas do Ministério do Interior.

A canção O cavalo se tornou extremamente popular na Rússia e virou inclusive patrimônio de culturas familiares. Inicialmente tinha sido destinada a um outro projeto, mas na última hora decidiu-se destiná-la à gravação pela banda, com Shaganov refazendo a letra pra esse fim específico. Ela integra a trilha sonora de um filme chamado Zona Liubé, produzido por Dmitri Zolotukhin também em 1994, e cujo nome é o mesmo do álbum que comporta a faixa. O clipe da música, inclusive, é o trecho exato em que ela aparece no filme. Segundo uma pesquisa, a popularidade de seus versos ultrapassa até mesmo a do hino da antiga URSS, e muitos até consideram O cavalo um tipo de hino não oficial da Rússia.

Os temas do campo (sobretudo de cereais), da aurora, do cavalo e de seu companheirismo com o homem formam parte da lírica russa mais geral, que inclusive inspirou a canção do Liube por meio de versos poéticos tradicionais. O fato de ter sido aí executada pelo Coral do Ministério do Interior (ou Coral do MVD) só reforça o conservadorismo da peça. As Tropas Internas do Ministério do Interior da Federação Russa tiveram um papel paramilitar de forças policiais de 1811 a 2016, quando Vladimir Putin as incluiu na recém-formada Guarda Nacional da Rússia (Rosgvardia), uma das integrantes da segurança nacional. Lembremos que o Ministério do Interior, chamado GPU, OGPU, NKVD e MVD nos tempos soviéticos, era então responsável pela repressão política, e dele surgiu o KGB, Comitê para Segurança Estatal.

A partir da página com a letra completa, eu mesmo traduzi direto do russo e legendei o vídeo. A letra russa também pode ser lida abaixo, tal como é cantada pelo coral, junto com a legendagem que postei no meu canal Eslavo (YouTube) e a tradução em português:


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Выйду ночью в поле с конём,
Ночкой тёмной тихо пойдём.
Мы пойдём с конём по полю вдвоём,
Мы пойдём с конём по полю вдвоём.

Ночью в поле звёзд благодать...
В поле никого не видать.
Только мы с конём по полю идём,
Только мы с конём по полю идём.

Сяду я верхом на коня,
Ты неси по полю меня.
По бескрайнему полю моему,
По бескрайнему полю моему.

Дай-ка я разок посмотрю –
Где рождает поле зарю.
Аль брусничный цвет, алый да рассвет,
Али есть то место, али его нет.

Полюшко моё, родники,
Дальних деревень огоньки,
Золотая рожь да кудрявый лён –
Я влюблён в тебя, Россия, влюблён.

Будет добрым год-хлебород,
Было всяко, всяко пройдёт.
Пой, златая рожь, пой кудрявый лён,
Пой о том, как я в Россию влюблён!
Пой, златая рожь, пой кудрявый лён...
Мы идём с конём по полю вдвоём...

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Vou sair à noite no campo com o cavalo,
Pela noite escura vamos em silêncio.
Vou andar pelo campo junto com o cavalo,
Vou andar pelo campo junto com o cavalo.

As estrelas são a bênção da noite no campo...
Não se enxerga ninguém no campo.
Apenas o cavalo e eu andamos pelo campo,
Apenas o cavalo e eu andamos pelo campo.

Vou montar em cima do cavalo,
Leve-me cavalgando pelo campo.
Através do meu campo ilimitado,
Através do meu campo ilimitado.

Acho que só vou olhar uma vez
Onde o campo dá à luz a aurora.
Se há a luz vermelha do amanhecer escarlate,
Se esse lugar existe ou não existe.

Meu campozinho, as nascentes,
As centelhas dos povoados distantes,
O centeio dourado e o linho frondoso,
Me apaixonei por você, Rússia, apaixonei.

Será um ano rico no cultivo de cereais,
Tudo deu certo, tudo vai dar certo.
Cante, centeio dourado, cante, linho frondoso,
Cante sobre como me apaixonei pela Rússia!
Cante, centeio dourado, cante, linho frondoso...
Cavalgo pelo campo junto com o cavalo...




domingo, 10 de junho de 2018

Exército Vermelho – “В путь!” (Vamos!)


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Esta foi minha primeira contribuição em 2018 pra lembrar o Dia da Vitória dos exércitos aliados sobre o eixo nazifascista na 2.ª Guerra Mundial, em 9 de maio de 1945. Os soviéticos, e depois os russos, bielo-russos e ucranianos (estes passando a se alinhar com o Ocidente em 2014), comemoram a vitória no dia 9, e não 8, como o resto da Europa, porque no fuso horário de Moscou, a notícia do fim da guerra chegou no “dia seguinte”.

Esta canção me foi pedida há muito tempo sob o título inglês Let’s go!, mas só há algum tempo eu pesquisei e traduzi. Eu já conhecia a bonita versão instrumental, mas descobri que em russo essa marcha se chama “В путь!” (V put!), literalmente “Para o caminho!”, “Rumo ao caminho!”, “Tomar caminho!”. Dentro da música, resolvi traduzir mesmo como em inglês: Vamos! Esta apresentação foi feita pelo Coral Aleksandrov do Exército Russo (antigo Coral do Exército Vermelho) no Palácio Estatal do Kremlin, em 23 de fevereiro de 2016, por ocasião do Dia dos Defensores da Pátria. Antiga sede dos congressos do PC soviético, o palácio hoje é usado, sobretudo, como teatro.

Ela foi composta em 1954 pelo poeta, tradutor, jornalista e correspondente de guerra Mikhail Aleksandrovich Dudin (1916-1993, letra) e pelo compositor Vasili Pavlovich Soloviov-Sedoi (1907-1979, melodia). Integrou a trilha sonora do filme Maksim Perepelitsa (1955), comédia falada em russo e ucraniano que fala de um jovem atrapalhado em seu vilarejo natal, mas com habilidades inventivas demonstradas no serviço militar. A música se tornou, por isso, a mais popular nos quartéis do Exército Vermelho e rendeu a Soloviov-Sedoi o Prêmio Lenin (antigo Prêmio Stalin) em 1959.

Eu mesmo traduzi direto do russo e legendei, tirando ainda umas pequenas bordas pretas. Na própria descrição do vídeo sem legendas está a letra integral da canção, mas o coral não canta a última estrofe. Ela também segue abaixo, junto com a legendagem que postei no meu canal Eslavo (YouTube) e a tradução em português:




1. Путь далёк у нас с тобою,
Веселей, солдат, гляди!
Вьётся, вьётся знамя полковое,
Командиры впереди.

Припев:
Солдаты – в путь, в путь, в путь!
А для тебя, родная,
Есть почта полевая.
Прощай, труба зовёт!
Солдаты – в поход!

2. Каждый воин - парень бравый,
Смотрит соколом в строю.
Породни-роднились мы со славой,
Славу добыли в бою.

(Припев)

3. И теперь для нас настали
Дни учёбы, дни труда
Чтоб потом спокойно расцветали,
Наши сёла, города.

(Припев)

4. Пусть враги запомнят это –
Не грозим, а говорим:
Мы прошли, прошли с тобой полсвета.
Если надо – повторим.

(Припев 2x)

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1. Caminho longo o meu e seu,
Alegre-se, soldado, olhe!
Tremula a bandeira do regimento,
Os comandantes vão à frente.

Refrão:
Soldados, vamos, vamos, vamos!
E para você, querida,
Tem o correio militar,
Adeus, o clarim chama!
Marchemos, soldados!

2. Cada lutador é um cara bravo,
Olha como falcão enfileirado.
Somos aparentados à glória,
Nós a conquistamos lutando.

(Refrão)

3. E agora começaram para nós
Dias de estudo, dias de trabalho
Para depois florescerem em paz
Nossas aldeias e cidades.

(Refrão)

4. Que os inimigos lembrem isto,
Não ameaçamos, mas dizemos:
Eu e você cruzamos meio mundo
E se preciso, fazemos de novo.

(Refrão 2x)




sexta-feira, 8 de junho de 2018

“Passarinho quer dançar”: Gugu e SBT


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/vogeltanz

Muito por acaso, encontrei uma canção eslovena que tinha a mesma melodia do Baile dos passarinhos (“Passarinho quer dançar, o rabicho balançar...”), conhecida na voz do apresentador Gugu Liberato (canal SBT) entre os anos 80 e 90. Quem era então criança, como eu, vai lembrar. Pesquisando melhor, descobri que era uma antiga melodia alemã tocada nas Oktoberfests, composta nos anos 50 pelo alemão Werner Thomas. O nome original era Der Ententanz (A dança dos patos), mas nos anos 70 passou a ser conhecida como Vogeltanz (A dança do pássaro) ou Vogerltanz (A dança do passarinho). Apesar de vários músicos a terem gravado e até escrito algumas letras, nada disso fez grande sucesso, nem mesmo nos EUA.

Somente em 1980, o conjunto holandês De Electronica’s regravou a melodia com o nome De Vogeltjesdans (A dança dos passarinhos), que se tornou um baita hit no Ocidente, sendo gravada em muitos países, com diversos títulos e, agora, letras. Mas mesmo uma primeira letra em holandês não emplacou. Na própria Alemanha, o cantor Frank Zander gravou sua própria versão (com letra dele, mais Terry Rendall e Renee Marcard) em 1981, reintitulada Ja, wenn wir alle Englein wären (Sim, se fôssemos todos anjinhos), num álbum assinado como “Fred Sonnenschein und seine Freunde (e seus amigos)”. Essa música se tornou um dos hits mais famosos e tocados da história da Alemanha, e o vídeo sem legendas, que está no canal do próprio cantor, foi gravado na transmissão de 17 de novembro de 1996 do programa Musik liegt in der Luft, apresentado por Dieter Thomas Heck de 1991 a 1998.

Frank Kurt Zander é cantor, ator, apresentador, músico e compositor e alemão nascido em 1942. Louco por futebol, começou sua carreira como vocalista e guitarrista de uma banda, mas nos anos 70 entrou na carreira solo. A referida dança, que também foi apresentada por Gugu, é uma brincadeira de Oktoberfest chamada “Kükentanz” (Dança da galinha), e tem uma coreografia específica, como vocês podem ver num vídeo caseiro. Em vários países, o título recebe o nome de aves diversas: pato, pássaro, galinha etc., e como nosso apresentador é especialista em aves de duplo sentido... A versão brasileira, segundo vi num vídeo, foi escrita por Edgard Poças, mas Roberto Leal também tem uma letra portuguesa, igualmente um hit da nostalgia infantil.

Fico pensando como as crianças digeriam uma letra tão “politicamente incorreta”, o que também ocorria no Brasil, onde nos anos 80 Gretchen chegava a rebolar e “gemer” (embora com mais roupa) no programa da Mara Maravilha. A versão de Zander nos transmite a interessante mensagem de que não podemos ser certinhos o tempo todo, embora, claro, sejam apenas traquinagens leves, e não crimes. Mais ou menos como se diz que temos de forma complementar “vícios e virtudes”. A antiga dupla austríaca Franz & Ferdl também fez sua própria versão. Eu mesmo traduzi direto do texto alemão, cortei o quadro e legendei. Seguem abaixo a legendagem, a letra em alemão e a tradução:



(Shh, seid doch mal ruhig,
Onkel Fred hat uns was wichtiges zu erzählen...)

1. Gestern Abend im Verein
Trank ich zu viel roten Wein
(Hättst du das bloß nicht gemacht, hahahaha)
Das Theater das war groß,
Fiel der Wirtin auf den Schoß
(Doch der Wirt hat nicht gelacht, hohohoho)
Mann, ich war total im Tran,
Und kam nie zu Hause an
(Und wo warst du über Nacht-Nacht-Nacht-Nacht-Nacht?)
Wachte auf im fremden Bett,
Doch das fand man gar nicht nett
(Wer hätte das von dir gedacht, hahahaha).

Refrain:
Ja, wenn wir alle Englein wären,
Dann wär die Welt nur halb so schön.
Wenn wir nur auf die Tugend schwören,
Dann könnten wir doch gleich schlafen gehn.

2. Mit Diät und Dauertrab
Nahm ich sieben Kilo ab
(Hättst du das bloß nicht gemacht, hahahaha)
Ich trank nur noch Selta pur,
Kannte jede Schlankheitskur
(Was hast du dir dabei gedacht? Hohohoho)
Doch dann kam Besuch aus Bonn,
Ich träum heute noch davon
(Hättst du bloß nicht aufgemacht, hahahaha)
Jeden Abend Riesenschmaus,
Keinen Nachtisch ließ ich aus
Und der Bauch kam wieder raus,
(Hahahaha) Ja.

(Refrain)

3. Auf der Reise nach Paris
Ging es mir im Flugzeug mies
(Hättst du bloß auf mich gehört! Hihihihi)
Und die Blonde Stewardess
Hatte meinetwegen Stress
(Und bestimmt auch umgekehrt. Hohohoho)
Ich war so dankbar und galant
Und bat sie um ihre Hand
(Das war ganz und gar verkehrt hahahaha)
Doch dann vor dem Traualtar
War sie plötzlich nicht mehr da
Nahm den ersten besten Flug nach Kanada.

(Refrain)

Ja, wenn wir alle Englein wären,
Dann wär die Welt nur halb so schön.
Wenn wir nur auf die Tugend schwören,
Dann könnten wir doch schlafen gehn.

____________________


(Shiu, sem barulho!
Tio Fred tem que falar uma coisa...)

1. Essa noite no clube
Bebi muito vinho tinto
(Você não faria só isso, ha ha ha ha)
Paguei um baita mico,
Caí no colo da dona
(Mas o dono não gostou, ho ho ho ho)
Meu, tava tão bêbado
Que nem achei minha casa
(E onde passou a noite-te-te-te-te?)
Acordei em cama estranha,
Isso não é nada bom
(Quem te viu, quem te vê, ha ha ha ha).

Refrão:
Se fôssemos todos anjinhos,
O mundo só seria meio legal.
Se vivêssemos só na virtude,
Só saberíamos deitar e dormir.

2. Com dieta e corrida
Emagreci sete quilos
(Você não faria só isso, ha ha ha ha)
Só bebia água com gás,
Conhecia cada dieta
(O que você se pretendia? Ho ho ho ho)
Mas saí de Bonn em visita,
Hoje sonho só com isso
(Você não teria só partido, ha ha ha ha)
Cada noite um banquete,
Comi todas sobremesas
E a pança ressuscitou
(Ha ha ha ha) Sim.

(Refrão)

3. Voando para Paris
Não gostei do avião
(Você ia ter me ouvido! Hi hi hi hi)
E a aeromoça loira
Se estressou comigo
(Mas também vice-versa. Ho ho ho ho)
Fui tão grato e gentil
E pedi-lhe sua mão
(Algo totalmente errado, ha ha ha ha)
Mas da frente do altar
Ela sumiu de repente,
Pegou o primeiro voo ao Canadá.

(Refrão 2x)




quarta-feira, 6 de junho de 2018

A Marcha dos Defensores de Moscou


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Esta é uma linda canção militar chamada “Марш защитников Москвы” (Marsh zaschitnikov Moskvy), a Marcha dos defensores de Moscou composta em 1942 pelo poeta e escritor Aleksei Surkov (letra) e pelo músico e instrumentista Boris Mokrousov (melodia). Pra comemorar a vitória aliada na 2.ª Guerra Mundial, postei este ano no canal Eslavo (YouTube) duas versões desta música que foi feita em pleno conflito, como parte da mobilização ideológica da população. A defesa de Moscou contra o cerco nazista foi uma das batalhas mais heroicas já registradas na história humana. O primeiro áudio foi gravado pelo célebre Coral Aleksandrov do Exército Vermelho, mas não tenho certeza quanto ao ano, e a montagem com imagens de documentário foi feita por este youtuber. O segundo áudio foi feito pro documentário A derrota das tropas alemãs em torno de Moscou, lançado no início de 1942, e a montagem com imagens de época foi feita por este youtuber.

O poema foi publicado pela primeira vez na edição de 3 de novembro de 1941 da Krasnoarmeiskaia pravda, jornal do Front Ocidental do Exército Vermelho, e depois de uma semana também apareceu na Vecherniaia Moskva. Foi deste periódico que tiraram a canção pra tocarem a primeira vez na exibição do referido documentário de 1942, pro qual foi feita especialmente a melodia. Seu nome inicial era Canção dos defensores de Moscou, não Marcha dos... Como diversas outras músicas populares da URSS, os versos variam em diversas ocasiões, dependendo de como são usados.

Aleksei Aleksandrovich Surkov (1899-1983) combateu na Guerra Civil Russa de 1918-20, formou-se em literatura em 1934 e atuou na Guerra Russo-Finlandesa de 1939. Na Segunda Guerra, foi correspondente dos jornais Krasnoarmeiskaia pravda e Krasnaia Zvezda, em 1944 foi redator-chefe da Literaturnaia gazeta, e de 1945 a 1953 da revista Ogoniok. Boris Andreievich Mokrousov (1909-1968) aprendeu na escola a tocar balalaica, bandolim e violão, e aos 13 anos aprendeu piano sozinho, de ouvido. Já tendo então tentado compor melodias, completou nos anos 20 e 30 sua formação musical, e embora com forte conhecimento clássico, preferiu centrar-se em canções. Suas melhores peças surgiram na Guerra Patriótica e nos primeiros anos depois, tendo-se tornado hits populares interpretados pelos melhores corais e cantores de então. Ganhou o Prêmio Stalin em 1948.

As letras dos dois vídeos estão levemente diferentes, e eu mesmo as traduzi direto do russo e legendei. Desta vez não cortei os quadros, pra não perder as preciosas informações visuais. Nem sempre as traduções estão estritamente literais, mas passam todo o sentido imprescindível. Na segunda versão omite-se a terceira estrofe, e vou indicar entre colchetes o que ela possui de diferente, sem alterar, contudo, a mensagem global. Eu copiei os textos em russo do site SovMusic.ru, e eles podem ser lidos abaixo, após as legendagens e junto com as traduções em português:




1. В атаку стальными рядами
Мы поступью твёрдой идём.
Родная столица за нами,
За нами – родимый наш дом.
[Рубеж наш назначен Вождём.]

Припев:
Мы не дрогнем в бою за столицу свою,
Нам родная Москва дорога.
Нерушимой стеной, обороной стальной
Разгромим, уничтожим врага!
Нерушимой стеной, обороной стальной
Разгромим, уничтожим врага!

2. На марше равняются взводы,
Гудит под ногами земля,
За нами – родные заводы
И красные звёзды Кремля.

(Припев)

3. Для счастья своими руками
Мы строили город родной.
За каждый расколотый камень
Отплатим мы страшной ценой.

(Припев)

4. Не смять богатырскую силу,
Могуч наш заслон огневой.
Загоним фашистов в могилу
[Мы выроем немцу могилу]
В туманных полях под Москвой.

(Припев 2x)

____________________


1. Ao ataque com fileiras de aço
Seguimos com passo firme.
A capital natal vai nos seguindo,
Nosso lar natal vai nos seguindo.
[O Chefe indica nossa posição.]

Refrão:
Não tremeremos na luta pela nossa capital,
Nossa querida Moscou natal.
Com muralha inquebrável, com defesa férrea
Destruamos, aniquilemos o inimigo!
Com muralha inquebrável, com defesa férrea
Destruamos, aniquilemos o inimigo!

2. Na marcha os pelotões se alinham,
A terra uiva sob nossos pés,
Nos seguem as fábricas natais
E as estrelas vermelhas do Kremlin.

(Refrão)

3. Para ser felizes construímos
A cidade natal com nossas mãos.
Para cada pedra despedaçada
Devolveremos um preço terrível.

(Refrão)

4. Mantendo uma força hercúlea,
Nossa cobertura bélica é potente.
Enterremos os fascistas nos campos
[Enterremos os alemães nos campos]
Nebulosos ao redor de Moscou.

(Refrão 2x)




segunda-feira, 4 de junho de 2018

Vargas no 1.º de Maio (1951, em russo)


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Mais um conteúdo em português que decidi legendar em russo. Desta vez foi mais difícil, porque foi uma grande parte de um discurso, e não uma simples canção. Traduzindo as informações em russo no meu canal TV Eslavo, tratam-se das partes inicial e final do discurso de Getúlio Vargas, presidente eleito do Brasil de 1951 a 1954, para os trabalhadores no Estádio São Januário, cidade do Rio de Janeiro, na festa de Primeiro de Maio de 1951. A importância desse discurso se deve a ter sido a primeira vez que Vargas se dirigia diretamente ao povo após sua eleição por sufrágio universal. No passado, ele tinha sido chefe do Governo Provisório que deu um golpe de Estado na Primeira República em 1930, elegeu-se presidente da República pelo voto indireto do Congresso Nacional em 1934 e enfim deu o famoso golpe branco que inaugurou a ditadura do “Estado Novo” (1937-45).

Nos anos 1940, Vargas se tornou muito popular por ter instaurado, ainda que do alto, as primeiras leis trabalhistas, garantindo direitos aos operários e ainda em vigor, apesar de suas inspirações na Carta del Lavoro da Itália fascista. Desde então, ao contrário da Inglaterra e dos EUA, por exemplo, o Primeiro de Maio (que em russo tem um nome próprio: “Первомай”, Pervomái, de pérvoie maia = primeiro de maio) é um feriado nacional, e Getúlio Vargas é sempre lembrado como amigo dos trabalhadores, apesar do autoritarismo político. Ele não completou seu mandato democrático, que deveria estender-se até 1956, pois suicidou-se com um tiro no peito em agosto de 1954.

“Trabalhadores do Brasil!”: célebre bordão com que Vargas introduzia lentamente as principais partes de seus discursos públicos. Pode ser visto nesta página o vídeo sem legendas, no qual eu fiz apenas uns cortes pra tirar partes redundantes. Talvez o proprietário do canal ou outra pessoa tenha melhorado a qualidade da filmagem original, que se encontra em outra conta. Nesta página pode ser lido todo o texto do discurso, embora em muitos pontos ele não esteja fiel à fala de Vargas. Eu mesmo verti o texto direto do português pro russo e legendei, e seguem abaixo o produto final, o original revisado e a versão russa:


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Обращение Жетулиу Варгаса к работникам Бразилии (Первомай 1951 г.), субтитры

Это начальная и заключительная части обращения президента Бразилии, Жетулиу Дорнелис Варгас, к трудящемуся народу на стадионе города Рио-де-Жанейро, в Первомай 1951 года. Эта речь имела особенное значение, потому что это было первый раз Варгас прямо обращался к народу после его выбора президентом по всеобщим голосованием. Раньше он был главой Временного правительства после переворота им руководимого в 1930 г., стал президентом, избранным Парламентом в 1934 г. и безкровным переворотом открыл так называемый «Estado Novo» (Новое государство), диктатуру, которая продолжалась с 1937 по 1945 гг.

Варгас стал очень популярным в 1940-е годы в связи с первым законным комплексам, что обеспечило права рабочих и до сих пор в силе, хотя он основан на тогда текущие итальянско-фашистские трудовые законы. С тех пор Первомай в Бразилии - выходный день, и Жетулиу Варгаса всегда вспоминают как о сотруднике работников, несмотря на диктаторские политики.

Здесь находится видео без субтитров; наверное, владелец каналом или другой человек улучшил качество оригинальной съемки. Здесь читается полный текст обращения, но не все слова пишутся так, как были сказаны. Я сам перевел речь с португальского языка на русский и положил субтитры. Вот текст видео на португальском:

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Trabalhadores do Brasil!

Depois de quase seis anos de afastamento, durante os quais nunca me saíram do pensamento a imagem e a lembrança do grato e longo convívio que mantive convosco, eis-me outra vez aqui, ao vosso lado, para falar com a familiaridade amiga de outros tempos, e para dizer que voltei a fim de defender os interesses mais legítimos do povo, e promover as medidas indispensáveis ao bem-estar dos trabalhadores.

Esta festa de 1.º de Maio tem para mim e para vós uma expressão simbólica: é o primeiro dia de encontro entre os trabalhadores e o novo governo, e é com profunda emoção, que retorno ao vosso convívio, neste ambiente de regozijo e de festa nacional, em que nos revemos uns aos outros, a céu aberto, e em que o governo fala ao povo, de amigo para amigo, na linguagem simples leal, e franca com que sempre vos falei.

Trabalhadores do Brasil!

Não me elegi sob a bandeira exclusiva de um partido e sim por um movimento empolgante e irresistível das massas populares.

Não me foram buscar na reclusão para que viesse fazer mera substituição de pessoas ou simples mudança de quadros administrativos. A minha eleição teve significado muito maior e muito mais profundo, porque o povo me acompanha, na esperança de que meu governo possa edificar nova era de verdadeira democracia social e econômica, e não apenas para emprestar o seu apoio e a sua solidariedade a uma democracia meramente política, que desconhece a igualdade social.

Percam a ilusão os que pretendem separar-me do povo, ou separá-lo de mim: juntos estamos, e juntos estaremos sempre, na alegria e no sofrimento, nos dias de festa, como o de hoje, e nas horas de dor e de sacrifício. E, juntos, haveremos de construir um Brasil melhor, onde haja mais segurança econômica, mais justiça social, melhores padrões de vida, num clima novo de segurança e de bem-estar para este bom e generoso povo brasileiro.

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Работники Бразилии!

После почти шестилетнего отсутствия, в течение которого я никогда не забыл образа и воспоминаний о приятном и долгом времени, которое я провел с вами, вот я здесь снова среди вас. Хочу выступать так близко и дружески, как прежде, и сообщить о своем возвращении с целью защищать самые подлинные интересы народа и выдвигать мероприятия, необходимые для благосостояния работников.

Этот первомайский праздник имеет для меня и для вас символическое значение. Это первый день, когда работники встречаются с новым правительством. И с глубоким волнением возвращаюсь к вашему обществу, в этом духе восторга и всенародного праздника, в котором мы опять видимся на открытом воздухе и в котором правительство товарищески обращается к народу тем простым, верным и прямым образом, как я всегда обращался к вам.

Работники Бразилии!

Я не был выбран под знаменем отдельной партии, а благодаря увлекательному и неотразимому движению народных масс.

Не отвели меня от изоляции, чтобы я принял участие в простой смене людей или управленческих кадров. Значение моего выбора очень больше и глубже. Ведь народ идет за мной в ожидании того, что мое правительство сможет открыть новую эпоху настоящей социальной и экономической демократии, а не только оказывать свою поддержку и солидарность просто политической демократии, лишенной социального равенства.

Пусть не ошибаются те, кто старается оторвать меня от народа или народ от меня. Мы сейчас вместе и мы всегда будем вместе, как в радости, так и в горе, как в праздничные дни, подобные текущему, так и в моменты страдания и трудностей. И вместе мы должны построить лучшую Бразилию, где будет больше экономического обеспечения и социальной справедливости, повышение уровней жизни и новая обстановка безопасности и благосостояния для этого доброго и благодушного бразильского народа.




sábado, 2 de junho de 2018

‘Grândola, vila morena’ em três idiomas


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Continuando a comemoração da “Revolução dos Cravos” em 25 de abril, postei no meu canal Eslavo (YouTube) mais uma legendagem tripla: a canção portuguesa Grândola, vila morena, que simboliza o começo da revolta, mas que tem hoje um papel contestador muito mais amplo. As informações que reproduzo aqui estão em francês, russo e inglês no canal. Composta em 1964 por José Afonso (mais conhecido como Zeca Afonso), ela descreve o clima de fraternidade em que viviam e se reuniam os habitantes da vila de Grândola. O autor tinha participado aí da festa de aniversário de uma sociedade musical operária que lhe deixou uma impressão muito positiva.

A música foi considerada pelo regime salazarista, então governado por Marcello Caetano, como uma apologia às ideias comunistas, e por isso censurada. Assim, Zeca Afonso gravou-a em seu álbum Cantigas de maio, produzido na França em 1971. Em março de 1974, os militares rebelados em Portugal decidiram utilizar a canção como um sinal pra desencadear um golpe de Estado que derrubaria o regime. Em 25 de abril, à meia-noite e vinte, ela foi transmitida pela rádio independente Renascença, iniciando assim o movimento das tropas em todo o país e a prisão dos apoiadores de Caetano.

Desde então considerada um símbolo da democracia em Portugal, Grândola, vila morena foi retomada em 2013 durante as manifestações massivas de quem se opunha à política econômica austera imposta pelo governo. Eu mesmo verti o texto português pro francês, pro russo e pro inglês. Então, montei os três vídeos e legendei, tendo baixado o áudio deste vídeo. Lembrei aos estrangeiros que a pronúncia tem o padrão europeu, mas que a ortografia é totalmente igual à usada no Brasil (mesmo após o Acordo ratificado em 2009), país onde vivo. Seguem abaixo a letra original (que copiei da própria página fornecida pelas autoridades de Grândola), as três legendagens, parte das informações nas três línguas e as respectivas versões:


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola, a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade


À la suite de la célébration de la « Révolution des œillets » (25 avril) au Portugal, j’ai aussi présenté la chanson qui symbolise le début de la rébellion. Grândola, vila morena (Grândola, petite ville brune) est une chanson composée par José Afonso (Zeca Afonso) en 1964, qui raconte la fraternité des habitants de la petite ville de Grândola. L’auteur y avait participé à la fête d’anniversaire d’une société musicale ouvrière qui lui avait fait une très bonne impression.

La chanson a été considérée par le régime salazariste, commandé alors par Marcello Caetano, comme exaltant les idées communistes, et censurée. Alors, Zeca Afonso l’a enregistrée dans son album Cantigas de maio, produit en France en 1971. En mars 1974, les militaires rebelles ont décidé d’utiliser cette chanson de signal pour commencer le coup d’État qui renverserait le régime. Le 25 avril, à minuit vingt, elle a été diffusée à la radio indépendente Renascença, déclenchant ainsi le mouvement des troupes partout dans le pays et la prison des partisans de Caetano.

Dès lors considérée un symbole de la démocratie au Portugal, Grândola, vila morena a été reprise en 2013, lors des manifestations massives pour s’opposer à l’austérité imposée par le gouvernement. J’ai téléchargé l’audio de cette vidéo, et je me suis basé sur une traduction française de ce site-ci, mais j’ai corrigé la plupart des vers. Moi-même ai monté la vidéo, utilisant le texte en portugais fourni par les autorités mêmes de Grândola. La prononciation est européenne, mais la façon d’écrire est tout à fait courante au Brésil (je suis Brésilien). Version française :


Grândola, petite ville brune
Terre de fraternité
C’est le peuple qui commande
À l’intérieur de toi, oh ! cité

À l’intérieur de toi, oh ! cité
C’est le peuple qui commande
Terre de fraternité
Grândola, petite ville brune

Un ami à chaque coin de rue
L’égalité sur chaque visage
Grândola, petite ville brune
Terre de fraternité

Terre de fraternité
Grândola, petite ville brune
L’égalité sur chaque visage
C’est le peuple qui comande

Sous l’ombre d’une yeuse
Dont on ne savait plus l’âge
J’ai juré d’avoir comme compagne
Ta volonté, oh ! Grândola

Ta volonté, oh ! Grândola
J’ai juré d’avoir comme compagne
Sous l’ombre d’une yeuse
Dont on ne savait plus l’âge


В продолжении праздника «Революции красных гвоздик» (25 апреля) в Португалии, я представил песню, которая отмечает начало восстания. Grândola, vila morena (Грандола, смуглый городок) – песня, сложенная певцом и песенником Жозе Афонсу (Зека Афонсу) в 1964 г., в которой рассказывается о братстве населения городка Грандола (Grândola). Автор там принимал участие на празднике годовщины рабочего музыкального общества, которое произвело ему очень хорошее впечатление.

По мнению салазаристского режима, тогда под руководством Марселу Каэтану, та песня прославляла коммунистические идеи, поэтому ее исполнение было запрещено в Португалии. По этой причине Зека Афонсу включил ее в альбом Cantigas de maio, записанный во Франции в 1971 г. В марте 1974 г., конспирирующие военные решили использовать ту песню сигналом начала госпереворота с целью свергнуть режим. 25 апреля, в двадцать минут первого ночи, ее передали по радиостанции «Renascença», и тогда войска стали двигаться по всей стране и арестовать сторонников Каэтану.

С тех пор Grândola, vila morena считана символом демократии в Португалии и появилась опять в 2013 г. при массовых демонстрациях против рецессивной экономической политики действующего правительства. Я скачал аудио с этого видео, и сначала я рассмотрел этот перевод на русский язык, но наконец я должен был написать собственный текст. Я сам перевел слова с португальского языка на русский и сделал видео, в основании текста на сайте самого правительства Грандолы. Русская версия:


Грандола, смуглый городок
Земля братства
Это народ господствует
Внутри тебя, о город

Внутри тебя, о город
Это народ господствует
Земля братства
Грандола, смуглый городок

Есть друг в каждом углу
И равенство на каждом лице
Грандола, смуглый городок
Земля братства

Земля братства
Грандола, смуглый городок
Есть равенство на каждом лице
Это народ господствует

Под тенью каменного дуба
Возраст которого уже неизвестен
Я поклялся быть сторонником
Твоей воли, о Грандола

Твоей воли, о Грандола
Я поклялся быть сторонником
Под тенью каменного дуба
Возраст которого уже неизвестен


Following the celebration of the ‘Carnation Revolution’ (April 25th) in Portugal, I presented the song that symbolizes the beginning of the rebellion. Grândola, vila morena (Grândola, Swarthy Town) is a song composed by José Afonso (Zeca Afonso) in 1964, which talks about the fraternity among inhabitants of the town of Grândola. The author had participated in the anniversary party of a local workers’ musical society that had made him a very good impression.

The song was considered by the Salazarist regime, then leaded by Marcello Caetano, as a defence of communist ideas, and thus censored. So, Zeca Afonso added it to his album Cantigas de maio, recorded in France in 1971. In March 1974, Portuguese rebel soldiers decided to use this song as a sign to start the state coup that would overthrow the regime. On April 25th, at midnight twenty, it was broadcast on the independent radio station Renascença, triggering the motion of troops throughout the country and the imprisonment of Caetano’s supporters.

Since then considered as a symbol of democracy in Portugal, Grândola, vila morena resurged in 2013, during popular protests against economic austerity imposed by the government. I downloaded the audio from this video, and an English translation (the best one I have ever found) was made by the Portuguese researcher, writer and communications consultant Silvie Vale, and firstly posted here. I made only some few corrections, and then edited and subtitled the video, using the Portuguese text provided by the rulers of Grândola. The pronunciation is European, but the writing style is totally current in Brazil (I am Brazilian). English version:


Grândola, swarthy town
Land of fraternity
It is the people who lead
Inside of you, oh city

Inside of you, oh city
It is the people who lead
Land of fraternity
Grândola, swarthy town

On each corner, a friend
On each face, equality
Grândola, swarthy town
Land of fraternity

Land of fraternity
Grândola, swarthy town
On each face, equality
It is the people who lead

In the shade of a holm oak
Which no longer knew its age
I swore to have as companion
Your will, Grândola

Your will, Grândola
I swore to have as companion
In the shade of a holm oak
Which no longer knew its age