Mostrando postagens com marcador Esperanto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Esperanto. Mostrar todas as postagens

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Esperanto, idioma sem pátria?


Endereço curto: fishuk.cc/eo-patria

Estava procurando no Google (sem sucesso...) sobre Jimes Vasco Milanez, que me chegou ontem numa lista de e-mails como o compositor de uma música em esperanto, e acabei topando com este artigo, publicado pelo Jornal da Unicamp (que quase ninguém lê, na verdade) na edição 313 correspondente a 20 de fevereiro a 5 de março de 2006. Só descobri o texto hoje, mas por coincidência, eu começaria minhas aulas de graduação em História na Unicamp no dia 7 de março seguinte, uma terça-feira, e sempre contei a meus novos colegas sobre a existência do esperanto, apesar da recepção bastante irônica da ideia, rs.

Não sei qual é a razão da discrepância, mas na versão em PDF, indica-se que o artigo “O idioma sem pátria” foi publicado, na verdade, na edição 316 (20 a 26 de março de 2006).

Logo que ingressei, também conhecei o núcleo de esperantistas da Unicamp, que sempre circulava pelo IFCH, meu instituto, embora a maioria deles fosse das engenharias. Era uma das primeiras oportunidades de conversar pessoalmente com “samideanos”, não mais apenas online, e numa época em que a conexão de casa ainda era “a lenha”! Um dos primeiros que conheci foi exatamente o Jimes (na foto abaixo, o segundo a partir da direita), provavelmente um dos pioneiros do esperanto na Unicamp e que depois trabalharia na Petrobras, e nossa conversa inicial foi extremamente amigável, embora depois perdêssemos o contato.

Laços mais intensos mantive por um tempo com o Ricardo (primeiro à direita), que um dia me pronunciou a inesquecível frase “Mi estas vegano!” e depois me convidou pra uma deliciosa feijoada vegana, organizada no IFCH naquele meu primeiro semestre... (De fato, só conheci o veganismo, que ainda era considerado uma “seita fanática”, ao entrar na graduação, porque também tive um colega de turma conhecido como “Caio Vegan”, ainda sendo mais corrente o termo inglês.)

No início do segundo semestre de 2006, também participei de alguns encontros de conversação comandados pelo Lucas (primeiro à esquerda) no IFCH, onde também conheci a Tatiane Pacioni, outra vegana (rs) que na época já cursava russo com Nivaldo dos Santos. Ela me ensinou a primeira frase que aprendi na língua de Pushkin, sobre a qual reclamou que só foi transmitida muito pra frente no curso, pronunciando enquanto escrevia a lápis num papel: “Как ты живёшь?” [Kak ty zhiviósh?] (Como vai você?). E às vezes éramos levados pra visitar aulas pra esperantistas iniciantes em outros institutos (em geral a FEEC), numa das quais conheci o mineiro Francismar, que (outra coincidência!) seria mais tarde meu colega do curso de russo.

Desviando um pouco do tempo do artigo, andei afastado tanto do grupo de esperantistas quanto do próprio esperanto durante a graduação devido às premências estudantis, entre as quais as aulas de francês e russo. Inclusive, o início de 2009 foi quando “ousei” conhecer melhor a interlíngua da IALA e acabei a aprendendo rapidamente e criando laços com interlinguistas pelo Facebook. Porém, retomei algum contato com a “lingvo” em 2011, quando comecei no segundo semestre uma matéria opcional de esperanto oferecida pela reitoria e ministrada por outro ex-graduando, Rafael Zerbetto (não mencionado na matéria). Infelizmente, tive de deixar o curso – afinal, eu já era fluente, não? – porque estava a ponto de terminar meu TCC, só não defendido ainda naquele ano por força de uma greve de funcionários.

Também deixo anotado que um rudimentar curso online do professor José Lunazzi, por coincidência, foi o verdadeiro primeiro material com que este adolescente teve contato nos albores da “rede mundial”, pra aprender as noções maternais de esperanto, em meados de 2000... Acabei o conhecendo pessoalmente por volta de julho ou agosto de 2011, numa reunião de conversação antes do início do curso citado. Mas sinceramente falando, “meu santo não bateu” com o do renomado físico, mesmo ele ficando honrado com a menção a seu primitivo cibermanual. (Confesso que dei uma googlada pra saber se ele estava vivo, correndo o risco de atrair sua ira por essa menção meio impolida, mas acabei descobrindo que foi se encontrar com Zamenhof em maio do ano passado!)

Lucas já apareceu nesta página, entrevistado pela Veja pra matéria que também reproduzi aqui. Após esta enxurrada de boas memórias, algumas inéditas (rs), segue finalmente o texto do artigo de Alves Filho, com atualização ortográfica e poucos adendos gráficos:



Primeiro clube de esperanto do Brasil comemora 100 anos da língua artificial mais difundida no mundo

Em 1887, preocupado em aproximar e facilitar o entendimento entre cidadãos pertencentes às diferentes nações e culturas que compunham o Império Russo, o oftalmologista polonês Ludwik Lejzer Zamenhof criou o esperanto, língua que, conforme sua pretensão, deveria ter alcance internacional. Dezenove anos depois, em 17 de março de 1906, alguns moradores de Campinas, sob a coordenação de João Keating, professor do então Colégio Culto à Ciência, fundou [sic] na cidade o primeiro clube de esperanto do Brasil, o Suda Stelaro (Cruzeiro do Sul, em português).

Os 100 anos da chegada da língua ao país estão sendo comemorados pelos esperantistas desde 16 de março, com a abertura da “Semana Suda Stelaro”. “Além de festejar a data, nós queremos aproveitar essas atividades para divulgar o esperanto. Ao contrário do que muita gente pensa, não se trata de uma língua morta. Mesmo sendo desconhecida por boa parte das pessoas, podemos dizer que ela está mais viva do que nunca e tem cumprido a missão para a qual foi criada”, afirma Jimes Vasco Milanez, estudante da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp e membro do Kultura Centro de Esperanto (KCE), com sede em Campinas.

As atividades que compõem a “Semana Suda Stelaro” se estenderão até o dia 25 de março, com destaque para uma exposição filatélica que está sendo realizada na Biblioteca Central Cesar Lattes da Unicamp. No dia 16 foi lançando um carimbo postal em homenagem ao centenário da língua no Brasil, que traz a efígie de Zamenhof. Nos últimos dias também foram realizados um Festival de Línguas e um ciclo de palestras. “Ainda como parte das comemorações, o KCE e o Grupo Unicamp Esperanto promoverão dois cursos gratuitos de esperanto, um introdutório e um básico”, informa Jimes Milanez. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail: curso.de.esperanto@gmail.com.

‘Eu sabo’ – Uma evidência de que o esperanto é uma língua viva e continua promovendo a aproximação entre pessoas de nacionalidades e culturas diferentes é o interesse crescente dos jovens pela língua. Das cinco pessoas que concederam entrevista ao Jornal da Unicamp, quatro têm entre 20 e 25 anos. “Antigamente, a maioria dos esperantistas pertencia a uma faixa etária mais elevada. De alguns anos para cá, porém, é possível notar uma participação maior dos jovens no movimento”, confirma Jimes Milanez. De acordo com ele, alguns fatores ajudam a explicar essa renovação. Primeiro, diz, o esperanto é relativamente fácil de se aprender. Isso ocorre, entre outros motivos, porque a língua, cuja base é o latim e as línguas germânicas, não apresenta exceções, como ocorre no português, por exemplo. A pronúncia é fonética, o que significa que cada letra tem um som. “No português, a criança erraria ao dizer ‘eu sabo’. No esperanto, ela acertaria”.

Outro motivo é o fato de que, ao aprender o esperanto, a pessoa tende a dominar outros idiomas com mais facilidade. Jimes Milanez cita um teste feito com um grupo de estudantes, que foi dividido em duas turmas. A primeira teve dois anos de aulas de francês. A segunda teve um semestre de esperanto e um ano e meio de francês. “Ao final do curso, os que estudaram também o esperanto apresentaram uma maior proficiência na outra língua”, afirma. Por fim, mas não menos importante, o esperanto de fato aproxima as pessoas. “A língua ajuda a criar laços de amizade”, assegura José Joaquín Lunazzi, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW).

Nascido na Argentina, Lunazzi decidiu aprender esperanto ao perceber que outros idiomas, incluído o inglês, não eram eficientes para promover a aproximação e nem facilitar o entendimento entre pessoas de nacionalidades diferentes. “Depois que aprendi o esperanto, essa integração foi muito facilitada. Numa das minhas viagens, fui recebido por uma família de japoneses esperantistas, que abriu sua casa para mim. Graças ao esperanto, eu tive a oportunidade de conhecer a cultura japonesa por meio da intimidade de sua gente. De outro modo, eu teria sido um turista comum, com uma compreensão superficial do país e das pessoas”, conta.

Cem países – Lucas Vignoli Reis (estudante do IFGW), Herlen Batagelo e Ricardo Dias Almeida (ambos alunos da FEEC) também destacam a capacidade que o esperanto tem de estreitar as relações humanas. “Com a internet, essa característica ficou ainda mais evidente, pois a comunicação com pessoas de outros países foi facilitada. Atualmente, eu mantenho contato com esperantistas do Congo, Cuba e Japão, apenas para citar alguns exemplos”, afirma Lucas Reis. Segundo Jimes Milanez, o esperanto é falado hoje em cerca de 100 países, por um número não inferior a 1 milhão de pessoas. Esses números, diz, contestam a ideia de que a língua estaria morta ou que, por ter sido construída, não teria cultura própria.

Ao contrário, prossegue Jimes Milanez, o esperanto serve hoje à literatura e à música. “Só para se ter uma ideia, nós temos atualmente no mundo mais de 100 periódicos cujos textos são em esperanto. Há dez anos, a produção não era tão intensa. Até mesmo um dos livros da trilogia O Senhor dos Anéis já foi traduzido para a língua”, informa. Ainda como parte do esforço para divulgar o movimento no Brasil, a Liga Brasileira de Esperanto promoverá entre os dias 15 e 19 de julho, em Campinas, o 41.º Congresso Brasileiro de Esperanto. O tema do evento ainda não foi definido. A expectativa dos organizadores é que cerca de 700 pessoas participem do encontro. Em tempo: a palavra esperanto significa “aquele que tem esperança”.


EM ESPERANTO
[Coloquei os acentos, ausentes do original]

Unicamp 40 jaroj da historio
por Jimes Milanez

Kiel pri la 100 jaroj post la fondo de la unua Esperanto-grupo de Brazilo, Suda Stelaro, 2006 estas festa jaro ankaŭ por Unicamp. Antaŭ 40 jaroj, je la 5-a de Oktobro 1966, estis lanĉita la fundamenta ŝtono de ties centra kampuso, laŭ la projekto de ĝia fondinto, Zeferino Vaz.

Se 40 jaroj estas relative mallonga tempo kompare al la aĝo de multaj aliaj prestiĝaj universitatoj, la juna Unicamp jam estas inter la plej gravaj kaj renomaj brazilaj universitatoj kaj respondas pri ĉirkau 15% de la tuta brazila universitata esplorado. Ĝia instruado same havas fortan tradicion kaj ĝia porenira ekzameno estas unu el la plej konkuraj de la lando; nuntempe 32 000 studentoj frekventas la kvar kampusojn, en Campinas, Piracicaba, Limeira kaj Paulínia.

Gratulon, Unicamp, pro via datreveno!


EM PORTUGUÊS

Unicamp 40 anos de história

Como nos 100 anos da fundação do primeiro grupo de Esperanto do Brasil, Suda Stelaro, 2006 é um ano de festa também para a Unicamp. Há 40 anos, em 5 de outubro de 1966, foi lançada a pedra fundamental de seu campus central, conforme o projeto de seu fundador, Zeferino Vaz.

Se 40 anos é um tempo relativamente curto em comparação à idade de muitas outras universidades de prestígio, a jovem Unicamp já está entre as mais importantes e renomadas universidades brasileiras e responde por cerca de 15% de toda a pesquisa universitária brasileira. Seu ensino tem igualmente uma forte tradição e seu exame vestibular é um dos mais concorridos do país; atualmente 32 000 estudantes frequentam os quatro campi, em Campinas, Piracicaba, Limeira e Paulínia.

Parabéns, Unicamp, por seu aniversário!



Que felicidade, achei esta fotinho num portal chinês de esperanto, e salvo engano, trata-se exatamente de parte da turma (os heróis que chegaram ao final?) que frequentei em 2011! Lunazzi é o “véio de regata”, e Zerbetto está atrás, sorrindo de óculos. Paula Bissoli, também graduanda na época e igualmente uma talentosa fotógrafa e francófona provada, está bem na frente, e a menina de azul... era uma esquisita que sequer quis manter contato pelo Facebook!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Silvio Santos vem aí (em esperanto!)


Endereço curto: fishuk.cc/silvio-eo


E hoje termino minha coleção de canções traduzidas pro esperanto! Elas são duas, pois uma é muito curta, e da outra não gostei muito, sobretudo porque arrisquei a elisão não muito comum do “e” inicial do verbo “esti” (ser, estar, haver) em vários pontos. A primeira musiquinha, Silvio Santos vem aí, cujo autor é Archimedes Messina, é a abertura do longevo programa dominical do SBT, ao qual o apresentador deu seu próprio nome.

Silvio Santos era o nome artístico de Senor Abravanel, falecido em 2024, empresário que também era proprietário do SBT e um dos maiores comunicadores da história da TV brasileira. Outra tradução possível pro esperanto seria Silvio Santos venas tuj, mas finalmente escolhi Silvio venas tien ĉi, pois o significado literal é mais parecido com o da expressão “vem aí”. A segunda canção, La più bella del mondo (A mais bela [mulher] do mundo), traduzi do italiano como La tutmonda beleco (A beleza mundial). Seu compositor é Mariano Marini e a conheci na voz de Nicola di Bari. Sua data de tradução é 28 de julho de 2003, mas não tenho a data de tradução de Silvio venas tien ĉi.


Kaj hodiaŭ mi finas mian kolekton de kanzonojn tradukitajn al Esperanto! Ili estas du, ĉar unu estas tre mallonga, kaj la alia ne tre plaĉis al mi, ĉefe ĉar mi riskis la ne tre oftan elizion de la komenca “e” de la verbo “esti” en pluraj punktoj. Per la unua kanteto, Silvio Santos vem aí, kies aŭtoro estas Archimedes Messina, komencas la longdaŭra ĉiudimanĉa TV-programo de la brazila kanalo SBT, al kiu ĝia prezentisto donis sian propran nomon.

Silvio (Silvjo, aŭ “siŭvju”) Santos estis la artonomo de Senor Abravanel, mortinta en 2024, entreprenisto, kiu ankaŭ estis la proprietulo de SBT kaj unu el la plej grandaj komunikistoj de la historio de la brazila televido. Alia ebla traduko estus Silvio Santos venas tuj, sed mi fine elektis Silvio venas tien ĉi, ĉar la laŭlitera signifo pli similas al la esprimaĵo “vem aí” (ŝ/li baldaŭ alvenos). La duan kanzonon, La più bella del mondo (La plej bela [virino] de la mondo), mi tradukis el la itala kiel La tutmonda beleco. Ĝia komponisto estas Mariano Marini kaj mi ekkonis ĝin per la voĉo de Nicola di Bari. Ĝia tradukdato estas la 28-a de julio 2003, sed mi ne havas la daton de Silvio venas tien ĉi.


Silvjo venas tien ĉi

2x:
La, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la, la, la.

Nun estas horo
De la ĝojado:
Ridu ni dum la kantad’!
El mond’ forportas ni nenion,
Ridu ni dum la kantad’!

2x:
La, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la, la, la.

Silvjo venas tien ĉi! (3 fojoj)

____________________


2x:
La, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la, la, la.

Agora é hora
De alegria:
Vamos sorrir e cantar!
Do mundo não se leva nada,
Vamos sorrir e cantar!

2x:
La, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la,
la, la, la, la, la, la.

Silvio santos vem aí! (3 vezes)


La tutmonda beleco

Vi ’stas por mi la tutmonda beleco
Kaj am’ kun profundeco portas al vi.
Vi ’stas por mi infanino magia,
Kiel printempo dia por mia kor’.

Rideto lumigata
Sur dolĉa mien’ kata
Kaj sinceraj okuloj
Parolantaj pri am’.

Vi ’stas por mi la tutmonda beleco
Kaj am’ kun profundeco portas al vi.

Ĉio vi ’stas por mi!

____________________


Tu sei per me la più bella del mondo
E un amore profondo mi lega a te.
Tu sei per me una cara bambina,
Primavera divina per il mio cuor.

Splende il tuo sorriso
Sul dolce tuo bel viso
E gli occhi tuoi sinceri
Mi parlano d’amor.

Tu sei per me la più bella del mondo
E un amore profondo mi lega a te.
Tutto, tu sei per me!


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

“Ĥimertrajno” (Trem da saudade)


Endereço curto: fishuk.cc/himertrajno

Eu traduzi esta música do português pro esperanto em 1.º de julho de 2003 e nunca publiquei o texto porque não tinha uma versão em áudio do original. Seu título é Trem da saudade, mas traduzi em esperanto como Ĥimertrajno (Trem da quimera). A primeira vez que escutei foi pela fita K7 de um álbum do cantor Sérgio Tasca, que usou então o nome “Sérgio Rafael”, mas hoje atua como “Sérgio Estrada”. Na capa da fita, a qual não possuo mais, estava escrito que uma tal “Meiricler” compôs a canção, mas é impossível achar mais informações sobre ela. O estilo é a guarânia paraguaia, também chamada “pumbasy”, e estou em contato com o Sérgio pra saber se é possível obter uma versão digital ou em CD desse álbum tão velho, mas tão bonito.

Mi tradukis ĉi tiun kanzonon el la portugala al Esperanto la 1-an de julio 2003 kaj neniam publikigis la tekston, ĉar mi ne havis aŭdian registron de la originala versio. Ĝia titolo estas Trem da saudade (Trajno de la saŭdado), sed mi Esperantigis ĝin Ĥimertrajno. Mi unue aŭskultis la registron per la sonkaseda versio de albumo de la brazila kantisto Sérgio Tasca, kiu tiam uzis la nomon “Sérgio Rafael”, sed hodiaŭ laboras kiel “Sérgio Estrada”. Sur la kasedo, kiun mi ne plu posedas, oni legis, ke “Meiricler” (virina nomo) komponis la kanzonon, sed estas neeble trovi pluajn informojn pri ŝi. La muzikstilo estas paragvaja “guarania” aŭ “pumbasy”, kaj mi estas en kontakto kun Sérgio por ekscii, ĉu estas eble obteni ciferecan aŭ KD-version de la tiel malnova, sed tiel belsona, albumo.


Ĥimertrajno

1. Antikvaj memoraĵoj en brust’ mia tuj vekiĝis,
Malnova sento, kiu pensis mi, ke estingiĝis:
Ĝi estis am’ grandega,
Eĉ mi ne povis teni,
Ĉarmaĵoj de mil noktoj, kiuj dum tag’ unu
Min fortege prenis.
Saŭdad’ hodiaŭ ploras en l’ okuloj larmiĝitaj
Vidanta ĥimertrajnon de la aĵoj jam pasitaj.
En la staci’ de l’ tempo,
Post forta atendad’,
Rigard’ serena via min ektrovas dum de
La trajn’ la haltad’.

Rekantaĵo:
Ho, trista kor’,
Mankante punas l’ am’ al ni!
Ho, trista kor’,
Vundigaj pensoj tre ŝajnas mani’!
Ho, trista kor’,
Bedaŭre finiĝis la sonĝ’;
Ĝuste por ni
Nur lamentkrioj estas daŭra son’.

2. Sed ĉu ŝi primemoras, kiel mi, amtagojn tiujn
Aŭ min forgesis per la brakoj de iu ajna vir’?
Ĉu estas ŝi maljuna?
Ŝi estas kie, Di’?
Melankolio ploras
Kaj revenon petas
Al ŝi l’ melodi’.

(Rekantaĵo)

____________________


1. Recordações antigas acordaram no meu peito,
Um velho sentimento que eu julgava superado:
Era um amor tão grande
Que nem em mim cabia,
Recordações e encantos de mil e uma noites
Que eu vivi num dia.
Hoje, a saudade chora nos meus olhos marejados
Vendo o trem da saudade com destino ao meu passado.
E na estação do tempo,
Logo que o trem parar,
O teu olhar sereno sei que à minha espera
Ali deve estar.

Refrão:
Ai, coração,
Que falta esse amor nos faz!
Ai, coração,
Essa saudade castiga demais!
Ai, coração,
Que pena que o sonho acabou
E pra nós dois
Só a saudade foi o que restou.

2. Será que ela recorda como eu aqueles dias
Ou se esqueceu de mim nos braços de um amor qualquer?
Será que está mais velha?
Meu Deus, onde andará?
Chora, saudade, chora,
E a guarânia implora
Pra ela voltar.

(Refrão)



quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

“Grandega amo” (And I love her)


Endereço curto: fishuk.cc/grandega

Eis outra tradução minha de uma canção pro esperanto, ainda não publicada, que fiz em 9 de janeiro de 2003, mas que hesitei em divulgar, porque não achei o texto bastante inteligente. É a canção And I Love Her (E eu a amo), de John Lennon e Paul McCartney, a qual renomeei Grandega amo (Amor enorme). Pra traduzir pro esperanto, também aproveitei as versões em espanhol (Mi gran amor le di) e em português (Eu te amo), então, de certa forma, ela é um “híbrido” dessas três línguas, rs. O vídeo tem a versão gravada por Julio Iglesias.

Jen alia ankoraŭ nepublikata traduko mia de kanzono al Esperanto, kiun mi faris la 9-an de januaro 2003, sed mi hezitis disvastigi ĝin, ĉar mi ne trovis la tekston sufiĉe inteligenta. Ĝi estas la kanzono And I Love Her (Kaj mi ŝin amas), de John Lennon kaj Paul McCartney, kiun mi renomis Grandega amo. Por Esperantigi ĝin, mi ankaŭ profitis la versiojn en la hispana (Mi gran amor le di) kaj la portugala (Eu te amo), do, iumaniere, ĝi estas “hibridaĵo” de tiuj tri lingvoj, hehe. La video havas la versiojn registritan de Julio Iglesias:


Grandega amo

Mi tro amadis vin,
Nur faris tion,
Sed vi ne volas min;
Vi estas ĉio!
Mi vin amas.
Karesojn donis mi
Kaj mi vin kisis.
Ĉe l’ amo, frenezaĵ’,
Mi ne forgesis.
Mi vin amas.

Grandega am’
Ekzistas ne,
Eterna ja,
Sen pere’.

Min helpos la stelar’
Vin rekonkeri.
Kun maltrankvila kor’
Mi tion verkis:
“Mi vin amos”.

____________________


I give her all my love
That’s all I do
And if you saw my love
You’d love her too
And I love her.
She gives me everything
And tenderly
A kiss my lover brings
She brings to me
And I love her

A love like ours
Could never die
As long as I
Have you near me

Bright are the stars that shine
Dark is the sky
I know this love of mine
Will never die
And I love her



terça-feira, 14 de janeiro de 2025

“Hispana knabino” (Spanish girl)


Endereço curto: fishuk.cc/hispana

E aqui está minha verdadeira primeira tradução de uma música pro esperanto, mas não a fiz a partir do português, e sim do espanhol! Quando eu tinha meu hoje extinto site de esperanto, eu a publiquei, mas depois não achei que fosse interessante a republicar nesta nova página. Finalmente, com o objetivo de divulgar praticamente todas as minhas traduções de canções, independente de sua qualidade, estou as publicando aqui esta semana. Hoje você tem Spanish girl, gravada pelo grande Julio Iglesias e cujos compositores são ele mesmo, M. de la Calva e Ramón Arcusa. O novo título em esperanto é Hispana knabino ou, conforme a métrica, Hispana knabino.

De fato, por ter sido a primeira, não tenho a data exata, mas certamente ela apareceu em meados de 2002. A primeira tradução datada é de dezembro de 2002, e durante aquele ano considero que realmente consegui aprender o esperanto (eu tinha 14 anos), embora eu tivesse conhecido a língua em 2000. E talvez achei interessante que uma das maneiras de praticar a língua pra não esquecer (eu aprendi sozinho e não havia outros esperantistas em minha cidade) fosse traduzir música! Através dos anos, apareceram outras, e eis aquela que começou toda a minha história com o esperanto e minhas canções preferidas...


Kaj jen mia vera unua traduko de kanzono al Esperanto, sed mi ne faris ĝin de la portugala lingvo, sed de la hispana! Kiam mi havis nun estingitan retejon pri Esperanto, mi ĝin publikigis, sed poste mi ne pensis, ke estus interese ĝin republikigi en ĉi tiu nova paĝo (blogo). Finfine, kun la celo disvastigi praktike ĉiujn miajn kanzonajn tradukaĵojn, sendepende de ilia kvalito, mi publikigas ilin ĉi-semajne. Hodiaŭ vi havas Spanish girl, registrita de la granda hispana kantisto Julio Iglesias kaj kies komponistoj estas li mem, M. de la Calva kaj Ramón Arcusa. La nova Esperanta titolo estas Hispana knabino aŭ, laŭmetrike, Hispana knabin’.

Fakte, ĉar ĝi estis la unua, mi ne havas la precizan daton, sed certe ĝi aperis ĉirkaŭ la mezo de 2002. La unua traduko kun dato estas de decembro 2002, kaj dum tiu jaro mi konsideras, ke mi vere sukcesis lerni Esperanton (mi estis 14-jaraĝa), kvankam mi ekkonis la lingvon en 2000. Kaj verŝajne, mi trovis interese, ke unu el la manieroj praktiki la lingvon por ne forgesi (mi lernis ĝin sola kaj ne estis samideanoj en mia urbo) estus traduki muzikon! Tra la jaroj, aliaj aperis, kaj jen tiu, kiu komencis ĉiun mian historion kun Esperanto kaj miaj preferataj kanzonoj...


Hispana knabino

Ŝi ĉiam paŝas tre bele,
L’ okuloj ŝiaj vidas tre cele.
Se ŝi ridetas, ĉarmas min,
Ho, ho, ho, hispana knabin’.
Dum plibonigas l’animon,
Rapide ŝi estingas la timon.
La propran volon amas ŝi,
Ho, ho, ho, hispana knabin’.

Ĉarmigis mi tuj en l’ unua nia trov’,
Ne volas mi kondukti kiel stulta bov’.
Nun estas mi feliĉa tre,
Rideti povas mi al ŝi,
Jam estas granda la pasi’.

Ŝi estas monto kaj maro,
Ŝi estas pluvo, vento, stelaro,
Ŝi estas mia bela sonĝ’,
Ho, ho, ho, hispana knabin’.

Ŝi estas nokto, vespero,
De la kuraĝo, ŝi estas ero,
Al ŝi, mi estas fidelec’,
Ho, ho, ho, hispana knabin’.

____________________


Su caminar tan seguro,
Sus ojos claros como ninguno
Y una sonrisa a flor de piel,
Oh, oh, oh, spanish girl.
El alma llena de orgullo,
Con un carácter simepre tan suyo
Y esa manera de querer,
Oh, oh, oh, spanish girl.

Me enamoré al verla por primera vez
Yo que juré ya nunca más volverlo a hacer
Y desde entonces soy feliz,
De nuevo he vuelto a sonreir,
Yo nunca había querido así

Ella es mi mar, mi montaña,
Ella es mi tempestad y mi calma,
Ella es un sueño de mujer,
Oh, oh, oh, spanish girl.

Ella es mi noche y el alba,
Ella es coraje para mi alma,
Mi vida y yo su amante fiel,
Oh, oh, oh, spanish girl.



segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Invocação a Nossa Senhora da Conceição


Endereço curto: fishuk.cc/invocacao


Não sei bem por quê, mas nunca publiquei aquela que foi uma de minhas primeiras traduções do português pro esperanto. Talvez porque nunca apareceu na internet uma gravação da canção que se cantava com muita frequência em Bragança Paulista, quando eu ainda ia à igreja católica. Originalmente, o título é Invocação a Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de minha cidade. A tradução correta é Alvoko al Nia Sinjorino de la Senmakula Koncipiĝo, mas então eu traduzi como Alvoko al Nia Sinjorino de la Embriigo, porque ainda não sabia esperanto muito bem. Conceição do Jaguari foi o primeiro nome de Bragança Paulista, quando ela ainda era uma vila, e Jaguari é um rio que passa pela cidade.

Somente em setembro de 2024 apareceu a partitura original no Facebook e um pequeno trecho cantado por Aline Godoy no Instagram, ambas as contas pertencentes à Diocese de Bragança Paulista. Seu autor é Dom Bruno Gamberini, o bispo da época (1995-2004), que a compôs em 27 de agosto de 2002. Então com apenas 14 anos, a traduzi pro esperanto em 22 de dezembro de 2002, e após a missa de Natal, eu lhe dei uma cópia manuscrita do poema, o que o deixou muito feliz. “Dom Bruno” morreu em 2011, e talvez a folha de “papel almaço” esteja em seus arquivos, rs.


Mi ne scias precize kial, sed mi neniam publikigis tiun, kiu estis unu el miaj unuaj tradukoj el la portugala al Esperanto. Verŝajne, ĉar en la reto neniam aperis registro de la kanzono, kiun oni tre ofte kantis en Bragança Paulista (“San-Paŭlia Braganco”), kiam mi ankoraŭ iris al la katolika preĝejo. Originale, ĝia titolo estas Invocação a Nossa Senhora da Conceição (Alvoko al Nia Sinjorino de la Senmakula Koncipiĝo), la patrona sanktulino de mia urbo. Sed tiam mi nomis la tradukon Alvoko al Nia Sinjorino de la Embriigo, ĉar mi ankoraŭ sciis Esperanton ne tre bone. Conceição do Jaguari estis la unua nomo de Bragança Paulista, kiam ĝi ankoraŭ estis vilaĝo, kaj Jaguari estas rivero, kiu pasas tra nia urbo.

Nur en septembro 2024 aperis la originala partituro en Facebook kaj mallonga fragmento kantata de Aline Godoy en Instagram, ambaŭ kontoj apartenantaj al la Diocezo (Episkopujo) de Bragança Paulista. Ĝia aŭtoro estas Bruno Gamberini, tiama episkopo (1995-2004), kiu ĝin komponis la 27-an de aŭgusto 2002. Tiam nur 14-jaraĝa, mi tradukis ĝin al Esperanto la 22-an de decembro 2002, kaj post la Kristnaska meso mi donis al li manskribitan kopion de la poemo, kio tre feliĉigis lin. Gamberini mortis en 2011, kaj verŝajne la malnova papero estas en siaj arkivoj, hehe.



Alvoko al Nia Sinjorino
de la Senmakula Koncipiĝo

Ho Maria Senmakulata,
Dipatrin’, mi fidas Vin.
Tute pura, tute bela,
Mi esperas nur je Vi.
Gravediĝis Vi senpeke,
Korpatrin’, zorgu pri mi.

Vi, Maria, Purega estas,
Daŭra Ĝojo, Lum’ de l’ Sun’;
Vi, Aŭroro de l’ Espero,
Pro Vi, al mond’ venis Lum’.
Ho Portal’ de l’ Lumo Dia,
Monda Lum’ estas Jesu’.

Panjo Sankta, Grace plena,
Venas gefilar’ al Vi:
Tuta Braganc’ San-Paŭlia,
“Conceição do Jaguari”,
Vin proklamis Patronino;
Gent’ esperas nur je Vi.

Sinjorino de Braganco,
Virgpatrin’ de l’ Eternul’,
La Stel’, kiu al ni brilas,
Dolĉa Panjo ĉe la kruc’;
Gvidu Homojn de Braganco
Al sekvado de Jesu’.

____________________


Ó Maria Imaculada,
Mãe de Deus, confio em ti.
Toda pura, toda bela,
Mãe querida, espero em ti.
Concebida sem pecado,
Minha Mãe, vela por mim.

Ó Maria, ó Puríssima,
Alegria, Luz do Sol;
És Aurora da Esperança,
Para o mundo deste a Luz.
Ó Portal da Luz Divina,
Luz do mundo que é Jesus.

Santa Mãe, cheia de Graça,
Os teus filhos vêm a ti:
Toda Bragança Paulista,
“Conceição do Jaguari”,
Proclamou-te a Padroeira;
O teu povo espera em ti.

Ó Senhora de Bragança,
Virgem Mãe do Meu Senhor,
Qual Estrela que nos brilha,
Doce Mãe, ao pé da Cruz;
Guia o Povo Bragantino
A seguir o Bom Jesus.




sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Nicole – “Ein bisschen Frieden”, 1982


Endereço curto: fishuk.cc/bisschen


Mesmo que ele não saiba, devo primeiro agradecer a meu amigo Hergon, de Vitória da Conquista (“Pleonasmo City”, como ele diz, rs), por ter publicado esta canção em seus stories do Instagram e me ter feito lembrar que já a tinha escutado em algum lugar. Sendo muito bonita, pesquisei e descobri que se tratava de Ein bisschen Frieden (Um pouco de paz), com letra de Bernd Meinunger e melodia de Ralph Siegel. Foi composta pra concorrer pela Alemanha ao festival Eurovisão de 1982 com a voz de Nicole Hohloch, então uma estudante de 17 anos que marcou sua aparição com seu vestido preto e violão branco.

Ela conseguiu a primeira vitória pra Alemanha (então Ocidental, devido à divisão da “guerra fria”) em toda a história do concurso, e a canção foi regravada em outras línguas, por outros artistas e pela própria “Nicole” (seu nome artístico). Após o anúncio da vitória, a cantora fechou o festival interpretando Ein bisschen Frieden também com trechos em inglês, francês e holandês. Nicole se casaria em 1984 com um amigo de infância e adotaria então o sobrenome “Seibert”, e na longa carreira também gravaria músicas em inglês, francês e holandês, entre outras línguas.

Até 1996, o advérbio bisschen (pron. “bíss-ien”) era escrito bißchen, com a peculiar ligatura “es-zett”, porque seu uso era obrigatório no final de todas as palavras, em lugar do esse duplo. A palavra é originalmente o substantivo Biss/Biß (pedaço, mordida) acrescido do sufixo diminutivo -chen, e em casos de flexão ou derivação, a ortografia original não muda. Porém, com a reforma, o “es-zett” passou a ser mantido (no meio ou no fim das palavras) somente após ditongos ou vogais longas, e como o “i” de Biss e de bisschen é curto, a versão com a ligatura só se vê em registros antigos de títulos ou textos. Daí ainda ser muito comum a canção ser listada como Ein bißchen Frieden

Na Suíça, onde não é mais usado, o “es-zett” começou na prática a ser substituído totalmente pelo “ss” no início do século 20, e a primeira decisão oficial em favor de sua abolição foi em 1938 (cantão de Zurique). Eu optei pela ortografia atual, fazendo apenas algumas correções ao texto original alemão que encontrei e que também segue abaixo. A tradução em português é a que achei no site Vagalume e que corrigi levemente; a tradução do portal Cifra Club é péssima, só pra comparar. Todas as informações sobre Nicole e sua opus magnum são da Wikipédia em inglês.

Seguem também dois vídeos com a versão holandesa. Outra versão de que gostei é Jsme dĕti slunce (Somos filhos do Sol), gravada em checo por Jaromír Mayer. Abaixo também segue a versão poética que fiz em esperanto e... uma surpresinha!






1. Wie eine Blume am Winterbeginn
Und so wie ein Feuer im eisigen Wind
Wie eine Puppe, die keiner mehr mag
Fühl’ ich mich an manchem Tag

Dann seh’ ich die Wolken, die über uns sind
Und höre die Schreie der Vögel im Wind
Ich singe aus Angst vor dem Dunkeln mein Lied
Und hoffe, dass nichts geschieht

Refrain:
Ein bisschen Frieden, ein bisschen Sonne
Für diese Erde, auf der wir wohnen
Ein bisschen Frieden, ein bisschen Freude
Ein bisschen Wärme, das wünsch’ ich mir

Ein bisschen Frieden, ein bisschen Träumen
Und dass die Menschen nicht so oft weinen
Ein bisschen Frieden, ein bisschen Liebe
Dass ich die Hoffnung nie mehr verlier’

2. Ich weiß, meine Lieder, die ändern nicht viel
Ich bin nur ein Mädchen, das sagt, was es fühlt
Allein bin ich hilflos, ein Vogel im Wind
Der spürt, dass der Storm beginnt

(Refrain)

Sing mit mir ein kleines Lied
Dass die Welt im Frieden lebt
Singt mit mir ein kleines Lied
Dass die Welt im Frieden lebt

____________________


1. Como uma flor no começo do inverno
E como um fogo no vento gelado
Como uma boneca de que ninguém gosta mais
Me sinto em muitos dias

Então vejo as nuvens que estão sobre nós
E ouço o grito dos pássaros no vento
Eu canto uma canção por medo do escuro
E desejo que nada aconteça

Refrão:
Um pouco de paz, um pouco de Sol
Pra esta Terra em que vivemos
Um pouco de paz, um pouco de alegria
Um pouco de calor é o que eu desejo

Um pouco de paz, um pouco de sonhos
E que as pessoas não chorem tanto
Um pouco de paz, um pouco de amor
Pra que eu nunca mais perca a esperança

2. Sei que meus cantos não vão mudar muita coisa
Sou apenas uma garota que diz o que sente
Sozinha sou impotente, um pássaro ao vento
Sentido que a tempestade vai começar

(Refrão)

Cante comigo uma pequena canção
Pra que o mundo viva em paz
Cante comigo uma pequena canção
Pra que o mundo viva em paz


Precisei escrever mais esta parte! Como na época do saudoso Pan-Eslavo Brasil, algumas pesquisas podem acabar me levando a muito mais dados que me tomam muito mais tempo e me fazem descobrir muitas coisas (às vezes agradáveis!) que não previa inicialmente, rs. Por “desencargo de consciência”, resolvi procurar no ótimo site Second Hand Songs se alguém gravou uma versão em português de Ein bisschen Frieden. Pois embora ele seja útil pra descobrir o original de uma canção, o contrário também vale: descobrir quantas podem ter sido as gravações traduzidas de qualquer canção, sobretudo se famosa!

E não é que achei uma versão gravada no Brasil? Prepare-se: foi proeza de um certo Tony Rey, com letra de Ricardo Magno rebatizada Chance de ser feliz e inserida no álbum de estreia, Certas Paixões (1988, minha idade!). Este irmão perdido de Sergei Shoigú adota o estilo e até tenta imitar bisonhamente o sotaque de Julio Iglesias, que então vivia o ápice do sucesso, tornando as músicas “bregas”, mas com um romantismo cativante. O injustiçado Tony Rey tem um canal com apenas 11 vídeos e meros 27 inscritos, tendo criado e publicado tudo, ao que parece, em 3 e 4 de outubro de 2012 numa tacada só. Depois, o abandono...

Concordo com o único comentário que foi lá deixado: “E não é que ficou mesmo bom?”, rs. Segundo comentários deixados em outros vídeos, o “artista desaparecido” estaria vivendo em Esperança, PB, mas ninguém informa do quê – de música certamente não, rs. Existe um tal de Tony Ray que pode aparecer relacionado no YouTube, mas não é a mesma pessoa, bem diferente nos traços, no rosto e no estilo. Se alguém ainda conhecer ou conversar com essa fera, por favor, façam este texto chegar até ele: prefiro muito mais seus “fracassos” do que certos “cu-cessos” que a mídia hoje nos tenta socar!

Segundo o Letras.mus.br, ele fez a proeza de gravar mais um álbum em 1992, no qual se encontram traduções de outras músicas famosas. Uma delas italiana, inclusive, Eu nasci pra você, que eu ouvia criança nos anos 90 pela Laser FM de Campinas (na época do sertanejo e do romantismo...), só redescobri nesta busca, e nem sabia que era tradução. É, o mercado “furográfico” bananeiro nunca foi pros fracos. Mas pra quem gosta mesmo de mim, só digo uma coisa: divirta-se!


Kaj finfine, post traduko al la portugala kaj poezia versio en la sama lingvo, jen la poezia Esperanta traduko, kiun mi faris la 29-an kaj la 30-an de oktobro 2024 de la germana kanzono Ein bisschen Frieden (Iom da paco). La nova titolo estas Sufiĉa paco, kaj mi esperas, ke vi ĝin trovos almenaŭ tiel agrabla, kiel la originala! La aŭtoro de la teksto estas Bernd Meinunger, la melodion komponis Ralph Siegel, kaj ĝin kantis la 17-jaraĝa gimnazianino Nicole Hohloch dum la muzikfestivalo Eŭrovizio en la jaro 1982. Ŝi konkeris la unuan venkon por (tiam Okcidenta) Germanujo en la tuta historio de la konkurso kaj poste registris la kanzonon en aliaj eŭropaj lingvoj. Same, aliaj gekantistoj ĝin registris en la germana kaj en aliaj lingvoj, sed la versio de “Nicole” (ŝia artistonomo) restis longan tempon en la unua loko de sukcesparadoj de pluraj landoj.

En 1984, la hodiaŭ famega kantistino edziniĝis kaj adoptis la nomon Nicole Seibert. Mi decidis Esperantigi la kanzonon per propra iniciato, sed poste mi eksciis, ke jam ekzistis du versioj skribitaj de germanoj, kiuj do ne influis sur la mia. Tamen, ili faris la superan pekon aŭtomate traduki “ein bisschen” kiel “iom da”, tiel domaĝante la ritmon: “ein-BISS-chen...”, “i-OM-da...” Ĝuste tial mi elektis “sufiĉan”, ĉar la signifo ne estas tro malegala. Jen la rezulto de la laboro de nebona poeto:

1. Kiel floreto dum vintrokomenc’
Kaj kiel fajret’ en veterglaciec’
Kiel pupeto plaĉanta ne plu
Malkovrita sub la pluv’

Sed poste mi vidas la nubojn sur ni
Mi aŭdas la birdojn per ilia kri’
Pro tim’ de l’ malhelo, min helpas la kant’
Devenas mi esperant’

Rekantaĵo:
Sufiĉan pacon, sufiĉan sunon
Al nia hejmo nomata mondo
Sufiĉan pacon, sufiĉan ĝojon
Sufiĉan varmon deziras mi

Sufiĉan pacon, sufiĉajn sonĝojn
Maloftan ploron por la personoj
Sufiĉan pacon, sufiĉan amon
Por ke l’ esper’ restu tie ĉi

2. Mi scias, la Teron ne ŝanĝas kanzon’
Mi estas knabin’ de sincera ĵargon’
Malforta ĉar sola, birdet’ en la vent’
Tempeston perceptas sent’

(Rekantaĵo)

Sekvu min dum la kantet’
Por la pac’ en la planed’
Sekvu min dum la kantet’
Por la pac’ en la planed’


domingo, 21 de abril de 2024

Esperanto: new international language


Short link to this post: fishuk.cc/independent-eo

[Texto original em inglês. Em breve talvez eu publique a tradução em português.] This is a very rare text and a jewel for the Esperantist movement. It is the article “Esperanto: A New International Language”, presumably written by Ludwik Lejzer Zamenhof, initiator of Esperanto, and published on the magazine The Independent (New York) on August 11th, 1904, that is, almost 120 years ago. Signed by “Lazaro Ludiviko Zamenhof”, it maybe was not written by Zamenhof, according to John Dumas, who argues that it does not bear his style. In any case, Dumas thinks it could be written first in Esperanto and then translated by another person into English, but I have also read some Zamenhof’s texts during my life, and it really seems not to be his authentic style. The article on The Independent has a triumphalist, too optimistic, and quite arrogant tone, which was in no way the case of Zamenhof, mainly taking in account that the first international congress of Esperanto would meet only in 1905, and that several ways of describing how the language works are not in line with Zamenhof’s general ideas about language and communication.

Anyway, the text has been attributed to him all along the history of the Esperantist movement, and the letter quoted at the end of the work is indeed another classic material: a personal letter (here in my translation into Portuguese) written by Zamenhof originally in Russian to Nikolay Borovko ca. 1895, in which the physician tells him the first challenges in creating and publishing his “international language”. There are two versions of that edition of The Independent which can be found on Archive.org and on HathiTrust (more legible), and I did not try to have any permission to make the HTML of the text. I also took the liberty of correcting the most evident orthographic or factual mistakes without further notes and not following thoroughly some editor’s choices (using of capital letters or italics, line breaks, etc.).

____________________


[Dr. Zamenhof is the latest of those intrepid philologists who from time to time attempt to alleviate the calamity which fell upon the human race at the Tower of Babel, notwithstanding the apparently hopeless nature of their undertaking and the oblivion and contempt which have been the fate of their predecessors. “Esperanto” is, however, more promising than “Volapük”, which is, or, perhaps, it is more correct to say, was, a highly inflected language, like Greek, Latin, Sanskrit, Russian, and German, while “Esperanto” goes even beyond English in being a grammarless tongue. Dr. Zamenhof was born in Bialystok, in the department of Grodno, Russia, December 15th, 1859, and was educated at Warsaw, where he is a practicing physician. His polyglot environment impressed upon his mind at an early age the need for an international medium of intercourse, and in 1878 he had contrived his new language, which he taught to his fellow students in the preparatory school. After working on it for nine years more he considered ready to publish his first pamphlet, which he did at his own expense, since no publisher would take the risk. Our readers can judge of the appearance of the language from the example, part of a letter from the author, which we copy from The Esperantist, at the end of the article.—EDITOR.]

ESPERANTO is a neutral compounded language which aims at supplying men of divers nationalities with a means for mutual intercourse. Many erroneously fancy that Esperanto seeks to supplant existing tongues, whereas nothing of the kind is desired. At home and in the family circle all will ever converse in the national idiom: Esperanto will but serve them as a basis for communicating with those who are ignorant of their language.

In order to enjoy correspondence with foreigners it is at present necessary to learn at least four or five other languages. This is so difficult that it is possible of attainment to but a few persons; and these favored few can only understand a few languages. The rest of the world is for them a sealed book. On the other hand, did an international medium exist, it would only be necessary to learn this in addition to one’s national tongue in order to understand and to be under stood by the whole world.

The well-informed have been working at this problem of an international language during the last two centuries. Many attempts to form such an idiom have been made, but all propositions have dwindled away to the vanishing point, for the matter was discovered to be extremely difficult. Not until the end of the nineteenth century did two systems appear which seemed to be really practicable, and which found many adherents. These were Volapük and Esperanto.

But the competition between these two systems was not of long duration, since Esperanto’s great superiority over its rival was too evident to all. At the present time Volapük has long been cast aside and all friends to the cause of an international language have rallied round the Esperanto standard.

(1) Is the existence of a neutral compounded language possible? – Even now there exist, among those ignorant of the matter, many who contend that such a language cannot exist, since language is organic and cannot be created, and so on. Facts are the best witnesses to prove that this is folly. Any one who does not close his eyes on purpose can assuredly be readily convinced that such compounded languages have long been in existence, that hundreds of thousands of people belonging to different lands and nationalities correspond by them with each other and carry on the most lively oral communications on all kinds of subjects and understand each other as well as if they had been using their mother-tongue, altho not one of them knows the national language of his interlocutor. It is truly absurd to question the practicability of the language in the face of such proofs as these. It resembles the argument of a German society about the possibility of constructing locomotives when, for some years, England had been making use of railways and had found them capable of fulfilling all requirements.

(2) Why should not some extant language, such as English, be selected for the international medium? – To select for international purposes any natural language would never be possible. The self-esteem and self-preserving instincts of all nations could never permit it. The people whose language was selected would gain a truly great superiority over the rest, and would soon overwhelm all other peoples. But even should we admit that all nations could, on their own initiative, select such an already existing language, none would be the gainer, for all natural tongues are so exceedingly difficult that their mastery would only be possible to those endowed with plenty of spare time and money.

For centuries past studious youths have spent long years in learning Latin, yet are there to be found many able to make free use of this tongue? Yet had the same youths spent but a tenth of the time in mastering the international auxiliary every human being would now be intelligible to his fellow. In a few weeks one can learn Esperanto sufficiently well to be able to communicate one’s ideas with freedom.

(3) Would it not be doubtful wisdom to learn Esperanto to-day, as maybe tomorrow some other and superior language may put in an appearance, and displace Esperanto, with the result that we shall have to start afresh and learn another new language? – Even should one really fear that tomorrow will bring a language better than Esperanto, it would still be unwise not to learn Esperanto to-day, just as it would have been foolish to delay the construction of railways for fear of the discovery of an improved method of locomotion. But in reality we have no need to fear for Esperanto’s future. All critics have come to the conclusion that the international language of the future must embody the following two requirements: (I) Its grammar must be as simple as possible. (II) Its vocabulary must consist of such root-words as are in form recognizable to the greatest part of the civilized globe, in other words, those which are to be found in the largest number of cultured languages.

These two postulates precisely illustrate the principles underlying the construction of the Esperanto language. What, therefore, could a further new language introduce?

Esperanto’s entire grammar consists of but sixteen brief and simple rules, which can be mastered in half an hour. Can the possible new language submit a more simple grammar and would the world consent to reject the thoroughly elaborated, well tried and largely diffused Esperanto in favor of a new tongue, whose grammar could possibly be mastered in twenty-five minutes, instead of in thirty?

And as all words of the most international form have already been incorporated into Esperanto it follows that these words must constitute the vocabulary of this ideal language.

Let all, therefore, rest assured that, altho Esperanto may possibly at some future date be made more perfect, the elaboration of a new scheme is absolutely out of the question.

(4) What are the principal characteristics of Esperanto? – It is remarkably easy to acquire. While the study of any other language demands many years’ application, one can gain a really good working knowledge of Esperanto in a few weeks. Moreover, men of education can often read this language freely after some hours’ study. Take Leo Tolstoy, for example. He says:

“So great is the facility of learning Esperanto that, having received a grammar, dictionary, and an article in that language, I was able, after not more than two hours, if not to write, at any rate to read the language freely. In any event the sacrifices any speaker of a European tongue would make in devoting some time to the study of Esperanto are so small, and the results which could thereby be achieved are so enormous, if all, at least Europeans and Americans—all Christendom—should comprehend this tongue, that the attempt at least should be made.”

The remarkable simplicity of the language is brought about by the fact that not only is the grammar capable of being learned in half an hour, and is free from all exceptions, but also because it also possesses divers rules by which all are able to coin other words from any given root without being forced to learn them. Thus, for example, the prefix MAL signifies absolute opposites (bona, good, malbona, bad). Thus, having learnt the words alta, dika, proksima, luma, ami, estimi, supre, etc., meaning high, thick, near, light, to love, to esteem, above, etc., none need learn the opposite words malalta, maldika, malproksima, malluma, malami, malestimi, malsupre, which signify low, thin, far, dark, to hate, to despise, below, etc. Thus all can manufacture for themselves the opposite to any known root by making use of the prefix MAL. Also IN is used to form feminines. Knowing that patro, frato, filo, edzo, koko, bovo, etc., mean father, brother, son, husband, cock, bull, one need not learn the words patrino, fratino, filino, edzino, kokino, bovino, etc., which are represented in English by the totally different words mother, sister, daughter, wife, hen, cow, etc.

A further example is afforded by the suffix IL, which indicates an instrument by whose instrumentality an action takes place. Thus, having learnt that sonori, kombi, kudri, plugi mean in English to ring, to comb, to sew and to plough, we at once know that sonorilo, kombilo, kudrilo, plugilo mean a bell, a comb, a needle, a plough, respectively. Of these affixes, which serve to simplify and abbreviate the language in such a remarkable manner, there exist about forty in Esperanto.

From every word one can form for himself the substantive, adjective, verb, adverb, participles, etc., by simply adding the requisite termination. Take, for example, the root mort-, which signifies the idea of death. All know at once that morti means to die, morto, death, morta, mortal, etc., for all nouns end in o, present infinitives in i, adjectives in a, and so on.

It is, therefore, unnecessary to learn these parts of speech separately. One can also combine any preposition with any other word and thus obtain without study all possible shades of human thought. Thanks to this, Esperanto, in spite of its remarkable simplicity, is as rich and flexible as any existing language.

In fine, from every root-word one can form an endless array of derivatives, and that root-word is generally known to any educated civilized person, as Esperanto’s vocabulary consists of such words as are used in the majority of important languages (such as botaniko, direktoro, telegrafo, portreto, formo, etc.).

Nowadays Esperantists of one nationality are constantly visiting fellow students abroad. After studying the language for some days or weeks, many Esperantists have traversed the whole of Europe, which has hitherto been closed to them. At all points they meet fellow Esperantists, who receive them as brethren, and with whom they converse on whatever matter they please.

Moreover, one must also bear in mind that one can be understood in Esperanto not merely by those who already know that language, but also by those who are totally ignorant of the same! Esperanto is so constructed that, on writing anything in the language, it is comprehensible to the recipient, thanks to a compact dictionary and grammar printed in a broadsheet. This is a unique property not possessed by any national tongue. Take, as illustration, the German phrase: “Ich weiß nicht, wo ich meinen Stock gelassen habe.” (I don’t know where I have left my stick.) On referring to a German-English dictionary we find: “I white not where I to think story dispassionate property.

The last named quality of Esperanto has an incalculable practical significance, for it at once makes the whole world able to understand a solitary Esperantist. When the latter needs to write a letter to any foreign country, he no longer need seek out men who understand the language of that country and ask them to write a letter for him, but he himself writes direct in Esperanto, and incloses with the letter the broadsheet already referred to, printed, of course, in the language of the recipient. The latter is at once able to understand the letter.

In spite of its purely mathematical construction, Esperanto is agreeable to the ear withal. In sound it much resembles Italian. I will quote the following lines to illustrate this:

“En la mondon venis nova sento,
Tra la mondo iras forta voko;
Per flugilo de facila vento
Nun de loko flugu ĝi al loko.”

(5) What is the present condition of Esperanto? – At the present time there scarcely exists any country which does not contain many Esperantists. In a great many cities Esperanto clubs and societies exist, as well as reading circles and classes. For example, in Paris alone there are no less than thirty classes in Esperanto in various parts of the city.

To those who wish to become acquainted with the present state of Esperanto in the world I recommend the brochure published by the Lyon Esperantist Group. As a result of an inquiry based on information from all Esperantist centers, this group has published La diffusion de l’Espéranto dans le monde. The committee making the inquiry consisted of the following persons: M. Cledat, head of the Literary Side of the Lyon University, Professor of Philology at the University and Director of La Revue de Philologie Française. Dr. Dor, Honorary Professor of the Berne University; M. Drodin, Agent de Change; M. Ferouillat, proprietor of the “Lyon Republicain”; M. Legouis, English professor at that university; M. Offret, Professor of Mineralogy at the said university and Vice-President of the French Mineralogical Society, as well as being the General Secretary of the Lyon Esperantist Group; M. Patricot, Director of an assurance society; M. Quinson, silk manufacturer; M. Soulier, Professor of Therapeutics at the Lyon University (Medical Side); M. Toucheboeuf, retired silk manufacturer.

Some twenty-five magazines and gazettes are now published in Esperanto, among which is one specially devoted to scientific matters, published by the well-known firm Messrs. Hachette, under the patronage of the following persons and societies: The French Physics Society, the International Society of Electricians, Professors Adelskjold (Stockholm), Appell (Paris), D’Arsonval (Paris), Baudoin de Courtenay (St. Petersburg), Berthelot (Paris), Prince Roland Bonaparte; Professors Bouchard (Paris), Becquerel (Paris), Brouardel (Paris), Deslandres (Paris), Duclaux (Paris), Förster (Berlin), Haller (Paris), Henri Poincaré (Paris), Sir W. Ramsay (London), General Sébert (Paris).

Esperanto also possesses a literature already rich, which, in addition to textbooks and dictionaries in nearly all European tongues, contains a considerable number of original works and translations, including metrical translations of Shakespeare’s Hamlet, Homer’s Iliad, Byron’s Cain, and many others. The titles of all Esperanto publications are to be found in the world-wide “Address Book of Esperantists”, published by Messrs. Hachette, of Paris.

While there at present exists scarcely a single important country in the civilized world which does not possess its Esperanto center and gazette, the United States of North America have hitherto formed a strange exception. In the United States, which, owing to the cosmopolitan nature of their inhabitants, is bound to play a leading part in the adoption of the international key language, there does not at present exist any central society of Esperantists. There is an Esperanto section to the St. Louis Exhibition, and it is to be hoped that this will arouse much new interest in the Esperanto cause. Pending this happy state of affairs all in the United States who wish to become identified with the movement, which has such an important bearing on the future welfare of humanity, and also those who merely wish to procure the Complete Textbook of Esperanto in English (price, 40 cents) and The Esperantist Monthly (75 cents per annum) should apply to the London Esperanto Club, 41 Outer Temple, London, W. C.

ESPERANTO:

Ankoraŭ unu cirkonstanco igis min por longa tempo prokrasti mian publikan eliron kun la lingvo: dum longa tempo restis nesolvita unu problemo, kiu havas grandegan signifon por neŭtrala lingvo. Mi sciis, ke ĉiu diros al mi: “Via lingvo estos por mi utila nur tiam, kiam la tuta mondo ĝin akceptos; tial mi ne povas ĝin akcepti ĝis tiam, kiam ĝin akceptos la tuta mondo.” Sed ĉar la “mondo” ne estas ebla sen antaŭaj apartaj “unuoj”, la neŭtrala lingvo ne povis havi estontecon ĝis tiam, kiam prosperos fari ĝian utilon por ĉiu aparta persono sendependa de tio, ĉu jam estas la lingvo akceptita de la mondo aŭ ne.

Pri tiu ĉi problemo mi longe pensis. Fine la tiel nomataj sekretaj alfabetoj, kiuj ne postulas, ke la mondo antaŭe ilin akceptu, kaj donas al tute nedediĉita adresato la eblon kompreni ĉion skribitan de vi, se vi nur transdonas al la adresato la ŝlosilon—alkondukis min al la penso aranĝi ankaŭ la lingvon en la maniero de tia “ŝlosilo”, kiu, enhavante en si ne sole la tutan vortaron, sed ankaŭ la tutan gramatikon en la formo de apartaj elementoj. Tiu ĉi ŝlosilo, tute memstara kaj alfabete ordita, donus la eblon al la tute nedediĉita adresato de kia ajn nacio tuj kompreni vian Esperantan leteron. WARSAW, RUSSIA

FREE ENGLISH TRANSLATION:

Yet another circumstance compelled me to postpone for a long time the appearance of my language; for many years another problem of immense importance to a neutral language had remained unsolved. I knew that every one would say “Your language will be of no use to me until the world at large accepts it, so I shall make no use of it until every one else does.” But since the world at large is composed only of its units, my neutral language could have no future until it was of use to each separate unit independently of whether the world at large accepted it or not.

This problem I considered for a long while. At last the so-called secret alphabets, which do not necessitate any prior knowledge of them, and enable any person not in the secret to understand all that is written if you but transmit the key, gave me an idea. I arranged my language after the fashion of such a key, inserting not only the entire dictionary but also the whole grammar in the form of its separate elements. This key, entirely self-contained and alphabetically arranged, enabled any one of any nationality to understand without further ado a letter written in Esperanto.



terça-feira, 12 de março de 2024

“Evidências” (Ch&X) em esperanto


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/evidencias

Eis o segundo sucesso musical sertanejo desta semana, uma das peças pioneiras da mistura entre estilos tradicionais e música pop! Esta canção se chama Evidências e foi gravada primeiramente pelo cantor Leonardo Sullivan no ano de 1989, cuja versão, porém, não foi reconhecida nacionalmente. Só em 1990 a dupla Chitãozinho & Xororó atingiu sucesso geral com ela, cujos compositores foram José Augusto (melodia) e Paulo Sérgio Valle (letra). Como a gravação ocorreu no fim de 1990, a canção foi amplamente difundida pela TV em 1991 e se tornou um dos sucessos mais conhecidos da dupla. Nos anos seguintes, ela recebeu versões de outros cantores brasileiros e também foi gravada em espanhol pelas cantoras mexicanas Ana Gabriel e Lucero. Ainda hoje os brasileiros curtem a canção, a cantam em festas de família e a ouvem em propagandas, programas de humor e até memes. Fiz a base da tradução de 3 a 5 de fevereiro de 2024, mas só a completei em 29 de fevereiro e fiz pequenas correções em 2 de março. Leia abaixo uma pequena introdução em esperanto, minha tradução e o belo áudio original!


Jen la dua sukceso de la brazila kampara muziko (“sertaneja”) en ĉi tiu semajno, unu el la pioniraj pecoj de la miksaĵo inter tradiciaj stiloj kaj pop-muziko! Ĉi tiu kanzono nomiĝas Evidências (EvidentecoEvidentaĵo) kaj estis unue registrita de la kantisto Leonardo Sullivan en la jaro 1989, kies versio tamen ne estis tutnacie rekonata. Nur en 1990 la duopo Chitãozinho & Xororó atingis ĝeneralan sukceson kun ĝi, kies komponistoj estis José Augusto (melodio) kaj Paulo Sérgio Valle (teksto). Ĉar la registro okazis en la fino de 1990, la kanzono estis vaste propagita per la televido en 1991 kaj fariĝis unu el la plej konataj sukcesoj de la duopo. En la sekvintaj jaroj, ĝi ricevis versiojn de aliaj braziliaj kantistoj kaj ankaŭ estis registrita en la hispana lingvo de la meksikaj kantistinoj Ana Gabriel kaj Lucero. Ankoraŭ nuntempe gebrazilanoj ĝuas la kanzonon, kantas ĝin en familiaj festoj kaj aŭdas ĝin en propagandoj, komikaj programoj kaj eĉ memeoj. Mi faris la bazon de la Esperanta traduko de la 3-a al la 5-a de februaro 2024, sed fine kompletigis ĝin nur la 29-an de februaro kaj alportis korektetojn la 2-an de marto. Ĉi-sube vi povas legi mian tradukon kaj poste aŭdi la belan kanzonon en la portugala lingvo:



Um dos rolês mais aleatórios já registrados na história: Tonico & Tinoco, Sérgio Mallandro, Ayrton Senna e Chitãozinho & Xororó, rs!


L’ evidenta

Se mi diras, ke mi plu ne amas vin
Vere mi vin amas
Se mi diras, ke mi plu ne volas vin
Vere mi vin volas
Mi timas diri: Via estas mia kor’
Kaj montri, ke vi min subigas per kontrol’
Sed en mia penso ne aperas la destin’
Sen via amĉeesto

Mi forpelas vin, forlasi provas vin
Sed finfine cedas
Mi pretendas, ke mi estas aliul’
Sed finfine neas
La frenezeco pro vi: jen la tuta ver’
Kaj vin forlasi devas esti ne afer’
Mi agnoskas, ke ne estas eble plu
Detrui la komunan neston

En tiu deliro
Kiam mi ne vin akceptas
La videbla neglektiĝas
L’ evidenta forkasiĝas
Mia masko prete falas
Ĉar ne povas plu trompiĝi mia kor’
Mi nepre vin amas

L’ iluzi’ sufiĉas
Ne sin tenas la deziro
Mi vin volas pli ol ĉion
Al mi mankas via kiso
Mi oferas mian vivon
Por ke via volo farus min adres’
Mi volas aŭdi nur vin diri: Jes

Estu sincera
Pri l’ manko vera
Konstanta estas mi en via pens’
Estu sincera
Pri l’ manko vera
Nur mia vin ĝojigas la kares’



domingo, 10 de março de 2024

Boate Azul/Amuzeja Blu’ em esperanto


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/boateazul

Eis uma interessantíssima peça musical! Esta é minha tradução poética ao esperanto da celebérrima canção sertaneja Boate Azul, gravada em estilo guarânia e que renomeei como Amuzeja Blu’ pra obedecer à métrica. Ela foi composta por Benedito Seviero e Aparecido Tomás de Oliveira no ano de 1963, quando Seviero morava na cidade de Apucarana, PR, mas devido à censura da ditadura militar, só foi gravada pela primeira vez em 1982. Porém, segundo outras versões (que não mencionam anos), o verdadeiro compositor foi Benedito Simão da Costa, conhecido como Naraí, ou ele (letra) e João Fordinho (melodia), ambos habitantes da cidade de Manduri, SP. Naraí teria vendido a composição em São Paulo capital, prática então comum, pra ganhar um pouco mais de dinheiro.

Em todo caso, as duas primeiras gravações não obtiveram sucesso, mas a terceira obteve no Brasil todo, na voz da dupla Joaquim & Manuel em 1985, a qual você pode ouvir abaixo. Desde então, Boate Azul foi gravada mais de mil vezes, em mais de 80 línguas diferentes. Os mais jovens a conhecem graças à versão abreviada de Bruno & Marrone (2001), mas ela se tornou ainda mais famosa entre a “geração Z” depois que uma versão muito bizarra de Francisco Cabral (o “Cachorrão do Brega”) viralizou rapidamente pelo WhatsApp em 2019. Fiz a base da tradução de 3 a 5 de fevereiro de 2024, mas só a completei em 29 de fevereiro e fiz pequenas correções em 2 de março. Leia abaixo uma pequena introdução em esperanto, minha tradução e o belo áudio original!


Jen interesega muzika peco! Ĉi tio estas mia poezia traduko de la famega brazila kanzono de la kampara (“sertaneja”) kulturo, Boate Azul (Blua Nokt-Amuzejo), en la stilo gvaranjo, kiun mi renomigis al Amuzeja Blu’ por obei la metrikon. Ĝi estis komponita de Benedito Seviero kaj Aparecido Tomás de Oliveira en la jaro 1963, kiam Seviero loĝis en la urbo Apucarana, ŝtato Paranao, sed pro la malpermeso de la militista diktaturo tiam reganta, ĝi estis unuafoje registrita en 1982. Tamen, laŭ aliaj versioj (sen mencio al iu jaro), la vera komponisto estis Benedito Simão da Costa, pli konata kiel Naraí, aŭ li (teksto) kaj João Fordinho (melodio), ambaŭ loĝantoj de la urbo Manduri, ŝtato San-Paŭlio. Naraí estus vendita la komponaĵon en la urbego San-Paŭlo, praktiko tiam ofta, por havi iom pli da mono.

Ĉiuokaze, ĝiaj du unuaj registritaj versioj ne obtenis sukceson, sed la tria ja obtenis en la tuta Brazilo, per la voĉoj de la duopo Joaquim & Manuel en 1985, kiun vi povas aŭdi sube. Ekde tiam, Boate Azul estis registrita pli ol mil fojoj, en pli ol 80 diversaj lingvoj. La plej junaj generacioj ekkonis ĝin dank’ al mallonga versio de Bruno & Marrone (2001), sed ĝi fariĝis ankoraŭ pli fama inter la “Z-generacio”, post kiam tre bizara versio de Francisco Cabral (aŭ “Cachorrão do Brega”) rapidege disvastiĝis per la mesaĝ-aplikaĵo WhatsApp en 2019. Mi faris la bazon de la Esperanta traduko de la 3-a al la 5-a de februaro 2024, sed fine kompletigis ĝin nur la 29-an de februaro kaj alportis korektetojn la 2-an de marto. Ĉi-sube vi povas legi mian tradukon kaj poste aŭdi la belan kanzonon en la portugala lingvo:


Amuzeja Blu’

Malsana pro l’ am’
Serĉis mi kuracon en la nokta vivo
Kun la Nokta Floro
En la amuzejo de la Urba Sud’
La amdolor’
Per alia kor’ foriras drive
Kontraŭ la dolor’
Venis mi ĉe la Amuzeja Blu’

Sed kiam nokto
Fariĝis mateno sub aŭrora helo
L’ amuziĝintoj de la nokta vivo
Iris dormi for
Kaj la Nokta Damo
Kun mi dum amuzo, iris for anĝele
La pordoj fermiĝis
Kaj sola denove, min atendis voj’

Kiamaniere
Mi devus foriri? Ĉar mi konas ne
Eĉ almenaŭ vojon, memoretas, ke
L’ amuzejon pagis en la Urba Sud’
Mi trinkadis tro
Kaj ne memoras la okazon, nek
La nomon de tiu ina beleg’
La Nokta Flor’ de l’ Amuzeja Blu’



sexta-feira, 8 de março de 2024

Manifesto de Praga pelo esperanto


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/manifesto-praga

Aqui está outro texto que publiquei num antigo site sobre esperanto por mim mantido entre 2005 e ca. 2007. Trata-se do documento coletivo “Manifesto de Praga do movimento pela língua internacional esperanto”, lançado durante o 81.º Congresso Universal de Esperanto em Praga, capital da Chéquia, em 1996. Os autores propuseram aos Estados, governos e grandes instituições internacionais que considerassem contribuir pra divulgação do esperanto, caso aceitassem ou adotassem os valores mencionados. Eu o republiquei aqui porque, embora não seja difícil encontrar o texto em várias línguas, o site do qual retirei minha cópia não existe mais, e penso que é um conteúdo interessante aos leitores de minha página. Leia abaixo o original em esperanto, a tradução ao português (cujo autor desconheço) e uma pequena introdução em esperanto!


Jen alia teksto, kiun mi publikigis en malnova retejo pri Esperanto de mi subtenita inter 2005 kaj ĉ. 2007. Temas pri la kolektiva dokumento “Manifesto de Prago de la movado por la internacia lingvo Esperanto”, lanĉita dum la 81-a Universala Kongreso de Esperanto en Prago, ĉefurbo de Ĉeĥio, en 1996. La geaŭtoroj proponis al la ŝtatoj, registaroj kaj grandaj internaciaj institucioj, ke ili konsideru kontribui por la disvastigado de Esperanto, se ili akceptas aŭ adoptas la menciitajn valorojn. Mi republikigis ĝin ĉi tie ĉar, kvankam ne estas malfacile trovi la tekston en pluraj lingvoj, la retejo, el kiu mi elĉerpis mian kopion, ne plu ekzistas, kaj mi pensas, ke estas interesiga enhavo al la gelegantoj de mia paĝo. Ĉi-sube vi povas legi la Esperantan originalon kaj la tradukon al la portugala (kies aŭtoron mi ne konas):


Nós, membros do movimento mundial para progresso do ESPERANTO, dirigimos este manifesto a todos os governos, organizações internacionais e homens de boa vontade, declaramos nosso firme propósito de trabalhar cada vez mais em favor dos objetivos aqui expressos, e convidamos a todas as organizações e a cada indivíduo em particular para aderir a este nosso esforço.

Lançado em 1887 como projeto de língua auxiliar para a comunicação internacional, e tendo evoluído num curto espaço de tempo para uma língua completa e rica em nuances, o esperanto há mais de um século aproxima os homens além das barreiras linguísticas e culturais. Durante este período, os objetivos dos usuários do esperanto não perderam importância e atualidade. Nem o uso, em escala mundial, de algumas línguas nacionais, nem os progressos da técnica de comunicação, nem a descoberta de novos métodos para o ensino de línguas invalidarão os princípios a seguir enunciados, que consideramos essenciais para uma ordem linguística justa e eficaz.

1 – Democracia: Um sistema de comunicação linguística que privilegia algumas pessoas, mas exige de outras que invistam anos de estudos para alcançar um grau razoável de fluência, é fundamentalmente antidemocrático. Embora, como qualquer outra língua, não seja perfeito, o esperanto, em muito, supera qualquer rival na esfera da comunicação global igualitária.

Afirmamos que uma desigualdade linguística traz como consequência uma desigualdade em todos os demais níveis. Pertencemos a um movimento que luta em favor de uma democracia na comunicação.

2 – Educação transnacional: Cada língua étnica está ligada a uma cultura e a uma nação definida. Por exemplo, aquele que estuda o inglês aprende a respeito da cultura, da geografia e da política dos países de língua inglesa, principalmente os Estados Unidos e a Inglaterra. Aquele que estuda esperanto aprende a respeito de um mundo sem fronteiras, em que cada país se apresenta como se fosse o seu próprio.

Afirmamos que a educação por meio de qualquer língua étnica está ligada a uma perspectiva limitada a respeito do mundo. Somos um movimento a favor de uma educação transnacional.

3 – Eficácia pedagógica: Somente uma pequena percentagem daqueles que estudam uma língua estrangeira conseguem dominá-la. Um domínio pleno do esperanto é possível, até mesmo autodidaticamente. Diversos estudos realizados comprovam os efeitos propedêuticos do esperanto para o aprendizado de outras línguas. Recomenda-se também o esperanto como disciplina auxiliar para a conscientização linguística dos alunos.

Afirmamos que a dificuldade das línguas étnicas sempre se apresentará como um obstáculo para muitos alunos, que, no entanto, poderiam tirar proveito do conhecimento de uma segunda língua. Somos um movimento a favor de um ensino de línguas eficiente.

4 – Pluralismo linguístico: A comunidade esperantista é uma das poucas, em escala mundial, cujos participantes são, em geral, bilíngues ou multilíngues. Cada membro dessa comunidade costuma aprender, pelo menos, outra língua além da sua, para uso conversacional. Isso conduz automaticamente o indivíduo ao saber e ao amor a várias línguas e, consequentemente, a possuir um horizonte mais vasto.

Afirmamos que os membros de todas as comunidades linguísticas, grandes e pequenas, deveriam dispor de uma chance real para apropriar uma segunda língua, a um nível razoável de comunicação. Somos um movimento que possibilita essa oportunidade.

5 – Direitos linguísticos: A existência de línguas fortes e fracas é uma condição que conduz grande parte da humanidade a uma situação de permanente insegurança ou submissão linguística. Na comunidade esperantista, os membros de línguas importantes ou não-importantes, oficiais ou não-oficiais, reúnem-se num ambiente neutro, graças a um compromisso que enfatiza o respeito recíproco. Esse equilíbrio entre direitos e deveres linguísticos possibilita o surgimento de outras soluções para resolver os conflitos ou as desigualdades linguísticas.

Afirmamos que a existência de línguas mais fortes que outras torna sem efeito as garantias assumidas em inúmeros documentos internacionais, visando a dar um tratamento igual a diferentes línguas. Somos um movimento a favor dos direitos linguísticos.

6 – Diversidade linguística: Os diferentes governos nacionais costumam considerar a grande diversidade de línguas existente no mundo como uma barreira à comunicação e ao progresso. Entretanto, essa diversidade linguística é, para a comunidade esperantista, uma constante e imprescindível fonte de riqueza. Consequentemente, qualquer língua, assim como qualquer ser vivente, é digna de proteção e apoio.

Afirmamos que a política de comunicação e progresso, se não for baseada no respeito e apoio a todos os idiomas, condena ao desaparecimento a maioria das línguas existentes no mundo. Somos, portanto, um movimento a favor de uma diversidade linguística.

7 – Emancipação humana: Cada língua liberta e, ao mesmo tempo, aprisiona seus usuários, dando-lhes o poder para comunicar-se entre si, mas impedindo a comunicação com outros seres humanos. Planejado como um meio de comunicação universal, o esperanto é um dos grandes projetos para a emancipação humana, que se encontra em pleno funcionamento - projeto esse que possibilita a cada pessoa participar, como indivíduo, na comunidade planetária, embora com firmes raízes em sua cultura local e identidade linguística, mas não limitada por elas.

Afirmamos que o uso exclusivo de línguas nacionais estabelece inevitavelmente barreiras para a livre expressão, comunicação e associação. Somos um movimento a favor da emancipação humana.


Lançado no 81.º Congresso
Universal de Esperanto, Praga, 1996


Ni, anoj de la tutmonda movado por progresigo de Esperanto, direktas ĉi tiun manifeston al ĉiuj registaroj, internaciaj organizaĵoj kaj homoj de bona volo, deklaras nian intencon firmvole plu labori por la celoj ĉi tie esprimitaj, kaj invitas ĉiun unuopan organizaĵon kaj homon aliĝi al nia strebado.

Lanĉita en 1887 kiel projekto de helplingvo por internacia komunikado, kaj rapide evoluinta en vivoplenan, nuancoriĉan lingvon, Esperanto jam de pli ol jarcento funkcias por kunligi homojn trans lingvaj kaj kulturaj baroj. Intertempe la celoj de ĝiaj parolantoj ne perdis gravecon kaj aktualecon. Nek la tutmonda uzado de kelkaj naciaj lingvoj, nek progresoj en la komunikad-tekniko, nek la malkovro de novaj metodoj de lingvo-instruado verŝajne realigos jenajn principoj, kiujn ni konsideras esencaj por justa kaj efika lingva ordo.

1 – Demokratio: Komunika sistemo kiu tutvive privilegias iujn homojn sed postulas de aliaj ke ili investu jarojn da penoj por atingi malpli altan gradon de kapablo, estas fundamente maldemokratia. Kvankam, kiel ĉiu lingvo, Esperanto ne estas perfekta, ĝi ege superas ĉiun rivalon en la sfero de egaleca tutmonda komunikado.

Ni asertas ke lingva malegaleco sekvigas komunikan malegalecon je ĉiuj niveloj, inkluzive de la internacia nivelo. Ni estas movado por demokratia komunikado.

2 – Transnacia Edukado: Ĉiu etna lingvo estas ligita al difinita kulturo kaj naci(ar)o. Ekzemple, la lernejano kiu studas la anglan lernas pri la kulturo, geografio kaj politiko de la anglalingvaj landoj, precipe Usono kaj Britio. La lernejano kiu studas Esperanton lernas pri mondo sen limoj, en kiu ĉiu lando prezentiĝas kiel hejmo.

Ni asertas ke la edukado per iu ajn etna lingvo estas ligita al difinita perspektivo pri la mondo. Ni estas movado por transnacia edukado.

3 – Pedagogia Efikeco: Nur malgranda procentaĵo el tiuj kiuj studas fremdan lingvon, ekmastras ĝin. Plena posedo de Esperanto eblas eĉ per memstudado. Diversaj studoj raportis propedeŭtikan efikojn al la lernado de aliaj lingvon. Oni ankaŭ rekomendas Esperanton kiel kernan eron en kursoj por la lingva konsciigo de lernantoj.

Ni asertas ke la malfacileco de la etnaj lingvoj ĉiam prezentos obstaklon por multaj lernantoj, kiuj tamen profitus el la scio de dua lingvo. Ni estas movado por efika lingvoinstruado.

4 – Plurlingveco: La Esperanto-komunumo estas unu el malmultaj mondskalaj lingvokomunumoj kies parolantoj estas senescepte du- aŭ plurlingvaj. Ĉiu komunumano akceptis la taskon lerni almenaŭ unu fremdan lingvon ĝis parola grado. Multokaze tio kondukas al la scio de kaj amo al pluraj lingvoj kaj ĝenerale al pli vasta persona horizonto.

Ni asertas ke la anoj de ĉiuj lingvoj, grandaj kaj malgrandaj, devus disponi pri reala ŝanco por alproprigi duan lingvon ĝis alta komunika nivelo. Ni estas movado por la provizo de tiu ŝanco.

5 – Lingvaj Rajtoj: La magegala disdivido de potenco inter la lingvoj estas recepto por konstanta lingva malsekureco, aŭ rekta lingva subpremado, ĉe granda parto de la monda loĝantaro. En la Esperanto-komunumo, la anoj de lingvoj grandaj kaj malgrandaj, oficialaj kaj neoficialaj, kunvenas sur neŭtrala tereno, dank’ al la reciproka volo kompromisi. Tia ekvilibro inter lingvaj rajtoj kaj respondecoj liveras precedencon por evoluigi kaj pritaksi aliajn solvojn al la lingva malegaleco kaj lingvaj konfliktoj.

Ni asertas ke la vastaj potencodiferencoj inter la lingvoj subfosas la garantiojn, esprimitajn en tiom da internaciaj dokumentoj, de egaleca traktado sendistinge pri la lingvo. Ni estas movado por lingvaj rajtoj.

6 – Lingva Diverseco: La naciaj registaroj emas konsideri la grandan diversecon de lingvoj en la mondo kiel baron al komunikado kaj evoluigo. Por la Esperanto-komunumo, tamen, la lingva diverseco estas konstanta kaj nemalhavebla fonto de riĉeco. Sekve, ĉiu lingvo, kiel ĉiu vivaĵospecio, estas valora jam pro si mem kaj inda je protektado kaj subtenado.

Ni asertas ke la politiko de komunikado kaj evoluigo, se ĝi ne estas bazita sur respekto al kaj subteno de ĉiuj lingvoj, kondamnas al formorto la plimulton de la lingvoj de la mondo. Ni estas movado por lingva diverseco.

7 – Homa Emancipiĝo: Ĉiu lingvo liberigas kaj malliberigas siajn anojn, donante al ili la povon komuniki inter si, barante la komunikadon kun aliaj. Planita kiel universala komunikilo, Esperanto estas unu el la grandaj funkciantaj projektoj de la homa emancipiĝo - projekto por ebligi al ĉiu homo partopreni kiel individuo en la homara komunumo, kun firmaj radikoj ĉe sia loka kultura kaj lingva identeco, sed ne limitige de ili.

Ni asertas ke la eksklusiva uzado de naciaj lingvoj neeviteble starigas barojn al la liberecoj de sinesprimado, komunikado kaj asociiĝo. Ni estas movado por la homa emancipaĝo.


Lanĉita en la 81-a UK, Prago 1996



quarta-feira, 6 de março de 2024

Declaração de Pequim pelo esperanto


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/pequim-eo

Aqui está outro texto que publiquei num antigo site sobre esperanto por mim mantido entre 2005 e ca. 2007. Se anteontem relancei o artigo jornalístico sobre o 89.º Congresso Universal de Esperanto em Pequim, capital da China, em 2004, republico agora a “Pekina Deklaracio” (Declaração de Pequim), adotada no fim do mesmo encontro. Os autores evidenciam os progressos do esperanto nos últimos cem anos e parabenizam o governo chinês, que então apoiava a iniciativa dos esperantistas. Leia abaixo o original em esperanto, reproduzido no extinto portal “Ĝangalo”, minha tradução ao português e uma pequena introdução em esperanto!


Jen alia teksto, kiun mi publikigis en malnova retejo pri Esperanto de mi subtenita inter 2005 kaj ĉ. 2007. Se antaŭhieraŭ mi relanĉis ĵurnalan artikolon pri la 89-a Universala Kongreso de Esperanto en Pekino, ĉefurbo de Ĉinio, en 2004, mi nun republikigas la Pekina Deklaracio, adoptita en la fino de la sama renkonto. La geaŭtoroj notigas la progresojn de Esperanto dum la lastaj cent jaroj kaj gratulas al la ĉina registaro, kiu tiam apogis la iniciaton de la geesperantistoj. Ĉi-sube vi povas legi la Esperantan originalon reproduktitan en la ne plu aktiva portalo “Ĝangalo” kaj mian tradukon al la portugala:


La 89-a Universala Kongreso de Esperanto, okazinta en Pekino, Ĉinio, de la 24-a ĝis la 31-a de julio 2004, kun 2 031 partoprenantoj el 51 landoj, traktinte la temon “Lingva egaleco en internaciaj rilatoj”, notante, ke la jaro 2004 markas 50 jarojn da oficialaj rilatoj inter UEA kaj Unesko, memorante, ke rezolucioj de Unesko notis la rezultojn atingitajn per Esperanto sur la kampo de internaciaj intelektaj interŝanĝoj kaj por la proksimigo de la popoloj de la mondo kaj rekonis, ke tiuj rezultoj respondas al la celoj kaj idealoj de Unesko, notante la “Raporton pri Homa Evoluigo 2004” de la Evoluiga Programo de Unuiĝintaj Nacioj, kiu asertas, ke la libereco de esprimado kaj la uzado de lingvo estas nedisigeblaj, alte taksante la agadon de la ĉina registaro, kiu, cele al pli justa kaj diverseca aliro al internacia interkompreniĝo, subtenas la instruadon kaj utiligon de Esperanto, konforme al la spirito de la rezolucio de Unesko,

DEKLARAS

  • ke demokratia kaj egalrajta komunikado en internaciaj rilatoj estas esenca por internacia interkompreno kaj paca kunlaboro surbaze de egalaj lingvaj rilatoj,
  • ke estas bezonata nova internacia lingva ordo, kiu garantiu egalecon, diversecon kaj demokration en lingvaj aferoj kaj efikan komunikadon inter nacioj kaj aliaj homgrupoj lingve malsamaj, ĉar en la nuna monda lingva situacio, kun kreskanta superrego de iuj lingvoj super aliaj, ne eblas realigi tiujn principojn,
  • ke neŭtrala komuna lingvo estu kerna elemento en tiu ordo, por atingi unuecon en diverseco inter la diversaj lingvoj kaj kulturoj je internacia nivelo,
  • ke sekve la internacia lingvo Esperanto, pruvinte dum pli ol cent jaroj siajn utilecon kaj praktikecon, meritas seriozan konsideron fare de internaciaj organizoj, ties membro-ŝtatoj kaj ĉiuj personoj kaj organizaĵoj de bona volo, kiuj respektas kaj deziras pacon kaj pacan kompreniĝon en egaleca etoso en nia hodiaŭa mondo,
  • ke por krei novan internacian lingvan ordon, kiu kontribuos al internacia kompreno kaj mondpaco, necesas forte subteni la enkondukadon de Esperanto en lernejojn, konforme al la spirito de la Unesko-rezolucioj, ĉar tio faciligas lingvolernadon ĝenerale kaj antaŭenigas internaciecan aliron al la mondo.


O 89.º Congresso Universal de Esperanto, ocorrido em Pequim, China, de 24 a 31 de julho de 2004, com 2 031 participantes de 51 países, que trataram do tema “Igualdade linguística nas relações internacionais”, lembrando que o ano de 2004 marca os 50 anos de relações oficiais entre a UEA (Associação Universal de Esperanto) e a Unesco, lembrando que resoluções da Unesco apontaram os resultados atingidos pelo esperanto sobre o campo do intercâmbio intelectual internacional e pela aproximação dos povos do mundo e reconheceram que esses resultados correspondem aos objetivos e ideais da Unesco, apontando o “Relatório sobre Evolução Humana 2004” do Programa Evolutivo das Nações Unidas, que garante que a liberdade de expressão e de uso de uma língua são inseparáveis, altamente avaliando a ação do governo chinês, que, visando ao mais justo e diversificado acesso à compreensão mútua internacional, sustenta o ensino e a utilização do esperanto, em conformidade ao espírito da resolução da Unesco,

DECLARA

  • que uma comunicação democrática e de direitos iguais nas relações internacionais é essencial para a compreensão mútua internacional e colaboração pacífica com base em relações linguísticas igualitárias,
  • que precisa-se de uma nova ordem linguística internacional que garanta a igualdade, a diversidade e a democracia em causas linguísticas, e de uma comunicação eficiente entre nações e outros grupos humanos de línguas diferentes, pois na atual situação linguística mundial, com a crescente dominação de algumas línguas sobre outras, não é possível realizar esses princípios,
  • que uma língua neutra comum deve ser o elemento essencial nessa ordem, para que se atinja a unidade na diversidade entre as diversas línguas e culturas a nível internacional,
  • que por conseguinte a língua internacional esperanto, comprovando por mais de cem anos sua utilidade e praticidade, merece uma consideração séria das organizações internacionais, de seus estados-membros e de todas as pessoas e organizações de boa vontade que respeitam e desejam a paz e a compreensão pacífica em uma atmosfera igualitária no nosso mundo de hoje,
  • que para que se crie uma nova ordem linguística internacional que contribuirá com a compreensão internacional e com a paz mundial, é fortemente necessário sustentar a introdução do esperanto nas escolas, em conformidade ao espírito das resoluções da Unesco, pois isso facilita o aprendizado de línguas em geral e adianta um acesso internacionalista ao mundo.



Grupo representativo dos falantes e propagandistas do esperanto pelo mundo.