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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Filha 3 de Putin: “Destruiu minha vida”


Endereço curto: fishuk.cc/rozova




Disclaimer: Após alguns rumores recentes (11/8) de que as fotos e o referido grupo do Telegram podem não pertencer realmente a Luiza Rozova, gostaria de afirmar o seguinte: 1) O fato do material poder não ser da filha de Putin não anula a existência dessa filha, ou seja, de uma relação extraconjugal de alguém que usa a Igreja como meio de opressão. 2) Os depoimentos dos donos das galerias e dos colegas com quem Luiza trabalha afirmaram várias vezes suas posições antiguerra (as quais ela teria acabado de desmentir). Portanto, essa parte parece verossímil e os desmentidos podem fazer parte de um processo de fuga de consequências. 3) A suposta falsidade do material é infinitamente menos grave do que o apoio, velado ou não, que alguns ainda demonstram à agressão russa contra a Ucrânia e do que o permanente caráter propagandístico e desinformativo que a mídia estatal do Kremlin tomou nos últimos anos. 4) Eu não estaria sendo honesto com meus princípios se não estivesse trazendo também as dúvidas que a própria mídia dissidente levantou. Porém, dado o que expus nos itens anteriores, não vou apagar esta publicação, apenas cabendo ao leitor estabelecer seu próprio julgamento sobre o contexto inteiro.

Em 4 de agosto, a imprensa alemã confirmou o que há alguns dias o canal dos colaboradores do finado Aleksei Navalny sugeriram conforme depoimento de conhecidos: a desconhecida filha bastarda de Vladimir Putin critica abertamente a invasão da Ucrânia pela Rússia. Luiza, como é mais conhecida, nasceu em 2003, quando o já sucessor de Boris Ieltsin ainda era casado com a ex, Liudmila, e tinha as filhas jovens Iekaterina e Maria, nascidas na década de 1980.

Ou seja, o maior crítico da “degeneração ocidental” simplesmente “pulou a cerca”: babado radiativo na Eurásia! Há algum tempo eu queria falar sobre ela, e finalmente surgiu a oportunidade: após passar um tempo “escondendo a cara” nas redes sociais, “Luiza” (que não está no Canadá... entendeu?) finalmente voltou a se mostrar, mas num grupo fechado do Telegram. Ela tem também um Instagram privado, caso você queira tentar...

Me baseei nas versões publicadas no Daily Mail e no Sun (edição EUA), cujos textos são parecidos (o original do Bild é pra assinantes). Traduzi ambas e fiz uma fusão dos dois textos, com imagens tiradas também de outros sites. Reparou que a matéria cita três nomes usados por Luiza (nenhum deles contendo... “Putina”)? A metamorfose, pelo menos, foi uma habilidade puxada do pai, rs.

Por anos, o Kremlin também tentou blindar as duas filhas “legítimas”, que hoje atuam como cientistas usando outros sobrenomes e têm cada vez mais aparecido na TV estatal como “especialistas” entrevistadas. A versão do Sun tem uma surpresa: um vídeo mostrando o rosto de Ivan Putin, que seria, segundo “Dosié”, seu filho mais velho com Alina Kabaieva, ex-ginasta e suposta companheira atual! Eles teriam também o caçula Vladimir, e originalmente não havia imagens suas...



A suposta filha secreta de Vladimir Putin quebrou o silêncio sobre o pai pela primeira vez numa série de publicações enigmáticas nas redes sociais. Ielizaveta Krivonogikh, 22 anos, também conhecida como Luiza Rozova, desabafou sobre um homem que “destruiu” sua vida e revelou seus pensamentos sobre a guerra do ditador na Ucrânia. Luiza, formada em arte, DJ e moradora de Paris, fez alusão ao “homem que tirou milhões de vidas e destruiu a minha”. As publicações não mencionam Putin explicitamente, mas no contexto de relatos generalizados sobre as ações de seu pai na guerra e sobre sua identidade, suas palavras foram inferidas como uma repreensão amarga ao líder.

Luiza também publicou uma selfie sua num carro, com a legenda: “É libertador poder mostrar meu rosto ao mundo novamente. Isso me lembra quem eu sou e quem destruiu minha vida”, relata o Bild, que tem acesso ao “Art of Luiza”, canal privado da moça no Telegram. Em seu Instagram, Luiza fazia questão de esconder o rosto, mas ultimamente voltou a compartilhar fotos suas por inteiro. Ela não especifica quando ou onde foram tiradas, mas a mais recente foi nos últimos dias, numa filial da rede de cafeterias russa Surf Coffee.



Luiza nasceu em 3 de março de 2003, em São Petersburgo, e acredita-se que seja filha de um caso entre Putin e sua ex-faxineira Svetlana Krivonogikh, sancionada pelo Reino Unido em 2023 e, segundo a mídia russa independente, integrante do círculo íntimo de Putin. As alegações sobre a identidade de seu pai foram tornadas públicas pela primeira vez pelo projeto investigativo anti-Kremlin “Proekt” em 2020. Krivonogikh teria obtido, em circunstâncias desconhecidas, uma fortuna considerável após o nascimento de Luiza, alimentando especulações de que o dinheiro teria vindo de Putin pra comprar seu silêncio. Embora a certidão de nascimento de sua filha omita o nome do pai, ela menciona seu patronímico “Vladimirovna”, uma pista sobre suas possíveis origens.

Luiza já teve contas de mídia social publicamente visíveis na Rússia, que a mostravam viajando pelo mundo em jatos particulares, tocando em clubes exclusivos e usando roupas de grife. Mas então, pouco antes da Rússia invadir a Ucrânia, sua conta foi repentinamente excluída. Ela se mudou pra Paris e se formou na Escola de Gestão Cultural e Artística do ICART em junho de 2024. Ao deixar a Rússia, ela escreveu no Instagram: “Não consigo dar uma volta extra em minha amada São Petersburgo. Não consigo visitar meus lugares e estabelecimentos favoritos.” No entanto, mais de três anos após a invasão inicial da Rússia, Luiza ressurgiu nas redes sociais com uma imagem completamente diferente. Ela parece ter se tornado mais política e falou abertamente contra a guerra na Ucrânia, ao mesmo tempo em que denunciava o luxo.



A suposta filha de Putin também adotou o nome Ielizaveta Rudnova, supostamente inspirado em Oleg Rudnov, um dos falecidos comparsas de Putin, numa tentativa de esconder sua verdadeira identidade. Há relatos de que ela estaria trabalhando na L Galerie (em Belleville) e na Espace Albatros (em Montreuil), ambas galerias de arte em Paris que sediam exposições antiguerra. Dizem que seu papel como gerente de galeria inclui ajudar a organizar exposições e fazer vídeos. Mas a tentativa de Luiza de se inserir nos círculos dissidentes de Paris não ocorreu sem resistência.

A artista Nastia Rodionova, que fugiu da Rússia em 2022, fez uma declaração furiosa e cortou laços com as duas galerias às quais Luiza é associada. Em publicação no Facebook, escreveu: “É importante dizer que acredito na presunção de inocência e que os filhos não são responsáveis pelos crimes de seus pais. Mas com a guerra atingindo seu ápice, é inadmissível permitir que uma pessoa que vem de uma família de beneficiários do regime [de Putin] entre em confronto com as vítimas desse regime. Precisamos saber com quem estamos trabalhando e decidir se estamos prontos pra isso. Minha resposta pessoal neste caso é não.”

Luiza defendeu sua posição e escreveu: “Sou realmente responsável pelas atividades de minha família, que nem consegue me ouvir?” Dmitri Dolinski, diretor da L Association, que controla o Studio Albatros e a L Galerie, apoiou o engajamento de Luiza. Ele disse ao Times: “Ela se parece com Putin, mas outras 100 mil pessoas também se parecem. Não vi nenhum teste de DNA.” Outros colegas a apoiaram, chamando-a de “pessoa culta” e “excelente trabalhadora”. Mas Rodionova reagiu, insistindo que as vítimas da guerra não deveriam ser forçadas a dividir o espaço com ninguém ligado ao regime, seja ela suposta filha ou não.





segunda-feira, 23 de junho de 2025

EUA destrói sistema nuclear do Irã


Endereço curto: fishuk.cc/iran-nuclear


Como prometido, Donald Trump ordenou a destruição, por suas próprias Forças Armadas, das três principais centrais nucleares que enriqueciam urânio no Irã e se localizavam nas cidades de Fordô (coloquei o acento pra fins didáticos), Esfirrão, rs Esfahan e Natanz. Binyamin Netanyahu já tinha feito bombardeios que reduziram drasticamente várias potencialidades de Teerã, e embora a legalidade dessas ações esteja sendo contestada, ninguém discorda (a não ser algum esquerdista aloprado) que ver Ali Khamenei enfraquecido é um alívio pro próprio povo e pra gente pacífica da região.

Aproveito a deixa pra tentar esclarecer o nome israelense da operação como um todo, que é chamada em hebraico de “Am Ke-Lavi”. Na TV local em língua russa, está provavelmente sendo traduzida literalmente como “O Povo Como um Leão”, mas por que vemos “Rising Lion” em inglês e, por extensão, “Leão Ascendente” em português? A resposta está no livro bíblico dos Números, capítulo 23, versículo 24: “Eis que o povo se levantará como leoa, e se erguerá como leão; não se deitará até que coma a presa, e beba o sangue dos mortos.” Porém, pra fins de padronização, e como o nome já se popularizou, deixei “Leão Ascendente” pra nós.

Os vídeos são respectivamente da Casa Branca e do gabinete do premiê israelense, mas enquanto a transcrição do discurso de Trump veio da ABC News, a transcrição do inglês de Netanyahu veio das legendas que baixei direto do YouTube:


Há alguns instantes, militares americanos realizaram ataques de precisão massivos contra as três principais instalações nucleares do regime iraniano: Fordô, Natanz e Esfahan. Todos ouviram esses nomes durante anos enquanto construíam esse empreendimento terrivelmente destrutivo. Nosso objetivo era destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e pôr fim à ameaça nuclear representada pelo Estado número um do mundo em patrocínio do terrorismo.

Esta noite, posso informar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espetacular. As principais instalações de enriquecimento nuclear do Irã foram completa e totalmente destruídas.

O Irã, assediador do Oriente Médio, agora deve fazer a paz. Se não o fizer, os ataques futuros serão muito maiores e muito mais fáceis.

Há anos, o Irã vem dizendo “Morte à América”, “Morte a Israel”. Eles têm matado nosso povo e arrancado seus braços e pernas com bombas caseiras. Era a especialidade deles. Perdemos mais de mil pessoas, e centenas de milhares em todo o Oriente Médio e no mundo inteiro morreram como resultado direto do ódio deles.

Em particular, muitos foram mortos pelo general deles, Qasem Soleimani. Há muito tempo decidi que não deixaria isso acontecer. Isso não vai continuar. Quero agradecer e parabenizar o primeiro-ministro Bibi Netanyahu. Trabalhamos em equipe, como talvez nenhuma equipe jamais tenha trabalhado antes. E percorremos um longo caminho para eliminar essa terrível ameaça a Israel.

Quero agradecer ao exército israelense pelo trabalho maravilhoso que fizeram. E, mais importante, quero parabenizar os grandes patriotas americanos que pilotaram aquelas magníficas máquinas esta noite e todo o exército dos EUA por uma operação como o mundo não via há muitas e muitas décadas.

Espero que não precisemos mais dos serviços deles nessa função. Espero que não. Também quero parabenizar o chefe do Estado-Maior Conjunto, General Dan “Razin” Caine – um general espetacular – e todas as mentes militares brilhantes envolvidas nesse ataque.

Dito tudo isso, não se pode continuar assim. Para o Irã, ou vai haver paz ou vai haver uma tragédia muito maior do que a que testemunhamos nos últimos oito dias. Lembrem-se, ainda há muitos alvos. Os desta noite foram de longe os mais difíceis de todos, e talvez os mais letais. Mas se a paz não vier rapidamente, vamos atacar esses outros alvos com precisão, velocidade e habilidade. A maioria deles pode ser eliminada em questão de minutos.

Não há exército no mundo que pudesse ter feito o que fizemos esta noite. Nem de perto. Nunca houve um exército que pudesse fazer o que aconteceu bem há pouco.

Amanhã, o General Caine e o Secretário de Defesa Pete Hegseth vão dar uma entrevista coletiva às 8h [9h em Brasília] no Pentágono. E quero apenas agradecer a todos, e em particular a Deus.

Quero apenas dizer: nós te amamos, Deus, e amamos nossos grandes militares. Protege-os. Deus abençoe o Oriente Médio. Deus abençoe Israel e Deus abençoe a América. Muito obrigado. Obrigado.


Parabéns, presidente Trump. Sua ousada decisão de atacar as instalações nucleares do Irã com o justo e impressionante poder dos EUA vai mudar a história. Na Operação Leão Ascendente, Israel fez coisas realmente incríveis. Mas na ação desta noite contra as instalações nucleares do Irã, os EUA foram verdadeiramente insuperáveis. Fizeram o que nenhum outro país na Terra poderia fazer.

A história vai registrar que o presidente Trump agiu para negar o regime mais perigoso do mundo, as armas mais perigosas do mundo. Sua liderança criou hoje um marco na história que pode ajudar a conduzir o Oriente Médio e além a um futuro de prosperidade e paz. O presidente Trump e eu costumamos dizer: “A paz por meio da força. Primeiro vem a força, depois vem a paz.” E esta noite, o presidente Trump e os EUA agiram com muita força.

Presidente Trump, eu lhe agradeço. Povo de Israel, obrigado. Forças da civilização, obrigado. Deus abençoe a América. Deus abençoe Israel. E que Deus abençoe nossa aliança inabalável e nossa fé inquebrantável.


Congratulations, President Trump. Your bold decision to target Iran’s nuclear facilities with the awesome and righteous might of the United States will change history. In Operation Rising Lion, Israel has done truly amazing things. But in tonight's action against Iran's nuclear facilities, America has been truly unsurpassed. It has done what no other country on Earth could do.

History will record that President Trump acted to deny the world’s most dangerous regime, the world’s most dangerous weapons. His leadership today has created a pivot of history that can help lead the Middle East and beyond to a future of prosperity and peace. President Trump and I often say, “Peace through strength. First comes strength, then comes peace.” And tonight, President Trump and the United States acted with a lot of strength.

President Trump, I thank you. The people of Israel, thank you. The forces of civilization, thank you. God bless America. God bless Israel. And may God bless our unshakable alliance, our unbreakable faith.



Am Ke-Lavi (O Povo Como um Leão) em letras hebraicas vocalizadas.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Netanyahu chupa saco de Trump


Endereço curto: fishuk.cc/bibi-trump

14 de junho, nosso amigo generoso agiu novamente na hora certa, e novamente lhe dirijo minha gratidão! A ilustração e o título são por minha conta:



Quero começar desejando um duplo Feliz Aniversário! O primeiro Feliz Aniversário vai para você, Donald J. Trump. Você tem sido um líder extraordinário! Decisivo, corajoso, com uma visão clara, ações claras, que tem feito coisas incríveis para Israel, sendo um amigo extraordinário para o Estado judeu, e para mim pessoalmente. Nos conhecemos há muitos anos, e apreciamos o que você está fazendo agora. Ajudando a proteger vidas israelenses contra o regime criminoso do Irã.

Também quero desejar um feliz 250.º aniversário ao Exército Americano. Aos homens e mulheres do exército dos EUA que têm protegido a liberdade por dois séculos e meio. Não teríamos um mundo livre sem vocês. Obrigado, em nome das pessoas livres em todos os lugares!

Hoje Israel está defendendo a liberdade, no Oriente Médio e além. E assim o estamos fazendo contra um regime iraniano tirânico e radical que quer construir bombas atômicas para nos destruir e quer construir mísseis balísticos, incluindo mísseis intercontinentais, para serem capazes de ameaçar todos e qualquer lugar no mundo. Defendendo a nós mesmos, estamos também defendendo outros. Estamos defendendo nossos vizinhos árabes, nossos amigos árabes em paz. Estamos defendendo a Europa. Estamos também ajudando a defender os EUA, que está nos ajudando o tempo todo em nossa defesa. Essa é uma missão importante.

Neste momento, o regime iraniano está bombardeado nossos bairros civis, enquanto estamos mirando os terroristas. Não, isso não é novidade. Eles tentaram assassinar o presidente Trump duas vezes. Eles bombardearam as embaixadas americanas, mataram 241 marinheiros em Beirute, mataram e feriram milhares de americanos atuando como homens-bomba no Iraque e no Afeganistão. Queimaram bandeiras americanas e cantam sem parar: “Morte aos EUA!”

Nosso inimigo é seu inimigo. E ao fazer o que estamos fazendo, estamos lidando com algo que estará ameaçando todos nós mais cedo ou mais tarde. Nossa vitória será a sua vitória. Como pretendemos atingir essa vitória? Bem, já fizemos grandes coisas. Eliminamos seus militares de alto escalão. Eliminamos seus cientistas de alto escalão que estão liderando a corrida para construir armas atômicas que vão nos ameaçar, mas não somente nós. Fizemos tudo isso e muitas outras coisas. Mas também estamos cientes do fato de que há mais a ser feito.

Portanto, estamos preparados. Abrimos o caminho para Teerã, e nossos pilotos sobre o céu de Teerã vão bombardear o regime de um modo que eles sequer podem imaginar. Posso lhes dizer isto. Temos indícios de que os líderes máximos do Irã já estão fazendo as suas malas. Eles estão sentindo o que está por vir. Vou te dizer o que aconteceria se não tivéssemos agido. Tivemos informações de que esse regime inescrupuloso estava planejando dar essas armas nucleares que estavam desenvolvendo a seus aliados terroristas. Isso é terrorismo nuclear com esteroides que ameaçaria o mundo todo!

Isso é o que Israel está fazendo com este apoio, com o claro apoio do presidente dos EUA Donald Trump, do povo americano e de muitos outros no mundo. Assim, com a ajuda de Deus e com a boa vontade e resolução de todas as sociedades livres, vamos vencer.



sábado, 14 de junho de 2025

Netanyahu se dirige aos iranianos


Endereço curto: fishuk.cc/bibi-iran2

Mais uma tradução pelo mesmo amigo generoso a quem agradeço muito, rs.



Nesta noite eu quero falar com vocês, com o povo orgulhoso do Irã. Estamos no meio de uma das maiores operações militares da história, a Operação Leão Ascendente. O regime islâmico, que os oprimiu por quase 50 anos, ameaça destruir meu país, o Estado de Israel. O objetivo da operação militar de Israel é remover essa ameaça, tanto a ameaça nuclear quanto a ameaça de mísseis balísticos para Israel. E à medida que alcançamos nossos objetivos, também estamos abrindo o caminho para que vocês alcancem seu objetivo, que é a liberdade.

Nas últimas 24 horas, eliminamos comandantes militares de alto escalão, cientistas nucleares seniores, a instalação de enriquecimento mais significativa do regime islâmico e uma grande parte de seu arsenal de mísseis balísticos. Mais está por vir. O regime não sabe o que o atingiu. Eles não sabem o que os atingirá.

A nação do Irã e a nação de Israel têm sido verdadeiros amigos desde os dias de Ciro, o Grande. E chegou a hora de vocês se unirem em torno de sua bandeira e seu legado marcante, lutando por sua liberdade contra um regime maligno e opressivo. Ele nunca esteve mais fraco. Esta é sua oportunidade de se levantar e fazer suas vozes serem ouvidas. Zan, zendegi, āzādi [Mulher, vida, liberdade], como eu disse ontem e muitas vezes antes, a luta de Israel não é com vocês. Não é com vocês, o povo corajoso do Irã, a quem respeitamos e admiramos. Nossa luta é com nosso inimigo comum, um regime assassino que tanto os oprime quanto os empobrece.

Povo corajoso do Irã, sua luz derrotará a escuridão. Estou com vocês. O povo de Israel está com vocês.



sexta-feira, 13 de junho de 2025

Netanyahu declara guerra ao Irã


Endereço curto: fishuk.cc/bibi-iran

Traduzido por um amigo a quem agradeço muito. Não tive tempo de corrigir eventuais erros nem de modificar eventuais pontos de estilo.



Há momentos, Israel lançou a Operação Leão Ascendente, uma operação militar direcionada para reverter a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel. Esta operação continuará por quantos dias forem necessários para remover essa ameaça. Por décadas, os tiranos de Teerã têm abertamente e sem pudor pedido a destruição de Israel. Eles têm apoiado sua retórica genocida com um programa para desenvolver armas nucleares. Nos últimos anos, o Irã produziu urânio altamente enriquecido suficiente para nove bombas atômicas. Nove. Nos últimos meses, o Irã tomou medidas que nunca havia tomado antes. Medidas para transformar esse urânio enriquecido em armas. E se não for interrompido, o Irã poderia produzir uma arma nuclear em um curto período de tempo. Poderia ser um ano. Poderia ser dentro de alguns meses, menos de um ano. Isso é um perigo claro e presente para a própria sobrevivência de Israel.

Há 80 anos, o povo judeu foi vítima de um holocausto perpetrado pelo regime nazista. Hoje, o Estado judeu se recusa a ser vítima de um holocausto nuclear perpetrado pelo regime iraniano. Agora, como primeiro-ministro, eu deixei claro várias vezes que Israel nunca permitirá que aqueles que pedem nossa aniquilação desenvolvam os meios para alcançar esse objetivo. Esta noite, Israel apoia essas palavras com ação. Nós atingimos o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã. Nós atingimos o coração do programa de desenvolvimento de armas nucleares do Irã. Nós atingimos a principal instalação de enriquecimento do Irã em Natanz. Nós atingimos os principais cientistas nucleares iranianos que trabalham na bomba iraniana. Nós também atingimos o coração do programa de mísseis balísticos do Irã.

No ano passado, o Irã disparou 300 mísseis balísticos contra Israel. Cada um desses mísseis carrega uma tonelada de explosivos e ameaça a vida de centenas de pessoas. Logo, esses mísseis poderiam carregar uma carga nuclear, ameaçando a vida não de centenas, mas de milhões. O Irã está se preparando para produzir dezenas de milhares desses mísseis balísticos dentro de 3 anos. Agora, imagine, imagine 10 mil toneladas de TNT caindo sobre um país do tamanho de Nova Jersey. Essa é uma ameaça intolerável. Ela também precisa ser interrompida. O Irã agora está trabalhando no que chama de novo plano para destruir Israel. Você vê, o plano antigo falhou. O Irã e seus representantes tentaram cercar Israel com um círculo de fogo e nos atacar com o horrível ataque de 7 de outubro. Mas o povo de Israel, os soldados de Israel se levantaram como leões para defender nosso país. Nós esmagamos o Hamas. Nós devastamos Gaza. Nós atingimos representantes iranianos na Síria e no Iêmen. E quando o Irã nos atacou diretamente duas vezes no ano passado, nós revidamos dentro do próprio Irã.

No entanto, ao nos defender, também defendemos outros. Nós defendemos nossos vizinhos árabes. Eles também sofreram com a campanha de caos e carnificina do Irã. Nossas ações contra os representantes do Irã levaram ao estabelecimento de um novo governo no Líbano e ao colapso do regime assassino de Al-Asad na Síria. Os povos desses dois países agora têm uma chance para um futuro diferente, um futuro melhor. Assim como o povo corajoso do Irã. E eu tenho uma mensagem para eles: nossa luta não é com vocês. Nossa luta é com a brutal ditadura que os oprimiu por 46 anos. Eu acredito que o dia da sua libertação está próximo. E quando isso acontecer, a grande amizade entre nossos dois povos antigos florescerá novamente.

Quero garantir ao mundo civilizado: nós não permitiremos que o regime mais perigoso do mundo obtenha as armas mais perigosas do mundo. E o Irã planeja dar essas armas, armas nucleares, a seus representantes terroristas. Isso tornaria o pesadelo do terrorismo nuclear uma realidade. O alcance crescente dos mísseis balísticos do Irã traria esse pesadelo nuclear para as cidades da Europa e eventualmente para a América. Lembre-se, o Irã chama Israel de “pequeno Satã”. Ele chama a América de “grande Satã”. E é por isso que, por décadas, liderou milhões na chance de morte para Israel e morte para a América. Hoje, Israel está respondendo a esses apelos genocidas com ação e com um chamado nosso. Viva Israel e viva a América. Nossa ação ajudará a tornar o mundo um lugar muito mais seguro.

Quero agradecer ao presidente Trump por sua liderança na confrontação do programa de armas nucleares do Irã. Ele deixou claro várias vezes que o Irã não pode ter um programa de enriquecimento nuclear. Hoje, está claro que o Irã está apenas ganhando tempo. Ele se recusa a concordar com esse requisito básico das nações pacíficas. Essa é a razão pela qual não temos escolha senão agir e agir agora. A decisão mais difícil que qualquer líder tem que tomar é impedir um perigo antes que ele se materialize completamente. Quase um século atrás, enfrentando os nazistas, uma geração de líderes falhou em agir a tempo. Eles foram paralisados pelos horrores da Primeira Guerra Mundial. Eles estavam determinados a evitar a guerra a qualquer custo e tiveram a pior guerra de todas. Eles adotaram uma política de apaziguamento. Eles fecharam os olhos e ouvidos para todos os sinais de alerta.

Essa falha em agir resultou na Segunda Guerra Mundial, a guerra mais mortal da história. Ela reivindicou as vidas de 60 milhões, incluindo seis milhões de judeus, um terço do meu povo. Depois dessa guerra, o povo judeu e o Estado judeu prometeram: “Nunca mais”. Bem, nunca mais é agora. Hoje, Israel mostrou que aprendemos as lições da história. Quando os inimigos juram destruir você, acredite neles. Quando os inimigos constroem armas de morte em massa, pare-os. Como a Bíblia nos ensina, quando alguém vem para matar você, levante-se e aja primeiro. Isso é exatamente o que Israel fez hoje. Nós nos levantamos como leões para nos defender.

Há mais de 3 mil anos, Moisés deu ao povo de Israel uma mensagem que fortaleceu sua determinação desde então. Sejam fortes e corajosos, disse ele. Hoje, nossos soldados e povo fortes e corajosos estão juntos para se defender contra aqueles que buscam nossa destruição. E ao nos defender, defendemos muitos outros. E revertamos uma tirania assassina. Gerações a partir de agora, a história registrará que nossa geração se manteve firme, agiu a tempo e garantiu nosso futuro comum. Que Deus abençoe Israel. Que Deus abençoe as forças da civilização em todos os lugares. Obrigado.



sexta-feira, 23 de maio de 2025

Livros didáticos do mundo paralelo


Endereço curto: fishuk.cc/manual-ru


No universo paralelo da ditadura moscovita, os novos livros escolares públicos de História apresentados hoje [2023] contêm citações do Grande Líder, acompanhadas de fotos suas de quando ele ainda tinha cara de manga chupada, e os mapas apresentam as regiões roubadas à Ucrânia como novas partes do grande Império!

Bem, esta publicação do referido ano está sendo reciclada porque hoje consegui finalmente traduzir uma reportagem transmitida pelo canal britânico Sky News em 2 de setembro de 2024 e apresentada por Ivor Bennett, genial correspondente em Moscou e um dos que encarou o Capeta na famigerada coletiva de imprensa de fim de ano. Embora as imagens sejam de uma reportagem da France 24 de novembro de 2023, achei que elas viriam a calhar com o relato da volta às aulas seguinte, pois trazem exatamente o citado capítulo sobre a “operação militar especial”. Aliás, as férias de verão estão chegando no Hemisfério Norte, e o ano letivo que Bennett viu começar está prestes a terminar...

Desde então, muita coisa mudou. A Ucrânia ocupou longamente boa parte da província russa de Kursk. A fragilidade russa se revelou quando Putler mandou moleques no serviço militar e até escravos norte-coreanos pra “libertar a Pátria”, ao custo de milhares de vidas. E na região ainda há ucranianos, que começam a adentrar a província de Belgorod aos poucos. O presidente dos EUA é outro, mas sua aparente propensão pró-Moscou não ajudou em nada a rapina imperial. Os jovens têm cada vez mais depressão, fogem cada vez mais pro exterior e têm cada vez menos filhos. A economia resiste, mas está cada vez mais arranhada. Os “objetivos iniciais da operação” estão fora de cogitação, assim como a própria tomada completa das quatro regiões ucranianas “incluídas na Constituição”. O Ossidentx Mauvadaum nunca esteve tão coeso na defesa militar. E, como tenho publicado aqui, a elite política se entrega a delírios cada vez mais ridículos.

É curioso que, embora o pretexto da agressão tenha sido “desnazificar o regime de Kyiv”, nesse meio-tempo a fascistização do regime putinista seguiu a passos acelerados e a repressão superou até os níveis sob Leonid Brezhnev. E mais curioso ainda: o burocrata entrevistado por Bennett é Vladimir Medinski, doutor em História que esteve justamente esses dias na Turquia com a delegação que encenou aquela “negociação” fajuta! Bem, pelo menos é melhor mandar um historiador do que um ex-corretor imobiliário, como fez a Galinha Ruiva mandando o tal Steve Witkoff pro Kremlin. Sem mais, aproveite esta noa tradução, embora atrasada, com o original em inglês abaixo:


Pra celebrar o novo ano letivo na Rússia, as crianças trazem flores a seus professores, mas este ano estão recebendo algo em troca. É uma nova matéria sobre a segurança e a defesa da pátria: elas vão aprender sobre drones de combate, regras do Exército e como manusear um Kalashnikov.

“Você nunca sabe em que tipo de situação pode se encontrar, então acolho isso com satisfação. É ótimo! Sem educação militar básica, nossos filhos não são nossos filhos. Isso alimenta o patriotismo.”

Na República de Tyva, uma aula do líder da Rússia sob o título “Conversa sobre Coisas Importantes” [Razgovór o vázhnom]. “Quanto você dorme pra se manter em tão boas condições?”, perguntou um menino. “Seis horas”, respondeu Vladimir Putin. Um momento mais leve em meio a tópicos mais pesados, como a incursão da Ucrânia no sul da Rússia, onde muitas escolas estão fechadas. “É claro que nosso país e as Forças Armadas vão fazer de tudo pra garantir que sejam restauradas uma vida normal nessas regiões e uma vida normal pra essas crianças. Tenho certeza de que isso vai acontecer. Não há dúvida.”

Mas não é o que parece. No fim de semana, houve um ataque massivo de drones, alguns dos quais atingindo Moscou. E tropas ucranianas já controlam território russo há quase um mês. Nos últimos dois anos e meio, a guerra tem sido uma perspectiva distante pra muitos russos, com a vida aqui continuando normalmente. Mas os eventos recentes a aproximaram muito mais de seus lares.

O Kremlin, porém, continua minimizando a ameaça: não quer que o público entre em pânico, e então continua apresentando sua própria versão dos eventos, tanto presentes quanto passados. Isso inclui reescrever livros didáticos de história, que afirmam que a Rússia não começou a guerra.

“Por que há necessidade de novos livros de história? A história não muda, muda?”

“Bem, sim, a história não muda, mas precisamos da verdade e precisamos que a história seja uma ciência, e não ideologia ou propaganda.”

“Por que então, ao longo do capítulo sobre a operação militar especial, não há menção ao fato que a Rússia disparou o primeiro tiro, que a Rússia invadiu seu vizinho? Isso é reescrever a história, não é?”

“Agora... Leia-o atentamente e você vai entender. Leia-o, certo?”

Pra quem leu, é o mais recente vislumbre da realidade alternativa do Kremlin.


To mark the new school year in Russia, children bring flowers for their teachers, and this year they’re getting something in return. It’s a new subject on the security and defense of the motherland: they’ll learn about combat drones, Army rules, and some how to handle a Kalashnikov.

“You never know what kind of situation you might be in, so I welcome it. It’s great! Without basic military education, our children are not our children. This breeds patriotism.”

In the Republic of Tuva, a lesson from Russia’s leader called “Conversations about Important Things”. “How much do you sleep to stay in such good condition?,” one boy asked. “Six hours,” Vladimir Putin replied. A lighter moment among heavier topics like Ukraine’s incursion in southern Russia, where many schools are closed. “Of course, our country and the Armed Forces will do everything to ensure normal life in these regions and normal life for these children is restored. I’m sure this will happen. There’s no doubt.”

But that’s not what it looks like. Over the weekend, a massive drone attack with some reaching Moscow. And Ukrainian troops have held Russian territory for nearly a month now. For the past two and a half years, the war has been a distant prospect for many Russians, with life here continuing as normal. But recent events have brought it much closer to home.

The Kremlin, though, continues to downplay the threat: it doesn’t want the public to panic, then continues to put forward its own version of events, both present and past. That includes rewriting history textbooks, which claim Russia didn’t start the war.

“Why is there a need for new history books? History doesn’t change, does it?”

“Well, yes, history doesn’t change, but we need the truth and we need history to be science, not to be ideology or propaganda.”

“Why then, during the chapter on the special military operation, is there no mention of the fact that Russia fired the first shot, that Russia invaded its neighbor? That’s rewriting history, isn’t it?”

“Now... Read it carefully and you understand. Read it, okay?”

For those who do, it’s the latest glimpse into the Kremlin’s alternate reality.



quinta-feira, 15 de maio de 2025

Bin Salman “se rende” ao YMCA


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“Wilayage Beoble”!!!


Nada melhor do que esse assunto pra começar meu “Mix de política ao redor do mundo” número “24”, rs. No último dia 13 de maio, Donald Trump participou de um fórum de investimentos saudita-americano na presença do príncipe herdeiro Rei do Picadinho Mohammad bin Salman na capital da Arábia Saudita, Riad (que em inglês se costuma transcrever “Riyadh”), enquanto viajava pelos países do Golfo. Essa turnê está sendo vista como uma ruptura nos hábitos geopolíticos ianques, mesmo pro padrão MAGA, pois as viagens do hoteleiro falido pelo genérico “Oriente Médio” não podem dispensar uma parada no posto Frango Assado do evangelismo antissemita, que é o Israel do Bibi do Hamas.

Hamas com quem, aliás, Trump negociou diretamente a libertação de um soldado israelo-americano, dando um passa-moleque em sua marionete orelhuda. E pra coroar o tabefe, o Rei do Mundo se encontrou com o Joãozinho Xará, boneco da Turquia que derrubou a Girafa al-Asad, e retirou duma vez só todas as sanções contra a Síria! Resultado: o Tsahal se vingou metendo o louco em Gaza, sem autorização “de cima”, com a UE criticando e até Trump, pela primeira vez na história, “se preocupando com o destino dos palestinos”...

É verdade que os bombardeios israelenses enfraqueceram o último vizinho baathista, mas foi só chegar o governo ex-corno “ex-terrorista” que Jerusalém começou a azucrinar as colinas do Golã, tão cobiçadas quanto o Papa-Léguas pelo Coiote. O aparente enfoderamento do Fidel Castro jihadista (e é sintomático que seu apelido binladesco, “al-Jawlani”, signifique exatamente “vindo do Golã”) pelos Esteites deixou os “cyoneshtas” pê da vida, mas faz parte da ideologia que chamo de “dinheirista” do inquilino da Bely Dom: negócios, negócios, negócios... e se favorecerem a própria família (patrimonialismo bananeiro inédito no país), melhor ainda!

Mas do que mais gosto na geopolítica são situações ou entrevistas que podem virar memes mais ou menos inteligentes. O primeiro, obviamente, é a execução de YMCA no final do referido fórum, em que não só faltou apenas Trump e Bin Salman se atracarem como também boa parte da família real enforcadora saudita estava lá. Realmente, só quem queria “acabar com todas as guerras” pode realizar um feito de$$$es: veja que até um hóspede americano dá uma risadinha em certo ponto, rs.

Na verdade, considera-se que os dois tiranetes estejam até mais poderosos do que no período 2017-2021, e além de poderem definir juntos o cenário global (a começar pelos palestinos, que é a última das preocupações do Guardião das Duas Mesquitas), essa festa parece ter sido feita sob medida pro convidado norte-americano se sentir num comício próprio. Se você abrir o vídeo original, pode ver que a própria abertura conta com o “hino MAGA” I’m Proud to Be an American. E pra anedota: segundo o próprio Village People, seu hit mais famoso não é originalmente nem deve ser interpretado como um “hino gay”. Aham, Cláudia, senta lá...



Também circulou esses dias pelas redes, sobretudo pelo WhatsApp, esta montagem em IA (tá virando um perigo já!) que acredito ser, se não uma das maiores obras do século, pelo menos da época atual. Meu amigo e rei dos memes Raphael me mandou uma interpretação peculiar de Iarnuou We Are the World na voz dos principais chefes de Estado em exercício (spoiler: tem Milei, mas não tem Lula...).

Não sei quem foi que teve tempo e paciência pra desenhar os rostos e adaptar as vozes, e o pior, imitando os respectivos sotaques! Pena que não assinou, mas suspeito que tenha sido um francês, pois inseriu Jean-Luc Mélenchon e Marine Le Pen, duas nêmeses políticas que só têm importância dentro do país:


Nem parece que uma semana atrás, o mundo tava atemorizado com uma possível guerra entre duas potências nucleares: Índia (que já tá mandando brinquedinhos pra Lua, coisa que nem o petê fez) e Paquistão (que muitos até consideram um “Estado falido”). Foi só assinarem um “cessar-fogo” pra submergirem nas inacabáveis notícias sobre as viagens de Trump, mas antes os programas de geopolítica requentaram o alarmismo e as explicações históricas remontando a 1947.

Por exemplo, nesta entrevista de Mohammad Faisal, alto comissário do Paquistão no Reino Unido, ao programa The World with Yalda Hakim, ele critica os indianos por supostas violações do direito internacional. Expõe sua opinião usando o pronome “vocês” (you) como se estivesse falando diretamente aos vizinhos, mas quando percebe que pode ser mal interpretado, acaba se corrigindo e criando uma pérola poética: “Com ‘vocês’, quero dizer, você sabe, ‘eles’”, rs. Recorte inteiro ou quadrado, à sua escolha:






E antes de encerrar, uma rodada aleatória de arte anti-Putin que achei num grupo de WhatsApp do qual até já saí. Bom proveito:












Até a próxima, pessoal!


quinta-feira, 3 de abril de 2025

Marine Le Trump by Adam Parsons


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Na edição do programa The World de 1.º de abril na Sky News, ao comentar a pena de inelegibilidade por cinco anos da francesa Marine Le Pen, líder do partido RN (extrema-direita), Adam Parsons cometeu o ato falho de a chamar “Marine Le Trump” logo após dizer que ela poderia copiar as estratégias do inquilino da Bely Dom pra reverter suas condenações. Tá, confesso, só isso que tinha de engraçado... Mas a comparação não podia ser melhor, e terminar melhor ainda com esse lapso, rs. (Em todo caso, melhor do que quando Biden chamou Zelensky de Putin!)



E não é que eu tava certo? Rs


O Microsoft Clipchamp está com muitos recursos legais e foi com ele que tirei o essencial da transcrição desse trecho! Claro, dei uma pequena corrigida, assim como fiz com a tradução dada pelo Google. Quis deixar pelo menos um pouco de contexto pra que não pareça algo meio artificial ou até forjado, mas note como a apresentadora Yalda Hakim até sorri na hora, rs:


Now, there is one path which her supporters, I think, are still holding on to, is that she could, or she will appeal. That appeal could be heard in, let’s say, a year’s time. She might find the evidence to support it. She may be cleared. She may have that ineligibility ban reduced. She may be allowed to run in 2027. And the momentum behind her: this idea that she took on the establishment and won, this very Donald Trump line of “They couldn’t stop me, they tried, but fight, fight, fight.” I’m sure that is what she would channel. That is an optimistic opinion if you are a Marine Le Trump... Marine Le Pen supporter.

Agora, há um caminho ao qual seus apoiadores, eu acho, ainda estão apegados, o de que ela poderia ou vai recorrer. Esse recurso pode ser julgado em, digamos, um ano. Ela pode encontrar as evidências para apoiá-lo. Ela pode ser inocentada. Ela pode ter esse período de inelegibilidade reduzido. Ela pode ser autorizada a concorrer em 2027. E o ímpeto por trás dela: essa ideia de que ela enfrentou o establishment e venceu, essa mesma linha de Donald Trump de “Eles não conseguiram me impedir, eles tentaram, mas fight, fight, fight.” Tenho certeza de que é isso que ela canalizaria. Essa é uma opinião otimista se você é um apoiador de Marine Le Trump... Marine Le Pen.



O Tio Patinhas chamou o genérico ianque do cantor Falcão pra assinar decreto???

sábado, 22 de março de 2025

Estamos às portas de um “muskolão”?


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Segundo matérias investigativas dos jornais The Washington Post (20 de março) e The New York Times (19 de março), o empresário metido a reformador estatal Ilomasque teria “doado” milhares de doletas a deputados e um senador do “GOP” (o “Good and Old Party”, apelido do Partido Republicano) pra votarem a favor de um eventual impeachment de juízes contrários aos ucasses do presidento Tio Patinhas. O que são milhares pra quem tem uma fortuna estimada em centenas de bilhões?

A vontade de destituir juízes “incômodos” é algo novo, mesmo no Bananastão pós-Genossias, mas infelizmente o roteiro de compra de parlamentares nos é longamente conhecido, e perpassa épocas e partidos. O admirável é que isso possa ter ocorrido no “exemplo mundial de democracia” e que muitos dos mesmos críticos ferozes do “mensalão” e do “petrolão” hoje lambem as bolas do “homem mais rico do mundo”. Quem tem senso de humor melhor do que o meu poderia falar que estamos às portas de um “trumpolão”, mas dado que é difícil saber de quem foi a iniciativa, não seria mais exato nos atermos a um “muskolão”? É, cada país tem sua cota merecida de Marcos Valério, irmãos Batista, Geddel, Queiroz...

Aparentemente, esse tipo de doação não é ilegal nos EUA: há várias eleições programadas pra 2025, em diversos níveis, às vezes pra cargos que no Fazendil nem são eletivos. Mas o que está causando arrepios é o fato de justamente esses beneficiários estarem defendendo impeachment de magistrados, algo considerado imoral, ilegal e ineficaz. Os dois jornalões citados acima só podem ser lidos por assinantes. Portanto, cito os links em prol da honestidade, mas seguem abaixo algumas mídias liberais que considero confiáveis e que trouxeram o essencial do conteúdo divulgado.

Recomendo também o artigo “Novos gastos políticos sinalizam que o papel enorme de Elon Musk no Partido Republicano continua crescendo”, de Ben Kamisar e Allan Smith pra NBC News, sobre a máquina financeira que o pai da Vivian tá movendo pra redesenhar a política ianque, rs.



Musk doa milhares para congressistas republicanos pressionarem pelo impeachment de juízes que se opõem a Trump: Reportagem (Josh Marcus, The Independent) – A pressão de Trump pelo impeachment de juízes ocorre enquanto a administração é acusada de desafiar a ordem do tribunal federal sobre voos de deportação

Elon Musk teria feito doações a sete congressistas republicanos, os quais apoiam todos os apelos do governo Trump para demitir ou ignorar juízes federais que interromperam partes da agenda do presidente Donald Trump.

Musk, que afirmou nos últimos dias que tais juízes estão liderando um “golpe judicial”, doou milhares de dólares para os deputados [lá chamados de Representatives] Eli Crane (Arizona), Lauren Boebert (Colorado), Andy Ogles (Tennessee), Andrew Clyde (Geórgia), Derrick Van Orden (Wisconsin) e Brandon Gill (Texas), e o senador Charles Grassley (Iowa), de acordo com o New York Times.

Os supostos beneficiários estão entre as vozes mais agressivas no Congresso pressionando pelo impeachment ou por alguma outra forma de constranger os juízes.

O deputado Gill entrou com um pedido de impeachment contra o juiz distrital federal James Boasberg, que ordenou que o governo Trump cancelasse um grupo de voos de deportação recentes para El Salvador, em meio a uma contestação à invocação da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 pela Casa Branca para deportações rápidas, uma diretiva que o governo ignorou.

Por sua vez, o deputado do Arizona tentou o impeachment de um juiz federal que restringiu temporariamente o acesso aos dados do Departamento do Tesouro pelo programa do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Musk.

“Não fizemos isso para que Elon Musk nos desse uma doação de campanha”, disse Crane ao jornal. “Mas acho ótimo que indivíduos como Elon estejam dando apoio àqueles de nós dispostos a agir.”

O governo Trump e seus aliados têm pressionado intensamente os juízes federais que decidiram contra ele no tribunal, argumentando que os funcionários são partidários e não deveriam ser capazes de refutar a vontade do presidente porque eles próprios não foram eleitos – um grande afastamento do princípio fundamental do sistema dos EUA de separação de poderes.

Musk recentemente repostou uma publicação do ativista conservador Charlie Kirk chamando os juízes federais de “ditadores empunhando martelos”, com o conselheiro não eleito da Casa Branca acrescentando que ele quer que o Congresso efetue o impeachment dos juízes e “restaure o governo do povo”.

Na quarta-feira, a secretária de imprensa Karoline Leavitt acusou aqueles que contestam as ações do governo de tentarem “fazer escolhas de juízes – escolher juízes que estão claramente agindo como ativistas partidários do tribunal, em uma tentativa de atrapalhar a agenda deste presidente”.

Em uma postagem recente no Truth Social, Trump alegou que Boasberg estava tentando ultrapassar sua autoridade.

“Se um presidente não tem o direito de expulsar assassinos e outros criminosos do nosso país porque um juiz lunático da esquerda radical quer assumir o papel de presidente, então nosso país está em apuros e destinado ao fracasso!”, escreveu Trump.

Leavitt se referiu a Boasberg como um “ativista democrata” que foi nomeado pelo ex-presidente Barack Obama. Mas ela foi corrigida na coletiva de imprensa que o juiz foi nomeado por George W. Bush e só mais tarde promovido a seu posto atual por Obama.

Especialistas jurídicos têm alertado que o governo Trump já está desrespeitando ordens judiciais federais, preparando o cenário para uma crise constitucional maior.

No mês passado, Ty Cobb, ex-funcionário do governo Trump, disse Independent que está preocupado que a Casa Branca parece estar pronta para ignorar o judiciário independente na maioria dos casos, embora tenha apontado uma exceção.

“A menos que e até que a Suprema Corte intervenha, porque esse é o único tribunal que ele parece ouvir”, disse Cobb ao Independent.

Esta semana, o juiz da Suprema Corte John Roberts fez uma rara declaração pública, após as tentativas do governo Trump de remover Boasberg do caso de deportações.

“Por mais de dois séculos, está estabelecido que o impeachment não é uma resposta apropriada para discordâncias sobre uma decisão judicial”, escreveu Roberts. “O processo normal de análise de apelação existe para esse propósito.”


Enquanto Elon Musk recompensa os defensores do impeachment judicial, Jim Jordan olha para as audiências (Steve Benen, MSNBC) – As duas pontas são impressionantes: enquanto Musk doa para republicanos que apoiam o impeachment de juízes, o presidente da Comissão de Justiça da Câmara quer audiências.

Depois que o governo Trump perdeu mais uma batalha judicial esta semana, seu principal doador de campanha, Elon Musk, recorreu a uma reclamação conhecida. “Este é um golpe judicial”, escreveu o megadoador republicano por meio de sua plataforma de mídia social. “Precisamos de 60 senadores para destituir os juízes e restaurar o governo do povo.”

Como explicou logo depois meu colega da MSNBC Jordan Rubin, Musk errou todos os detalhes relevantes em sua missiva: não é um “golpe” quando a Casa Branca perde disputas judiciais; os senadores não são responsáveis pelo impeachment de ninguém; e o mínimo para remover do tribunal um juiz em exercício é 67 votos, não 60.

Mas, apesar de sua falta de familiaridade com o processo de impeachment, o bilionário tem avançado com vigor enervante nas últimas semanas a ideia de destituir juízes. De fato, a NBC News observou na quarta-feira que Musk havia postado sobre o impeachment de juízes “17 vezes nas últimas 24 horas”.

Além disso, como relatou o New York Times, ele também está investindo seu dinheiro onde estão seus tuítes:

Elon Musk fez a doação máxima permitida a membros republicanos do Congresso que apoiam o impeachment de juízes federais que estão impedindo ações tomadas pelo presidente Trump, de acordo com cinco pessoas com conhecimento do assunto. Musk deu o que tinha sido até recentemente a doação máxima legal em dólares (6,6 mil) para as campanhas de sete republicanos que ou endossaram o impeachment de judiciais ou pediram alguma forma de “ação” em resposta a decisões recentes contra o governo Trump, incluindo uma decisão do juiz James E. Boasberg, do Tribunal Distrital Federal em Washington, no fim de semana.

De acordo com a reportagem, que não foi verificada de forma independente pela MSNBC ou NBC News, os beneficiários das contribuições de campanha incluem os deputados republicanos Eli Crane (Arizona), Lauren Boebert (Colorado), Andy Ogles (Tennessee), Andrew Clyde (Geórgia), Derrick Van Orden (Wisconsin) e Brandon Gill (Texas). Inesperadamente, Musk também doou ao senador republicano Chuck Grassley (Iowa), que não endossou explicitamente o impeachment de nenhum juiz, mas criticou uma decisão judicial recente no caso da Lei de Inimigos Estrangeiros.

Certamente, o máximo legal para doações em dinheiro é bastante modesto – para alguém com a riqueza de Musk, cheques de US$ 6,6 mil não farão falta –, mas há um significado político mais amplo: o chefe do DOGE acaba de enviar um sinal nada sutil aos congressistas de que os defensores do impeachment de juízes no Capitólio devem esperar ser recompensados pelo maior megadoador republicano de todos.

O portal Politico também noticiou: “O presidente do Judiciário da Câmara, Jim Jordan, disse que planeja realizar audiências sobre decisões judiciais recentes contra a agenda do governo Trump, depois que o presidente Donald Trump, Elon Musk e conservadores pediram o impeachment de juízes federais”.

O republicano de Ohio disse à CNN: “Faremos audiências sobre toda essa questão”, acrescentando que está especialmente interessado “nas 15 liminares que foram feitas em um período de oito semanas”.

É claro que, como já discutimos, o fato de a Casa Branca ter enfrentado tantas liminares em tão pouco tempo é menos evidência de parcialidade judicial e mais evidência de uma administração que continua forçando os limites legais de maneiras radicais e inéditas.

No entanto, a equipe de Trump quer que a ideia de destituir juízes seja levada a sério e, evidentemente, o Comitê Judiciário da Câmara, liderado por Jordan, está preparado para examinar a questão com mais detalhes.

Aparentemente há, no entanto, algumas divisões entre os congressistas republicanos. Em uma reportagem especial esta semana, Politico citou um republicano da Câmara dizendo: “Eu não apoio o impeachment de um juiz em exercício com base apenas em uma decisão com a qual eu discordo.”

O fato de o membro não nomeado ter desejado não ser identificado diz muito sobre o estado atual do partido.


Lauren Boebert entre os republicanos que receberam doações de Musk após apoiarem o impeachment de juízes (Gustaf Kilander, The Independent) – “Em mais de dois séculos, nunca [houve] um abuso tão extremo do sistema legal por ativistas fingindo ser juízes. Destituam-nos”, escreve Musk no X.

Elon Musk está enviando dinheiro para membros do Congresso, incluindo Lauren Boebert, que expressaram apoio ao impeachment de juízes que bloqueiam ações do presidente Donald Trump e de seu governo, disseram cinco pessoas ao New York Times.

Musk entregou a maior doação possível em dinheiro vivo permitida, US$ 6,6 mil, a sete republicanos e suas campanhas depois que eles apoiaram o impeachment de juízes ou pediram que “ações” fossem tomadas contra eles. Isso ocorre após decisões recentes contra o governo Trump, como uma decisão, no fim de semana, do juiz James Boasberg no Tribunal Distrital Federal na capital do país.

Boasberg decidiu no sábado que a administração devia cancelar voos que transportavam supostos membros de gangues venezuelanas para El Salvador, mas a administração não cumpriu, levando a preocupações sobre uma possível crise constitucional. Trump então argumentou nas mídias sociais que Boasberg devia sofrer impeachment.

[Aqui são novamente citados os congressistas já listados acima.] Gill apresentou um pedido de impeachment contra o juiz depois que ele emitiu uma ordem bloqueando temporariamente o uso de Trump da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar os venezuelanos. Boebert apoiou o pedido de impeachment contra o juiz, com Musk usando o X para expressar sua aprovação.

Crane apresentou o pedido de impeachment contra o juiz Paul Engelmayer, do Tribunal Distrital do Distrito Sul de Nova York, depois que ele limitou temporariamente o acesso aos sistemas de pagamento e de dados do Departamento do Tesouro pelo Departamento de Eficiência Governamental, o instrumento de Musk para diminuir o tamanho do Estado.

“Não fizemos isso para que Elon Musk nos desse uma doação de campanha”, disse Crane ao Times. “Mas acho ótimo que indivíduos como Elon estejam dando apoio àqueles de nós dispostos a agir.”

Clyde disse ao jornal que não tinha “nenhum conhecimento prévio de que Elon Musk faria uma doação de campanha”, mas acrescentou: “Estou muito grato por ele ter feito isso.”

Ogles apresentou uma resolução para permitir que Trump cumprisse outro mandato na Casa Branca. Ele disse ao Times que a “dedicação de Musk não é apenas louvável, mas também vital para o futuro de nossa República”.

“Em mais de dois séculos, nunca [houve] um abuso tão extremo do sistema legal por ativistas fingindo ser juízes. Destituam-nos”, disse Musk pelo X na quarta-feira.

Grassley é o presidente da Comissão de Justiça do Senado. Ele não pediu o impeachment de Boasberg, mas escreveu no X: “Mais um dia, mais um juiz decidindo unilateralmente a política para todo o país. Desta vez para beneficiar membros de gangues estrangeiras. Se a Suprema Corte ou o Congresso não derem um jeito, estamos caminhando para uma crise constitucional. A Comissão de Justiça do Senado está tomando medidas.”

Musk gastou quase US$ 300 milhões nas eleições de 2024, e seu “super PAC” [comitê de ação política que permite a doação ilimitada de empresas de indivíduos, mas sem que estes direcionem a partidos ou candidatos] indicou que se concentrará em pleitos municipais e estaduais neste ano. O bilionário dono da Tesla e da SpaceX geralmente prefere apoiar seus próprios grupos em vez de entregar dinheiro diretamente aos políticos. Inicialmente, ele não doou para a campanha de Trump em 2024, e em vez disso, apoiou seu “super PAC” que apoia Trump.

O presidente pediu o impeachment de Boasberg na terça-feira.

“Esse juiz, como muitos dos juízes corruptos perante os quais sou forçado a comparecer, deveria ser DESTITUÍDO!!!” escreveu o presidente no Truth Social.

Isso levou o presidente da Suprema Corte, John Roberts, a dizer em uma declaração que “Por mais de dois séculos, está estabelecido que o impeachment não é uma resposta apropriada para discordâncias sobre uma decisão judicial”.

“O processo normal de análise de apelação existe para esse propósito”, disse Roberts.



domingo, 2 de março de 2025

Discursos de Trotsky (áudio ou vídeo)


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Assim como eu fiz alguns anos atrás com Vladimir Lenin e Iosif Stalin, estou tentando fazer com Lev Bronstein, mais conhecido pela história como Leon Trotsky (1879-1940), uma listagem única de todos os seus discursos. Ao contrário de Lenin, que teve poucos discursos gravados em áudio, mas bem definidos, e de Stalin, que apareceu no topo do poder soviético por décadas, há bem menos áudios e vídeos de Trotsky. Muito cedo, ele foi alijado da liderança revolucionária e foi exilado, primeiro, na Sibéria e, mais tarde, em vários países em sucessão. Mas ao contrário dos outros dois, não há apenas discursos seus gravados em russo, mas também em inglês, francês e alemão, línguas que ele dominava mais ou menos bem (o inglês, a pior de todas).

Os vídeos legendados tinham sido originalmente publicados no Pan-Eslavo Brasil, meu antigo canal do YouTube. Aqueles sem legenda e apenas com a tradução escrita são posteriores a 2021, quando o Google “suicidou” a joia de minha coroa. A própria plataforma foi a fonte da maioria dos vídeos traduzidos, mas no site Sovmusic.ru, o maior acervo online de áudios e cartazes da era soviética, também existem gravações com o áudio de alguns dos discursos de Trotsky em MP3 pra se escutar lá mesmo ou se baixar. Nesta lista, não incluí os artigos escritos, que podem ser acessados clicando na tag “Leon Trotsky”.

As publicações listadas abaixo, classificadas por ordem cronológica, não fazem parte de uma produção padronizada e controlada, como ocorreu com os discursos de Lenin. Elas surgiram de acordo com minha possibilidade corrente de traduzir os discursos de Trotsky em texto e em vídeo. É pouco possível que surjam outras mídias faladas do ucraniano, mas esta lista pode ser atualizada, até se esgotarem todas as possibilidades.

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1. União fraternal das repúblicas soviéticas (abril de 1919)

2. A tarefa sagrada do Exército Vermelho (1920)

3. Trotsky defende a Revolução de Outubro (27 de novembro de 1932)

4. Trotsky antevê hegemonia dos EUA (novembro de 1932; título meu)

5. Os dez anos da Oposição de Esquerda (outubro de 1933; título meu)

6. Trotsky condena Processos de Moscou (fevereiro de 1937 ou depois; título meu)

7. Sobre a fundação da Quarta Internacional (18 de outubro de 1938)



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

A Conceição Tavares de Munique


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Tava sentindo falta dos memes? Pois aqui está um, rs. O experiente diplomata alemão Christoph Heusgen, que presidiu a Conferência de Segurança de Munique (MSC), a encerrou em 16 de fevereiro de 2025 com um discurso preocupado com a desordem que se formou após a tentativa de resolver muitos conflitos recentes pela pura e simples força militar: Ucrânia, Palestina, Congo Kinshasa, Sudão... Dias antes, o Barbudinho Aloprado, vice-ditador do Trampestão, meteu o louco dizendo que seu principado não ajudaria mais na segurança europeia, e que a península mais ocidental da Ásia deveria se virar no futuro. Ele não citou a invasão do Cabeça de Rola à Ucrânia, defendeu abertamente certo partido em eleição estrangeira em que não deveria se meter e deixou o público boquiaberto.

Talvez pensando nesse papelão, Heusgen, que até outro dia eu nem fazia ideia de quem se tratava, fez outro papelão e caiu em prantos ao terminar o discurso de encerramento. Nos comentários em alguns canais do YouTube, ele virou alvo de piadas como o “símbolo” do que a Europa estaria se tornando: um clube de senhorinhas fracas cercado por potências autocráticas. Momento comparável, talvez só em 2007, quando no mesmo evento o cleptocrata praticamente anunciou o pandemônio bélico em que ia transformar a vizinhança... Infelizmente, não há muitas versões abreviadas sem aquele monte de aberrações gráficas de cada veículo de mídia, mas na transmissão completa do terceiro e último dia pela DW News em inglês, consegui achar o referido trecho, e com a vantagem de não ter sido dublado em outro idioma. Este reel legendado pelo Channel 4 News britânico me ajudou a corrigir a transcrição da fala.

Fiquei sabendo do incidente pela Belsat, TV belarussa exilada que também transmite em russo (e pela qual basicamente substituí a aguada Dozhd – trocadilho involuntário, rs), e fui correndo procurar. Não pude deixar de fazer um paralelo com o famoso dia em que a economista dilmista Conceição Tavares chorou (ou pelo menos quase) na TV durante a implementação do Plano Cruzado. Quem chora por último, chora melhor, afinal, ele foi um fracasso, assim como tudo e todos que vêm da famigerada “escola econômica da Unicamp”. Com a autorização dos respectivos empresários (rs), também vieram completar a turma de marmanjos chorões o Pica-Pau com um de seus famosos bordões e Beth Carvalho com o samba Vou festejar:


Está claro que nossa ordem internacional baseada em regras está sob pressão. Acredito firmemente que este mundo mais multipolar precisa ser baseado em um único conjunto de normas e princípios, na Carta da ONU e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa ordem é fácil de avariar, é fácil de destruir, mas é muito mais difícil de reconstruir. Então, vamos nos ater a esses valores, não vamos reinventá-los, mas focar em fortalecer sua aplicação consistente.

Permitam-me concluir, e isso se torna difícil...


It is clear that our rules-based international order is under pressure. It is my strong belief that this more multipolar world needs to based on a single set of norms and principles, on the UN Charter and the Universal Declaration of Human Rights. This order is easy to disrupt, it is easy to destroy, but it is much harder to rebuild. So let us stick to these values, let us not reinvent them, but focus on strengthening their consistent application.

Let me conclude, and this becomes difficult...



quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

“Grandega amo” (And I love her)


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Eis outra tradução minha de uma canção pro esperanto, ainda não publicada, que fiz em 9 de janeiro de 2003, mas que hesitei em divulgar, porque não achei o texto bastante inteligente. É a canção And I Love Her (E eu a amo), de John Lennon e Paul McCartney, a qual renomeei Grandega amo (Amor enorme). Pra traduzir pro esperanto, também aproveitei as versões em espanhol (Mi gran amor le di) e em português (Eu te amo), então, de certa forma, ela é um “híbrido” dessas três línguas, rs. O vídeo tem a versão gravada por Julio Iglesias.

Jen alia ankoraŭ nepublikata traduko mia de kanzono al Esperanto, kiun mi faris la 9-an de januaro 2003, sed mi hezitis disvastigi ĝin, ĉar mi ne trovis la tekston sufiĉe inteligenta. Ĝi estas la kanzono And I Love Her (Kaj mi ŝin amas), de John Lennon kaj Paul McCartney, kiun mi renomis Grandega amo. Por Esperantigi ĝin, mi ankaŭ profitis la versiojn en la hispana (Mi gran amor le di) kaj la portugala (Eu te amo), do, iumaniere, ĝi estas “hibridaĵo” de tiuj tri lingvoj, hehe. La video havas la versiojn registritan de Julio Iglesias:


Grandega amo

Mi tro amadis vin,
Nur faris tion,
Sed vi ne volas min;
Vi estas ĉio!
Mi vin amas.
Karesojn donis mi
Kaj mi vin kisis.
Ĉe l’ amo, frenezaĵ’,
Mi ne forgesis.
Mi vin amas.

Grandega am’
Ekzistas ne,
Eterna ja,
Sen pere’.

Min helpos la stelar’
Vin rekonkeri.
Kun maltrankvila kor’
Mi tion verkis:
“Mi vin amos”.

____________________


I give her all my love
That’s all I do
And if you saw my love
You’d love her too
And I love her.
She gives me everything
And tenderly
A kiss my lover brings
She brings to me
And I love her

A love like ours
Could never die
As long as I
Have you near me

Bright are the stars that shine
Dark is the sky
I know this love of mine
Will never die
And I love her



sábado, 11 de janeiro de 2025

MELHOR PIADA DE VELÓRIO


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Viralizou esta semana um momento de descontração em que Donald Trump, acompanhado da esposa Melania, e Barack Obama, desacompanhado de Michelle, em pleno funeral do ex-presidente Jimmy Carter na Catedral Nacional de Washington, parecem rir da própria conversa antes da chegada do “corpo do Benito”. Na transmissão feita pela emissora de política C-SPAN, também é possível acompanhar os constrangedores momentos do encontro cara a cara de figuras que parecem se odiar, como Joe e Jill Biden, Bill e Hillary Clinton, George e Laura Bush, a atual vice-presidente Kamala Harris e seu marido e os ex-vices Mike Pence e Al Gore (de Bush, pra quem não se lembra) com suas respectivas bruacas. Realmente, foi uma conjunção astral raríssima, não vista nem nos 20 anos do Onze de Setembro!

Curiosamente, Trump e Pence se cumprimentam, mesmo depois da turba do Seis de Janeiro ter pedido o enforcamento de Mike em 2021. Kamala nem quer saber de olhar pra Donald, e num certo momento em que seus olhares sem querer se cruzam, nem parecem se conhecer. Não sei por quê, os Clinton também sequer olham pro Ronald Golias do Texas, um dos maiores criminosos de guerra ainda em circulação. Em artigo escrito por uma tal Rhianna Benson, ela menciona o leitor labial forense Jeremy Freeman, que teria decifrado em parte o estranho diálogo (os dois ex não se dão exatamente mal) pro New York Post. Abaixo está minha tradução da parte pertinente, com algumas notas adicionais.

Realmente, dada a seriedade do evento, e mesmo que o caixão ainda não tivesse chegado, ficou feio pros dois conversarem às risadinhas ante as câmeras de uma rede nacional. Mas pessoalmente, eu interpretaria que Trump estava contando pra Obama (que nunca ligou muito pras carnificinas de Putin e de al-Asad) seu mais novo plano pra despedaçar a Ucrânia. Melania, que já passa vergonha tendo de aguentar marido velho sem noção, parece olhar brava e logo depois virar a cara: deve ter se lembrado de como foi “despedaçado” seu país natal, a Iugoslávia!

Quanto ao antigo garanhão tarado Bill Clinton, tenho duas interpretações. Uma podia ser a legenda de um meme zoomer pro Teco-Teco: “Eis que caiu matriz no ENEM, mas você não estudou”. (Confesso, foi meu caso pessoal quando prestei a Unicamp, rs!) E a segunda, é que o idoso há algumas semanas internado com “febre” deve estar literalmente tremendo de medo de ser o próximo, o que também explicaria a fuça nada hillary da Hilária. Deixo abertas outras explicações aos especialistas!

Será que pelo menos serviram um cafezim?...




Falando ao New York Post, Freeman começou observando que a dupla provavelmente estava discutindo acordos internacionais.

Ele acredita que o presidente eleito Trump avisou Obama que eles deveriam “encontrar um lugar tranquilo” pra discutir o “assunto de importância” mais tarde durante o dia, longe das centenas de câmeras voltadas pra eles.

Freeman acrescenta que, em um ponto, parece que Trump se inclina pra Obama e lhe diz: “Eu saí disso. São as condições. Você consegue imaginar isso?”.

Seria essa uma referência ao acordo nuclear de Obama com o Irã de 2015, do qual Trump notoriamente se retirou? Ou ao Acordo Climático de Paris de 2016 que ele rejeitou durante seu primeiro mandato como presidente?

Ainda não está claro; no entanto, Freeman diz que Obama então ri, enquanto Trump é visto dizendo a ele: “E depois, eu vou [I will]”.

A câmera de TV então cortou a dupla, que estava sentada entre a ex-primeira-dama Laura Bush e a esposa de Trump, Melania, de 54 anos, antes de retornar a eles.

Então, Trump aparentemente diz a Obama, “Me chame no foy depois, sim”, uma possível referência ao átrio [foyer; na arquitetura técnica, seria o espaço chamado “narthex”] da Catedral Nacional, onde foi realizada a celebração.

Freeman acredita que Obama diz algo como “Você pode apenas...” e “Deve ser bom”.

Ele diz que Trump então responde: “Não posso falar, temos que encontrar um lugar tranquilo alguma hora. É uma questão de importância e precisamos fazer isso lá fora pra que possamos lidar com isso, certamente, hoje”.

Obama então acena, antes de dizer a Trump “Escute, é um porre [chore], um porre”, cujo contexto Freeman não consegue determinar.

No entanto, Trump supostamente responde: “Sim, certo. Não consigo pensar em nada que seja um porre”.


Por fim, mudando completamente de assunto: não sei se você se lembra desta cena, geralmente despercebida, do último episódio da série do Chaves em Acapulco, mas eu morria de rir quando passava no SBT. E ainda rio pra caramba, hahaha!


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Fazer o bem faz bem... literalmente


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Aproveitando o espírito de Natal, foi publicada em 25 de dezembro de 2024, no site da National Public Radio (NPR) dos EUA, uma reportagem assinada por Maria Godoy, editada em texto por Jane Greenhalgh e que pode ser ouvida em formato podcast na própria página. Em tradução livre pro português, seu título poderia ser “Quando a gentileza se torna um hábito, ela melhora nossa saúde” e se trata de mais um apanhado de pesquisas sobre como simples mudanças no cotidiano podem fazer um bem danado pro corpo e pra mente. Cientistas americanas têm observado que a persistência em atitudes altruístas, sobretudo o engajamento em voluntariado, pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, fortalecer nosso cérebro e prevenir dores físicas. As descobertas ainda estão em estágio inicial, mas parecem promissoras.

Em todo caso, quem nunca constatou na prática uma sensação espontânea de bem-estar após ajudar alguém, sem ser com segundas intenções (o que geraria o estresse de esperar pela retribuição)? Vale lembrar que os estudos não levam em conta a variável “beber cerveja toda vez que se apresenta num show musical”, mas dado o histórico em Xerém, quem sabe também não haja aí uma relação de causa e efeito? Rs. Após usar o Google Tradutor pra obter a base do artigo, revisei manualmente, imprimi meu próprio estilo e simplifiquei quando possível. Mantive todos os links originais, sem traduzir, portanto, os textos aos quais eles levam.





Imagens aleatórias do Zeca Pagodinho meramente ilustrativas, rs!


Pesquisas mostram que pessoas que se dedicam regularmente ao voluntariado têm risco menor de mortalidade e melhor saúde física à medida que envelhecem.

É aquela época do ano em que se costuma ser um pouco mais gentil e fazer coisas boas pros outros. Bem, aqui vai algo interessante: pesquisas sugerem que quando tornamos os atos de gentileza um hábito, isso também é bom pra nossa saúde.

Seja como voluntário num banco de alimentos local ou levando sopa pra um vizinho doente, há muitas evidências de que quando ajudamos os outros, isso pode aumentar nossa própria felicidade e bem-estar psicológico. Mas cada vez mais pesquisas também afirmam que isso melhora igualmente nossa saúde física, diz Tara Gruenewald, psicóloga social e de saúde da Chapman University.

A maioria das evidências vem de estudos observacionais de pessoas que praticam o voluntariado regular. Mas também há evidências experimentais. Talvez a mais impressionante venha do teste Baltimore Experience Corps, um amplo experimento em que adultos com 60 anos ou mais foram designados aleatoriamente ou como voluntários em escolas de ensino fundamental ou como parte de uma lista de espera. Os voluntários passaram pelo menos 15 horas por semana fornecendo tutoria a crianças carentes. Dois anos depois, os pesquisadores descobriram que os voluntários tiveram mudanças mensuráveis em sua saúde cerebral.

“Eles não sofreram declínios na memória e no controle cognitivo, como vimos em nossos participantes de controle”, diz Gruenewald, uma das pesquisadoras envolvidas no teste. “E houve até mesmo mudanças de volume em áreas do cérebro que dão suporte a esses diferentes processos cognitivos”.

Os voluntários também eram fisicamente mais ativos, “o que é importante pra manter tanto a saúde cognitiva quanto a física à medida que as pessoas envelhecem”, explica.

Outras pesquisas descobriram que pessoas que praticam o voluntariado regular têm menor risco de mortalidade e melhor capacidade física à medida que envelhecem. “As pessoas conseguem caminhar mais em idades mais avançadas, têm melhor equilíbrio e assim por diante”, diz Laura Kubzansky, professora de ciências sociais e comportamentais na Harvard T. H. Chan School of Public Health.

Kubzansky estuda a interação entre saúde física e mental. Ela tem descoberto em suas pesquisas que pessoas mais engajadas no voluntariado e em doações de caridade têm níveis menores de dor física.

Ela diz que os pesquisadores ainda não sabem os mecanismos exatos pelos quais o voluntariado e os atos de gentileza melhoram a saúde das pessoas, mas é provável que vários processos desempenhem um papel.

Por exemplo, o estresse causa no corpo reações em cascata que podem elevar a pressão arterial e, por fim, levar a níveis mais altos de colesterol e a outras mudanças que aumentam o risco de doenças cardiovasculares e outros danos à saúde. Kubzansky diz que o voluntariado pode ajudar a amortecer esse desencadeamento do estresse.

“Ser voluntário ou fazer um ato de gentileza pode te distrair de alguns dos problemas que você pode estar vivendo, então você mesmo pode ficar um pouco menos reativo”, continua. E “pode te ajudar a ampliar a perspectiva sobre quais são seus próprios problemas”.

E quando você sai pra ajudar os outros, também se torna mais ativo fisicamente e menos solitário. O isolamento social é um conhecido fator de risco pra problemas de saúde física e mental, sobretudo à medida que envelhecemos.

“Sabemos que uma saúde mental melhor está associada a uma saúde física melhor”, diz.

A maioria das pesquisas nesse campo tem observado adultos mais velhos e de meia-idade. Há menos evidências sobre os benefícios de atitudes altruístas à saúde quando se trata de pessoas mais jovens, diz Julia Boehm, professora associada de psicologia na Chapman University e estudiosa dos fatores sociais e psicológicos que influenciam a saúde em crianças e adolescentes.

Mas um estudo que realmente se destaca envolveu estudantes do ensino médio que foram designados aleatoriamente pra serem voluntários por 10 semanas com crianças do ensino fundamental. Comparados aos estudantes no teste que foram colocados numa lista de espera, os voluntários adolescentes tiveram melhorias em vários indicadores da saúde cardiovascular.

“Os alunos engajados em atividades de voluntariado com alunos mais jovens apresentaram índices de massa corporal (IMC), indicadores inflamatórios e colesterol total mais saudáveis”, diz Boehm. E os alunos que mais aumentaram em empatia e atitudes altruístas, e que mais diminuíram seu mau humor, também tiveram as maiores reduções no risco cardiovascular ao longo do tempo.

Outras pesquisas em adultos também relacionam a participação regular tanto em atividades voluntárias quanto em atos mais informais de gentileza – como ajudar um vizinho – a um risco menor de doenças cardiovasculares.

Considerando o que se descobriu até agora, Kubzansky diz que gostaria de ver as autoridades de saúde tornando a pesquisa sobre os benefícios do voluntariado e de outros atos de gentileza uma prioridade de saúde pública.

Nesse meio-tempo, Gruenewald diz que realmente não há erro quando adotamos comportamentos que visam a ajudar os outros.

“No mínimo, isso vai tornar o mundo um lugar um pouco melhor pra muitos outros. E podemos o tornar um pouco melhor pra nós mesmos”, diz.



quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Trotsky funda 4.ª Internacional, 1938


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Vocês já devem estar pensando que tenho uma queda por Leyba Bronstein ou que, por estar saturando com ele o Natal de vocês, estou lhes “passando um Trotsky”... rs (tá, essa doeu). Ocorre que, ficando tudo mais corrido em dias de festa (saídas, refeições, sono mais prolongado), embora eu mesmo não seja um fanático pelo Dia do Sol Invicto, essas tarefas relacionadas ao fundador do Exército Vermelho se revelaram mais rápidas e fáceis de “desencalhar”. Aliás, devido a várias correções que fiz na transcrição ao comparar com o áudio, o trabalho com Pierre Broué se revelou mais árduo e demorado, ao contrário deste, cuja curta transcrição tinha poucas divergências em relação ao som.

Em seu último exílio, Trotsky se fixou perto da capital do México, na cidade de Coyoacán, onde seria assassinado em 1940 e onde hoje existe uma casa-museu sobre sua vida e luta. Segundo a edição feita pelo Marxists.org, a gravação do discurso abaixo foi feita em 18 de outubro de 1938 em seu novo lar, transmitida num comício de trabalhadores em Nova York (ao qual o governo americano teria impedido o líder de se dirigir) no dia 28 seguinte e publicada em escrito pela primeira vez em novembro de 1938. Aborda-se a fundação da chamada “Quarta Internacional”, ou “Internacional trotskista”, pra alguns, resultante do insucesso da luta de Trotsky contra uma alegada “degeneração” do regime soviético e da Comintern (a “Terceira” Internacional) sob Iosif Stalin, seu inimigo pessoal de longa data. Primeiramente ele formou em Moscou uma “oposição de esquerda” dentro do Partido Bolchevique, passo seguido por outros comunistas ao redor do mundo, mas sem obter êxito, acabou criando seu próprio movimento, muito menor, mas ferozmente perseguido pelo Kremlin.

A 4.ª Internacional tinha sido fundada em setembro de 1938, em congresso reunido perto de Paris, na casa de Alfred Rosmer, figura de destaque na Comintern que tinha passado pro lado de Trotsky. Mas ao longo dos anos, ela se dividiu em diversas facções, brigando por causa de “cousas miúdas”, e hoje vários grupos se reivindicam, sem muita justificativa, como continuadores da “Quarta”. O exclusivismo abstrato e o complexo de vanguarda de Trotsky, evidentes neste texto, mostram como há pouca ruptura com os vícios da Rússia soviética e do marxismo apocalíptico (e nada construtivo) iniciado por Vladimir Lenin. Não por menos, o “trotskismo”, sem uma visão de mundo clara nem propostas concretas pra melhorar a vida do povo pobre, tem hoje como principal público jovens radicalizados nas universidades e está cada vez mais espremido entre a nova ascensão de movimentos fascistas, a reabilitação do stalinismo criminoso em roupagem “eurasianista” e uma centro-esquerda dita “de governo”, por vezes com tintura populista, preocupada somente com mesquinharias eleitorais.

Abaixo seguem um vídeo com o áudio completo do discurso de Trotsky gravado em Coyoacán e exibido em Nova York, que achei exatamente hoje, e outros dois com partes distintas, que eu já tinha guardado há uns anos, um deles indicando erroneamente Copenhague como local da gravação. Eu traduzi a partir do original inglês indicado acima, usando o Google Tradutor e depois refazendo todo o texto conforme meu estilo pessoal e o cotejamento com o áudio. E pra não quebrar o ritmo da leitura, coloquei também umas poucas notas explicativas entre colchetes, e não em rodapé, como se poderia esperar:






Queridos camaradas e amigos!

Espero que desta vez minha voz chegue até vocês e que me seja permitido, desta forma, participar de sua dupla comemoração. Ambos os eventos – o décimo aniversário de nossa organização americana e o congresso de fundação da 4.ª Internacional – merecem dos trabalhadores uma atenção incomparavelmente maior do que os gestos bélicos dos chefes totalitários, as intrigas diplomáticas ou os congressos pacifistas.

Ambos os eventos vão entrar pra história como marcos importantes. Agora, ninguém tem o direito de duvidar disso.

É necessário lembrar que o nascimento do grupo americano de bolcheviques leninistas, graças à corajosa iniciativa dos camaradas [James Patrick] Cannon [1890-1974], [Max] Shachtman [1904-1972] e [Martin] Abern [nascido Abramowitz, 1898-1949], não ocorreu sozinho. Coincidiu aproximadamente com o início do trabalho internacional sistemático da Oposição de Esquerda. É verdade que a Oposição de Esquerda surgiu na Rússia em 1923, 15 anos atrás, mas o trabalho regular em escala internacional começou com o 6.º Congresso da Comintern.

Sem um encontro pessoal, chegamos a um acordo com os pioneiros americanos da 4.ª Internacional, antes de tudo, quanto à crítica do programa da Internacional Comunista [Comintern]. Então, em 1928, começou o trabalho coletivo que, dez anos depois, levou à elaboração de nosso próprio programa recentemente adotado por nossa Conferência Internacional. Temos o direito de dizer que nessa década, o trabalho não foi apenas persistente e paciente, mas também honesto. Os bolcheviques leninistas, os pioneiros internacionais, nossos camaradas em todo o mundo, como autênticos marxistas, buscaram o caminho da revolução não em seus sentimentos e desejos, mas na análise da sucessão objetiva dos acontecimentos. Acima de tudo, fomos guiados pela preocupação de não enganar os outros nem a nós mesmos. Nossa busca foi séria e honesta. E nós descobrimos algumas coisas importantes. Os acontecimentos confirmaram tanto nossa análise quanto nossas previsões. Ninguém pode negar. Agora é necessário que permaneçamos fiéis a nós mesmos e a nosso programa. Não é algo fácil de se fazer. São gigantescas as tarefas, e incontáveis os inimigos. Só temos o direito de dedicar nosso tempo e atenção à comemoração do jubileu na medida em que, a partir das lições do passado, possamos nos preparar pro futuro.

Queridos amigos, não somos um partido como os outros. Não ambicionamos meramente ter mais membros, mais jornais, mais dinheiro em caixa, mais deputados. Tudo isso é necessário, mas apenas como um meio. Nosso objetivo é a plena libertação material e espiritual dos trabalhadores e explorados por meio da revolução socialista. Ninguém vai a preparar e guiar, exceto os bolcheviques leninistas. Repito: ninguém exceto nós mesmos. As velhas Internacionais – a Segunda, a Terceira, a de Amsterdã, às quais também juntamos o Birô de Londres [o efêmero Centro Marxista Revolucionário Internacional, que em 1932-40 rejeitou tanto Stalin quanto Trotsky] – estão inteiramente podres.

Os grandes acontecimentos que se precipitam sobre a humanidade não vão deixar pedra sobre pedra dessas organizações remanescentes. Somente a 4.ª Internacional encara o futuro com confiança. É o partido mundial da Revolução Socialista! Nunca houve na Terra uma tarefa maior. Repousa sobre cada um de nós uma gigantesca responsabilidade histórica.

Nosso partido exige por completo cada um de nós. Que os filisteus persigam no vácuo sua própria individualidade. Pra um revolucionário, entregar-se inteiramente ao partido significa encontrar a si mesmo.

Sim, nosso partido toma por completo cada um de nós. Mas em troca dá a cada um de nós a satisfação suprema: a consciência de estar participando da construção de um futuro melhor, de carregar em seus ombros uma partícula do destino da humanidade e de não ter vivido sua vida em vão.

A fidelidade à causa dos trabalhadores exige de nós a mais alta devoção a nosso partido internacional. É claro que o partido também pode errar. Pelo esforço comum, vamos corrigir seus erros. Em suas fileiras podem adentrar elementos sem mérito. Pelo esforço comum, vamos os eliminar. Milhares de novos membros provavelmente vão entrar amanhã em suas fileiras sem a instrução necessária. Pelo esforço comum, vamos elevar seu nível revolucionário. Mas nunca vamos esquecer que nosso partido é agora a maior alavanca da história. Privados dessa alavanca, nenhum de nós tem significado. Com essa alavanca na mão, somos tudo, tudo, tudo!

Não somos um partido como os outros. Não é à toa que a reação imperialista nos persegue loucamente, colada furiosamente em nossos calcanhares. Os assassinos a seu serviço são os agentes do bando bonapartista de Moscou. Nossa jovem Internacional já conhece muitas vítimas. Na URSS, se contam os milhares. Na Espanha, às dezenas. Em outros países, às unidades. Com gratidão e amor, recordamos todos eles nestes momentos. Eles continuam lutando em espírito em nossas fileiras.

Em sua obtusidade e cinismo, os carrascos pensam que é possível nos amedrontar. Estão errados! Enquanto apanhamos, mais fortes ficamos. A política bestial de Stalin é uma simples política de desespero. Pode-se matar soldados individuais de nosso exército, mas não os amedrontar. Amigos, e especialmente vocês, jovens amigos, vamos repetir novamente neste dia de comemoração: é impossível nos amedrontar.

Queridos camaradas, foram necessários dez anos pro bando do Kremlin estrangular o Partido Bolchevique e transformar o primeiro Estado Operário numa sinistra caricatura. Foram necessários dez anos pra 3.ª Internacional [Comintern] amassar na lama seu próprio programa e transformar a si mesma num cadáver fétido. Dez anos! Apenas dez anos! Permitam-me terminar com uma previsão: durante os próximos dez anos, o programa da 4.ª Internacional vai se tornar o guia de milhões, e esses milhões de revolucionários vão aprender a tomar a terra e o céu de assalto.

Viva o Partido Operário Socialista dos Estados Unidos!

Viva a 4.ª Internacional!