A vida de cada um anda em seu próprio ritmo, e não posso me queixar de coisas boas que me aconteceram em 2025 e que podem acontecer em 2026. Porém, enquanto “sociedade de massas”, não escapamos a tentar decifrar como andam as coisas no nível coletivo, mesmo que possa ser uma conjetura ilusória. E garanto que na “percepção geral”, geralmente aumentada ou deturpada pelas redes sociais, o primeiro ano do segundo quarto do século 21 não augura muita coisa boa, especialmente na Banânia.
Vamos ter Copa, ou seja, tudo vai parar e o psicológico das pessoas vai entrar num modo estranho. Vamos ter eleições presidenciais, as primeiras sem o “fenômeno Mito” (mesmo que ele deixe rebentos), isto é, todo mundo vai brigar e a internet vai ficar poluída de ódio e falsidades. Vamos ter também legislativas federais, que a cada 4 anos se tornam uma aposta pra saber o quanto o Regresso Irracional vai ficar pior, e pela primeira vez desde 2010 corremos o risco de perder o ilibado tribuno Tiririca. As guerras mais comentadas pela mérdia jeguemônica provavelmente não vão acabar, mas no mínimo se agravar e gerar consequências ainda mais desastrosas pro futuro pós-acordos. O clima vai mudar pra pior, e vamos ver fenômenos extremos com cada vez mais frequência, em todos os estados: calorão, friozão, chuvão, ventão, enchentes, deslizamentos, secas prolongadas e os negacionistas de sempre pondo a culpa no “ciclo natural da Terra”. As pessoas vão ficar cada vez menos “conversáveis” nas mídias digitais, os apps de namoro vão se transformar num lixão de desespero e vergonha alheia, e o pior de tudo: vão chegar à idade adulta cada vez mais zoomers, cuja falta de referência sobre o que foi o mundo pré-digital vai tornar nossa população economicamente ativa mais birrenta, mais ansiosa e mais dispersiva.
Aliás, pra que os próximos 12 meses não sejam desagradáveis pra quem “surfa na rede mundial” muito mais intensamente do que eu, estou lançando uma promoção: se você era inscrito ou assistia com frequência aos vídeos de meu finado canal Pan-Eslavo Brasil (2010-2021) no YouTube, escreva nos comentários, use a caixa de recados à direita ou me mande uma mensagem pedindo a cópia de um dos vídeos (legendas, montagens, memes) que você queria, mas não consegue mais encontrar. Única exceção: os vídeos de mim mesmo com aulas enormes sobre determinados temas, a maioria dos quais apaguei devido à total inadequação do modelo. É claro que quase todos já se encontram incorporados nesta página, mas nem sempre são fáceis de achar, até que eu crie um mecanismo pra otimizar a localização.
Minhas motivações básicas são 3: não ter conseguido arranjar um único “reupador” oficial fiel (já que eu mesmo não quero fazer isso) que desse ao material a dignidade que ele merece; democratizar a distribuição de material educativo, fazendo com que ele atraia mais visualizações e, talvez, inscritos pra outros canais; e manter acesa no YouTube a chama do velho canal, que só esporadicamente ressurgiu entre alguns heróis isolados (e não autorizados). Só ponho uma condição: referenciar diretamente na descrição meu nome, esta página e minha autorização expressa!
Portanto, se você me acompanha desde os tempos em que tive o Sites Sobre Idiomas (SSI) ou o blog Pensadores Libertos e militava como um esperantista fanático (saudosos anos 2000!), desde que criei o Pan-Eslavo Brasil e militava como um anticatólico ressentido (anos 2010 que não voltam mais!), ou desde que lancei esta página em agosto de 2014 ou em algum tempo posterior, ou simplesmente acabou de cair aqui de paraquedas agora... Como quer que seja, não lhe desejo um feliz 2026. Eu espero que seu ano-calendário seja razoável, que haja o menos possível de desgostos e que as meldas que acontecerem sejam de curto impacto, prejuízo mínimo e agonia passageira. E, claro, se vier repleto de “momentos felizes”, como os chama o filósofo Odair José, melhor ainda!
Pois minha maior felicidade é estar rodeado, pessoal ou virtualmente, de pessoas que tentam se aperfeiçoar e têm a busca de cada vez mais conhecimento como um ideal de vida, do que decorre a humildade sobre nosso papel na Terra. Não que eu me ache melhor que todo mundo e que, naturalmente, atraia tais seres, mas realmente elas são um presente em meu percurso e como que ajudam a formar a meu redor uma espécie de “campo repelente” contra qualquer um que encarne a negatividade, a autopiedade, o culto da ignorância, o narcisismo egoísta, o espírito de manada e a autossuficiência arrogante. É verdade, mesmo que eu tente me aproximar de pessoas assim, elas se afastam de mim, tal qual os polos iguais de dois ímãs, parece incrível!
Não é o caso do senhor Mirosmar José de Camargo, um poço de empáfia de incríveis 1,63 m de altura e alguns meses mais velho que minha mãe. Na década de 1990, ele resolveu gravar uns discos com seu irmão mais novo, Welson David, e eu até que gostava das composições desse tempo. Mirosmar também compunhetava pra outros intérpretes e assim continuou, mas a qualidade de sua voz decaiu a olhos vistos com o passar dos anos. Descontando o fato que Welson passava praticamente inaudível, escutá-lo em apresentações na TV deixou de ser um entretenimento agradável pra se tornar uma angústia diante de seu desgaste físico visando obter um mínimo de voz discernível e afinada. Pior ainda, sua crescente irrelevância no showbiz (exceto nos gordos cachês que obtinha de prefeituras de cidades pobres e pequenas no esquema panis et circenses) deformou ainda mais sua personalidade, levando-o a passar do lulismo de “festa da posse” ao apoio mais ridículo e constrangedor ao Jeno, cuja amostra já tivemos aos montes, entre as quais o insone vídeo “Dormindo com o Bozo”.
Apesar de desentendimentos ocasionais e de constantes boatos de separação da “dupra de dôi”, o afastamento parece ter sido natural e silencioso. Enquanto Mirosmar ainda se prende a um passado que não volta mais, Welson parece ter optado pela discrição, evitou as polêmicas e conservou seu instrumento vocal pra novos projetos, mirando um público, digamos, de mentalidade bastante peculiar (e sim, eu não uso YouTube no app, mas no Chrome mesmo!):

Cheguei até a planejar uma publicação de fim de ano com alguns memes e outras passagens engraçadas, mas decidi os descartar e fiquei com as seguintes passagens de outro vídeo igualmente patético, referente a uma polêmica envolvendo a TV dos Abravanel e sobre o qual não vou nem quero explicar porque você talvez já esteja sabendo. Só ontem, não sei bem por que razão, acabei vendo a presepada completa e quase caí de costas com a revolução gramatical no campo da concordância verbal realizada pelo sr. Mirosmar, provavelmente sob o efeito de seu inseparável companheiro álcool.
Se não é pra virar meme, é pra virar pelo menos bordão de amigos numa mesa de bar e material pra que linguistas do futuro tentem desvendar o mistério de sua concordância baseada no sentido de “coletivo”, e não no número gramatical dos substantivos em questão. Começando com o São uma hora da manhã e eu estou aqui, todo mundo sabem... Primeiro, a assimilação de “uma hora” com as demais horas plurais, ao modo de quando eu era criança e falava pra minha mãe “Às uma!”, com o som de “azuma”. Segundo, o sentido plural implícito em “todo mundo”, ao modo de seus conterrâneos que falam “a gente semos filiz”. E finalmente, Vai se phodérem, com uma abertura vocálica inexplicável (sem ser por seu estado de embriaguez sonolenta) e o deslocamento da marca do plural (“vão”) de um verbo pra outro.
Que inovação, que genialidade! Antes de eu lançar os célebres discursos de fim de ano, que vão aparecer aqui nos próximos dias a partir de 31 de dezembro, não pude deixar de eternizar esta pérola da linguística com as devidas glosas explicativas:
Enquanto tirava uma dúvida pra escrever este texto, me lembrei de algo que aconteceu há muitos anos. Quando eu estava em algum momento do fim do Ensino Fundamental 1 ou início do Médio (antigos ginásio e colegial/2.º grau), uma querida professora de português que tive na 5.ª série (atual 6.º ano) aplicou um ditado conjunto pra nossa classe e outras mais novas. Consistia de 50 palavras, das quais acertei 49. Qual delas, afinal, errei?
Era “pára-quedista”. Embora esta fosse então a forma correta, tinha escrito exatamente como segue, e acabei de descobrir que agora está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. O finado Bechara fez justiça tardia pra que eu gabaritasse o ditado:

E pra não perder o costume, algumas notícias de hoje às quais não pude deixar de tecer comentários relativamente chistosos:










Volta e meia estes vídeos são regurgitados do esgoto autocrático que Belarus foi se tornando desde 1994, quando Aliaksandr Lukashenka (eu escrevo o nome em belarusso, e não no russo “Aleksandr Lukashenko”) venceu as únicas eleições livres pra presidente do país recém-independente. A antiga RSS da Bielorrússia elegeu o populista e ex-gestor de fazenda estatal soviética (sovkhoz) que prometia acabar com a corrupção, mas logo de cara já mandou prender, perseguir, exilar, torturar e matar opositores políticos. Isso, em meio a opiniões “intelectuais” no Ocidente o pintando como um antifascista respeitoso da antiga “glória” da “pátria do proletariado internacional”.











Na edição mais recente da revista Crítica Marxista (n.º 58), publicada pelo IFCH da Unicamp, foi publicado um 


No último dia 31 de outubro, bem na festa ianque do Relouim que resolveram bobamente importar pra cá, William Bonner se 



