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Como dizem nossas avós: nunca aceite doces de
A primeira vez em que fiz uma publicação exclusiva com memes de países eslavos ou vizinhos foi em outubro de 2018, e mesmo assim a graça deles tá bem duvidosa... Até porque alguns deles tinham sido publicados pela primeira vez num extinto YouTube meu uns anos antes, ou seja, eu não dominava boas tecnologias, a plataforma ainda não tinha alcançado monopólio, minha internet era um lixo e eu tinha pouco contato com canais locais, devido ao conhecimento incipiente de idiomas.
Hoje eu me sinto mais seguro pra fazer certas brincadeiras, ainda mais que sem a perseguição do YouTube, sou mais livre pra postar o que quiser nesta página. Porém, os tempos eram mais pacíficos, e hoje o mundo todo, e não só os eslavos, está dilacerado por causa da brutal invasão de Vladimir Putin à Ucrânia. O que já era uma rivalidade histórica entre russos e ucranianos se tornou ódio aberto, por ação de um ditador imperialista. Apesar disso, com alguma cautela, podemos brincar com certas situações que, involuntariamente, se tornaram um caos na geopolítica geral e nos países eslavos em particular. Nestes, algumas coisas estranhas têm acontecido nos últimos dias!
Sem mais rodeios, eu queria começar pelo atentado a bomba que matou o blogueiro russo pró-guerra Vladlen Tatarski, pseudônimo de Maksim Fomin, antigo combatente no Donbás que acabou sendo preso pelos ucranianos e depois fugiu. Ele ficou mais conhecido apenas no dia em que se filmou na cerimônia de anexação ilegal do Donbás e de parte do sul da Ucrânia à Federação Russa, depois do que chegou a reunir mais de 500 mil seguidores em seu canal no Telegram. Porém, a notoriedade mundial se daria justamente após sua morte, durante a explosão de uma bomba num café de São Petersburgo pertencente a Ievgeni Prigozhin, também líder do infame grupo paramilitar Wagner.
No último 2 de abril, uma moça de nome Daria Trepova (bem irônico...) entrou pra lhe presentear com um busto representando o próprio Vladlen em trajes militares e capacete. Após abrir a caixa, expressar gratidão e guardar o presente, ocorre uma grande explosão em que apenas ele morre e os outros saem feridos. Soube-se que a bomba estava na estátua presenteada, e com a análise das câmeras de segurança, chegou-se a Trepova, que já tinha participado de manifestações pró-Aleksei Navalny e contra a guerra na Ucrânia. Por isso, logo após sua detenção, o governo russo começou a acusar Navalny e seus apoiadores de estarem por trás do atentado, embora eles neguem vínculos da moça com suas organizações. Teme-se que as acusações ao dissidente subam de “extremismo” a “terrorismo”, piorando sua situação já precária e as poucas brechas de expressão na Rússia.
Nenhuma grande mídia, mesmo dissidente e em russo, mostrou as imagens até a hora da explosão, e apenas meu amigo Cláudio me enviou um vídeo pelo WhatsApp, a partir de grupos opositores. Pra decorar, fiz questão de pôr ao fundo uma “versão russa” em acordeão da canção tecno Astronomia, conhecida por seu uso no célebre “meme do caixão”, criada pelo Lord Vinheteiro pra um vídeo com a mesma música como se fosse executada em vários países. Bom proveito, glória à Ucrânia e morte aos invasores:
Em 31 de março, o ditador belarusso Aleksandr Lukahsenko (que já assume com todas as letras e sem ironia que é um ditador e que pretende se eternizar no trono) fez seu discurso anual à Assembleia Nacional, um simulacro de parlamento cujos membros precisam assistir ao seu show de piadas sem-graça e, às vistas das próprias câmeras, rir da cara do velhaco. Isso, pelo menos, é uma inovação quanto à mumificada Rússia, em que até Medvedev perdeu seu encanto de “American Boy”... Ano passado, viralizou seu trecho em que um participante lhe pergunta como seria a “democracia à belarussa”, e Lukashenko lhe responde em tom de ironia (vai se saber, né): “Mas eu sou um ditador, não tem como eu falar de democracia”, causando riso generalizado.
Não haveria qualquer motivo pra assistir a esse catatau de quase cinco horas, não fosse meu interesse por treinar russo, estar informado do que se passa na região (ainda mais que Lukashenko é um fantoche de Putin) e topar por acaso com alguns memes potenciais. E de fato foi o que aconteceu neste trecho, em que um político se mostra igualzinho ao cantor sertanejo Marrone, segunda voz da dupla com Bruno, tanto na cara (mas careca) quanto na voz! Comprove:
Pela quinta vez em dois anos, a Bulgária está indo às urnas pra renovar o parlamento, já que os partidos jamais se entendem pra fazer uma sólida coalizão de governo e a crise política, portanto, se torna interminável. A Turquia é o país do mundo com o maior número de imigrantes búlgaros, e fora da própria Bulgária (mas não no cômputo geral) foi justamente o partido DPS, conhecido por ser ligado aos búlgaros de etnia turca, que levou mais votos no último 2 de abril. Numa reportagem do canal privado de notícias NOVA, vemos alguns idosos residentes na Turquia que justamente nem sabem mais quais são os cargos em disputa, tamanha a bagunça eleitoral! Abaixo segue minha montagem com tradução:
Este é Nelsinho Padovani, mais conhecido como Deputado Padovani, representante federal do Paraná pelo União Brasil. Louvamos sua nobre iniciativa, por ocasião da inauguração do Memorial Ucraniano na cidade de Cascavel, no último 26 de março, de homenagear os ucranianos que sofrem com a agressão de Putin e de condenar esta como injustificável. Porém, pra não dar munição pra certa extrema-esquerda que idolatra ditadores, ele poderia ter se informado um pouco mais pra não dizer coisas como: os primeiros imigrantes ucranianos chegaram ao Brasil entre os séculos 18 e 19; “o bol-che-vic” (que ele não pronuncia direito porque nem deve saber do que se trata) foi o fundador de um “movimento socialista comunista (?)” no qual “mataram ucranianos que fugiram do seu país” (imagine se não tivessem fugido!); e a cereja do bolo, “o bolchevic deu o movimento (?) do Olomo... Olomo domor... Olodomur”, a fome que matou mais de 6 milhões de pessoas (acho que os melhores números são de 3 a 5 milhões).
Padovani fecha com chave de ouro dizendo que o Brasil tem 1% de toda a água potável do mundo, quando na verdade apenas 1% de toda a água do mundo é apta pra consumo, e desta o Brasil guarda 12%... Grato de novo ao Cláudio por apresentar o “Olodum ucraino”, rs.
Sessão fotos: pasmem, mas o governo Talibã foi recebido junto com o ex-presidente afegão Hamid Karzai, boneco dos EUA, pelo ministro do Exterior da Rússia. Os elementos são tão díspares que, se eu não soubesse que o Kremlin tinha chegado ao fundo do poço civilizatório, juro que pensaria ser uma tela pintada pela Dilma, rs.
E pra terminar, uma reflexão sobre a França!