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Moia straná... foi lançada inicialmente em francês, na França, onde se tornou um hit sob o nome Monica, mas com uma letra toda diferente. Esse texto foi escrito pela cantora e letrista francesa Manou Roblin (n. 1944), segundo o verbete a ela dedicado na Wikipédia em francês. A versão búlgara chegou inicialmente a fazer sucesso, mas logo a censura do então regime comunista a proibiu, alegando ter “influência burguesa e referências à emigração”. Dimitrov contaria mais tarde que essa referência teria sido mal interpretada na frase “Eu vou voltar”, enquanto num concurso nacional chegou a haver até uma mudança de regras pra que Moia straná... não ganhasse. Contudo, findo o comunismo, a canção retomaria a notoriedade e receberia várias outras gravações, de Dimitrov e vários outros cantores.
Emil Dimitrov seria o artista búlgaro mais vendido da história nacional, com 65 milhões de discos vendidos no mundo inteiro, 40 milhões deles apenas na antiga URSS e nos países comunistas europeus. Foi o primeiro cantor a introduzir na Bulgária temas folclóricos às canções populares. Passou vários anos na França, onde gravou várias músicas em francês, e cantou em búlgaro vários hits mundiais famosos, como Datemi un martello e Melody Lady, conhecido no Brasil em versão de Sidney Magal. Casou-se duas vezes, tendo inclusive se casado novamente em 2000 com a mesma mulher de quem tinha se separado em 1991, e seu único filho também se chama Emil Dimitrov (n. 1970). Sofreu um derrame em 1999, que interrompeu sua carreira após limitar sua fala e movimentos e de cujas consequências morreria em 2005. Sua última aparição pública, em cadeira de rodas, foi num grande show em sua homenagem, em 2002.
Eu mesmo fiz a tradução pro português, embora usando quase sempre as versões em russo, inglês e (apenas parte 1 e refrão) francês da Wikipédia, mas cotejando com o original búlgaro quando necessário. No primeiro vídeo, que tem legendas bilíngues, este áudio foi o melhor que achei, embora também haja um rico canal todo dedicado a Emil Dimitrov. Notas sobre a transliteração do cirílico: 1) Eu uso meu próprio sistema que abrange cinco idiomas diferentes; 2) Transliterei a vogal gutural “Ъ” como “a”, mas em sílabas tônicas “â” com circunflexo, pra aumentar a clareza; 3) Usei o acento agudo apenas nas vogais tônicas em fim de palavra, pra facilitar a pronúncia e o entendimento dos interessados. Dessa forma, temos algumas palavras femininas terminadas em consoante, com acento no artigo definido posposto, como liubov/liubovtá (amor/o amor), prast/prasttá (terra/a terra) e pesen/pesentá (canção/a canção).
No segundo vídeo, uma rara apresentação ao vivo de Emil Dimitrov em 1970. No terceiro vídeo, temos o cantor russo Iosif Kobzon, conhecido como “Frank Sinatra Soviético”, e o artista búlgaro Filip Kirkorov. O belo show foi transmitido pelo canal Rossia 1 em 14 de setembro de 2012, celebrando o aniversário de 75 anos de Kobzon.
1. Колко нощи аз не спах, Колко друми извървях – Да се върна. Колко песни аз изпях, Колко мъка изживях – Да се върна. В мойта хубава страна Майка, татко и жена Да прегърна. Там под родното небе Чака моето дете Да се върна. 1. Kolko noshti az ne spakh, Припев: Pripev: 2. Даже нейде по света, 2. Dazhe neide po svetá, (Pripev) Моя страна, моя България, Moia straná, moia Balgaria, ____________________ Quantos caminhos percorri: Tenho que voltar. Quantas canções eu cantei, Quantos tormentos eu passei: Tenho que voltar. No meu belo país, Mãe, pai e esposa Tenho que abraçar. Lá, sob o céu natal, Minha criança espera Pela hora de eu voltar. Refrão: 2. Mesmo se morrer desconhecido (Refrão) Meu país, minha Bulgária, |
Kobzon diz no começo: “Конечно, я ещё не могу не вспомнить мою любимую страну, Болгарию, куда я впервые выехал из Москвы, впервые побывал за границей, и побывал в семье родных людей. И, конечно, очень рад, что у нас появился свой болгарин, Филипп Киркоров.” (Claro que não posso me esquecer de meu país preferido, a Bulgária, minha primeira estadia no exterior saindo de Moscou, junto a uma família de pessoas queridas. E, claro, estou muito feliz que apareceu entre nós um búlgaro amigável, Filip Kirkorov.)
Kirkorov diz no final: “Никакого болгарского слова, чтобы выразить благодарность, восхищение за то, что Вы сделали для всей музыки нашей страны, и взрастили мой вкус, и сегодня сделали так, что я имею честь и право выступать на Вашем юбилее. Спасибо Вам большое. С днём рождения!” (Não há palavra em búlgaro que expresse minha gratidão e admiração pelo que você fez por toda a música de nosso país, por ter educado meu gosto, e agora ter me dado a honra e o direito de cantar em seu jubileu. Muito obrigado. Feliz aniversário!) Kobzon: “Спасибо, Филипп Киркоров!” (Obrigado, Filip Kirkorov!)