Novamente estou ampliando o repertório de países eslavos, trazendo um cantor búlgaro considerado um dos maiores de seu país, que fez grande sucesso nas décadas de 1960 a 1980. Emil Dimitrov nasceu em 1940 na cidade de Pleven e faleceu em 2005 na capital Sófia. Esta canção, considerada seu maior hit e uma espécie de hino nacional não oficial da Bulgária, se chama “Моя страна, моя България” (Moia straná, moia Balgaria), Meu país, minha Bulgária, lançada em 1970 no álbum Canta Emil Dimitrov. A melodia é do próprio Dimitrov, a letra é de Vasil Andreev, e os arranjos e regência são de Mitko Shterev. A música também é conhecida como “A canção búlgara do século 20”.
Moia straná... foi lançada inicialmente em francês, na França, onde se tornou um hit sob o nome Monica, mas com uma letra toda diferente. Esse texto foi escrito pela cantora e letrista francesa Manou Roblin (n. 1944), segundo o verbete a ela dedicado na Wikipédia em francês. A versão búlgara chegou inicialmente a fazer sucesso, mas logo a censura do então regime comunista a proibiu, alegando ter “influência burguesa e referências à emigração”. Dimitrov contaria mais tarde que essa referência teria sido mal interpretada na frase “Eu vou voltar”, enquanto num concurso nacional chegou a haver até uma mudança de regras pra que Moia straná... não ganhasse. Contudo, findo o comunismo, a canção retomaria a notoriedade e receberia várias outras gravações, de Dimitrov e vários outros cantores.
Emil Dimitrov seria o artista búlgaro mais vendido da história nacional, com 65 milhões de discos vendidos no mundo inteiro, 40 milhões deles apenas na antiga URSS e nos países comunistas europeus. Foi o primeiro cantor a introduzir na Bulgária temas folclóricos às canções populares. Passou vários anos na França, onde gravou várias músicas em francês, e cantou em búlgaro vários hits mundiais famosos, como Datemi un martello e Melody Lady, conhecido no Brasil em versão de Sidney Magal. Casou-se duas vezes, tendo inclusive se casado novamente em 2000 com a mesma mulher de quem tinha se separado em 1991, e seu único filho também se chama Emil Dimitrov (n. 1970). Sofreu um derrame em 1999, que interrompeu sua carreira após limitar sua fala e movimentos e de cujas consequências morreria em 2005. Sua última aparição pública, em cadeira de rodas, foi num grande show em sua homenagem, em 2002.
Eu mesmo fiz a tradução pro português, embora usando quase sempre as versões em russo, inglês e (apenas parte 1 e refrão) francês da Wikipédia, mas cotejando com o original búlgaro quando necessário. No primeiro vídeo, que tem legendas bilíngues, este áudio foi o melhor que achei, embora também haja um rico canal todo dedicado a Emil Dimitrov. Notas sobre a transliteração do cirílico: 1) Eu uso meu próprio sistema que abrange cinco idiomas diferentes; 2) Transliterei a vogal gutural “Ъ” como “a”, mas em sílabas tônicas “â” com circunflexo, pra aumentar a clareza; 3) Usei o acento agudo apenas nas vogais tônicas em fim de palavra, pra facilitar a pronúncia e o entendimento dos interessados. Dessa forma, temos algumas palavras femininas terminadas em consoante, com acento no artigo definido posposto, como liubov/liubovtá (amor/o amor), prast/prasttá (terra/a terra) e pesen/pesentá (canção/a canção).
No segundo vídeo, uma rara apresentação ao vivo de Emil Dimitrov em 1970. No terceiro vídeo, temos o cantor russo Iosif Kobzon, conhecido como “Frank Sinatra Soviético”, e o artista búlgaro Filip Kirkorov. O belo show foi transmitido pelo canal Rossia 1 em 14 de setembro de 2012, celebrando o aniversário de 75 anos de Kobzon.
1. Колко нощи аз не спах, 1. Kolko noshti az ne spakh, Припев: Pripev: 2. Даже нейде по света, 2. Dazhe neide po svetá, (Pripev) Моя страна, моя България, Moia straná, moia Balgaria, ____________________
Refrão: 2. Mesmo se morrer desconhecido (Refrão) Meu país, minha Bulgária, |
Kobzon diz no começo: “Конечно, я ещё не могу не вспомнить мою любимую страну, Болгарию, куда я впервые выехал из Москвы, впервые побывал за границей, и побывал в семье родных людей. И, конечно, очень рад, что у нас появился свой болгарин, Филипп Киркоров.” (Claro que não posso me esquecer de meu país preferido, a Bulgária, minha primeira estadia no exterior saindo de Moscou, junto a uma família de pessoas queridas. E, claro, estou muito feliz que apareceu entre nós um búlgaro amigável, Filip Kirkorov.)
Kirkorov diz no final: “Никакого болгарского слова, чтобы выразить благодарность, восхищение за то, что Вы сделали для всей музыки нашей страны, и взрастили мой вкус, и сегодня сделали так, что я имею честь и право выступать на Вашем юбилее. Спасибо Вам большое. С днём рождения!” (Não há palavra em búlgaro que expresse minha gratidão e admiração pelo que você fez por toda a música de nosso país, por ter educado meu gosto, e agora ter me dado a honra e o direito de cantar em seu jubileu. Muito obrigado. Feliz aniversário!) Kobzon: “Спасибо, Филипп Киркоров!” (Obrigado, Filip Kirkorov!)