O príncipe herdeiro Rezā Pahlavi, filho do último xá do Irã monárquico (que fugiu do país em 1979 após a revolução que se transformou em “islâmica”), apareceu mais uma vez no Équis e no Feisse (de onde tirei a transcrição) pra chamar o povo iraniano a se sublevar contra o “líder supremo” Ali Khāmenei. Após os bombardeios de Israel às centrais nucleares e às instalações do programa nuclear iraniano, que se transformaram em destruição geral de tudo relacionado à teocracia, muitos pensam que o caos gerado por mais esta guerra pode levar a população a finalmente se sublevar, depois de anos de sucessivos protestos esmagados no sangue (o mais recente deles em 2022, que já tinha, porém, levado a mudanças societárias substanciais).
O wishful thinking delirante tomou conta das redes sociais, a começar por esta constrangedora montagem por IA digna do pior produzido sob os regimes baathistas vizinhos. (Tá bom, confesso, a legenda politicamente incorreta é minha!) Analistas sérios são unânimes em dizer que só vai haver mudança se os iranianos quiserem, e que ela não é (ou mesmo nem pode) necessariamente impelida de fora, como os casos anteriores mostraram. Inclusive, salvo raras exceções, apesar de 80% da população odiar os aiatolás, há uma insatisfação generalizada com a destruição de infraestrutura pelo Bibi do Hamas, derivada de um orgulho nacional de império milenar mais forte que o ódio ao atual regime. Ou seja, intrusões externas podem é causar o efeito contrário, e o Estado judeu sequer é citado pelo “príncipe”, nem mesmo à guisa de agradecimento.
Finalmente, embora em tese o herdeiro do xá seja o representante “legítimo” após uma eventual queda de Khāmenei, não há consenso sobre a preferência pela volta da monarquia. Afinal, nem todos esqueceram o contexto de violência legado pelo monarca, com sua Sāvāk (polícia política) frequentemente comparada aos atuais Pasdarān, e o empobrecimento geral, contrastado à microelite que enriquecia com o petróleo (aquela dos vídeos “Irã antes de 1979” com patricinhas andando sem véu!) e cuja ostentação ampliou a fúria de uma população ainda apegada ao conservadorismo religioso. São frequentes as críticas de usuários comuns à vida de luxo e segurança da “família real” (procure os Instas das filhas, sobretudo a mais velha, Noor Pahlavi), querendo que a gente ferrada se subleve pros bonitinhos chegarem e tomarem o poder com tudo pronto!
Enfim, segue a tradução que fiz usando o Google Tradutor, mas que deve ter ficado razoável e na qual fiz leves reparos (p. ex. troquei “Isfahan” pela pronúncia correta “Esfahan”):
Compatriotas,
A República Islâmica chegou ao fim e está caindo. Khamenei escondeu-se no subsolo como um rato assustado e perdeu o controle da situação. O que começou é irreversível. O futuro é brilhante e juntos superaremos essa reviravolta na história.
Nestes dias difíceis, meu coração está com todos os cidadãos indefesos que foram prejudicados e vítimas das ilusões e da belicosidade de Khamenei. Há anos tento impedir que nossa pátria seja apanhada no fogo da guerra.
O fim da República Islâmica é o fim de sua guerra de 46 anos contra a nação iraniana.
O aparato de repressão do regime está entrando em colapso. Basta uma revolta popular para acabar com este pesadelo para sempre.
Agora é a hora de nos levantarmos; a hora de retomarmos o Irã. Vamos todos nos unir, de Bandar Abbas a Bandar Anzali, de Shiraz a Esfahan, de Tabriz a Zahedan, de Mashhad a Ahvaz, de Shahrekord a Kermanshah; vamos pôr fim a este regime.
Não nos preocupemos com o amanhã após a queda da República Islâmica. O Irã não sofrerá com guerra civil e instabilidade. Temos um plano para o futuro do Irã e sua prosperidade. Estamos prontos para os primeiros cem dias após a queda, o período de transição e o estabelecimento de um governo nacional e democrático, para a nação iraniana e pela nação iraniana.
Dirigindo-me às forças militares, policiais, de segurança e governamentais, muitas das quais me enviam mensagens ultimamente: “Não se coloquem à frente da nação iraniana para preservar um regime cujo colapso começou e é certo. Não se sacrifiquem por este regime corrupto. Salvem suas vidas apoiando a nação. Desempenhem um papel histórico na transição da República Islâmica e participem da construção do futuro do Irã.”
Um Irã livre e próspero está a nossa frente. Que eu possa estar com vocês em breve.
O Irã é eterno!
Vida longa à nação iraniana!
