Não é só a Revolução Chinesa comunista que está fazendo 70 anos agora no fim de 2019. Há 30 anos, na sequência de eventos reformadores que varreram os países comunistas europeus, o Muro de Berlim era derrubado como sinal da decadência e fim daquele regime no continente. Não foi diferente na Checoslováquia, república binacional localizada no coração da Europa e alocada no “bloco comunista” desde 1948. Liberado da ocupação alemã nazista pelas tropas soviéticas e pela Resistência local em 1945, era um dos países europeus mais democráticos e industrializados após sua criação em 1918. Por ter sua origem no antigo Império Austro-Húngaro, o país comportava falantes de várias línguas e etnias, sobretudo checos e eslovacos (eslavos), húngaros e alemães. Até 1989, sofreu a ditadura do Partido Comunista, patrocinada por Moscou e inclusive defendida pelas tropas do Pacto de Varsóvia (a OTAN comunista) em 1968, após uma rebelião popular.
Os eventos no outrora chamado Leste europeu, impulsionados pela abertura política (glasnost) e econômica (perestroika) na antiga URSS, levaram a novas manifestações pacíficas em 1989, tendo à frente o escritor e dramaturgo Václav Havel, também ativista político e primeiro presidente da Checoslováquia pós-comunista. Na sequência de acordos internos, o país acabou se dividindo em República Checa (hoje também chamada Chéquia, capita Praga) e Eslováquia (capital Bratislava), com seus idiomas levemente diferentes. Porém, o comunismo permanece vivo na memória da população mais velha, e pros jovens aprenderem o passado foi criado inclusive um Museu do Comunismo, algo comum também em outros antigos vizinhos comunistas. A população se divide entre os que sentem falta da proteção social e os que repudiam a repressão e a ditadura.
Em 14 e 21 de maio de 2008, o programa SBT Realidade um dos herdeiros do Documento Verdade da extinta TV Manchete (do qual eu falei aqui em textos anteriores), exibiu dois especiais sobre a República Checa moderna, após o comunismo e integrada na União Europeia. Apresentado por Ana Paula Padrão, tem de fato uma abordagem bem primária, cheia de chavões, uma linguagem repetitiva e pouco preparada no assunto (a começar pelos “Václav”, pronunciados “vakláv” ao invés de “váátslaf”). Mesmo assim, é razoavelmente informativo sobre o tema e nos estimula a pesquisar mais. O upload original, infelizmente ainda pouco visto e do qual só cortei a introdução, foi feito por René Menezes, cuja empresa Renétour ele diz ter sido a guia dos repórteres.
Nesta página do site dele, podem ser baixados os vídeos dos episódios, embora eu não saiba se em formato ainda legível. Segue abaixo a reportagem que repostei sem ter feito nenhum recorte no quadro, pra que toda a rica parte visual da matéria pudesse ser plenamente desfrutada: