sexta-feira, 8 de março de 2024

Manifesto de Praga pelo esperanto


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Aqui está outro texto que publiquei num antigo site sobre esperanto por mim mantido entre 2005 e ca. 2007. Trata-se do documento coletivo “Manifesto de Praga do movimento pela língua internacional esperanto”, lançado durante o 81.º Congresso Universal de Esperanto em Praga, capital da Chéquia, em 1996. Os autores propuseram aos Estados, governos e grandes instituições internacionais que considerassem contribuir pra divulgação do esperanto, caso aceitassem ou adotassem os valores mencionados. Eu o republiquei aqui porque, embora não seja difícil encontrar o texto em várias línguas, o site do qual retirei minha cópia não existe mais, e penso que é um conteúdo interessante aos leitores de minha página. Leia abaixo o original em esperanto, a tradução ao português (cujo autor desconheço) e uma pequena introdução em esperanto!


Jen alia teksto, kiun mi publikigis en malnova retejo pri Esperanto de mi subtenita inter 2005 kaj ĉ. 2007. Temas pri la kolektiva dokumento “Manifesto de Prago de la movado por la internacia lingvo Esperanto”, lanĉita dum la 81-a Universala Kongreso de Esperanto en Prago, ĉefurbo de Ĉeĥio, en 1996. La geaŭtoroj proponis al la ŝtatoj, registaroj kaj grandaj internaciaj institucioj, ke ili konsideru kontribui por la disvastigado de Esperanto, se ili akceptas aŭ adoptas la menciitajn valorojn. Mi republikigis ĝin ĉi tie ĉar, kvankam ne estas malfacile trovi la tekston en pluraj lingvoj, la retejo, el kiu mi elĉerpis mian kopion, ne plu ekzistas, kaj mi pensas, ke estas interesiga enhavo al la gelegantoj de mia paĝo. Ĉi-sube vi povas legi la Esperantan originalon kaj la tradukon al la portugala (kies aŭtoron mi ne konas):


Nós, membros do movimento mundial para progresso do ESPERANTO, dirigimos este manifesto a todos os governos, organizações internacionais e homens de boa vontade, declaramos nosso firme propósito de trabalhar cada vez mais em favor dos objetivos aqui expressos, e convidamos a todas as organizações e a cada indivíduo em particular para aderir a este nosso esforço.

Lançado em 1887 como projeto de língua auxiliar para a comunicação internacional, e tendo evoluído num curto espaço de tempo para uma língua completa e rica em nuances, o esperanto há mais de um século aproxima os homens além das barreiras linguísticas e culturais. Durante este período, os objetivos dos usuários do esperanto não perderam importância e atualidade. Nem o uso, em escala mundial, de algumas línguas nacionais, nem os progressos da técnica de comunicação, nem a descoberta de novos métodos para o ensino de línguas invalidarão os princípios a seguir enunciados, que consideramos essenciais para uma ordem linguística justa e eficaz.

1 – Democracia: Um sistema de comunicação linguística que privilegia algumas pessoas, mas exige de outras que invistam anos de estudos para alcançar um grau razoável de fluência, é fundamentalmente antidemocrático. Embora, como qualquer outra língua, não seja perfeito, o esperanto, em muito, supera qualquer rival na esfera da comunicação global igualitária.

Afirmamos que uma desigualdade linguística traz como consequência uma desigualdade em todos os demais níveis. Pertencemos a um movimento que luta em favor de uma democracia na comunicação.

2 – Educação transnacional: Cada língua étnica está ligada a uma cultura e a uma nação definida. Por exemplo, aquele que estuda o inglês aprende a respeito da cultura, da geografia e da política dos países de língua inglesa, principalmente os Estados Unidos e a Inglaterra. Aquele que estuda esperanto aprende a respeito de um mundo sem fronteiras, em que cada país se apresenta como se fosse o seu próprio.

Afirmamos que a educação por meio de qualquer língua étnica está ligada a uma perspectiva limitada a respeito do mundo. Somos um movimento a favor de uma educação transnacional.

3 – Eficácia pedagógica: Somente uma pequena percentagem daqueles que estudam uma língua estrangeira conseguem dominá-la. Um domínio pleno do esperanto é possível, até mesmo autodidaticamente. Diversos estudos realizados comprovam os efeitos propedêuticos do esperanto para o aprendizado de outras línguas. Recomenda-se também o esperanto como disciplina auxiliar para a conscientização linguística dos alunos.

Afirmamos que a dificuldade das línguas étnicas sempre se apresentará como um obstáculo para muitos alunos, que, no entanto, poderiam tirar proveito do conhecimento de uma segunda língua. Somos um movimento a favor de um ensino de línguas eficiente.

4 – Pluralismo linguístico: A comunidade esperantista é uma das poucas, em escala mundial, cujos participantes são, em geral, bilíngues ou multilíngues. Cada membro dessa comunidade costuma aprender, pelo menos, outra língua além da sua, para uso conversacional. Isso conduz automaticamente o indivíduo ao saber e ao amor a várias línguas e, consequentemente, a possuir um horizonte mais vasto.

Afirmamos que os membros de todas as comunidades linguísticas, grandes e pequenas, deveriam dispor de uma chance real para apropriar uma segunda língua, a um nível razoável de comunicação. Somos um movimento que possibilita essa oportunidade.

5 – Direitos linguísticos: A existência de línguas fortes e fracas é uma condição que conduz grande parte da humanidade a uma situação de permanente insegurança ou submissão linguística. Na comunidade esperantista, os membros de línguas importantes ou não-importantes, oficiais ou não-oficiais, reúnem-se num ambiente neutro, graças a um compromisso que enfatiza o respeito recíproco. Esse equilíbrio entre direitos e deveres linguísticos possibilita o surgimento de outras soluções para resolver os conflitos ou as desigualdades linguísticas.

Afirmamos que a existência de línguas mais fortes que outras torna sem efeito as garantias assumidas em inúmeros documentos internacionais, visando a dar um tratamento igual a diferentes línguas. Somos um movimento a favor dos direitos linguísticos.

6 – Diversidade linguística: Os diferentes governos nacionais costumam considerar a grande diversidade de línguas existente no mundo como uma barreira à comunicação e ao progresso. Entretanto, essa diversidade linguística é, para a comunidade esperantista, uma constante e imprescindível fonte de riqueza. Consequentemente, qualquer língua, assim como qualquer ser vivente, é digna de proteção e apoio.

Afirmamos que a política de comunicação e progresso, se não for baseada no respeito e apoio a todos os idiomas, condena ao desaparecimento a maioria das línguas existentes no mundo. Somos, portanto, um movimento a favor de uma diversidade linguística.

7 – Emancipação humana: Cada língua liberta e, ao mesmo tempo, aprisiona seus usuários, dando-lhes o poder para comunicar-se entre si, mas impedindo a comunicação com outros seres humanos. Planejado como um meio de comunicação universal, o esperanto é um dos grandes projetos para a emancipação humana, que se encontra em pleno funcionamento - projeto esse que possibilita a cada pessoa participar, como indivíduo, na comunidade planetária, embora com firmes raízes em sua cultura local e identidade linguística, mas não limitada por elas.

Afirmamos que o uso exclusivo de línguas nacionais estabelece inevitavelmente barreiras para a livre expressão, comunicação e associação. Somos um movimento a favor da emancipação humana.


Lançado no 81.º Congresso
Universal de Esperanto, Praga, 1996


Ni, anoj de la tutmonda movado por progresigo de Esperanto, direktas ĉi tiun manifeston al ĉiuj registaroj, internaciaj organizaĵoj kaj homoj de bona volo, deklaras nian intencon firmvole plu labori por la celoj ĉi tie esprimitaj, kaj invitas ĉiun unuopan organizaĵon kaj homon aliĝi al nia strebado.

Lanĉita en 1887 kiel projekto de helplingvo por internacia komunikado, kaj rapide evoluinta en vivoplenan, nuancoriĉan lingvon, Esperanto jam de pli ol jarcento funkcias por kunligi homojn trans lingvaj kaj kulturaj baroj. Intertempe la celoj de ĝiaj parolantoj ne perdis gravecon kaj aktualecon. Nek la tutmonda uzado de kelkaj naciaj lingvoj, nek progresoj en la komunikad-tekniko, nek la malkovro de novaj metodoj de lingvo-instruado verŝajne realigos jenajn principoj, kiujn ni konsideras esencaj por justa kaj efika lingva ordo.

1 – Demokratio: Komunika sistemo kiu tutvive privilegias iujn homojn sed postulas de aliaj ke ili investu jarojn da penoj por atingi malpli altan gradon de kapablo, estas fundamente maldemokratia. Kvankam, kiel ĉiu lingvo, Esperanto ne estas perfekta, ĝi ege superas ĉiun rivalon en la sfero de egaleca tutmonda komunikado.

Ni asertas ke lingva malegaleco sekvigas komunikan malegalecon je ĉiuj niveloj, inkluzive de la internacia nivelo. Ni estas movado por demokratia komunikado.

2 – Transnacia Edukado: Ĉiu etna lingvo estas ligita al difinita kulturo kaj naci(ar)o. Ekzemple, la lernejano kiu studas la anglan lernas pri la kulturo, geografio kaj politiko de la anglalingvaj landoj, precipe Usono kaj Britio. La lernejano kiu studas Esperanton lernas pri mondo sen limoj, en kiu ĉiu lando prezentiĝas kiel hejmo.

Ni asertas ke la edukado per iu ajn etna lingvo estas ligita al difinita perspektivo pri la mondo. Ni estas movado por transnacia edukado.

3 – Pedagogia Efikeco: Nur malgranda procentaĵo el tiuj kiuj studas fremdan lingvon, ekmastras ĝin. Plena posedo de Esperanto eblas eĉ per memstudado. Diversaj studoj raportis propedeŭtikan efikojn al la lernado de aliaj lingvon. Oni ankaŭ rekomendas Esperanton kiel kernan eron en kursoj por la lingva konsciigo de lernantoj.

Ni asertas ke la malfacileco de la etnaj lingvoj ĉiam prezentos obstaklon por multaj lernantoj, kiuj tamen profitus el la scio de dua lingvo. Ni estas movado por efika lingvoinstruado.

4 – Plurlingveco: La Esperanto-komunumo estas unu el malmultaj mondskalaj lingvokomunumoj kies parolantoj estas senescepte du- aŭ plurlingvaj. Ĉiu komunumano akceptis la taskon lerni almenaŭ unu fremdan lingvon ĝis parola grado. Multokaze tio kondukas al la scio de kaj amo al pluraj lingvoj kaj ĝenerale al pli vasta persona horizonto.

Ni asertas ke la anoj de ĉiuj lingvoj, grandaj kaj malgrandaj, devus disponi pri reala ŝanco por alproprigi duan lingvon ĝis alta komunika nivelo. Ni estas movado por la provizo de tiu ŝanco.

5 – Lingvaj Rajtoj: La magegala disdivido de potenco inter la lingvoj estas recepto por konstanta lingva malsekureco, aŭ rekta lingva subpremado, ĉe granda parto de la monda loĝantaro. En la Esperanto-komunumo, la anoj de lingvoj grandaj kaj malgrandaj, oficialaj kaj neoficialaj, kunvenas sur neŭtrala tereno, dank’ al la reciproka volo kompromisi. Tia ekvilibro inter lingvaj rajtoj kaj respondecoj liveras precedencon por evoluigi kaj pritaksi aliajn solvojn al la lingva malegaleco kaj lingvaj konfliktoj.

Ni asertas ke la vastaj potencodiferencoj inter la lingvoj subfosas la garantiojn, esprimitajn en tiom da internaciaj dokumentoj, de egaleca traktado sendistinge pri la lingvo. Ni estas movado por lingvaj rajtoj.

6 – Lingva Diverseco: La naciaj registaroj emas konsideri la grandan diversecon de lingvoj en la mondo kiel baron al komunikado kaj evoluigo. Por la Esperanto-komunumo, tamen, la lingva diverseco estas konstanta kaj nemalhavebla fonto de riĉeco. Sekve, ĉiu lingvo, kiel ĉiu vivaĵospecio, estas valora jam pro si mem kaj inda je protektado kaj subtenado.

Ni asertas ke la politiko de komunikado kaj evoluigo, se ĝi ne estas bazita sur respekto al kaj subteno de ĉiuj lingvoj, kondamnas al formorto la plimulton de la lingvoj de la mondo. Ni estas movado por lingva diverseco.

7 – Homa Emancipiĝo: Ĉiu lingvo liberigas kaj malliberigas siajn anojn, donante al ili la povon komuniki inter si, barante la komunikadon kun aliaj. Planita kiel universala komunikilo, Esperanto estas unu el la grandaj funkciantaj projektoj de la homa emancipiĝo - projekto por ebligi al ĉiu homo partopreni kiel individuo en la homara komunumo, kun firmaj radikoj ĉe sia loka kultura kaj lingva identeco, sed ne limitige de ili.

Ni asertas ke la eksklusiva uzado de naciaj lingvoj neeviteble starigas barojn al la liberecoj de sinesprimado, komunikado kaj asociiĝo. Ni estas movado por la homa emancipaĝo.


Lanĉita en la 81-a UK, Prago 1996



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