Esta imagem de um ucraniano criado com o design da família Simpson não tem nada a ver com o tema principal desta publicação. Achei por acaso buscando outras coisas no Google, e como não sabia o que fazer com ele, resolvi divulgar aqui, por achar legal e engraçado, rs. Mas ele tá mais ou menos ligado a algumas coisas que juntei aqui tudo de uma vez.
Pesquisando citações a meu nome que já foram feitas no Équis, achei este “xuíte” (como está na moda dizer) de uma época em que eu brevemente tive perfil próprio. Comentando na publicação de uma esquerdista universitária aleatória, fiz alguma alusão ao fato da Venezuela poder ser considerada uma ditadura, pois Nicolás Maduro não respeita as opiniões de críticos e opositores, muitas vezes prende quem o afronta e frauda todo o sistema eleitoral pra permitir sua reeleição eterna (como já era no tempo do patriarca Hugo Chávez). A moça discordou que o atual regime de Caracas fosse uma ditadura, mas o cara que você pode ver acima, no mesmo fio, resolveu ir além e soltou a referida pérola.
Primeiramente, nem vou reclamar da redação (problemas de acentuação gráfica e de concordância), porque isso é típico de qualquer gado ideológico. Segundo, ele sequer problematiza o termo “Revolução Bolivariana”, sendo que não houve revolução nenhuma, e sim uma reorganização tosca do capitalismo (nisso até os comunistas concordam), e a alusão a Simón Bolívar é puramente cerimonial e trapaceira. E terceiro, essas “eleições” e “referendos” que ele cita foram totalmente forjados, como toda comunidade internacional sabe. Ele recai no mesmo erro de certos liberais ou “capitalistas” que absolutizam o caráter eleitoral formal como indício de democracia, mas com o sinal revertido, ou seja, contra o liberalismo político e contra a própria democracia. Se pro rato do esgoto digital eu sou um “analfabeto político” (???), pra mim ele não passa de um analfabesta que acredita na primeira fake news que lhe agrada pelo celular!
Umas das principais avenidas de Vilnius, capital da Lituânia, tem estas placas indicando a distância em quilômetros até as capitais da Ucrânia e Belarus. Grazadeus, eles não insistem no erro dos países de idiomas latinos e transliteram Kyiv diretamente do alfabeto cirílico ucraniano, e não russo, que resultaria no agressivo “Kiev”. E o melhor: precisaram que Minsk está “ocupada pelo Kremlin”, já que Lukashenka não passa de uma marionete de Putin, rs.
Esses dias descobri a foto acima na página da Radio France Internationale, e li que foi tirada em 2014, 10 anos atrás, quando a ocupação russa estava organizando o referendo fake pra roubar a Crimeia da Ucrânia. Segundo a mentira, “Em 16 de março vamos escolher” entre uma península “nazista” (como até hoje o Kremlin chama a Revolução da Dignidade) e uma russificada. Em 10 anos de ocupação ilegal, os ativistas anti-Moscou mais perseguidos foram exatamente os tártaros da Crimeia, embora Putin dissesse que respeitaria todas as nacionalidades.
Pra piorar, está pensando em declarar “ilegal” a doação do território da RSFS da Rússia à RSS da Ucrânia, algo feito dentro dos quadros de um Estado que nem existe mais. Além disso, a própria Rússia assinou tratados, reconheceu a soberania da Ucrânia (que ainda por cima permitiu o uso do porto de Sevastópol pela Frota do Mar Negro russa) e pegou todas as suas armas nucleares exatamente com a Crimeia incluída dentro das fronteiras controladas por Kyiv. Você sabe que isso tem um nome exato, mas hoje prefiro o desenhar, editando como na verdade deveria ser aquela foto:
Pela primeira vez as “eleições” putinenciais na Rússia duraram três dias, nem preciso dizer que foi pra facilitar a fraude, embora a população seja bem menor do que a do Brasil, portanto tenha menos eleitores. Segundo especialistas, as fraudes nas eleições russas já ocorrem pelo menos desde 2007, mas como vemos nesta reportagem da Novaya Gazeta Europe, ela só foi escancarada pro mundo em 2018, quando as câmeras de circuito interno nas zonas eleitorais mostraram em som e imagem a maquinação dos funcionários pra forjarem os resultados a favor do poder. Comecei a editar esta publicação no domingo de manhã e terminei na segunda à noite pra ela sair na terça, e hoje já saíram os resultados oficiais pelos quais o genocida “ganhou” mais de 87% dos votos, passando de longe os 95% na Chechênia (onde há o subditador sanguinário Don-Don Kadyrov) e nas “novas regiões”, isto é, os territórios ocupados na Ucrânia onde os eleitores contaram com a presença de militares gentilmente armados.
Apesar de ações igualmente inéditas (embora em escala relativamente reduzida) como lançamento de coquetéis molotov em seções, despejo de tinta em urnas e máquinas, incêndios de cabines de votação e o ridículo flashmob “Meio-dia contra Putin”, convocado pela Viúva Naválnaia, os outros três postes não chegaram a 5% dos votos. Mesmo o adorado partido comunista obtinha 10, 15% em seus melhores tempos, mostrando como está clara a passagem da democracia autoritária pra ditadura unipessoal e oligocrática aberta. A imagem que selecionei acima, ainda de 2018, dá um gostinho de meme ao mostrar a funcionária de uma seção eleitoral do Daguestão, uma das regiões da Rússia mais pobres e com mais soldados mortos na Ucrânia, comemorando após depositar mil e oitocentas cédulas sozinha na urna: “Pronto, ganhamos as eleições!” Como diria Nando Moura: “Bibibi, Mitô, Mitô... Muuu presidente!”
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