segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Mensagem aos esperantistas (2006)


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Em 2004, 2005 e 2006, nos dias 26 de julho, enviei mensagens pros e-mails de conhecidos esperantistas que eu conseguia achar na internet, comemorando o dia em que apareceu o primeiro manual de esperanto escrito em russo pelo oftalmologista polonês Ludwik Lejzer Zamenhof. Eu considerava esse dia digno de comemoração como o verdadeiro “Dia do esperanto”, ao contrário de muitas pessoas que o comemoram no dia 15 de dezembro, aniversário de Zamenhof, atitude que eu achava muito personalista. Minha intenção era fazer isso todos os anos, mas a partir de 2007 comecei a me ocupar cada vez mais com a graduação em História e deixei aos poucos o movimento esperantista, embora jamais tivesse esquecido a língua. Após as mensagens de 2004 e 2005, finalmente seguem abaixo uma introdução em esperanto e a última mensagem que escrevi em 2006!


La 26-an de julio de la jaroj 2004, 2005 kaj 2006 (kiam mi estis 17-19-jara!), mi skribis mesaĝojn kaj sendis al la retpoŝtaj adresoj de pluraj esperantistaj geamikoj, kiujn mi ekkonis per interreto. Mia celo estis memorigi la tagon, kiam aperis la unua manlibro de Esperanto, en la rusa lingvo, verkita de la pola okulkuracisto Ludoviko Lazaro Zamenhof. Mi konsideris tiun tagon memoriginda kiel la vera “Esperanto-tago”, kontraŭe al multaj personoj, kiuj memorigas ĝin en la 15-a de decembro, naskiĝtago de Zamenhof, sed tiun elekton mi trovis tre personeca. Mi celis sendi tiajn mesaĝojn en la sekvantaj jaroj, sed de 2007 mi devis pli okupiĝi pri la universitata kurso de Historio kaj forlasis la movadon, kvankam mi neniam forgesis la lingvon. Post la mesaĝoj de la jaroj 2004 kaj 2005, finfine mi republikigas la lastan tekston, kiun mi dissendis en 2006:



Caros amigos e amigas esperantistas,

Eis-me aqui novamente, pelo terceiro ano, lembrando vocês do mais importante dia do movimento esperantista: o aparecimento do livro Uma Língua Internacional: Prefácio e Manual Completo, o primeiro sobre o esperanto. Este ano quero fazê-los refletir sobre alguns temas que relevaram até agora o ano de 2006 e que podem ser relacionados a nossa língua. Primeiramente, seja parabenizada a Itália pela vitória da copa do mundo de futebol e pela recepção do Congresso Universal de 2006! O futebol deu um motivo a muitos conflitos entre times e possivelmente até a uma guerra entre Honduras e El Salvador entre as décadas de 1960 e 1970, chamada “guerra do futebol”, cujos verdadeiros motivos são outros, mas mostraram o poder que esse esporte tem junto a alguns povos.

Apesar disso, o futebol ainda pode ser considerado o “esporte universal”, pois em quase todos os países ele é praticado, principalmente por pessoas das classes médias e pobres. Talvez não seja coincidência que os vencedores das copas do mundo de futebol costumaram nos últimos tempos receber os congressos, pois o futebol e o esperanto têm os mesmos objetivos, que são unir o maior número possível de pessoas junto ao mesmo ideal de paz e fraternidade por algo que agrada a todos e favorece não somente esse ou aquele povo. E é admirável ver crianças em países, que às vezes os brasileiros não conhecem, usando a camisa da seleção brasileira de futebol! Assim pode-se provar o valor internacional do futebol a todas as pessoas e principalmente àqueles que se alegram ao ver os jogadores jogarem em homenagem àquelas pessoas que os admiram e gostam de ver a boa prática do esporte.

Todavia, este ano vocês assistiram ao fiasco do Brasil no campeonato diante da França (e parabéns a vocês, franceses, pelo mágico jogador que é Zidane, este duas vezes, em 1998 e 2006, derrotando o Brasil em campeonatos mundiais). Costuma-se atribuir essa derrota à arrogância dos jogadores que jogam em times europeus, como por exemplo Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo e outros, considerados “estrelas” do futebol mundial. Mas com esse fiasco concluímos que um time não pode se fazer somente de estrelas, mas verdadeiros jogadores. E isso pode ser aplicado também ao movimento esperantista.

Louis de Beaufront, arrogante membro do movimento que se dava muita importância junto aos esperantistas, ao fim saiu do movimento para sustentar o idioma Ido, criado em 1907, durante uma época de crise para o esperanto. Como se sabe, depois o esperanto prosperou, exceto durante as duas Guerras Mundiais, e se tornou o mais falado projeto de língua internacional no mundo. Igualmente, o técnico da seleção brasileira não é mais Parreira, mas Dunga, o capitão do time que ganhou a copa de 1994, e ele já disse que chamará, em sua maioria, jogadores que jogam no Brasil. Assim, ele quer afastar os “Beaufronts” do time, e eu espero que possamos continuar igualmente, com simplicidade, humildade e bom coração em nossas ações, não permitindo que novos “Beaufronts” possam aparecer para dividir os esperantistas com querelas inúteis.

Em segundo lugar, um triste acontecimento é a guerra entre Israel e a milícia Hezbollah, que ocasionou a invasão do Líbano por Israel. Pensava-se que no novo século os conflitos por ocasião da imigração em massa de judeus à Palestina e a consequente criação de Israel se acabassem, mas o resultado foi inverso. A guerra de fato se intensificou e parece que não se encontrará tão rápido uma solução diplomática. Nostálgico é o tempo em que judeus e árabes conviviam em paz na Palestina, muitos deles usando o esperanto como língua-ponte, como mostrou há pouco tempo a Libera Folio sobre as associações palestinas e egípcias antes de 1948.

Os opositores do esperanto costumam dizer que a língua não é suficiente para pacificar o mundo. De fato, ela não é, mas sua ajuda seria insubstituível, como provou a citada reportagem. O aforismo de Zamenhof de que a diversidade de línguas é a única causa do ódio entre os homens é incompleto, pois parece a conclusão marxista de que “a luta de classes é o motor da história”. Mas ainda assim ele permanece atual: se judeus e árabes tivessem um elemento comum para se compreender, que não pertencesse a outro povo que quisesse ver a região pacificada por interesses próprios, a diplomacia e a tolerância para a existência de dois estados amigos (um judeu e outro palestino) ou de um só Estado, no qual os dois povos convivessem fraternal e pacificamente, seria mais eficaz.

Os esperantistas não apoiam essa guerra e desejam de coração que judeus e árabes se compreendam para sempre. Desse conflito podemos concluir também que não é suficiente que uma das partes imponha sua decisão à outra, mas as duas entrem em acordo para que ambas conquistem seus objetivos, mas permitam que os outros também sejam respeitados. Da mesma forma, os esperantistas devem respeitar aqueles que não apoiam o esperanto ou até mesmo batalham contra ele, ou aqueles que apoiam outro projeto de língua internacional.

Todavia, existem também querelas no próprio movimento, principalmente entre a UEA e a Esperanta Civito (“Cidade Esperantista”), ambas prosseguindo uma “guerra civil” desde 1998! Só falta as duas partes disputarem o apoio das associações nacionais pela força das armas... Creio que ambas as organizações deveriam se unir e, deixando suas diferenças, lutassem por interesses comuns, que são o conhecimento geral do esperanto, o uso da língua pelo maior número possível de associações e congressos e o apoio monetário, moral e intelectual a organizações que batalham pela paz no mundo. Porque o esperanto é a língua da união, e não da dispersão!

Enfim, os temas acabaram... Este ano creio que não escrevi tão “movimentista”, batalhador e com ilusões como nos anos anteriores. Meu objetivo agora é convencer as pessoas a extrair das situações cotidianas lições que sirvam não somente para o movimento esperantista, mas para a vida em geral, para que possamos ser pessoas mais compassivas e tolerantes e menos arrogantes e com sede de guerra, da mesma forma como foi o grande Luís Lázaro Zamenhof, nosso mais querido exemplo. Parabéns a todos!


Karaj Esperantaj geamikoj, Jen mi denove, je la tria jaro, memoriganta vin pri la plej grava tago de la Esperanta movado: la apero de la libro Lingvo Internacia: Enkonduko kaj Plena Manlibro, la unua pri Esperanto. Ĉi-jare mi volas pensigi vin pri kelkaj temoj, kiuj reliefigis ĝis nun la jaron 2006 kaj kiuj povas esti rilatataj al nia lingvo. Unue, estu gratulata Italio pro la venko en la futbala mondpokalo kaj por la akcepto de la UK de 2006! Futbalo donis kialon al multaj konfliktoj inter teamoj kaj eble eĉ milito inter Honduraso kaj Salvadoro inter la 1960-aj kaj 1970-aj jaroj, nome “milito de la futbalo”, kies veraj kialoj estas aliaj, sed montris la povon, kiun ĉi tiu sporto havas ĉe kelkaj popoloj.

Malgraŭ tio, futbalo ankoraŭ povas esti konsiderata la “universala sporto”, ĉar en preskaŭ ĉiuj landoj ĝi estas ludata ĉefe de personoj de la mezaj kaj malriĉaj sociaj klasoj. Verŝajne ne estas koincido, ke la gajnantoj de la futbalaj mondpokaloj kutimis lastatempe akcepti la kongresojn, ĉar futbalo kaj Esperanto havas la samajn celojn, nome unuigi kiel eble la plej grandan nombron da personoj ĉe sama idealo de paco kaj frateco per io, kio plaĉas ĉiujn kaj favoras ne nur tiun aŭ alian popolon. Kaj estas mirinde vidi infanojn en landoj, kiujn foje la gebrazilanoj ne konas, uzantajn la ĉemizon de la futbala brazila teamo! Tiel oni povas pruvi la internacian valoron de la futbalo por ĉiuj personoj kaj ĉefe por tiuj, kiuj ĝojiĝas vidante la ludistojn ludi omaĝe al tiuj personoj, kiuj admiras ilin kaj ŝatas vidi bonan praktikon de tiu sporto.

Tamen, ĉi-jare, vi spektis la fiaskon de Brazilo en la ĉampioneco antaŭ Francio (kaj gratulojn al vi, gefrancoj, pro la magia ludisto, nome Zidane, ĉi tiu dufoje, en 1998 kaj 2006, malvenkigante Brazilon en mondaj ĉampionecoj). Oni kutimas atribui tiun malvenkon al la aroganteco de la ludistoj, kiuj ludas en Eŭropaj teamoj, ekzemple Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo kaj aliaj, konsiderataj “steluloj” de la monda futbalo. Sed per nia fiasko ni konkludis, ke teamo ne povas fariĝi nur el steluloj, sed veraj ludistoj. Kaj tio povas esti aplikata ankaŭ al la Esperanta movado.

Louis de Beaufront, aroganta movadano, kiu opiniis sin tre grava ĉe la esperanitstaro, fine eliris el la movado por subteni la lingvon Ido, kreita en 1907, dum kriza epoko por Esperanto. Kiel oni scias, poste Esperanto prosperis, escepte dum la du Mondmilitoj, kaj fariĝis la plej parolata projekto por internacia lingvo en la mondo. Same, la teamestro de la brazila teamo ne estas plu Parreira, sed Dunga, la “kapitano” de la ludistaro, kiu gajnis la mondpokalon en 1994, kaj li jam diris, ke alvokos pleje ludistojn, kiuj ludas en Brazilo. Tiel, li volas forigi la “Bofrontojn” de la teamo, kaj mi esperas, ke ni povu daŭri same, kun simpleco, mildeco kaj bonkoreco en niaj agoj, ne permesante, ke novaj “Bofrontoj” povu aperi por dividi la esperantistaron per senutilaj kvereloj.

Due, malfeliĉa okazo estas la milito inter Israelo kaj la milico Hezbollah, kiu okazigis la invadon al Libano fare de Israelo. Oni pensis, ke en la nova jarcento la konfliktoj okaze de la amasa enmigrado de judoj al Palestino kaj la sekva kreado de Israelo ĉesiĝus, sed la rezulto estis inversa. La milito ja intensiĝis kaj ŝajnas, ke oni ne baldaŭ trovus diplomatian solvon. Nostalgia estas la tempo, en kiu judoj kaj araboj kunvivis pace en Palestino, multaj el ili uzantaj Esperanton kiel pontlingvon, kiel montris freŝdate Libera Folio pri la palestinaj kaj egiptiaj asocioj antaŭ 1948.

La kontraŭuloj de Esperanto kutimas diri, ke la lingvo ne estas sufiĉa por pacigi la mondon. Ja, ĝi ne estas, sed ĝia helpo estas neanstataŭebla, kiel pruvis la citata raportaĵo. La aforismo de Zamenhof, ke la diverseco de lingvoj estas la sola kialo de la malamo inter la homoj, estas neplena, ĉar ĝi similas al la marksisma konludo, ke “la klasbatalo estas la movilo de la historio”. Sed eĉ tiel ĝi restas aktuala: se judoj kaj araboj havus komunan elementon por interkompreniĝi, kiu ne apartenus al alia popolo, kiu volus vidi la regionon pacigata pro propraj interesoj, la diplomatio kaj la tolero por la ekzisto de du amikaj ŝtatoj (unu palestina kaj alia juda) aŭ de unu nur ŝtato, en kiu la du popoloj kunvivadus frate kaj pace, estus pli efika.

La geesperantistoj ne apogas ĉi tiun militon kaj deziras elkore, ke judoj kaj araboj interkompreniĝu por ĉiam. El tiu konflikto ni povas konkludi ankaŭ, ke ne sufiĉas, ke unu parto el la batalantoj altrudu sian decidon al la alia, sed la du agordu, por ke ambaŭ konkeru siajn celojn, sed permesu, ke la aliuloj ankaŭ estu respektataj. Same la esperantistoj devas respekti tiujn, kiuj ne apogas Esperanton aŭ eĉ batalas kontraŭ ĝi, aŭ tiujn, kiuj apogas alian projekton por internacia lingvo.

Tamen ekzistas ankaŭ la kvereloj en la movado mem, ĉefe inter UEA kaj la Esperanta Civito, ambaŭ daŭrigantaj “civilan militon” ekde 1998! Nur mankas, ke la du partoj disputu la apogon de la landaj asocioj per la forto de armiloj... Mi kredas, ke ambaŭ organizoj devus unuiĝi kaj, lasante iliajn malsamojn, lukti por komunaj interesoj, nome la ĝenerala konado pri Esperanto, la uzo de la lingvo fare de kiel eble pli da asocioj kaj kongresoj, kaj la apogo mona, morala kaj intelekta al organizoj, kiuj batalas por la paco en la mondo. Ĉar Esperanto estas la lingvo de la kunigo, ne de la disigo!

Do, la temoj finiĝis... Ĉi-jare mi kredas, ke mi ne skribis movademe, bataleme kaj iluzieme kiel en antaŭaj jaroj. Mia celo nun estas konvinki la personojn eltiri el la ĉiutagaj okazoj lecionojn, kiuj servas ne nur por la Esperanta movado, sed por la vivado ĝenerale, por ke ni povu esti personoj pli kompatemaj kaj toleremaj, kaj malpli arogantaj kaj militemaj, same kiel estis la granda Ludwig Lejzer Zamenhof, nia plej kara ekzemplo. Gratulojn al ĉiuj!



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