Meu grande amigo carioca Davi Almeida, cuja amizade virtual antecede até os tempos do finado Orkut (éramos adolescentes!), me indicou há alguns anos um site com várias informações e manuais sobre a língua planejada volapük (ou volapuque), cuja seção em português se encontra nesta página. Acabei achando este vídeo incorporado na página, e decidi baixá-lo pra mostrá-lo aqui: um programa de 1993 filmado pelo esquecido Eurochannel, dublado e legendado em português do Brasil!
A reportagem fala sobre os idosos Brian Mitchell e Ralph Bishop, que seriam os dois únicos falantes do volapuque no Reino Unido e hoje já devem ter falecido. Afirma-se então haver na Europa 12 “volapuquistas” ao todo, mas após o advento da internet e das mídias sociais, o número de pessoas que ao menos sabe ler em volapuque deve ter crescido um pouco. O volapuque foi um idioma auxiliar planejado, criado em meados do século 19 pelo padre alemão Johann Martin Schleyer, que numa noite sonhou com a ideia de uma língua internacional e começou a criar as palavras e a gramática. Mesmo inspirado nas maiores línguas europeias, o vocabulário e os morfemas representam versões bem mutiladas dos originais.
Tão rápido quanto o movimento cresceu e culminou num primeiro encontro internacional de volapuque, ele também definhou e perdeu o interesse dos falantes, que não o acharam prático pra fins cotidianos. Costuma-se dizer que ele foi um antecessor do esperanto, que apesar de também ter um aspecto muito peculiar, obteve no longo prazo muito mais sucesso e longevidade. Ironicamente, quando o polonês Ludwik Lejzer Zamenhof lançou as bases do esperanto, ele nunca havia tido contato com o volapuque, cujos manuais acabaram tornando-se material de curiosidade, só difundidos agora com a internet.
A matéria televisiva pinta inclusive o esperanto como um projeto “falido”, mas acredito que seu potencial é muito grande, embora já pareça obsoleto do ponto de vista estritamente linguístico e científico moderno. O importante é que esses senhores provavelmente aposentados, que incrivelmente dizem nunca se terem visto antes, passaram uma boa tarde voltando a usar seu volapuque e a acreditar numa “Europa estável”. Afinal, como diz o lema do idioma, Menefe bal, püki bal (Uma humanidade, uma língua)!