sábado, 4 de março de 2023

Memes comunistas ontem e hoje (2)


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Continuando a iniciativa de memes comunistas lançada em dezembro de 2022, seguem mais vídeos engraçados sobre o mundo comunista antigo e moderno, anteriormente compondo meu antigo canal no YouTube, o Pan-Eslavo Brasil, que como você pode notar, teve outros nomes ao longo de sua existência. Como o Google resolveu apagá-lo em agosto de 2021, comecei aos poucos a redirecionar os arquivos de outras plataformas, e no momento estou usando o Drive do próprio Google. Dada a atual ausência do canal, estou relançando bem aos poucos (porque realmente é muita coisa!) na página tudo o que tinha lá, com ou sem as descrições originais, apenas pra fins culturais e memoriais, sem pretensões de viralizar. Na publicação de hoje, seguem alguns vídeos relacionados à história do bolchevismo e dos países concernidos ao longo do século 20, que podem ter um caráter humorístico dependendo de nossa leitura “maldosa”. Bom proveito!



Romance macho no mundo socialista: Brezhnev e Honecker na Alemanha Oriental, em 1973. O amor é lindo, e entre Leonid e Erich as coisas eram bem íntimas... A URSS e a RDA nunca iam deixar se separar com uma ligação tão calorosa! E assim continuou o bloco socialista até 1989, numa lua-de-mel só. Este é o vídeo completo com a reportagem sobre a visita soviética a Berlim. Nota essencial: O beijo entre homens, que sempre foi motivo de piada no Ocidente, era um cumprimento formal comum até há algum tempo. Atualmente, as novas e médias gerações não fazem mais isso, então não é mais comum ver “homens se beijando” na Rússia, e nem é recomendável fazer isso com um estranho!

Depois, um boletim noticiário da antiga Checoslováquia comunista informa sobre a visita de Honecker àquele país em 1983. O velho beijoqueiro é recebido pelo homólogo local, Gustáv Husák, que tem origem eslovaca e com o qual participou de várias cerimônias de condecoração, sob o olhar de representantes das duas nações. Embora Leonid Brezhnev, líder da URSS, tivesse morrido em 1982, ele deixou sua marca nos chefes daquela geração pós-68: gosto por medalhas e autoritarismo político “normalizador”.

Mas há ainda outro traço inegável: os “beijinhos” bem no meio ou no canto da boca dados entre hóspede e visitante. Eram geralmente chamados também “triplo Brezhnev”, pois se davam exatamente três vezes! E olha que nem Honecker nem Husák eram russos. Nessa visita, algumas coisas interessantes aconteceram, rs. Trilha sonora: Boig per tu (banda Sau) e O Cavaleiro Solitário (tema do filme).

E falando em medalha, também achei este vídeo por acaso, e apenas cortei umas poucas partes e recortei o quadro, podendo chamá-lo de “Ooops, caiu a medalha!”, rs. Quem tem intimidade com a história da União Soviética, sabe que Brezhnev, que comandou o país de 1964 até morrer, em 1982, tinha uma fascinação incomum por condecorar e ser condecorado. Uma piada recorrente dizia que ele faria uma cirurgia pra aumentar o tórax, porque já não lhe cabiam tantas medalhas que recebia em vários países e na própria URSS!

Em seu último ano de vida, e de fato vemos como ele já estava “nas últimas” pelas imagens, não deixou de fazer algumas cenas, como esta, em que ele diz estar condecorando figuras que se destacaram no Estado, nas artes e na ciência (não consegui pegar toda a letra do texto). Não identifiquei o senhor que recebe a medalha em questão, mas dado o tanto de coisas que já estava segurando, deixa a honraria cair no chão! Brezhnev tenta ajudar, mas ele mesmo se abaixa e rapidamente pega de volta o presente.

E, claro, não poderia deixar de haver o célebre “beijo russo”, de que o secretário-geral tanto gostava. Talvez com pressa ou “passado do ponto”, ele não fez três repetições, como de costume, mas apenas uma, que já devia estar bom pra ocasião, rs. Seu sotaque ucraniano é inconfundível (falar H no lugar de G). Essa iniciativa “Ностальгия” (Nostalgia) é muito boa, eles guardam muitas pérolas raríssimas!








Chuck Norris vs. Marilena Chauí em “Eu odeio a classe média!” No começo da década de 2010, circulou amplamente nas redes sociais um vídeo da filósofa e professora da USP, Marilena Chauí, participando de um evento político-acadêmico de esquerda na presença do já ex-presidente Lula. Fervorosa esquerdista e simpatizante do PT, ela explicava essencialmente por que no governo Lula não tinha se formado uma “nova classe média” com a ascensão social: pra ela, continuar vendendo a força de trabalho só tendo um pouco mais de poder de compra não configurava uma “classe média”, mas um proletariado mais bem de vida. Chauí argumenta que o conceito (acho que de matriz estruturalista) de classe média implica uma “camada intermediária” que nem vende a própria força de trabalho, nem compra a de outrem.

Daí que ela “roda a baiana” e profere as diatribes contra a classe média, que geraram o rebuliço essencial. Na tradição marxista, costuma-se atribuir à classe média uma partilha de pensamento com a burguesia, pois ao mesmo tempo que aquela aspira pertencer a esta, ela também tem medo de cair na “proletarização”. Daí, em períodos de turbulência, a adoção de ideias radicais de direita por grande parte da população. Mas claro, acho que Chauí foi um pouco além na caracterização dessa classe média e na época despertou a fúria dos antipetistas... Essa é minha interpretação.

Dito isso, minha intenção foi resgatar esta montagem, embora eu não concorde com sua mensagem política (e tirei os traços referentes a ela), pois a montagem com o famoso meme do Chuck Norris quebrando a TV ficou genial. Logo que consegui um programa pra baixar a partir do DailyMotion, já repostei a pérola criada pelo Rafael Novais há tantos anos e pouco visualizada... Mas sabe que depois de Bolsonaro e de todo o mal que ele causou, talvez Marilena até tivesse razão?


Em 2018, quando a “República” “Popular” “Democrática” da Coreia (mais conhecida como Coreia do Norte) completou 70 anos de fundação, uma equipe do Fantástico (TV Globo) conseguiu autorização pra visitar e mostrar aos brasileiros como é a vida no país. Após um longo processo burocrático, os repórteres chegaram e filmaram, sobretudo, a capital Pyongyang e as comemorações que lá ocorriam. Mas eles foram também um pouco pro interior e até conseguiram visitar a Escola de Línguas Estrangeiras, onde alguns jovens mais privilegiados estudavam nosso idioma português.

Eu separei exatamente o trecho que aparece no segundo episódio, quando numa conversa descontraída os estudantes e o repórter acabam falando algumas coisas engraçadas. Esse vídeo está no canal do Leo Madureira, no qual também há o primeiro episódio, ambos com muito mais qualidade do que as cópias mais vistas num outro canal. O trecho mais “sensação” é o do moço que diz: “Não tenho interesse em comer [ou “comida”, talvez], por isso eu sou finão!”. Parece até um humor negro obscuro, pelo qual o repórter não esconde o riso, comparando com a situação em que vivem muitos norte-coreanos. Mas é interessante como até lá o Brasil tem muitos aspectos conhecidos, incluindo, pasmem, Paula Fernandes!

Alguns trechos já foram legendados pela própria Globo (como, incrivelmente, o da própria professora falando), mas pra sua comodidade, legendei também o que os estudantes falavam.