terça-feira, 26 de março de 2019

Joanna Kulig – “Dwa serduszka” (2018)


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/serduszka




Este trecho ficou muito famoso no mundo do cinema por conter o tema principal do filme polonês Zimna wojna (Guerra fria), lançado em 2018 e que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019. O filme trata do período comunista da Polônia, e quem está cantando é a atriz protagonista, Joanna Kulig, no primeiro vídeo em versão jazz com arranjos de Marcin Masecki e letra adaptada por Mira Zimińska-Sygietyńska, e no segundo vídeo em coral popular com Kulig à frente. O poema original, na verdade, possui autoria anônima, e recebeu melodia própria de Tadeusz Sygietyński. A expressão serduszko pode significar em polonês o diminutivo de serce (coração) ou a figuração estilizada de um coração, que usamos em contextos apaixonados.

O filme Guerra fria é um drama que se passa na Polônia e na França entre as décadas de 40 e 60, e tem como centro do enredo um diretor musical que descobre uma jovem cantora e termina engatando um romance com ela. Nesta edição 91 do Oscar, a película concorreu aos prêmios de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Diretor, tendo sido muito aclamado ao estrear e ganhar a palma de Melhor Diretor no Festival de Cannes em 2018. Wiktor Warski (com o ator Tomasz Kot) e Zula Lichoń (interpretada por Joanna Kulig) levam uma relação de amor profundo, obsessivo e destrutivo, mas como vivem no período da Polônia comunista, têm que se adequar às regras do regime pra trabalhar. Tentando fugir pro Ocidente pra desfrutarem de liberdade criativa, veem uma oportunidade surgir na França, mas o destino acaba os separando.

Pianista e maestro de um grupo folclórico, Wiktor encontra Zula em 1949, quando fazia compilações de canções populares no interior, e se apaixona por seu caráter e talento de voz e dança. Entre as muitas viagens do músico e entre as muitas turnês do grupo folclórico da moça, eles vão se encontrando e se separando. Nesse meio Wiktor é inclusive preso num campo de trabalhos forçados na Polônia, acusado de traição e cruzamento ilegal de fronteiras, quando retornou um dia a seu país. Kulig gravou a faixa completa especialmente pro filme, e o famoso grupo folclórico Mazowsze também já tinha sua apresentação.

Eu mesmo traduzi e legendei o trecho da canção, tendo baixado um vídeo sem legendas com a cena do casal no bar L’Éclipse, em Paris, e outro vídeo sem legendas com a cena no teatro polonês, em cuja entrada há inclusive uma faixa escrita Partia – Naród (Partido – Povo). Apesar do primeiro ter legendas em inglês, foi o melhor que achei, pois um que estava sem intervenção nenhuma não tinha sincronia do som com a imagem. O final da letra, a qual copiei desta página, difere um pouco nas duas versões. Seguem as respectivas legendagens postas na TV Eslavo (YouTube), a letra em polonês com as segundas estrofes diversas se seguindo, e a tradução em português:





Dwa serduszka, cztery oczy, ojojoj...
Co płakały we dnie, w nocy, ojojoj...
Czarne oczka co płaczecie,
Że się spotkać nie możecie,
Że się spotkać nie możecie...

Mnie matula zakazała, ojojoj...
Żebym chłopca nie kochała, ojojoj...
A ja chłopca hac! za szyję,
Będę kochać póki żyję,
Będę kochać póki żyję...

Mnie matula zakazała, ojojoj...
Żebym chłopca nie kochała, ojojoj...
Kamienne by serce było,
Żeby chłopca nie lubiło,
Żeby chłopca nie lubiło...

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Dois corações, quatro olhos, oi, oi, oi...
Que choravam dia e noite, oi, oi, oi...
Olhinhos negros, vocês choram,
Pois não podem se encontrar,
Pois não podem se encontrar...

Minha mamãe me proibiu, oi, oi, oi...
De gostar de um rapaz, oi, oi, oi...
Mas o agarrei pelo pescoço,
Vou amá-lo por toda a vida,
Vou amá-lo por toda a vida...

Minha mamãe me proibiu, oi, oi, oi...
De gostar de um rapaz, oi, oi, oi...
Só sendo um coração de pedra
Para ele não amar o rapaz,
Para ele não amar o rapaz...