sexta-feira, 6 de outubro de 2023

O que houve com a Unicamp dos 2000


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Smartphone, gênere neutre e professor andando armado: isso tudo parece ter se tornado corrente na Universidade Estadual de Campinas nos primeiros anos da década de 2020, mas eram impensáveis em meados dos anos 2000. Ainda se vivia a ilusão de progresso democrático, diplomático e tecnológico lineares, a crise de 2008 não tinha estourado e as divergências político-partidárias não se traduziam em inimizades existenciais: teu amigo podia ser petista e você tucano, e tava tudo bem; Alckmin dizia que Lula “queria voltar à cena do crime”, e no fim ambos se apertavam as mãos.

Eu entrei sem cursinho e de primeira chamada na graduação em História da Unicamp em 2006, e até 2012, quando defendi minha monografia (TCC), muitas dessas ilusões continuavam. Pra muita gente de esquerda, até a “primavera árabe” era vista como um sinal do “progresso inelutável” da “democracia” em escala global. Mas num tempo de Orkut e celulares Nokia de telinha azul, o mais importante eram camaradagem e espírito esportivo, com as discordâncias acabando em boas risadas sentados na cantina do IFCH – pelo menos em minha turma. É claro que “greves estudantis” já incomodavam, até porque nunca morei em Barão Geraldo; mas ainda não eram motivo, dependendo do “lado da barricada”, pra atacar o colega como fascista ou comunista. Ainda...

E era com minha câmera digital Olympus ganhada no começo daquele ano, cujas fotos depois eu alegremente passava com um cabo USD pra meu barulhento computador de mesa, que eu registrava bobamente em muitos lugares as pessoas e os eventos! Com ela até adotei a prática da selfie antes mesmo da palavra existir, rs. E no dia 25 de abril de 2006, lá fui eu pra mais uma manhã na faculdade, e antes da entrada às 8h, quando as conversas ainda supriam os mundinhos digitais de bolso, todo mundo ficava louco pra ser registrado. Sem medo de espionagem pelas big techs!

Originalmente tinha pensado apenas em publicar essas primeiras imagens loucas que obtive há alguns dias, mostrando como a Unicamp parece ter virado de pernas pro ar (mais do que geralmente costuma virar...). Eu hein, preferia a época em que o único motivo de espanto era o “baseado”! Mas aproveitei a ocasião pra enfim legar ao público estas fotos raras, que volta e meia reapareciam em redes sociais que eu chegava a manter e que carreguei pela primeira vez no meu perfil do Fotoblog da conta do UOL; de 2000 a 2011, fui usuário com o endereço fiszuk@uol.com.br antes de ceder ao monopólio do Google e, em parte, do Facebook/Meta. Esta primeira série (literalmente!) foi tirada no andar de cima do prédio das salas de aula da graduação, e apenas coloquei os primeiros nomes e apelidos pra evitar possíveis transtornos à privacidade. Todos foram de minha turma!


Gostaria de começar com esta, embora não fosse a primeira na ordem de surgimento, pra homenagear nosso colega Everaldo Dolensi Junior, com o qual tive muito poucas conversas e que se suicidou no próprio câmpus em 18 de setembro de 2006. Ouvi que ele sofria de depressão, quando as doenças mentais não tinham a mesma atenção do público do que agora. Se a família ou próximos chegarem a esta foto, fica minha homenagem e respeito. De rosa, a Talita.


Esq. à dir.: Cláudio, Silas, Marcos e Caetano


Sandra Vilela Resende (de rosa), a “Sandrinha” que também nos deixou muito cedo, e Letícia




Talita e Caio sentados, e o Rodolfo que achou o chão mais confortável, rs


Arthur (esq.) e Gustavo


Leandro (tinha um Leonardo que faltou, rs)


Bruno (esq.) e Cláudio


Da esq. à dir.: Letícia, Gabriela, Sandrinha, Natália e Bruna (bixete de Ciências Sociais)


As meninas da frente (esq. à dir.): Joice, Alexandra “Xanda”, Letícia e Ana Carolina. Os meninos de trás (esq. à dir.): uma “meia cara” do Frederico “Fred Buritama” (outro que nos deixou) entre a Joice e a Xanda, Gustavo “Gustavê”, Rafael “Batata”, Ismael e Eduardo


Da esq. à dir.: Gustavê, Ismael, Leandro, Eduardo e Batata.


Num belo 17 de abril de 2007, eu estava vivendo minha primeira greve, à qual nossa sala aderiu em massa, exceto pelo papai aqui e pelas duas meninas da foto abaixo que se recusaram expressamente a ser fotografadas: a mesma Ana Carolina de cima (esq.) e a Laura. Porém, o que me deixou mais feliz foi poder livremente fazer este registro de José Alves de Freitas Neto, o “Zé”, intelectual público, um de meus professores preferidos e que teve frustrado aquele dia seu intento de dar mais uma aula de Teoria da História I...



No mesmo dia, outro registro de valor sentimental inestimável pra mim: uma das aulas de meu primeiro semestre de Russo I no Centro de Ensino de Línguas com o professor e tradutor Nivaldo dos Santos! Na época, ele ainda usava as fitas cassete da famosa coleção soviética O russo para todos, mas depois um aluno digitalizou os áudios pra ele, e hoje nem o método o Nivaldo usa mais. Não me lembro mais do nome nem do curso dessa moça, que era muito bonita, mas infelizmente só fez o primeiro semestre, e também me esqueci do nome do rapaz alto, só sei que fazia Medicina.




Da esq. à dir.: Isabel, Everton, a conjugação do verbo ulybátsia (“sorrir”, nosso primeiro reflexivo!), Nivaldo e... !


Ana Paula e Everton


Isabel, Nivaldo e o ulybátsia, rs.