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Igor Dodon, socialista eleito em 2016, perdeu a reeleição de novembro passado pra sua ex-premiê Maia Sandu, que é da direita liberal e pró-Europa. Ela também já trabalhou em bancos no Ocidente e foi uma impopular ministra da Educação em outro governo. Solteira, tornou-se primeira-ministra por breve tempo num ato fracassado de conciliação. Dodon deixa uma Moldova afundada em crise política, econômica e sanitária (covid-19), criticado por sua posição pró-Rússia e pela manobra de, antes da saída, tentar a aprovação de uma lei que reduzia os poderes presidenciais. Não conseguiu.
Maia Sandu já anunciou que será “a presidente da integração europeia”, num país dividido entre aqueles que querem a reunificação com a Romênia (situação comparada à da Alemanha na “guerra fria”, já que o país foi fundado por Stalin) e aqueles que defendem a herança russa ou até a independência da região da Transnístria, conflito ainda não resolvido. Presidentes de uma coalizão de países vizinhos contrários à política externa da Rússia enviaram uma nota conjunta de felicitação à presidente. Eu mesmo escolhi as cenas, embora possa parecer um pouco arbitrária, traduzi algumas falas importantes e coloquei notas explicativas em alguns trechos. Algumas das marchas estão no YouTube, como Dumitru Cantemir e La Mulți ani.
O vídeo permite perceber uma situação inédita na Moldova, e mesmo em outros países: só mulheres regendo a posse, ao mesmo tempo na presidência do Parlamento, da Corte Constitucional e agora da República. Mesmo com engasgo, ela até ensaiou algumas frases nas línguas minoritárias da Moldova, como lemos na íntegra do discurso:
Em russo: Дорогие граждане! Я буду бороться против тех, которые нас обкрадывают и доводят до нищеты. Я буду действовать в интересах всех граждан, чтобы повысить уровень жизни и вселить уверенность в завтрашнем дне. (Caros cidadãos! Lutarei contra aqueles que nos roubam e nos conduzem à miséria. Atuarei no interesse de todos os cidadãos para elevar o nível de vida e instilar a confiança no dia de amanhã.)
Em ucraniano: Я буду голосом людей і буду вимагати від відповідальних державних установ вирішувати проблеми громадян. (Serei a voz das pessoas e exigirei que as instituições estatais responsáveis resolvam os problemas dos cidadãos.)
Em gagaúzo: Bӓn çalışacam, ki devletin herbir vatandaşı duyabilsin, ani bizdӓ cuvapçılı devlet önetmesi var. (Não traduzi, quem souber chame no Insta.)
Em búlgaro: Аз щe уважавам културата и традициите на всеки една общност. (Respeitarei a cultura e as tradições de cada uma das comunidades.)
Este é o texto do juramento, conforme exibido no site da presidência e que pude também comparar com a tradução oficial russa:
Jur să-mi dăruiesc toată puterea şi priceperea propăşirii Republicii Moldova, să respect Constituţia şi legile ţării, să apăr democraţia, drepturile şi libertăţile fundamentale ale omului, suveranitatea, independenţa, unitatea şi integritatea teritorială a Moldovei. (Juro dedicar toda a minha força e capacidade à prosperidade da República da Moldova, respeitar a Constituição e as leis do país, defender a democracia, os direitos e liberdades fundamentais das pessoas, a soberania, a independência, a unidade e a integridade territorial da Moldova.)