segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Pablo Marçal não acredita em Darwin


Endereço curto: fishuk.cc/marcal-darwin

Muito se poderia dissecar do falatório de Pablo Marçal, futuro candidato a picareta-mor da Gadolândia bananeira, no Roda Viva do dia 2 de setembro, mas vou me focar neste trecho quase ao final, pois já é muito revelador.

Sem dizer, ele trata a evolução das espécies como uma “opinião”, pior, “incompatível com o cristianismo”, como se ser cristão fosse negar evidências científicas. Pior ainda, “o homem veio do macaco” é uma deturpação grosseira da própria teoria! Será que ele teria liberdade de “criticar” a lei da gravidade ou o heliocentrismo? E assim como lhe perguntaram se ele acredita no aquecimento global, Marçal certamente ia sabonetar pra caramba se lhe perguntassem se ele ainda considera a evolução das espécies como uma questão de “opinião”, pois não deixou claro se mantém a “opinião” de 5.ª série (tal como mantém o mesmo comportamento, rs).

O candidato a prefeito de SP também demonstra ignorância: despacho não se faz em terreiro, mas ao ar livre (confesso, fui pesquisar isso na Wikipédia!). E pra não fugir do script, reclama de “cristofobia” (o Bozo é quem usa o termo, mas o tiktoker trouxe a essência exata), enquanto as religiões de matriz afro são as mais perseguidas no Brasil (desde a era colonial!), inclusive com terreiros vandalizados por evangélicos fanáticos. Esses também se incluem na “cristandade” do Pablo?

Não passou em federal (culpou não ter dinheiro pra cursinho), não passou na OAB (salvo engano) e sem querer reforçou a imagem caricatural dos evangélicos como anticiência (e alguns são, claro), continuando, à maneira da familícia, a manipular um “cristianismo” genérico pra enganar ofensivamente as pessoas de fé. Esse é o futuro de nossa política?


Porque se alguém fala que vai num terreiro fazer um despacho, ninguém tira sarro, só tira sarro de quem é crente, só tira sarro de quem é evangélico. Na escola, na quinta série, eu nunca concordei que a gente veio do macaco, e aí sabe o que acontecia? Eu ouvia: “Cê é um crentinho!” E eu sempre defendi minhas convicções e quero que todo mundo pense, eu quero que todo mundo tenha liberdade. Eu sou cristão, sim, e eu acredito nisso e nunca vou curvar minha cabeça pra isso. E viva a liberdade nesse país!


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