quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O melhor dos eslavos: humor e música


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/meme-eslavo




No meu canal Eslavo (YouTube), como eu disse na postagem anterior, às vezes gosto de carregar imagens engraçadas do mundo eslavo, ou montagens que eu mesmo invento com teor humorístico, que chamo genericamente de “memes”, mas nem todos os inscritos gostam. Em geral priorizo o mundo eslavo, porque muita coisa é digna de ficar conhecida, mas quem fala português quase sempre tem essa barreira da língua. Nem sempre minha tentativa de ser um “canal SAM” dá certo, mas eu continuo tentando!

Nesta e em outras postagens, farei coleções com os melhores memes que tentei criar no meu canal. Nem todos vêm de países eslavos, e muitos constituem verdadeiras montagens cômicas, mas eles deviam possuir um espaço, além das próprias playlists a que pertencem no YouTube, pra ser reunidos, exibidos e comentados. Hoje, apresento aqui material da antiga União Soviética e dos países eslavos que a ela pertenceram ou não antes de 1991, exceto da antiga Iugoslávia, já abordada aqui. Faço exceção à Moldávia, nação de língua romena criada em 1945 e que integrou a URSS até sua dissolução. São montagens, pequenos trechos e “falsas traduções” que decidi publicar pra mostrar ao visitante minha interpretação cômica sobre certos fatos!



Arrochando em plena madrugada, porque mandei este vídeo quase à meia-noite, na pressa, terminando-o com muito custo. “Mijador com mijador” bem numa terça-feira! Esse gênero sérvio se chama kolo, dançado em roda (kolo = roda, anel), muito típico principalmente em festas e casamentos, e que tem várias formas de execução. Algumas, como esta, parecem muito com o forró lambado do Nordeste brasileiro.

Na época da montagem (maio de 2017), os gêneros que misturavam o forró cearense, o arrocha e outras breguices até estavam no ápice do sucesso, daí algumas referências no começo do vídeo. Eu tirei o áudio deste endereço, onde a melodia, aparentemente tocada em teclado (daí a semelhança também com nossos forrozeiros “dos teclados” dos anos 90 e 2000), é chamada Kolo Crnogorka. Por isso, usei também imagens relacionadas à recém-fundada república de Montenegro.



Em geral, não gosto de postar vídeos por postar, copiando de outros e sem fazer nenhuma alteração, ao contrário das minhas legendagens. Um dia desses, tive que fazer uma gloriosa exceção. Procurando ao acaso vídeos com o hopak (гопак), a dança nacional ucraniana (em russo, também falada gopak), achei esta pérola, a mais linda que vi até hoje, provavelmente gravada nos anos 90 em algum teatro da Ucrânia. Trata-se do Honorável Conjunto Nacional Acadêmico de Dança da Ucrânia Pavlo Virsky, de Kyiv (Kiev), e deve ser desse patrono o rosto azul que ilustra o cenário (palco).

O vídeo original foi postado em 2009 num canal ucraniano, e embora ele tenha quase 592 mil visualizações, o canal ainda tem muito poucos inscritos: vamos dar uma força? Vejam muito mais vídeos típicos lá, além dos relacionados ao lado pelo próprio YouTube. Eu fiz um recorte que, embora tire algumas partes da imagem, mantém o essencial e se ajusta melhor às telas modernas. Aproveitem, assistam bastante e divulguem, pois essas pérolas da dança ucraniana são raríssimas de se achar. E esta é mesmo uma das mais próximas do estilo autêntico.



Um vídeo postado por um falante de inglês anuncia o “autêntico Mr. Trololo”: trata-se de Muslim Magomaiev, outro mito da canção popular soviética, como Eduard Khil, entoando exatamente a mesma “música”. Já o postei aqui cantando As janelas de Moscou num antigo show preto e branco, mas eu não me satisfiz e fiz a busca no YouTube por “магомаев вокализ” (ou seja: “Вокализ”, na verdade, costuma ser o nome técnico da canção, embora também costume ser chamada pelo nome comprido Estou muito feliz, porque etc.). Isso foi o que achei: sua aparição num antigo programa da TV estatal da URSS, chamado “Голубой огонёк” (Goluboi ogoniok), A centelha azul, de variedades semanais e que depois passou a ser exibido só em datas especiais.

O vídeo original foi postado ainda em junho de 2009, ou seja, antes de Khil bombar mundialmente como Mr. Trololo, e diz-se ter sido tirado diretamente do site pessoal de Magomaiev. Não há precisão de data (apenas se diz “anos 60”), mas pela Wikipédia russa, sabemos que a canção foi composta em 1966 por Arkadi Ilich Ostrovski, originalmente com letra do poeta Vadim Semernin. A versão que popularizou mesmo foi apenas a vocalização da melodia, sem a letra, e a gravação de Khil que seria postada em 2009 e bombaria em 2010 só foi feita em 1976. O contexto da gravação de Khil foi todo diferente, mas imagino que cafonice devia ser esse programa na época do Muro de Berlim. Algo remotamente parecido só vi quando Sergio Günther, o “irmão alemão” de Chico Buarque, ficou conhecido no Brasil, pela filmagem de um programa alemão oriental de cunho “humorístico” símile na época. Infelizmente, a íntegra original foi removida, mas sobrou a parte em que aparece o “bastardo”.

Outro problema posto: na Rússia, quando alguém sem conhecimento prévio é posto pra ouvir simultaneamente áudios com Magomaiev e Khil, em geral não consegue distinguir de cara os dois barítonos. E pra piorar, é provável que uma legendagem que atribuí a Khil e que publiquei aqui há algum tempo também seja de Magomaiev, e não de Khil. Isso porque, embora eu tenha achado o MP3 como de Khil, vários russos me alertaram sobre essa autoria real, além do que não achei nenhuma menção direta ao Mr. Trololo como intérprete dessa música. Pelo contrário, na rede social de um russo, vi-o comentando que numa homenagem lá na Rússia mesmo, tocaram a canção como sendo de Khil, pra ele erroneamente. Outros contatos comentaram a postagem confirmando as assertivas do russo, e desde então tenho dúvidas.

Com esse vídeo de Muslim Magomaiev também fazendo o “Trololo”, ficou ainda mais evidente a similaridade de voz, roupagem e estilo dele com Eduard Khil. Há quem diga que Khil, tendo “uniformizado a letra” (?), fez a melhor das versões, ainda mais comparado com Magomaiev, que mistura “trololó”, “hm-hm-hm”, “dururu”, “auêa” e assobios. Mas vocês é que dão a última palavra a si mesmos! Notavelmente, embora tenha sido postado na mesma época, o upload do inglês só chegou a ter pouco mais de 2 milhões de visualizações. Infelizmente, agora ele foi deletado do YouTube!



Muito por acaso, descobri que o programa televisivo Goluboi ogoniok, transmitido com interrupções e reelaborações até hoje na Rússia, pode ser uma mina de videomemes soviéticos. Inicialmente, o programa passava todo fim de semana, e reunia num tipo de café cenográfico shows de dança, diálogos jocosos, números musicais com cantores e instrumentistas e a participação de figuras destacadas na sociedade soviética, como cientistas, escritores, astronautas, gente condecorada etc. Algum tempo depois, passou a ser exibido somente em datas festivas e feriados, mas ficaria mais conhecido com o formato que mantém atualmente: um show transmitido na véspera do Ano Novo e reexibido no Ano Novo ortodoxo (13 dias depois).

Topei com ele enquanto fazia a busca pelo Trololó, e de repente achei a referida gravação de Muslim Magomaiev. Num dos programas que baixei, encontrei esta linda pérola: um dançarino soviético ao estilo cabaré ocidental, antecedendo o que poderíamos hoje relacionar a Pabllo Vittar ou Ney Matogrosso, porém com muito mais roupas. Só faltou bater a cartola, isto é, o cabelo: que ginga, que swing! Parece irônico, mas “голубой”, literalmente “azul celeste” (em contraposição a “синий”, “azul escuro”), na gíria russa significa “gay”, “homossexual”, “boiola”. Do vídeo completo, de quase duas horas, apenas extraí o tempo correspondente e tirei as margens pretas em excesso.



Este vídeo foi originalmente feito em 2012, numa edição do programa de TV Slovenija ima talent (A Eslovênia tem talento), e o conjunto executa uma polca de autoria de Slavko Avsenik e arranjos de seu irmão Vilko Avsenik. Ela foi composta em 1954 e gravada pela primeira vez em 1955, sendo considerada uma das melodias mais reproduzidas do mundo hoje. Na Golici se refere ao monte Golica (Kahlkogel em alemão), localizado na fronteira entre a Eslovênia e a Áustria, mais exatamente sobre a cidade eslovena de Jesenice. Por isso a aparente semelhança com a música austríaca ou mesmo alemã (o país já foi parte do Império Austro-Húngaro e da Itália).

Ô loco, meu! Quarenta feras fazendo graça com sanfona? Brincadeira! No vídeo original, sem cortes ou legendas, pus apenas umas legendas zoeiras pra vocês captarem o espírito da coisa!



Este vídeo é um trecho de uma reportagem que achei bem por acaso, provavelmente de uma TV do Cazaquistão que também transmite em língua russa. A matéria se intitula “Por que os russos estão estudando a língua cazaque?”, e sugiro que vocês deem uma olhada, mesmo se entenderem nada ou nem tudo.

A transmissão se centra no motivo que estaria levando alguns jovens estudantes russos a estudarem a língua cazaque, que é da mesma família do turco, ao contrário da língua russa. Esses jovens, em suma, querem buscar mais oportunidades profissionais, já que o Cazaquistão é um grande parceiro estratégico da Rússia (a começar pelo mesmo pertencimento à União Eurasiática), e estudar um idioma totalmente diferente dos indo-europeus. De fato, quase todos os jovens sempre buscam primeiro inglês e espanhol, e depois francês e alemão, pondo de lado as línguas dos países vizinhos.

Estas jovens do vídeo são estudantes da Universidade de Linguística de Moscou (MGLU), e estão continuando uma sequência de cantos em língua cazaque que também aparecem tocados em violão no meio da reportagem. Eu resolvi cortar só esse trecho e aproximar o quadro, pra fazer uma brincadeirinha. Os russos sempre foram especialistas em estudar academicamente as línguas “exóticas” das antigas repúblicas soviéticas e dos povos minoritários que habitam a Rússia atual. Quem deseja se aventurar nesses idiomas vai infelizmente achar, mais do que tudo, material em russo.



O amor é lindo, e entre Leonid e Erich as coisas eram bem íntimas. A URSS e a RDA nunca iam deixar se separar com uma ligação tão calorosa! E assim continuou o bloco socialista até 1989, numa lua-de-mel só. O vídeo completo consiste numa reportagem sobre a visita soviética a Berlim.

Nota essencial: o beijo entre homens, que sempre foi motivo de piada no Ocidente, era um cumprimento formal comum até há algum tempo. Atualmente, as novas e médias gerações não fazem mais isso, então não é mais comum ver “homens se beijando” na Rússia e nunca é recomendável fazer isso com um estranho.



Achei um vídeo noticiário por acaso e decidi compartilhar: trata-se de um boletim emitido em 3 de julho pelo canal NTV da Moldávia. Uma das reportagens relata a mensagem mandada pelo presidente Igor Dodon ao presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, felicitando-o pelo aniversário da independência deste país.

Na Moldávia (também chamada Moldova), antiga república soviética, também se fala romeno entre grande parte da população, mas eles mesmos chamam a própria língua de “moldávio”, a qual é inclusive o tema central do hino nacional. Nos tempos da URSS, o idioma chegou a ser escrito num alfabeto cirílico adaptado, que acho horrível.

Neste vídeo vocês podem assistir duas vezes à mensagem lida por um narrador e ao texto passado simultaneamente na tela. Aproveitem a rara oportunidade pra descobrir como soa o romeno... ou moldávio? Algumas coisas são compreensíveis, sobretudo pra quem sabe italiano e latim, mas não entendo tudo: se alguém souber traduzir, sinta-se à vontade pra comentar no YouTube.

A música final se chama Alunelul, mas integra o folclore da Romênia. P.S. Escrevi errado no vídeo: segundo o VOLP, não existe o adjetivo “moldavo”, mas apenas “moldávio”.



O jornalismo da remota Moldávia realmente rende muitos memes: aproveitando o mesmo telejornal, tentei novamente dar uma de SAM com a vovozinha cheia das vodcas. Busquei retomar também a velha tradição das montagens toscas do Jiraya e do Daileon!