domingo, 27 de setembro de 2015

Chant des partisans + Hino da França


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Este vídeo é um trecho da tradicional parada francesa em comemoração à queda da Bastilha, conduzida nos Champs-Élysées em 14 de julho de 2015, na presença do presidente François Hollande, do primeiro-ministro Manuel Valls e do presidente do México, convidado de honra, Enrique Peña Nieto. O Coral do Exército Francês executa Le Chant des partisans (A canção dos guerrilheiros), hino da Resistência Francesa contra os nazistas, e La Marseillase (A Marselhesa), hino nacional da França.

A Marselhesa era antes um Canto de guerra para o Exército do Reno composto por Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792 durante a guerra entre França e Áustria. Foi decretada “canto nacional” em 1795, abandonada em 1804, retomada em 1830 e tornada hino nacional em 1879, com uma “versão oficial” efetivada em 1887. Le Chant des partisans foi composto primeiro em russo pela emigrada Anna Marly em 1941 e recebeu letra em francês dos resistentes Joseph Kessel e Maurice Druon em 1943. Nesse ano, uma gravação chegou clandestina à França ocupada, expandiu-se com o epíteto de “Marselhesa da Resistência” e continuou popular após a guerra.

Há muitas variantes das letras das duas canções, mas A Marselhesa eu tirei da Wikipédia em francês, e Le Chant des partisans eu tirei desta página. Este eu mesmo traduzi, cotejando com as versões em espanhol, esperanto e russo da Wikipédia, e da Marselhesa eu dispunha das traduções da Wikipédia e a do livro Francês urgente para brasileiros, de Angela F. Perricone Pastura. A partir delas, cheguei à minha própria versão, cotejando ainda com as das Wikipédias em inglês, espanhol, italiano, catalão, esperanto e galego.

No Chant des partisans usei linguagem moderna, mas na Marselhesa mantive “tu”, “vós” e presente simples ao invés do presente contínuo. Recorri também a textos que explicavam em parte Le Chant des partisans (“Poésie engagé”) e A Marselhesa (“La Marseillaise expliquée aux cons” – aqui; “Au-delà du sens politique et historique, que signifient au juste les paroles de notre hymne national ?” – aqui). O polêmico “sang impur” (sangue impuro), considerado racista, entendi como “sangue plebeu” (não azul/puro), e não “sangue estrangeiro”.

O desfile completo de cujo vídeo eu tirei o trecho pode ser visto no canal do Ministério da Defesa francês. A Marselhesa é executada, além de seu refrão, nas estrofes 1 e 6, mais empregadas em eventos oficiais, embora a letra completa tenha 7 estrofes. A banda e o coral formam o desenho da Cruz de Lorena, símbolo europeu famoso adotado pela Resistência Francesa e popular entre os gaullistas. O vídeo legendado está no meu canal O Eslavo no YouTube, e depois estão as letras das duas canções em francês e em português:




Le Chant des partisans

Ami, entends-tu
Le vol noir des corbeaux
Sur nos plaines ?
Ami, entends-tu
Les cris sourds du pays
Qu’on enchaîne ?
Ohé ! partisans,
Ouvriers et paysans,
C’est l’alarme !
Ce soir l’ennemi
Connaîtra le prix du sang
Et des larmes !

Montez de la mine,
Descendez des collines,
Camarades !
Sortez de la paille
Les fusils, la mitraille,
Les grenades...
Ohé ! les tueurs,
A la balle et au couteau,
Tuez vite !
Ohé ! saboteur,
Attention à ton fardeau :
Dynamite !

C’est nous qui brisons
Les barreaux des prisons
Pour nos frères,
La haine à nos trousses
Et la faim qui nous pousse,
La misère...
Il y a des pays
Ou les gens au creux de lits
Font des rêves ;
Ici, nous, vois-tu,
Nous on marche et nous on tue,
Nous on crève.

Ici chacun sait
Ce qu’il veut, ce qui’il fait
Quand il passe...
Ami, si tu tombes
Un ami sort de l’ombre
A ta place.
Demain du sang noir
Séchera au grand soleil
Sur les routes.
Sifflez, compagnons,
Dans la nuit la Liberté
Nous écoute...

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Amigo, ouve o voo nefasto dos corvos sobre nossas planícies?
Amigo, ouve os gritos abafados do país que acorrentam?
Ei, guerrilheiros, operários e camponeses, é o alarme!
Esta noite o inimigo pagará por nosso sangue e lágrimas!

Subam da mina, desçam das colinas, camaradas!
Tirem das palhas os fuzis, a metralha, as granadas...
Ei, matem logo os assassinos na bala e na faca!
Ei, sabotador, cuidado com a dinamite que carrega!

Nós quebramos as grades das prisões para nossos irmãos,
Com o ódio nos perseguindo, a fome pressionando, a miséria...
Há lugares em que as pessoas sonham acamadas;
Aqui, está vendo, nós marchamos, matamos, morremos.

Todos que vêm aqui sabem o que querem e fazem...
Amigo, se você perece, um amigo sai da sombra ao seu lugar.
Amanhã sangue impuro secará ao sol sobre as estradas.
Assobiem, companheiros, na noite a Liberdade nos escuta...





La Marseillaise

1. Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé !
Contre nous de la tyrannie
L’étendard sanglant est levé,
L’étendard sanglant est levé,
Entendez-vous dans les campagnes
Mugir ces féroces soldats ?
Ils viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils, vos compagnes !

Refrain :
Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez !
Qu’un sang impur
Abreuve nos sillons !
Aux armes, citoyens,
Formons nos bataillons,
Marchons, marchons !
Qu’un sang impur
Abreuve nos sillons !

2. Amour sacré de la Patrie,
Conduis, soutiens nos bras vengeurs,
Liberté, Liberté chérie,
Combats avec tes défenseurs !
Combats avec tes défenseurs !
Sous nos drapeaux que la victoire
Accoure à tes mâles accents,
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et notre gloire !

(Refrain)

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1. Vamos, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou!
A bandeira sangrenta da tirania
É desfraldada contra nós,
É desfraldada contra nós,
Vós ouvis nos campos
Mugir esses soldados ariscos?
Eles vêm a vossos lares para
Degolar vossos filhos e mulheres!

Refrão:
Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue plebeu
Regue nossos campos!
Às armas, cidadãos,
Formemos nossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue plebeu
Regue nossos campos!

2. Amor sagrado pela Pátria,
Guia e apoia nossos braços vingadores,
Liberdade, querida Liberdade,
Combate com teus defensores!
Combate com teus defensores!
Sob nossas bandeiras, que a vitória
Acorra a teus brados viris,
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo e nossa glória!

(Refrão)