quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Катюша (Katiusha) – canção soviética


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/katiusha


Uma das canções russas mais populares do mundo, “Катюша” (Katiusha), isto é, forma afetiva de Katia, por sua vez forma reduzida de Ekaterina, foi considerada em 2015, segundo pesquisa da revista de sociologia Russki reportior, a 13.ª composição poética mais popular da Rússia, alocando-a também como um clássico universal. Ela foi composta em 1938 por Matvei Blanter (melodia) e Mikhail Isakovski (letra), tendo sido estreada mais provavelmente em 27 de novembro de 1939, na voz de Valentina Batischeva cantando na Sala das Colunas da Casa dos Sindicatos, mas segundo outras fontes os primeiros cantores foram Vera Krasovitskaia, Georgi Vinogradov (o que canta no vídeo) e Vsevolod Tiutiunnik em 28 de novembro de 1938.

Nas décadas seguintes, a canção seria cantada por muitos outros artistas, inclusive nosso famoso Eduard “Trololo” Khil. Ela homenageia o sofrimento das jovens esposas de soldados de fronteira que vão defender o país de invasões estrangeiras, mas o tema não se limita à proximidade da 2.ª Guerra Mundial, quando a música se difundiu ainda mais, pois ele está presente em todas as culturas, em todas as nações. Foi traduzida para inúmeras línguas, especialmente no contexto da resistência militar antifascista, e além de figurar em filmes também foi cantada ou conhecida com outras versões de algumas estrofes. Muitas paródias também foram feitas, usos da melodia em composições musicais ou televisivas e ainda popularização em festivais, torcidas organizadas etc.

Matvei Isaakovich Blanter (1903-1990) foi um compositor laureado com o Prêmio Stalin em 1946 e como Artista Popular da URSS em 1975. Filho de atriz, já cantava desde criança, fez depois estudos superiores em teoria musical e composição e se tornou diretor de setores musicais de vários teatros. Abraçou o estilo “realista socialista” nos anos 1930 e progressivamente granjeou fama como um dos maiores compositores da URSS, também pertencendo à União dos Compositores e sendo um antissionista militante. Mikhail Vasilievich Isakovski (1900-1973), laureado com o Prêmio Stalin em 1943 e 1949 e membro do partido comunista desde 1918, nasceu em pobre família camponesa, tendo estudado com muito custo, mas ótimos resultados, trabalhado em jornais e publicado poesias, em especial para músicas. Seguiu escrevendo muitos livros, traduziu poetas bielo-russos, canções populares sérvias e parte da obra de Taras Shevchenko, além de ser esperantista habilidoso e apaixonado.

A legendagem da canção, que segue abaixo, foi um dos primeiros vídeos de meu antigo canal do YouTube e sempre foi um dos mais vistos e curtidos, mas só agora estou publicando na página, após ter refeito a descrição no próprio canal, a qual serviu mesmo de base para esta postagem. Fiz uma montagem com a execução de Vinogradov, colocando várias imagens relativas a moças camponesas e soldados no front, mas tudo com a fuleira tecnologia do Windows Movie Maker e, é claro, sem a menor noção de gráfica ou de padrões para legendas. Eu tirei o áudio desta página, cujo link para baixar está perto da palavra “Скачать”, e lá mesmo pode-se ter acesso à letra da canção clicando em “Текст”. Em todo caso, após o vídeo, inseri também a letra em russo dessa versão mais célebre:



Adendo (4/3/2018): Em novembro de 2017, fiz uma nova tradução, mais abreviada e mais moderna, da canção Katiusha e legendei três vídeos com o texto, pelos padrões profissionais da legendagem. Trata-se, respectivamente, da cantora Katerina Zolotar, de uma garotinha anônima do Coral Cossaco de Kuban e da cantora Ielena Vaienga, intepretando em diversas ocasiões. Seguem as três novas legendas naquela ordem mencionada, e o texto escrito dessa nova versão:




Расцветали яблони и груши,
Поплыли туманы над рекой.
Выходила на берег Катюша,
На высокий берег, на крутой.

Выходила, песню заводила
Про степного, сизого орла,
Про того, которого любила,
Про того, чьи письма берегла.

Ой ты, песня, песенка девичья,
Ты лети за ясным солнцем вслед.
И бойцу на дальнем пограничье
От Катюши передай привет.

Пусть он вспомнит девушку простую
И услышит, как она поёт,
Пусть он землю бережёт родную,
А любовь Катюша сбережёт.

Расцветали яблони и груши,
Поплыли туманы над рекой.
Выходила на берег Катюша,
На высокий берег, на крутой.
Выходила на берег Катюша,
На высокий берег, на крутой...

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Floresciam macieiras e pereiras,
Pairavam névoas sobre o rio.
Katiusha saía para a margem,
Para a margem alta e íngreme.

Ela saía entoando uma canção
Sobre a águia cinza da estepe,
Sobre aquele que ela amava
E cujas cartas ela guardava.

Ó, cançãozinha de donzela,
Voe em busca do Sol claro,
Ao lutador na distante fronteira
Mande lembranças de Katiusha.

Lembre-se ele da moça simples,
Que ele escute o canto dela,
Que ele guarde a terra natal
E Katiusha guarde seu amor.

Floresciam macieiras e pereiras,
Pairavam névoas sobre o rio.
Katiusha saía para a margem,
Para a margem alta e íngreme.
Katiusha saía para a margem,
Para a margem alta e íngreme...


Adendo (4/6/2023): E lá vem mais uma novidade! Alguns anos atrás (2021, no mais tardar), decidi fazer duas traduções poéticas em português da canção Katiusha, talvez sendo minha intenção inicial legendar no Pan-Eslavo Brasil. Lembro-me de ter mandado pra algumas pessoas que acharam as duas versões ótimas, mas nunca pensei em publicar em outras páginas nem em revistas artísticas ou acadêmicas. Assim, finalmente decidi inseri-las aqui, pra quem tiver curiosidade, sendo a primeira versão a mais literal possível, apenas rimando os versos pares de cada estrofe, e na segunda versão rimei (nem sempre perfeitamente) versos pares com pares, e ímpares com ímpares. Um dos versos tem outra alternativa que parece possível:

Floresciam peras e macieiras,
Flutuava a névoa sobre o rio,
Para a margem acorreu Katiusha,
Margem alta, íngreme subiu.
[Para a margem íngreme subiu.]

Acorreu cantarolando versos
Sobre a águia cinza do interior,
Sobre aquele que mandava cartas,
Para quem guardou completo amor.

Ó, canção, ó canto de mocinha,
Voe logo em direção ao Sol,
E àquele que luta na fronteira
Dê lembranças da Katiusha só.

Que ele se recorde da brejeira
E que ao longe escute seu cantar,
Que defenda a Pátria em perigo
E Katiusha queira sempre amar.

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Peras e maçãs entre as folhagens,
Névoa flutuando sobre o rio
E Katiusha dirigiu-se à margem,
Margem alta, íngreme subiu.
[Para a margem íngreme subiu.]

Foi cantarolando serenatas
Sobre a águia cinza do interior,
Sobre aquele que mandava cartas,
Para quem guardou completo amor.

Canto, ó, canção de rapariga,
Voe logo em direção ao Sol,
E ao que bate o invasor perigo
Dê lembranças da Katiusha só.

Que ele se recorde da brejeira
E que ao longe escute seu cantar,
Que defenda a Pátria na fronteira
E Katiusha queira sempre amar.