quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Hino Nacional da Bulgária


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Este é o atual hino da Bulgária, chamado “Mила Родино” (Mila Rodino), Ó, querida Pátria, adotado em 1964, quando o país ainda era uma república comunista. É baseado na canção “Горда Стара планина” (Gorda Stara planina), Os altivos montes Bálcãs, composta por Tsvetan Radoslavov em 1885, a caminho do campo de batalha durante a Guerra Servo-Búlgara ocorrida em novembro daquele ano.

Antes de 1964 a Bulgária mudou várias vezes de hino, mesmo após 1945, até que Mila Rodino foi adotada com algumas modificações na letra, já antes constantemente mudada, uma delas sendo o acréscimo de uma terceira estrofe mencionando Moscou (os búlgaros eram o povo mais atrelado à URSS) e o partido comunista; ouça aqui com legendas, mas sem tradução. A última modificação foi em 1990, após o fim do comunismo, e só ficaram a primeira estrofe e o antigo refrão.

Como diversos outros hinos nacionais de países eslavos, Mila Rodino tem uma letra bem simples e faz muitas referências à geografia local. É notável que a canção chama a Bulgária de zemen rai, ou seja, “paraíso na Terra”, sendo que num momento o hino tcheco também fala em zemski raj, que significa exatamente a mesma coisa. A frase que está no brasão oficial (veja o vídeo) significa “A união faz a força”.

Eu traduzi parcialmente a partir do búlgaro, em especial com a ajuda dos meus conhecimentos de russo e sérvio, com o qual ele compartilha muita coisa, mas também me apoiei bastante nas traduções das Wikipédias em outras línguas. Eu tirei o áudio do vídeo que está neste endereço, e depois montei meu vídeo com uma legenda bilíngue (búlgaro e português), transliterando o alfabeto cirílico, pra conforto de vocês, conforme meu próprio sistema usado aqui no blog. A legendagem abaixo está no meu canal O Eslavo no YouTube, e em seguida estão a letra em cirílico e a tradução:


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Горда Стара планина,
до ней Дунава синей,
слънце Тракия огрява,
над Пирина пламеней.

О мила, мила Родино,
ти си земен рай,
твойта хубост, твойта прелест,
ах, те нямат край.

О мила, мила Родино,
ти си земен рай,
твойта хубост, твойта прелест,
ах, те нямат край.

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Os altivos montes Bálcãs,
junto ao Danúbio azul,
o Sol ilumina a Trácia,
flameja nos montes Pirin.

Ó, querida, querida Pátria,
você é o paraíso na Terra,
a sua beleza e o seu encanto,
ah, eles não têm limites.

Ó, querida, querida Pátria,
você é o paraíso na Terra,
a sua beleza e o seu encanto,
ah, eles não têm limites.

domingo, 27 de novembro de 2016

Morte de Fidel Castro avisada por Raúl


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O que parecia improvável, mas que todo mundo sabia que ia acontecer, finalmente aconteceu. Faleceu na noite da última sexta-feira (início da madrugada de sábado no Brasil) Fidel Alejandro Castro Ruz, advogado que liderou em Cuba o golpe de Estado contra o ditador Fulgencio Batista em 1.º de janeiro (data do meu aniversário!) de 1959 e se tornou ele mesmo o ditador da primeira república comunista das Américas. Apesar dos desmandos, seu regime, incluindo o período de mando efetivo de seu irmão Raúl Castro desde 2006, foi celebrizado pela esquerda radical por causa da erradicação do analfabetismo, do fim da miséria extrema (embora o povo ainda continuasse pobre), da prioridade ao esporte, da exportação de médicos e vacinas para o mundo subdesenvolvido e do apoio a causas revolucionárias e populares no mundo inteiro.

Raúl Castro fez um breve discurso na televisão cubana no início da madrugada de ontem, e vários canais do YouTube em língua espanhola carregaram o mesmo vídeo sem legendas. Um deles era o Martí Noticias, de onde baixei minha versão. Eu entendi de ouvido, então traduzi e legendei ao mesmo tempo, e depois carreguei no meu antigo canal do YouTube. São todos meus os créditos pelo texto em português. Até ontem à tarde, dois canais também publicaram um mesmo vídeo legendado, mas acredito que ele tenha sido crackeado de algum site de notícias, e não está conforme às normas profissionais de legendagem. Por isso, e como tenho muitos inscritos que me acompanham, resolvi fazer minha própria versão. Encontrei depois uma transcrição em matéria especial do jornal espanhol El Mundo, e é ela que reproduzo mais abaixo, com algumas correções, após a legendagem e junto com o texto em português.

E a polêmica ferve na mídia e nas redes sociais, trocam-se “ferpas” ideológicas o tempo todo. Como disse Reinaldo Azevedo, o legado de Fidel Castro não é “ambíguo”, pois de fato era uma ditadura violenta que empobreceu o país. Mas acho que os lados positivos, que (óbvio!) ele não ressalta e que devem ser tirados em comparação com a situação do resto do continente e da Cuba pré-1959, não têm qualquer relação com a presença ou ausência de democracia: há ditaduras prósperas, e há democracias famélicas. A relação de Fidel com Che também era problemática, pois foram os desentendimentos que levaram o argentino a se aventurar em matas e savanas ao invés de esclerosar na burocracia: deixou-se ir o pentelho, e Castro colheu os frutos da mitologização. Sua profissão de fé no comunismo (ou melhor, num bolchevismo que mesmo na URSS já não era o mesmo de 1917), o qual ele repudiava antes de tomar o poder, me leva a ratificar a opinião de um historiador do Rio que me confidenciou que talvez ele seja mais bem lembrado como líder nacionalista (tipo Nasser, Siad Barre, Machel) que se jogou nos braços soviéticos, assim como outros regimes pós-coloniais, por falta de opção.


Querido pueblo de Cuba,

Con profundo dolor comparezco para informar a nuestro pueblo, a los amigos de nuestra América y del mundo que hoy, 25 de noviembre del 2016, a las 22.29 horas de la noche, falleció el Comandante en Jefe de la Revolución Cubana, FIDEL CASTRO RUZ.

En cumplimiento de la voluntad expresa del compañero Fidel, sus restos serán cremados.

En las primeras horas de mañana, sábado 26, la comisión organizadora de los funerales brindará a nuestro pueblo una información detallada sobre el homenaje póstumo que se le tributará al fundador de la Revolución Cubana.

¡HASTA LA VICTORIA! ¡SIEMPRE!

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Querido povo de Cuba,

Com profundo pesar venho informar ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro de 2016, às 10 horas e 29 minutos da noite, faleceu o Comandante-em-Chefe da Revolução Cubana, FIDEL CASTRO RUZ.

Em obediência ao desejo expresso do companheiro Fidel, seu corpo será cremado.

Nas primeiras horas da manhã de sábado 26 [talvez seja mesmo “Nas primeiras horas de amanhã, sábado 26”], a comissão que vai organizar o funeral concederá ao nosso povo um informativo detalhado sobre a organização da homenagem póstuma que será prestada ao fundador da Revolução Cubana.

ATÉ A VITÓRIA! SEMPRE!


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Hino Nacional da Sérvia


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Este é o atual hino nacional da República da Sérvia, cujo título oficial é “Боже правде”, em alfabeto latino Bože pravde (Ó, Deus de justiça) e que foi composto em 1872 por Davorin Jenko (melodia) e Jovan Đorđević (letra). Foi adotado pela primeira vez em 1878 pelo Principado da Sérvia, e depois pelo sucessor Reino da Sérvia, tendo passado por diversas modificações conforme o monarca que governava e o tipo de regime do país. Em 1918 passou a integrar o hino do recém-formado Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, mais tarde Reino da Iugoslávia, junto com as canções dessas nacionalidades, até o fim da monarquia em 1941.

Em 1992, com a desintegração da Iugoslávia comunista, outras canções foram propostas pra serem adotadas como hino sérvio, mas jamais houve aprovação oficial. Apenas em 8 de novembro de 2006, após separar-se de Montenegro, a Sérvia reconheceu novamente Bože pravde em sua Constituição, e em 11 de maio de 2009 o hino finalmente foi ratificado em lei. Até 2006 ele também servia de hino da República Sérvia (Republika Srpska, não confundir com a República da Sérvia), uma região de maioria sérvia constituinte da Bósnia e Herzegovina, mas seu uso foi proibido para não se discriminarem as outras nacionalidades aí residentes.

O atual hino oficial da Sérvia consiste em diversas estrofes, com vários versos modificados em relação à versão inicial pra tirar as referências à monarquia. Por exemplo, o último verso da segunda estrofe era “Srpskog kralja, srpski rod!” (O rei sérvio, o povo sérvio!), e foi trocado por “Srpske zemlje, srpski rod!” (As terras sérvias, o povo sérvio!), e assim em outros trechos. A versão mais corrente, que traduzi e legendei, é um encurtamento que usa apenas as duas primeiras estrofes, e costuma-se adicionar no final o verso “Moli ti se sav naš rod!” (É o que lhe roga todo nosso povo!), que traduzi no vídeo como “É a prece de todo nosso povo!”. Além disso, na segunda repetição do penúltimo verso, “Bože spasi, Bože hrani” (Deus salve, Deus proveja), às vezes se diz também “Bože spasi, Bože brani” (Deus salve, Deus proteja), mas no áudio que legendei não está assim.

Traduzi direto do sérvio com a ajuda de um dicionário, mas também cotejei o resultado com traduções nas Wikipédias em outras línguas. Eu tirei o áudio (encurtado) do vídeo que está neste endereço, e depois montei meu vídeo com uma legenda bilíngue (sérvio escrito em alfabeto latino e português). A legendagem abaixo está no meu canal O Eslavo, e em seguida estão a letra nos alfabetos latino e cirílico, e a tradução em português não encurtada pras legendas:


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Bože pravde, ti što spase
od propasti dosad nas,
čuj i odsad naše glase
i od sad nam budi spas.

Moćnom rukom vodi, brani
budućnosti srpske brod,
Bože spasi, Bože hrani,
srpske zemlje, srpski rod!
Bože spasi, Bože hrani,
moli ti se sav naš rod!

Боже правде, ти што спасе
од пропасти досад нас,
чуј и од сад наше гласе
и од сад нам буди спас.

Моћном руком води, брани
будућности српске брод,
Боже спаси, Боже xрани,
српске земље, српски род!
Боже спаси, Боже xрани,
моли ти се сав наш род!

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Ó, Deus de justiça, que até hoje
tem nos livrado da desgraça,
ouça nossas vozes ainda
agora e seja nossa salvação.

Guie, proteja com mão forte
o barco sérvio do futuro,
Deus salve, Deus proveja,
as terras sérvias, o povo sérvio!
Deus salve, Deus proveja,
é a prece de todo nosso povo!

domingo, 20 de novembro de 2016

Hino Nacional da Polônia


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Este é o hino nacional da Polônia, chamado oficialmente Mazurek Dąbrowskiego (Mazurca de Dąbrowski), em alusão ao ritmo em que foi composta, mas também conhecida pelo seu primeiro verso, Jeszcze Polska nie zginęła (A polônia ainda não pereceu). Desde 1927 ela serve como hino do país recém-formado após a Primeira Guerra Mundial, cujo povo por mais de um século havia ficado sem Estado próprio, e teve a letra escrita por Józef Wybicki em 1797, sobre uma melodia popular de autor desconhecido.

A história do hino é muito comprida e complicada, então vou resumir aqui o que consegui ler. Na década de 1790 tropas polonesas estavam ajudando Napoleão Bonaparte em suas campanhas militares pela Europa, e uma de suas promessas era manter a existência e independência do Estado polonês, que na época existia na forma confederada da Comunidade Polaco-Lituana, ou Primeira República da Polônia. Citado na letra, Jan Henryk Dąbrowski (1755-1818), um general polonês muito respeitado e herói nacional, esteve entre os que ajudaram Napoleão nessas empreitadas. Józef Wybicki (1747-1822), jurista, poeta e ativista político e militar polonês, grande amigo de Dąbrowski, também participou das campanhas italianas das chamadas Guerras Revolucionárias Francesas, e quando estava em Reggio Emilia compôs a primeira versão das canção que se tornaria o hino da Polônia, e por isso ela também é conhecida como Canção das Legiões Polonesas na Itália. A letra faz referência a diversas passagens e personagens históricas (como o comandante militar Stefan Czarniecki), pontos geográficos (os rios Vístula e Varta) e figuras fictícias (Basia, ou Bárbara, e seu pai que lhe chora).

Tanto parte da letra quanto a melodia têm uso difundido na cultura dos países eslavos como elementos nacionalistas, e pode-se notar alguma semelhança entre o início do texto com o início dos hinos da Ucrânia e, um pouco menos, da antiga Iugoslávia, e entre sua melodia e a melodia deste último hino. A federação polonesa e lituana foi dissolvida por três potências estrangeiras em 1795, apesar de tentativas posteriores de restaurar a Polônia como Estado livre, e durante o século 19 a canção foi ganhando popularidade, até ser escolhida como hino da Polônia no final dos anos 1920 (com antigas partes do território alemão, russo e austro-húngaro o país havia sido recriado). A versão cantada hoje é encurtada e algo modificada, sendo que a original tinha inclusive referência aos Moskal, isto é, uma forma pejorativa de chamar os russos ainda hoje usada por ucranianos.

Eu não conheço polonês a fundo, por isso, embora conseguisse discernir alguns matizes e significados por meio da herança comum entre as línguas eslavas, traduzi essencialmente a partir do máximo de versões possíveis que achei nas Wikipédias em várias línguas. Até a época em que legendei o hino, não havia nenhuma tradução no YouTube, e mais ou menos um mês depois de eu ter carregado a minha, o canal Hinos Nacionais Cantados lançou sua versão própria, mas, sou sincero, de design bem inferior e letra bem infiel. Esse áudio, muito famoso, existe em várias fontes, mas eu baixei exatamente deste endereço. Seguem o vídeo legendado, a letra em polonês e a tradução em português:


1. Jeszcze Polska nie zginęła,
Kiedy my żyjemy.
Co nam obca przemoc wzięła,
Szablą odbierzemy.

Refrex (2x):
Marsz, marsz, Dąbrowski,
Z ziemi włoskiej do Polski.
Za twoim przewodem
Złączym się z narodem.

2. Przejdziem Wisłę, przejdziem Wartę,
Będziem Polakami.
Dał nam przykład Bonaparte,
Jak zwyciężać mamy.

(Refren 2x)

3. Jak Czarniecki do Poznania
Po szwedzkim zaborze,
Dla ojczyzny ratowania
Wrócim się przez morze.

(Refren 2x)

4. Już tam ojciec do swej Basi
Mówi zapłakany –
Słuchaj jeno, pono nasi
Biją w tarabany.

(Refren 2x)

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1. A polônia ainda não pereceu,
Já que continuamos vivos.
O que os de fora nos tiraram
Vamos retomar na espada.

Refrão (2x):
Marche, marche, Dąbrowski,
Da terra italiana à Polônia.
Sob a sua liderança vamos
Retornar ao nosso povo.

2. Vamos cruzar o Vístula e o Varta,
Vamos ser poloneses.
Napoleão nos deu o exemplo
De como devemos vencer.

(Refrão 2x)

3. Como Czarniecki até Poznań
Após a ocupação sueca,
Para salvar a pátria
Vamos voltar pelo mar.

(Refrão 2x)

4. Lá um pai já está falando
Em prantos à sua Bárbara:
“Ouça, devem ser os nossos
Retumbando os tambores”.

(Refrão 2x)


Adendo (23/1/2019): Este registro foi feito por uma paranaense em Varsóvia, 11 de novembro de 2018, dia da Marcha da Independência, comemorando 100 anos da reconstrução da Polônia após a Primeira Guerra Mundial. São rapazes acendendo fogos e cantando o hino nacional em sua segunda estrofe e seu refrão. A marcha, liderada e convocada pelo presidente Andrzej Duda, foi criticada por ter acolhido muitos manifestantes extremistas que eram contra estrangeiros, gays, ateus, feministas etc. Uma coisa é irônica: num país que detesta o comunismo, as cores dos fogos são bem vermelhas.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Hino Nacional de Belarus


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Acredito que este seja um dos hinos nacionais mais bonitos da Europa, o da República de Belarus, país de tamanho médio localizado entre a Polônia e a Rússia, fronteiriço a outros países eslavos e famoso por seu presidente Aleksandr Lukashenko, desde 1994 no poder, de estilo autoritário e criticado no estrangeiro por violações aos direitos humanos. A melodia da canção é a mesma do Hino Nacional da República Socialista Soviética (RSS) da Bielorrússia, quando o país pertencia à antiga URSS, e foi composta em 1944 por Nestser Sakalouski, com letra de Mikhas Klimkovich adotada apenas em 1955.

Esse hino prevaleceu até a independência da república, quando o antigo topônimo “Bielorrússia” foi trocado por “Belarus”; muitas línguas, como o francês, ainda usam a antiga forma, enquanto no português há oscilações, havendo no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa apenas o adjetivo “bielo-russo”, e não o neologismo “belarussiano”, lido por vezes na rede. De 1995 a 2002, o hino, que também era e é conhecido como My, belarusy (Nós, belarussos), que são suas primeiras palavras, foi executado sem letra, até que em 2002 se adotou enfim uma reelaboração da letra original por Uladzimir Karyzna, que manteve várias expressões e retirou as alusões ao comunismo. Ainda assim, pode-se ver nessa manutenção da melodia soviética uma relutância em abandonar ou uma tendência a recuperar as antigas referências comunistas, alusivas a um passado reputado glorioso num contexto de franca oposição às potências ocidentais, como ocorreu na Rússia de Putin ao adotar em 2000 um novo hino nacional com a mesma melodia do hino da URSS, no lugar de uma Canção Patriótica extremamente associada ao governo Ieltsin.

Eu tirei o áudio desta página oficial (em russo) do governo de Belarus, onde há também a letra completa e outras informações sobre a legislação dos símbolos nacionais; embora a língua belarussa seja um símbolo da cultura nacional, a maioria da população usa a língua russa na vida cotidiana e familiar. O primeiro vídeo foi uma montagem do início de 2012 pro meu antigo canal no YouTube, sem técnica profissional, com várias imagens referentes ao país, e o segundo tem uma nova tradução e montei o vídeo com uma legenda bilíngue (belarusso e português), transliterando o alfabeto cirílico, pra seu conforto, conforme meu próprio sistema usado em minha página.





Esta terceira versão vem da transmissão de Ano Novo 2017-18 do canal estatal Belarus 1, o principal do país, abrangendo vinhetas de Natal, apresentações cômicas, participação de cantores, propaganda do governo, o discurso de Réveillon do Presidente da República, a contagem regressiva e o hino nacional. Executado logo após dar meia-noite, traz bonitas imagens das paisagens naturais, das festas nacionais, das maiores cidades e do povo em várias profissões e todas as idades. O vídeo integral em russo tem quase 43 minutos.

A vantagem deste vídeo é que, embora com períodos de transição incômodos, já tem embaixo a legenda no belarusso em cirílico, e não em latino. Por isso, deixei menorzinho o texto em português, ao contrário de outras vezes em que ponho grandão. Outra diferença é que esta tradução está mais sucinta, mas não há prejuízo ao sentido e entendimento. O áudio é aquele mesmo MP3 lançado pelo governo de Belarus na página sobre leis de símbolos nacionais:


1. Мы, беларусы – мірныя людзі,
Сэрцам адданыя роднай зямлі,
Шчыра сябруем, сілы гартуем
Мы ў працавітай, вольнай сям’і.

Прыпеў:
Слаўся, зямлі нашай светлае імя,
Слаўся, народаў братэрскі саюз!
Наша любімая маці-Радзіма,
Вечна жыві і квітней, Беларусь!
Наша любімая маці-Радзіма,
Вечна жыві і квітней, Беларусь!

2. Разам з братамі мужна вякамі
Мы баранілі родны парог,
У бітвах за волю, бітвах за долю
Свой здабывалі сцяг перамог!

(Прыпеў)

3. Дружба народаў – сіла народаў –
Наш запаветны, сонечны шлях.
Горда ж узвіся ў ясныя высі,
Сцяг пераможны – радасці сцяг!

(Прыпеў)

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1. Nós, belarussos, gente pacífica,
Devotada de coração à terra natal,
Somos amigos leais unindo forças
Numa família livre e laboriosa.

Refrão:
Glória ao belo nome de nossa terra,
Glória à união fraterna dos povos!
Amada Mãe-Pátria nossa,
Viva e prospere sempre, Belarus!
Amada Mãe-Pátria nossa,
Viva e prospere sempre, Belarus!

2. Bravamente com irmãos por séculos
Nós defendemos a fronteira natal,
Em batalhas pela vontade e pela sorte
Ganhamos nossa bandeira vitoriosa!

(Refrão)

3. A amizade dos povos é a força deles
E nosso estimado caminho radioso.
Tremule altiva nas luminosas alturas,
Bandeira de alegria e triunfante!

(Refrão)



domingo, 13 de novembro de 2016

Hino Nacional da Ucrânia (versão 1992)


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Em postagem anterior sobre o Hino da Ucrânia, mostrei as duas legendagens da música atual que tinha carregado no meu canal O Eslavo no YouTube e escrevi a letra em ucraniano e a tradução do hino. Eu também tinha dito que até 2003 era usada uma letra mais longa, com três estrofes e um refrão, e que depois passou a ser cantada apenas a primeira estrofe e o refrão.

Pois bem, o que estou postando hoje é uma legendagem dessa versão longa anterior, em áudio raro que achei no YouTube, embora não de qualidade perfeita, e que fazia parte de um vídeo de propaganda, talvez feito pelo próprio governo. Até pensei em legendar esse vídeo mesmo, mas como eu quis completar no meu canal a coleção de hinos eslavos com o mesmo design da bandeira e da legenda bilíngue, usei apenas o som. Relembro que o poema original de Pavlo Chubynsky, publicado em 1863, tinha quatro estrofes e um refrão que tinha duas vezes o tamanho do atual; até 2003, era usada como hino não oficial a versão aqui apresentada, com três estrofes, apenas a primeira mantida como antes, e o refrão sem a segunda metade; desde então, como se lê na outra postagem, usa-se apenas a primeira estrofe, com ligeiras modificações, e o mesmo novo refrão.

Pra fins de simetria, repito algumas informações sobre a história do hino que já havia postado antes. Inspirado por algumas canções patrióticas eslavas (entre elas o atual hino da Polônia) que se cantavam então na Europa Central e Oriental, caldeirão étnico retalhado entre grandes impérios, o etnógrafo ucraniano Pavlo Chubynsky escreveu o poema Shche ne vmerla Ukraina (A Ucrânia ainda não morreu) em 1862. Publicado no ano seguinte, conheceu larga difusão, e o padre Mykhailo Verbytsky logo decidiu musicalizá-lo.

A nova canção foi executada em coral pela primeira vez no Teatro Ucrânia, em Lviv, em 1864, e assim se tornou patrimônio da cultura ucraniana. Gravada em disco pela primeira vez em Nova York, em 1916, ela se tornaria o hino nacional de repúblicas ucranianas independentes de curta duração entre 1917 e 1920 e em 1939. Banida totalmente pelos bolcheviques para “inibir o separatismo” (o hino da Ucrânia soviética, que também legendei, nunca ficou popular), teve a melodia adotada oficialmente como hino da Ucrânia independente em 15 de janeiro de 1992 e consagrada na Constituição de 1996. Mas a carta magna deixou que lei posterior fixasse a letra definitiva, o que só ocorreu em 6 de março de 2003, quando o parlamento finalmente aprovou a lei “Sobre o Hino da Ucrânia”.

Como brinde, estou anexando aqui uma legendagem do hino atual, que fiz depois das outras duas, na voz de estudantes e funcionários do Complexo de Educação Escolar da cidade de Velyka Omeliana, vila na região oeste da Ucrânia, parte do país conhecida por ser mais nacionalista e guardiã das tradições típicas (site da escola). O clipe oficial do qual tirei o primeiro áudio está nesta página, e o vídeo da escola sem as legendas está nesta página. Eu mesmo traduzi e legendei os dois vídeos, havendo no primeiro uma legenda bilíngue (ucraniano e português) com o alfabeto cirílico, pra conforto de vocês, transliterado conforme meu próprio sistema usado aqui no blog.

Depois dos vídeos, seguem a letra da versão de 1992 em ucraniano e sua tradução ao português. Enquanto nesta versão o segundo verso da primeira estrofe tinha por regra a expressão “браття українці” (irmãos ucranianos), na de 2003 ela é substituída por “браття молодії” (jovens irmãos), embora na apresentação escolar se tenha cantado, como antes, “браття українці” (irmãos ucranianos).





1. Ще не вмерла Україна ні слава, ні воля.
Ще нам, браття українці, усміхнеться доля.
Згинуть наші воріженьки, як роса на сонці,
Запануєм і ми, браття, у своїй сторонці.

Приспів:
Душу й тіло ми положим за нашу свободу,
І покажем, що ми, браття, козацького роду.

2. Станем, браття, в бій кровавий від Сяну до Дону,
В ріднім краю панувати не дамо нікому;
Чорне море ще всміхнеться, дід Дніпро зрадіє,
Ще у нашій Україні доленька наспіє.

(Приспів)

3. А завзяття, щира праця свого ще докаже,
Ще ся волі в Україні піснь гучна розляже,
За Карпати відіб’ється, згомонить степами,
України слава стане поміж ворогами.

(Приспів 2x)

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1. A Ucrânia ainda não morreu, nem sua glória e vontade.
Ainda, irmãos ucranianos, o destino vai sorrir para nós.
Nossos inimigos se esvairão como o orvalho sob o sol,
Também vamos reinar, irmãos, em nossa própria terra.

Refrão:
Vamos sacrificar corpo e alma por nossa liberdade,
E vamos mostrar, irmãos, que temos linhagem cossaca.

2. Entraremos, irmãos, na luta sangrenta do Sian ao Don,
Em nossa terra natal a ninguém vamos deixar reinar;
O mar Negro ainda sorrirá, o velho Dnipro se alegrará,
Ainda em nossa Ucrânia a boa sorte vai prevalecer.

(Refrão)

3. E o trabalho sincero ainda vai provar sua coragem,
Esta sonora canção ao ânimo ainda ecoará na Ucrânia,
Vai se refletir nos Cárpatos, vai ressoar pelas estepes,
A glória da Ucrânia vai se erguer por entre os inimigos.

(Refrão 2x)




quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Hino Nacional da Rússia


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Este é o atual Hino Nacional da Federação Russa, um dos ícones do longo mando de Vladimir Putin, adotado no final do ano 2000 após muitas polêmicas. É uma das peças mais interessantes do mundo por causa de sua história, a começar por ter a mesma melodia do antigo hino da União Soviética, uma das duas superpotências do século 20.

Em outra postagem vou ter a ocasião de contar sobre o hino soviético, mas aqui lembro apenas que este, surgido em 1943 e adotado em 1944, em plena defesa patriótica na 2.ª Guerra Mundial, teve a melodia composta pelo músico militar Aleksandr Aleksandrov e a letra escrita pelos poetas e escritores Sergei Mikhalkov e Gabriel El-Registan. Em 1970 o mesmo Mikhalkov fez algumas correções na letra, tirando menções a Stalin e à guerra, e o hino, que desde 1956 era tocado sem texto, voltou a tê-lo em 1971, com ratificação em 1977. Em 1990 a Rússia soviética, que também usava o hino da URSS como o seu próprio, trocou-o pela chamada Canção Patriótica, uma melodia que ficou sem letra até 1999. Esse fato incomodava muito atletas e outros patriotas, e mesmo assim o novo texto não caiu no gosto do povo.

Tendo substituído Boris Ieltsin na presidência da República após sua renúncia, Putin abriu a discussão oficial e social pra adoção de um novo hino nacional, e muitas melodias e letras foram analisadas, poucas deixadas pra seleção final. Perto do final do ano, enfim, foi escolhida a antiga melodia do hino soviético composta por Aleksandrov, por sugestão do próprio Putin, que lamentava o sumiço de símbolos e valores edificantes após o fim do comunismo. Após alguma discussão, as instâncias parlamentares ratificaram por ampla maioria de votos essa melodia e uma letra novamente retrabalhada por Sergei Mikhalkov, que manteve o famoso primeiro verso do refrão, “Glória à nossa Pátria livre”. O conjunto enfim foi objeto de decreto de Putin em 30 de dezembro de 2000, e os cidadãos ouviram pela primeira vez o novo hino pela televisão, na noite do Ano Novo de 2001.

Após o abandono da Canção Patriótica, ela passou a ser ironicamente conhecida pelo povo como “Canção das oligarquias” e “Canção das privatizações”, em alusão ao árduo período de pobreza e crise econômica que os russos passaram sob Ieltsin. Este, claro, na trilha de muitas críticas que começaria a fazer a seu antigo vice Putin, criticou a adoção da melodia do hino da URSS, cujos símbolos deveriam ser enterrados junto com sua tirania e opressão. Outros partidos e correntes liberais expressaram a mesma opinião, mas a população em geral aprovou, e a nova canção se tornou popular, dado que a própria melodia nunca tinha deixado de ser estimada.

Estou postando abaixo duas legendagens que fiz após traduzir o hino: uma de 2011, com imagens referentes à história, cultura e cotidiano da Rússia, e outra de 2016, apenas com a bandeira e brasões atuais, mas o texto bastante revisado e uma legenda adicional em russo, transliterando o alfabeto cirílico, pra conforto do usuário, conforme meu próprio sistema usado aqui no blog. Em 2011, provavelmente retirei o áudio do antigo site Hymn.ru, o famoso “Museu dos hinos russos”, que infelizmente está hoje fora do ar, e usei o mesmo no novo vídeo. E em seguida estão a letra em cirílico e a tradução:





Nota (12/6/2018): Segue também abaixo uma filmagem do hino da Rússia ao ser tocado na cerimônia de posse de Vladimir Putin, em 7 de maio de 2018. Executou-se após o juramento constitucional e antes do discurso cerimonial. É o mesmo texto da segunda versão, mas com poucas reduções pra caber apenas uma linha por legenda:

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1. Россия – священная наша держава,
Россия – любимая наша страна.
Могучая воля, великая слава –
Твоё достоянье на все времена!

Припев:
Славься, Отечество наше свободное,
Братских народов союз вековой,
Предками данная мудрость народная!
Славься, страна! Мы гордимся тобой!

2. От южных морей до полярного края
Раскинулись наши леса и поля.
Одна ты на свете! Одна ты такая –
Хранимая Богом родная земля!

(Припев)

3. Широкий простор для мечты и для жизни
Грядущие нам открывают года.
Нам силу даёт наша верность Отчизне.
Так было, так есть и так будет всегда!

(Припев)

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1. A Rússia é nosso Estado sagrado,
A Rússia é nosso amado país.
Firme vontade e grande glória
São seu eterno patrimônio!

Refrão:
Glória à nossa Pátria livre,
União secular de povos irmãos,
Saber popular vindo de gerações!
Glória, país que é nosso orgulho!

2. Dos mares do sul ao extremo polar
Se abriram nossas matas e campos.
Você é única no mundo! Tão única,
Terra natal guardada por Deus!

(Refrão)

3. Uma imensidão ao sonho e à vida
Os anos futuros nos abrem.
Dedicar-nos à Pátria nos dá forças.
Assim foi, assim é e vai ser sempre!

(Refrão)

domingo, 6 de novembro de 2016

Когда мы были на войне (URSS 80’s)


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/navoine


Esta canção no estilo “cossaco” é muito bonita e famosa, chama-se “Когда мы были на войне” (Kogda my byli na voine), Quando estávamos na guerra, embora originalmente o autor tenha lhe dado o nome “Песенка гусара” (Pesenka gusara), Canção do hussardo. Acontece mesmo que músicas muito populares na Rússia ficam sendo conhecidas pelo primeiro verso. Ela tem letra de David Samoilov e melodia de Viktor Stoliarov, tendo os versos antes saído na coletânea poética Golosa za kholmami (Vozes atrás das colinas), com escritos de 1981 a 1985, e a melodia sido composta ainda em meados da década.

Esta interpretação é muito peculiar, pois o YouTube me indicou por acaso um vídeo russo que estava com muitas visualizações e se chamava “A menina canta bem”, sem explicações sobre a garota ou a canção na descrição. Gravaram com celular uma garota na sala de aula, aparentemente em algum colégio militar, pois ela está de farda, mas embora ela apareça de corpo inteiro, sentada numa carteira, só ocupa o centro da tela por estar o aparelho na vertical. Realmente a voz dela é muito bonita, e só decidi traduzir, legendar e postar no meu canal O Eslavo por conta disso, só tendo mudado o enquadramento do vídeo e, assim, ampliado seu rosto.

Ao longo dos anos, cada artista que cantava a música mudava a letra em algum ponto, e mesmo a versão que a menina cantou parece exclusiva dela mesma. Felizmente um site musical publicou o vídeo (mas de um envio que já foi apagado) com o texto da letra quase exatamente como ela fez, tendo a chamado “unknown milita girl”, e eu apenas fiz uns reparos baseado em outras fontes. Nesta página está o vídeo sem as legendas e com a resolução de celular, de corpo inteiro. Sinceramente, embora ela seja bonitinha, não vi necessidade de manter o corpo, mas se você faz questão de ver, ajude o youtuber original com visualizações!

Seguem abaixo minha legendagem, depois a letra em russo e a tradução em português, que considero estar fiel (embora em tradutologia o conceito de “fidelidade” seja bem relativo), mas não literal, com tamanhos de verso que procurei encurtar pra caber bem na legenda e deixar a leitura menos cansativa:


Когда мы были на войне,
Когда мы были на войне,
Там каждый думал о своей
Любимой или о жене.

И он, конечно, думать мог,
Да он, конечно, думать мог,
Когда на трубочку глядел,
На голубой её дымок,
Когда на трубочку глядел,
На голубой её дымок.

Но он не думал ни о чём,
Да он не думал ни о чём,
Он только трубочку курил
С турецким горьким табачком,
Он только трубочку курил
С турецким горьким табачком.

А помнишь как ты всё лгала,
А помнишь как ты всё лгала,
Что сердце девичье своё
Давно другому отдала?
Ты сердце девичье своё
Давно другому отдала?

И я решил: я пули жду,
Я только верной пули жду,
Чтоб утолить печаль свою
И чтоб пресечь нашу вражду,
Чтоб утолить печаль свою
И чтоб пресечь нашу вражду.

Когда мы будем на войне,
Когда мы будем на войне,
Навстречу пулям полечу
На вороном своём коне,
Навстречу пулям полечу
На вороном своём коне.

Но, видно, смерть не для меня,
Но, видно, смерть не для меня,
И снова конь мой вороной
Меня выносит из огня,
И снова конь мой вороной
Меня выносит из огня.

Когда мы были на войне,
Когда мы были на войне,
Там каждый думал о своей
Любимой или о жене,
Там каждый думал о своей
Любимой или...
Там каждый думал о своей
Любимой или о жене.

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Quando estávamos na guerra,
Quando estávamos na guerra,
Cada um pensava na sua
Namorada ou esposa.

E ele, claro, podia pensar,
Sim, claro, ele podia pensar
Enquanto olhava o cachimbo
E sua fumaça cinza-claro,
Enquanto olhava o cachimbo
E sua fumaça cinza-claro.

Mas ele não pensava em nada,
Sim, ele não pensava em nada,
Ele só fumava seu cachimbo
Com tabaco amargo turco,
Ele só fumava seu cachimbo
Com tabaco amargo turco.

E lembra como você só mentia,
E lembra como você só mentia,
Que seu coração de donzela
Há muito entregou a outro?
Que seu coração de donzela
Há muito você deu a outro?

E eu decidi esperar uma bala,
Esperar apenas uma bala fiel
Para aliviar minha tristeza
E dar fim às nossas brigas,
Para aliviar minha tristeza
E dar fim às nossas brigas.

Quando estivermos na guerra,
Quando estivermos na guerra,
Vou voar em direção às balas
Com meu cavalo negro,
Vou voar em direção às balas
Com meu cavalo negro.

Mas acho que a morte me foge,
Mas acho que a morte me foge,
E de novo meu cavalo negro
Me arrasta fora do fogo,
E de novo meu cavalo negro
Me arrasta fora do fogo.

Quando estávamos na guerra,
Quando estávamos na guerra,
Cada um pensava na sua
Namorada ou esposa,
Cada um pensava na sua
Namorada ou...
Cada um pensava na sua
Namorada ou esposa.




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Propaganda da ditadura, legenda russa


Link curto para esta postagem: fishuk.cc/ditadura


No meu antigo canal do YouTube, às vezes gosto de postar também coisas brasileiras legendadas em russo, e inclusive com descrição em russo do vídeo, pra que partes da população da Europa e da Ásia que não falam inglês ou outras grandes línguas possam também conhecer um pouco do nosso país. Há alguns meses, por exemplo, postei aqui canções sertanejas antigas legendadas em russo, mas essa não era uma tendência que eu desejava seguir. Meu plano maior é legendar material histórico brasileiro em russo, como discursos, entrevistas, documentários etc., e já tenho muitas ideias.

Mas enquanto não tenho tempo, vou me contentando com peças bem menores que me chegam num insight como boas sugestões de legendagem. Um dia desses, por exemplo, legendei uma curtinha propaganda em desenho da época da ditadura militar brasileira (1964-1985) que vários canais postaram em qualidades variáveis de som e imagem. Escolhi a melhorzinha e legendei em russo no Windows Movie Maker, adicionando ainda umas poucas informações (abertura e créditos). Dei ao vídeo este título: Военная диктатура в Бразилии: пропагандистская песня (1976). Em português: Ditadura militar no Brasil: canção de propaganda (1976). Na verdade, era pra eu ter colocado o ano pelo menos como “1976 г.”, com um G que indica a palavra “ano”, mas não o fiz por razões de espaço.

Quem quiser visitar a página do vídeo e ler a descrição em russo, fique à vontade! Mas pra quem ainda não tem essa habilidade, vou resumir o que escrevi aos leitores de russo. Essa foi minha terceira legendagem do português ao russo, com uma curta propaganda passada na televisão em 1976 (ano que pude determinar por algumas descrições em português) e defendendo o regime militar, que começou no Brasil em 1964 após o golpe contra João Goulart e acabou em 1985, quando o último presidente-general passou o posto a um civil.

As musiquinhas oficiais eram simples, diretas e às vezes ingênuas, tentando convencer o povo de como o regime havia levado o Brasil a um amplo crescimento econômico e à manutenção da segurança e dos valores tradicionais, especialmente contra o “perigo maior” do comunismo, representado por dois partidos ilegais (o PCB e o PC do B) e pequenos grupos armados. Essa canção se chama Este é um país que vai pra frente, que em russo se diz “Это страна, что идёт вперёд” (Eto strana, chto idiot vperiod), e no mesmo ano foi gravada também pelo grupo Os Incríveis, autor de outras peças de propaganda, das quais a mais famosa era Eu te amo, meu Brasil, em russo “Я люблю тебя, моя Бразилия” (Ia liubliu tebia, moia Brazilia), símbolo maior de como se buscava esconder a opressão ante o povo.

Fiz diversas opções particulares de versão. O adjetivo “amiga”, por exemplo, traduzi como “druzheskie” (plural, porque em russo são “pessoas”), isto é, “amistosa”, “amigável”, “pacífica”, porque em russo um adjetivo não pode ter forma de substantivo (mas pode se dar o contrário), como ocorre com “amigo(a)”. A locução adjetiva “de grande valor”, no meu dicionário português-russo, estava traduzida como “talantlivy”, ou seja, “talentoso”, e foi assim que traduzi, ao invés de verter literalmente a locução, o que daria “bolshoi tsennosti” (no caso genitivo). Traduzi o verbo “trabalhar” como “truditsia”, que é reflexivo e foca mais o esforço e a laboriosidade (em geral “labor” se verte como “trud”), e não “rabotat”, intransitivo, talvez atido à tarefa ou serviço a cumprir, ou à condição de vender sua força de trabalho em troca de salário. E enfim, “do nosso amor”, outra locução da qual não conheço equivalente em russo, traduzi como “nami liubimaia”, literalmente “amada por nós” (“Brasil” é feminino em russo).

Eu baixei o vídeo desta página, depois verti o texto pro russo e fiz a legenda. Seguem abaixo a legendagem e os textos com a letra em português e a versão em russo:


Este é um país que vai pra frente,
Ô, ô, ô, ô, ô...
De uma gente amiga e tão contente,
Ô, ô, ô, ô, ô...
Este é um país que vai pra frente,
De um povo unido, de grande valor.
É um país que canta,
Trabalha e se agiganta,
É o Brasil do nosso amor!

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Это страна, что идёт вперёд,
О-о-о-о-о...
Дружеских и таких довольных людей,
О-о-о-о-о...
Это страна, что идёт вперёд,
Единого, талантливого народа.
Это страна, что поёт,
Трудится и увеличивается,
Это Бразилия нами любимая!